PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
QUINTA DA BOA VISTA S/N. SÃO CRISTÓVÃO CEP 20940-040 – RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
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MNA-873 Dimensões do Conhecimento Etnológico 1o semestre de 2005
4as feiras das 9:00-13:00 hs Sala de Reuniões
O Um e o Múltiplo: As Antropologias e os Ameríndios
Professores: Carlos Fausto, Maria Dulce Gaspar e Ricardo Ventura Santos
O objetivo deste curso é produzir uma reflexão interdisciplinar sobre questões teóricas e problemas empíricos, tendo como foco os povos indígenas das Américas. Noções de unidade e diversidade, simplicidade e complexidade, homogeneidade e hetero-geneidade têm sido freqüentemente mobilizadas para pensar o universo ameríndio seja para falar do povoamento do continente, do estoque genético da população indígena, de suas línguas, das formas sociopolíticas do passado e do presente, ou ainda das cosmologias e filosofias sociais. Centrais à reflexão de áreas como arqueologia, lingüística, antropologia biológica e etnologia, tais noções oferecem um caminho privilegiado para explorar as articulações e diálogos entre as antropologias. O curso não se limita, porém, a discutir em abstrato tais noções de diferentes pontos de vista. Ao contrário, quer enfrentar problemas empíricos precisos e, ao mesmo tempo, recuperar os aspectos históricos e epistemológicos que constituem essas noções nas antropologias. O curso é, enfim, um experimento em diálogo inter-disciplinar, em imaginação teórica e ciência empírica.
O curso será ministrado pelos três professores. Eventualmente serão convidados especialistas em alguns dos temas abordados para participar dos seminários.
Observação: este programa é provisório, podendo ser modificado antes do início das aulas.
As Antropologias
Sessão 1 – Apresentação do Curso
Sessão 2 – As Antropologias 1
Santos, Ricardo V., 1996. “Da morfologia às moléculas, de raça à população: trajetórias conceituais em antropologia física no século XX”. In: Raça, Ciência e Sociedade. M.C. Maio & R.V. Santos (orgs.). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. Pp. 125-140.
Barreto, C., 1999. Arqueologia Brasileira: uma perspectiva histórica e comparada. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (Anais da I reunião Internacional de Teoria Arqueológica na América do Sul). São Paulo, Suplemento 3: 201-212.
Barreto, C., 2000. A construção de um passado pré-colonial: uma breve história da arqueologia do Brasil. Dossiê Antes de Cabral: Arqueologia Brasileira I, Revista da USP, São Paulo, 44: 32-51.
Neves, E. G. 1998. "Twenty years of Amazonian archaeology in Brazil (1977-1997)." Antiquity 72(Issues in Brazilian Archaeology): 625-632.
Leitura complementar:
Schiffer, M.B. 1996. “The Nature of Archaeological Evidence”. In Formation process of the archaeological record. Salt Lake City: University of Utah Press,. Pp. 3 – 11.
Sessão 3 – As Antropologias 2
Salzano, Francisco. 1992. “O Velho e o Novo: Antropologia Física e História Indígena”. In. M. Carneiro da Cunha (org.), História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. Pp. 27-36.
Viveiros de Castro, E. B. 1996. "Images of nature and society in Amazonian ethnology." Annual Review of Anthropology 25: 179-200.
Fausto, Carlos. 2001. Os Índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 94 pp. Leituras complementares:
Descola, P. and A.-C. Taylor (1993). "Introduction." L´Homme XXXIII (2-4): 13-24. Taylor, A.-C. (1984). « L'americanisme tropical: une frontière fossile de
l'ethnologie? » . In : Histoires de l'anthropologie: XVI-XIX siècles. B. Rupp-Eisenreich (ed). Paris, Klinksieck. Pp. 213-33.
Rival, Laura, and Neil Whitehead. 2001. “Forty Years of Amazonian Anthropology: The Contribution of Peter Rivière”. In: Beyond the Visible and the Material: The
Amerindianization of Society in the Work of Peter Rivière. L. Rival and N. Whitehead, eds. Oxford: Oxford University Press. pp. 1-18.
Unidade e Multiplicidade
Sessão 4 – Unificação e diversificação
Cavalli-Sforza, L. & Cavalli-Sforza, F., 2002. Quem Somos? História da Diversidade Humana. São Paulo: Editora UNESP [capítulos 4 e 5. pp. 115-152 e 153-179]. Lewontin, Richard, 2002. A Tripla Hélice: Gene, Organismo e Ambiente. São Paulo: Companhia das Letras [capítulo 1, Gene e organismo, pp. 9-45].
Franchetto, Bruna & Yonne Leite. 2003. Origens da Linguagem. Rio de Janeiro:Jorge Zahar. 62 pp.
Sperber, Dan. 1996. « L’Epidemiologie des Croyances ». La Contagion des Idées. Paris: Odile Jacob. Pp. 107-136.
Toren, Christina. 1999. “Making the present, revealing the past: the mutability and continuity of tradition as process”. In: Mind, Materiality and History. London: Routledge. Pp. 45-66.
Leitura Complementar
Ruhlen, Merritt. 1998. « Toutes Parentes, Toutes Différentes ». La Recherche, no 306.
pp. 68-75.
Szulmajster-Celnikier, Anne. 1998. “Éloge de la Prudence Méthodologique”. La Recherche, no 306. pp. 76-81.
Sahlins, Marshall. 1981. Historical Metaphors and Mythical Realities. Michigan: Ann Arbor.
Sessão 5 – Povoamento das Américas 1
Lima, Tânia Andrade, 2005. “O povoamento inicial do continente americano: migrações, contextos, datações”. In: Silva, H.P. & Rodrigues-Carvalho, C. (orgs.), Novas Questões sobre o Povoamento das Américas: Visões Interdisciplinares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (ms. submetido).
Neves, Walter A., 2005. Origem do homem na América: fósseis versus moléculas. In: Silva, H.P. & Rodrigues-Carvalho, C. (orgs.), Novas Questões sobre o Povoamento das Américas: Visões Interdisciplinares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (ms. submetido). Lahr, Martha & Roberta Guimarães de Souza. 2005. “Populações no tempo e no espaço: a origem da diversidade humana nas Américas”. In: Silva, H.P. & Rodrigues-Carvalho, C. (orgs.), Novas Questões sobre o Povoamento das Américas: Visões Interdisciplinares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (ms. submetido).
Sessão 6 – Povoamento das Américas 2
Adovasio, J. M. and J. Page. 2002. The first Americans : in pursuit of archaeology's greatest mystery. New York, Random House. (capítulos a escolher).
Dillehay, T. D. 2000. The Settlement of the Americas : a new prehistory. New York, Basic Books. (capítulos a escolher).
Santos, Fabrício R. & Tarazona-Santos, E., 2002. A história do povoamento pré-colombiano das Américas e o cromossomo Y humano. In: Pena, S.D. (org.), Homo Brasilis: Aspectos Genéticos, Lingüísticos, Históricos e Socioantropológicos da Formação do Povo Brasileiro. Ribeirão Preto: Funpec-RP.
Storto, Luciana & Franchetto, Bruna, 2005. Hipóteses lingüísticas sobre o povoamento das Américas. In: Silva, H.P. & Rodrigues-Carvalho, C. (orgs.), Novas Questões sobre o Povoamento das Américas: Visões Interdisciplinares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (ms. submetido).
Sessão 7 – A longa duração do pensamento ameríndio
Lévi-Strauss, Claude. 1991. “L’ideologie bipartite des Amérindiens”. Histoire de Lynx. Paris: Plon. Pp.299-320. [há tradução em português].
Descola, Philippe. 1992. “Societies of Nature and the Nature of Society”. In: A. Kuper (org.), Conceptualizing Society. Londres: Routledge. pp. 107-126.
Viveiros de Castro, Eduardo. 1996. “Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio”. Mana: Estudos de Antropologia Social 2(2):115-144.
Ingold, Tim. 2000. “A Circumpolar Night’s Dream”. In: The Perception of the Environment: Essays on Livelihood, Dwelling and Skill. London: Routledge. Pp.89-110.
Leitura complementar
Fausto, Carlos. 2002. “Banquete de Gente: Comensalidade e Canibalismo na Amazônia”. Mana: Estudos de Antropologia Social 8(2):7-44.
Simplicidade e complexidade
Sessão 8 – Simplificação e Complexificação
Cohen, J. and I. Stewart (1994). The collapse of chaos : discovering simplicity in a complex world. New York: Viking (capítulo a escolher).
Maschener, Herbert. 1996. “Theories of Ranking and social Inequality”. In The Oxford Companion to Archaeology. Brian Fagan (ed.). Oxford University Press. pp 587-588. Arnould, Jeanne E. 1996. “Understanding the Evolution of Intermediate Societies. In Emergent Complexity – The evolution of Intermediate Societies”. International Monographs in Prehistory. Archaeological Series 9. Michigan . pp. 1–12.
Hannerz, U. 1992. “The Nature of Culture Today”. In: Cultural complexity : studies in the social organization of meaning. New York: Columbia University Press. Pp. 3-39. Leituras Complementares
Lévi-Strauss, Claude. 1961. Race et Histoire. Paris: Ed. Gonthier.
Potter, James 2000. “Ritual, power, and social differentiation in small-scale societies”. In: Hierarchies in Action. Diehl, Michael (ed). Center of Archaeological Investigation. Southern Illinois University, Carbondale. Occasional paper 27, pp. 295 -316.
Fish, Paul and Fish, Suzanne. 2005. “Pathways to Complexity: Variability in the Archaeology of Middle Range Societies”. Anais da SAB. CD-Rom.
Sessão 9 – O limiar da simplicidade?
Waal, Frans B. M. de. “Cultural Primatology Comes of Age”. In: Nature. Vol. 399. 17 de junho. 1999. p. 635-636
Whiten, A. et al. “Cultures in Chimpanzees”. Nature. Vol. 399. 17 de junho. 1999. p. 682-685.
Foley, Robert. 1988. “Hominids, humans, and hunter-gatherers: an evolutionary perspective”. T. Ingold, D. Riches, and J. Woodburn, eds. London: Berg. pp. 207-221. Lévi-Strauss, C. 1958 [1952]. « La notion d'archaïsme en ethnologie ». Anthropologie structurale. Paris, Plon. Pp. 113-132.
Leituras complementares
Rival, Laura. 2000. “Marginality with a Difference: How the Huaorani Remain Autonomous, Preserve their Sharing Relations, and Naturalize Outside Economic Powers”. In: Hunters and Gatherers in the Modern Context: Conflict, Resistence, and Self-Determination. M. Biesele & P. Schweitzer (eds). Providence: Bergham. Pp. 244-260.
Lathrap, D. W. 1968. “The 'hunting' economies of the tropical forest zone of South America: an attempt at historical perspective”. Man the Hunter. R. B. Lee and I. De Vore. Chicago: Aldine Publishing Company. pp. 23-29.
Gordon, Peter. 2004. “Numerical Cognition Without Words: Evidence from Amazonia”. Science. Vol. 306. 15 oct. 2004. pp. 496-499.
Sessão 10 – Sambaqui: complexidade emergente?
Andrade Lima, T. 2000 “Complexidade emergente entre caçadores/coletores: uma nova questão para a pré-história brasileira” e “Os construtores de sambaquis: complexidade emergente no litoral sul/sudeste brasileiro”. In CD-Rom, Anais do IX Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Rio de Janeiro.
Fish, S.K.; De Blais,P.; Gaspar, M.D. & Fish,P.R. 2000. “Eventos incrementais na Construção de Sambaquis, litoral sul do estado de Santa Catarina”. Revista do MAE USP, n 10. p. 69-88. São Paulo.
Gaspar, M.D. 1998. “Considerations about the sambaquis of Brazilian coast”. Antiquity. vol 72, n. 227, pp. 592 - 615.
De Blasis, P., Fish,S.K., Gaspar, M.D. & Fish, P.R. 1998. “Some references for the discussion of complexity among the sambaqui moundbuilders from the Southeern shores of Brazil”.
Revista de Arqueologia Americana, Instituto Panamericano de Geografia e Historia. N.15, pp. 75 -105.
Leituras complementares
Gaspar, M. 2000. Sambaqui: Arqueologia do Litoral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Sessão 11 – Jê-Bororo: complexidade ou simplicidade no Brasil Central?
Maybury-Lewis, David. 1979. “Conclusion”. Dialectical Societies: The Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge: Harvard University Press. Pp. 301-312.
Irmhild Wüst. 1998. "Continuities and Discontinuities: Archaeology and
Ethnoarchaeology in the Heart of the Eastern Bororo Territory, Mato Grosso, Brazil". Antiquity 72:663-75, 1998.
Irmhild Wüst and Cristiana Barreto. 1999. "The Ring Villages of Central Brazil: A Challenge for Amazonian Archaelogy". Latin American Antiquity 10(1):3-23, 1999 Viveiros de Castro, Eduardo Batalha. 1988. “O teatro ontológico Bororo (resenha de: J.C.Crocker, Vital Souls)”. Anuário Antropológico 86:227-45.
Leituras complementares
Steward and Faron, 1959. Native Peoples of South America. New York: McGraw-Hill. Coelho de Souza, Marcela. 2003. O Traço e o Círculo. Tese de doutorado. PPGAS/MN. Primeira Parte.
Sessão 11 – Alto Xingu: os caminhos do poder.
Heckenberger, Michael. 2005. The Ecology of Power: Culture, Place and Personhood in the Southern Amazon, Ad 1000-2000. London: Routledge. (capítulos a escolher). Santos, Ricardo V. & Coimbra Jr., Carlos, 2001. “ ‘Parece feito por um molde único’: cultura, sociedade e biantropologia no Alto Xingu”. In: Os Povos do Alto Xingu: História e Cultura, B. Franchetto & M. Heckenberger (orgs). Rio de Janeiro: Editora UFRJ. pp. 157-174.
Leituras complementares:
Heckenberger, M., 2001. “Estrutura, história e transformação: a cultura xinguana na longue durée, 1000-2000 d.C.” In: Os Povos do Alto Xingu: História e Cultura. B. Franchetto & M. Heckenberger (orgs.). Rio de Janeiro: Editora UFRJ. Pp. 21-62. Heckenberger, M., 2001. Epidemias, índios bravos e brancos: contato cultural e etnogênese no Alto Xingu. In: Os Povos do Alto Xingu: História e Cultura. B. Franchetto & M. Heckenberger (orgs.). Rio de Janeiro: Editora UFRJ. Pp. 77-110. Heckenberger, M., A. Kuikuro, O. T. Kuikuro, M. Schmidt, C. Russel, C. Fausto e B. Franchetto. 2003. “Amazonia 1492: Pristine Forest or Cultural Parkland?” Science vol. 301, fasc. 5640, pp. 1710-1714.
Evolução, história e colapso
Sessão 13 – Mais uma grande síntese?Diamond, J., 2002. Armas, Germes e Aço: Os Destinos das Sociedades Humanas. Rio de Janeiro: Record (capítulos 3 a 8, pp. 67-156; capítulos 9 a 11, pp. 157-214; capítulo 18, pp. 355-375).
Leitura complementar
Diamond, J. M. 2005. Collapse : how societies choose to fail or succeed. New York, Viking.
Sessão 14 – Maias: uma civilização tropical
Demarest, Arthur. 2004. Ancient Maya : The Rise and Fall of a Rainforest Civilization. Cambridge: Cambridge University Press (capítulos a escolher).
Sessão 15 – Andes: contradição interna e história colonial
Conrad, Geoffrey W. e Arthur A. Demarest. 1984. Religion and Empire: The Dynamics of Aztec and Inca Expansionism. Cambridge: Cambridge University Press, 1984. (capítulos a escolher).
