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E- Leitura II: Banco de palavras para leitura de escolares do Ensino Fundamental II. Autores: ADRIANA MARQUES DE OLIVEIRA, SIMONE APARECIDA

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E- Leitura II: Banco de palavras para leitura de escolares do Ensino Fundamental II

Autores: ADRIANA MARQUES DE OLIVEIRA, SIMONE APARECIDA

CAPELLINI,

Palavras chaves: Leitura. Avaliação. Ensino Fundamental.

Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Para explicar a aprendizagem da leitura, adotamos o modelo da Dupla Rota (1-2), a partir da qual a leitura pode ocorrer por meio de um processo que envolve a

mediação fonológica (rota fonológica) ou pelo processo visual direto (rota lexical). A avaliação do uso das rotas fonológica e lexical é realizada pela tarefa de leitura em voz alta de palavras e pseudopalavras isoladas, assim, conseguimos medir, qual rota é a mais utilizada pelo leitor(3-6).

Objetivo

Por isso, este estudo teve por objetivo elaborar um banco de palavras de alta, média e baixa frequência denominado E-LEITURA II para servir de estimulo linguístico para procedimentos de avaliação e intervenção com leitura de escolares do Ensino Fundamental II.

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Método

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética da instituição CAAE: 45464915.4.0000.5406, parecer n. 1.125.746.

Foi elaborado um banco de palavras retirados dos materiais didáticos utilizado pela rede estadual de ensino de uma cidade do interior de São Paulo, do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental, material esse utilizado nos quatro bimestres do ano de 2013, conforme apresentado abaixo:

6º ano 9º ano escolar Ensino Fundamental – Ciclo II: Material de Apoio ao Currículo do Ensino Fundamental II – Língua Portuguesa – Linguagens. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 1ª. ed. Volumes 1, 2, 3 e 4. São Paulo, FDE, 2013.

As palavras de todos os textos supracitados foram digitadas em planilha

Excel, sem exceção. Em seguida, foram selecionados apenas os substantivos, pois

é uma classe muito frequente em qualquer texto, visto que o substantivo exerce várias funções sintáticas importantes na frase.

Todas as palavras homófonas e que podiam oferecer ambiguidade, dependendo do contexto, e que podiam ser classificadas diferentemente foram

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retiradas. As palavras que podiam assumir a posição de adjetivo, porém como metáfora, foram mantidas.

As palavras escritas em outros idiomas, como games e show, por exemplo, foram retiradas, bem como abreviações. Excluíram-se, ainda, advérbios, locuções adverbiais, locuções prepositivas, adjetivos, meses do ano, numerais e palavras no aumentativo ou diminutivo. Além das gírias e palavras compostas por justaposição, mantendo apenas as palavras compostas por aglutinação e palavras homônimas do tipo homógrafas (palavras escritas do mesmo jeito) e palavras homônimas do tipo perfeitas (as palavras são escritas da mesma forma e também decodificadas igualmente). Mantiveram-se apenas as palavras homônimas do tipo homófonas (escritas de maneira diferente, porém a decodificação é igual).

As palavras no aumentativo ou diminutivo, grau sintético, quando se usa terminações (sufixos) para expressar o aumentativo ou diminutivo foram excluídas quando assumiam a forma regular, como, por exemplo, boné – bonezinho, carro - carrão. Os diminutivos e aumentativos irregulares, que são construídos com outros sufixos, foram mantidos, como palacete e ribeirão.

Como no português brasileiro o gênero dominante é o masculino, quando as palavras eram apresentadas no feminino e masculino, as palavras no gênero feminino eram excluídas, porém, somadas à palavra no gênero masculino. Se a mesma palavra também era apresentada no plural e singular, as palavras escritas no plural eram contabilizadas no singular e retiradas do banco. O mesmo ocorreu

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com as palavras que só apareceram no feminino, elas foram transformadas em masculino. Só foram mantidas as palavras no feminino se houvesse mudança de significado, ou seja, se houvesse palavras diferentes para representar o gênero, como vaca  boi, princípe  princesa, por exemplo. Palavras que só apareceram no plural, tanto no masculino como no feminino, foram transformadas em masculino e singular. Se a palavra, ao ser passada do plural para o singular assumisse forma homônima homógrafa ou homônima perfeita, ou, ainda, oferecesse qualquer tipo de ambiguidade, era, portanto, excluída do banco.

Após essa seleção, foram contabilizadas todas as palavras que aparecem no material, a fim de levantar a frequência de ocorrência das palavras em cada ano escolar. As planilhas foram organizadas por ano escolar e enviadas ao profissional estatístico para analisar quais são as palavras de alta, média e baixa frequência comuns à todos os anos, criando assim um único banco de palavras para o Ensino Fundamental II.

Para classificar as palavras como alta, média e baixa frequência, optou-se por trabalhar com os tercis da distribuição e também com frequência média e ponto de corte dos tercis. Na Tabela 1, são apresentados os valores baseados no ponto de corte dos tercis, para o número de vezes que cada palavra pode aparecer para ser considerada de alta, média ou baixa frequência.

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Tabela 1. Distribuição a partir do ponto de corte dos tercias para a frequência de ocorrências das palavras no E-LEITURA II

Ensino Fundamental II

Alta frequência 16-91 vezes

Média Frequência 5-15 vezes

Baixa Frequência 1-4 vezes

A partir desse ponto de corte, o número de palavras para cada tipo de frequência para o Ensino Fundamental II é apresentado a seguir:

 Alta frequência: 72 palavras

 Média frequência: 265 palavras

 Baixa frequência: 1330 palavras.

Verificação da Sensibilidade

Para verificar se as palavras de alta, média e baixa frequência realmente correspondem a essa classificação, foram avaliados 224 alunos, divididos em:

G1: 61 escolares do 6º ano do Ensino Fundamental. G2: 44 escolares do 7º ano do Ensino Fundamental. G3: 65 escolares do 8º ano do Ensino Fundamental. G4: 54 escolares do 9º ano do Ensino Fundamental.

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Apresentaram-se as listas de palavras de alta, média e baixa frequência do E-LEITURA II para leitura do Ensino Fundamenta II divididas em duas sessões: 1ª) leitura de palavras de alta e média frequência e 2ª) leitura de palavras de baixa frequência.

Análise Estatística

Para a obtenção dos resultados, a análise estatística foi realizada pelo programa STATA, baseando no número de acertos de cada palavra avaliada. Realizamos o cálculo do intervalo de confiança.

Resultados

Após a avaliação da leitura das palavras de alta, média e baixa frequência, ao observar o comportamento dos alunos, notamos que algumas palavras presentes contemplavam o critério de exclusão das palavras e outras geravam problemas de compreensão ou desconforto por parte dos alunos. Portanto, as palavras retiradas do banco foram as seguintes:

 Alta frequência: sexo

 Baixa frequência: face (os escolares pronunciavam essa palavra em inglês, oriundo de facebook), poste (presente do subjuntivo de verbo postar), descontrução (palavra foi digitada

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erroneamente), colher (verbo e substantivo) e expectativa (a palavra foi digitada duas vezes), varão (substantivo e adjetivo).

Após a exclusão dessas palavras, o número de palavras para a lista de alta, média e baixa frequência do E-LEITURA II ficou:

 Alta frequência: 71 palavras

 Média frequência: 265 palavras

 Baixa frequência: 1323 palavras

Na Tabela 2 é apresentado o percentual de acertos das palavras de alta frequência para o Ensino Fundamental e alguns exemplos de palavras. A palavra menos acertada na lista de alta frequência foi “concurso” com 94,6% de acertos (IC 95% 91,7 – 97,6).

Tabela 2. Apresentação do percentual de acertos das palavras de alta frequência do E-LEITURA II

Percentual de acertos palavras de alta frequência n (%) Exemplos

100% 42 (59,2) ação, aluno, animal, cor, educação,

garoto, hora, mesa, situação, tempo, tio.

97% a 99% 25 (35,2) aula, bairro, classe, coração, escola,

gente, jornal, palavra, produto, relação, vez.

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Total 71 (100,0) -

Na Tabela 3 é apresentado o percentual de acertos das palavras de média frequência para o Ensino Fundamental e alguns exemplos de palavras. A palavra menos acertada na lista de média frequência foi a palavra “condômino” com 33,8% de acertos (IC 95% 27,5 – 40,1) seguido da palavra “colibri” com 67,6% de acertos (IC 95% 61,4 – 73,8).

Tabela 3. Apresentação do percentual de acertos das palavras de média frequência do E-LEITURA II

Percentual de acertos palavras de média frequência n (%) Exemplos

100% 49 (18,4%) Amizade, ar, caneta, defeito, esporte,

formiga, leitura, mar, natureza, obra, praça, quilo.

97% a 99% 162 (61,1%) Artigo, comprador, insegurança,

padrão, consequência, sociedade, característica, dinheiro, orientação,

povo, xícara.

< 96% 54 (20,3) condômino, colibri, maço, fósforo,

gincana, riso, crônica, termo, embarcação

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Na Tabela 4 é apresentado o percentual de acertos das palavras de baixa frequência para o Ensino Fundamental e alguns exemplos de palavras. A palavra menos acertada na lista de média frequência foi a palavra “ímpeto” com 42,7% de acertos (IC 95% 36,1 – 49,3) seguido da palavra “gigolô” com 52,3% de acertos (IC 95% 45,6 – 58,9) e “orixá” com 53,6% de acertos (IC 95% 47 – 60,3).

Tabela 4. Apresentação do percentual de acertos das palavras de média frequência do E-LEITURA II

Percentual de acertos palavras de baixa frequência n (%) Exemplos

100% 53 (4%) armário, brigadeiro, chapéu,

cruzamento, foto, hospital, prazer, rainha, sabedoria.

97% a 99% 565 (42,7%) admiração, bule, colecionador, viveiro,

bloco, virtude, atração, tubo, muralha, prolongamento, sequência,

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96 a 80% 663 (50,1%) curral, acne, cera, tese, canela, contratação, incursão, fisiologia, flerte,

túnel.

79 a 60% 36 (2,7%) êxodo, quimera, metrô, libelo,

ortopedia, tímpano, chofer, arraial.

< 59% 6 (0,4%) ímpeto, gigolô, orixá

Total 1323 (100,0) -

Discussão

A leitura de palavras isoladas é reconhecida em diversas línguas alfabéticas como um método eficaz de avaliação cognitiva da leitura(3). De acordo com estudo nacional(5), uma lista de palavras criada para avaliar o uso das rotas fonológica e lexical ao longo do desenvolvimento deve, em primeiro lugar, equiparar as palavras em nível de frequência, ou seja, uma lista de palavras deve conter o mesmo número de palavras frequentes e não frequentes. Porém, a ideia da criação desse banco é fornecer aos pesquisadores e clínicos, um banco de palavras para escolares do Ensino Fundamental II que possa ser utilizado de estímulo linguístico para procedimentos de avaliação e intervenção. Desse modo, a partir da lista de alta, média e baixa frequência do E- Leitura II, o profissional fica livre para escolher as palavras mais apropriadas, de acordo com seus objetivos e critérios adotados, como por exemplo, complexidade silábica, extensão da palavra e etc., para a elaboração e desenvolvimento de procedimentos de avaliação e intervenção para escolares do Ensino Fundamental II ainda tão necessários para Fonoaudiologia.

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Considerações Finais

O E-LEITURA II é um recurso útil para os profissionais, pois disponibiliza, gratuitamente, pela primeira vez na realidade brasileira, um banco com uma ampla gama de palavras (classificada em alta, média e baixa frequência) que poderá ser utilizada para fins de pesquisa, educacionais e clínicos com escolares do Ensino Fundamental II. A partir do E- Leitura II, o profissional pode escolher as palavras de acordo com seus objetivos e critérios. Dessa forma, espera-se que o E-LEITURA II possa servir de estímulo linguístico para procedimentos de avaliação e intervenção com leitura em escolares do Ensino Fundamental II.

Referências

1. Coltheart M. Cognitive neuropsychology and the study of reading. In: Posner M, Marin G. Attention and performance XL. Hillsdale: LEA; 1985.

Rees N. An overview of pragmatics, or what is in the box? In: Iwin J. Pragmatics: the role in language development. La Verne: Fox; 1982. p. 1-13.

2. Coltheart M, Rastle K, Perry C, Langdon R, Ziegler J. DRC: A dual route cascaded model of visual word recognition and reading aloud. Psychological Review. 2001; 108(1):204-256.

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3. Lúcio OS, Pinheiro AMA, Nascimento E. O impacto da mudança no critério de acerto na distribuição dos escores do subteste de leitura do teste de desempenho escolar. Psicol. Estud. 2009; 14(3): 593-601.

4. Pinheiro AMV. Heterogeneidade entre leitores julgados competentes pelas professoras. Psicol. Reflex. Crit. 2001; 14(3):537-551.

5. Pinheiro AMV, Rothe-Neves R. Avaliação cognitiva da leitura: as tarefas de leitura em voz alta e ditado. Psicol. Reflex. Crit. 2001; 14 (2):399-408.

6. Lúcio OS, Pinheiro AMV. Vinte Anos de Estudo sobre o Reconhecimento de Palavras em Crianças Falantes do Português: Uma Revisão de Literatura. Psicol. Reflex. Crit. 2011; 24(1):170-9.

Referências

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