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Conscientização e Educação em Segurança do Trabalho em Carvoarias

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Academic year: 2021

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Conscientização e Educação em Segurança do Trabalho em Carvoarias

Antonio Gustavo da Rocha Maia (1); Robson José de Oliveira (2); Layse Andrade Ferreira (3);

Morgana Makare Guerra Sobral (4); Najara Fontinele (5)

(1) Estudante; Universidade Federal do Piauí/CPCE; gustavorocha19@hotmail.com; (2) Professor; Universidade

Federal Do Piauí/CPCE; robson_ufpi@yahoo.com.br; (3) Estudante; Universidade Federal do Piauí/CCA;

Layse_fa@hotmail.com; (4) Estudante; Universidade Federal do Piauí/CPCE;

morgana_makare@yahoo.com.br; (5) Estudante; Universidade Federal do Piauí/CPCE;

Najara.15@hotmail.com.

RESUMO

A pesquisa abordou as práticas educativas da saúde e segurança do trabalhador, além de conhecimentos e os materiais empregados que estimulam os trabalhadores a participarem do processo educativo e compreenderem a importância dos cuidados para a preservação de sua integridade física. O universo amostral foi realizado em duas empresas do ramo de carvoarias, onde procurou –se mostrar a importância da segurança nesse ramo muito perigoso para saúde através da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s), além de verificar-se sua adequação e os demais recursos aos conceitos modernos de práticas educativas à saúde e prevenção de acidentes no trabalho, através de entrevistas aos funcionários. O nível de conscientização engloba inúmeros fatores relacionados às condições de trabalho e a própria sociedade em que os trabalhadores estão inseridos, refletindo sua própria saúde e vida, dentro e fora do seu ambiente laboral, principalmente com relação à satisfação com o trabalho, que é vista como resultado de uma série de benefícios proporcionado aos trabalhadores no decorrer de suas atividades, gerando dados favoráveis o que acarretará em maior produtividade para a empresa, e menores riscos à saúde do trabalhador. Dos trabalhadores entrevistados, 64% tinham ensino fundamental incompleto, mas mesmo assim tinha a consciência da importância em se utilizar os EPI’s adequadamente, como encontrado quando resultou em 64% também dizendo que utilizam tais proteções.

Palavras-chave: equipamento de proteção individual, setor florestal, riscos. INTRODUÇÃO

A educação se contextualiza num processo de emancipação do homem e, neste sentido, ganha reforço a premissa de que ser educado constitui-se uma das primeiras necessidades humanas, e até mesmo aquele que educa precisa ser educado (SOBRAL, 2011).

A conscientização de que trabalhar dentro dos seus limites e com segurança, se preocupando em produzir, mas seguindo normas e padrões estabelecidos para que tudo flua com a mais perfeita harmonia em todas as operações em qualquer ramo de atividade, é a mais bela prova de educação e aprendizado do ser humano. Nesse sentido a educação para a saúde tem sido entendida como uma

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atividade planejada que objetiva criar condições para produzir as mudanças de desempenho desejadas em relação à saúde (GAZZIENELLI et al., 2005).

Considerando-se o ambiente de trabalho, é importante ressaltar que as questões de saúde-trabalho passaram por várias etapas ao longo da história. As primeiras preocupações foram com a segurança do trabalhador, para afastar a agressão mais visível dos acidentes de trabalho; posteriormente preocupou-se também, com a medicina do trabalho para curar doenças; em seguida, ampliou-se a pesquisa para a higiene industrial, visando prevenir doenças e garantir saúde ocupacional; mais tarde, o questionamento passou para a saúde do trabalhador, na busca do bem-estar físico, mental e social. Atualmente, pretende-se avançar buscando a integração com o ser humano, dignificado e satisfeito com a sua atividade, que tem vida dentro e fora do ambiente de trabalho, que pretende enfim uma qualidade de vida mais adequada dentro do seu contexto laboral. Neste contexto, no qual não se pode isolar o homem-trabalhador do homem-social, como se o trabalhador pudesse deixar no portão de entrada da empresa toda a sua história pessoal, ou se na saída retirasse do corpo físico e mental toda carga de significado imposta pelo dia de trabalho, é que a educação para a saúde no ambiente de trabalho assume grande relevância (OLIVEIRA, 2001).

Pensando nisso a ergonomia é uma ciência que estuda o relacionamento entre o trabalhador, seu trabalho, seu equipamento de trabalho e as condições ambientais do sistema ser humano-máquina, interligando, de forma a dar mais conforto, segurança e condições melhores de trabalho, tornando-o menos árduo e cansativo (IIDA, 2005).

A Segurança Baseada em Valores (SBV) é um enfoque importante no que tange que o trabalhador tem que assumir plenamente o exercício consciente de sua segurança, de tal maneira que não precise de constantes reforços exteriores para manter-se. O trabalhador deve comportar-se seguro porque segurança significa para eles saúde, progresso, felicidade e vida digna (OLIVEIRA, 2004).

O objetivo geral desse trabalho é esclarecer à sociedade e aos trabalhadores, sobre os diversos aspectos que influenciam a segurança do trabalhador, focalizando o processo educativo como via essencial para a construção desta consciência, que, a partir desta, terá reflexos na saúde e qualidade de vida destes indivíduos. Este processo de construção da conscientização social dos indivíduos apresenta-se como mola propulsora a diversas mudanças, dentre elas, o rompimento de paradigmas a respeito do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), que no ambiente de trabalho são essenciais à preservação da saúde do trabalhador, já que de acordo com as circunstâncias a que são submetidos pode lhe resultar em danos físicos, ou de outra natureza, vindo a comprometer sua saúde. MATERIAL E MÉTODOS

Fonte de dados

Realizou-se um levantamento de dados acerca dos fatores que englobam a segurança no trabalho, enfocando o uso de Equipamentos de Proteção Individual existentes no mercado para o setor agrícola e florestal, seguidamente listou-se os possíveis problemas que afetam os operadores deste setor, que trabalham sob condições inadequadas, comprometendo sua saúde.

Feito isto, foram elaborados questionários abertos, estruturados com perguntas que abordavam informações acerca das condições gerais de trabalho, da segurança no trabalho e da saúde e educação do trabalhador. Os mesmos foram aplicados aos funcionários de duas empresas do ramo de carvoaria objetivando coletar informações que contribuíssem para um trabalho educacional de conscientização de operações com o uso de EPI’s e maior segurança nas atividades desenvolvidas no trabalho.

Em seguida, preparou-se palestras educativas voltadas para a comunidade em geral e trabalhadores, focando a importância de se utilizar tais equipamentos, com vista na prevenção de acidentes e promoção da saúde.

Com o intuito de envolver a comunidade neste contexto, foram aplicados questionários aos empregados de duas carvoarias nos municípios de Curimatá e Parnaguá - Piauí, com alguns

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questionamentos acerca da visão que se tem sobre a saúde em seu conceito mais amplo, qualidade de vida, uso de EPI’s no ambiente laboral e perspectivas futuras em torno da temática saúde.

Região de estudo

O estudo foi desenvolvido em duas carvoarias localizadas no sul do estado do Piauí, especificamente nos municípios de Curimatá, que fica localizado há cerca de 780 Km de Teresina, Parnaguá, localizado há 823 km da capital (PI), no período de novembro de 2010 a junho de 2011. As carvoarias foram selecionadas por apresentarem fluxo contínuo de produção e legalidade frente à Secretaria do Meio Ambiente (SEMAR) e Ministério Público do Trabalho.

Perfil dos trabalhadores

O perfil dos trabalhadores foi caracterizado através de um questionário semiestruturado, aplicado em forma de entrevista individual no próprio local de trabalho, sendo 11 funcionários avaliados. As entrevistas permitiram conhecer algumas características, opiniões e dados pessoais do trabalhador (sexo, idade, função, escolaridade, saúde, entre outros), as condições de saúde (problemas de saúde originados do trabalho, as horas de sono diárias e a presença de dores relacionadas ao trabalho), e a segurança no trabalho (uso adequado de EPI’s e inexistência de acidentes devido à proteção pelos EPI’s).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme expresso na Figura 1 a seguir, como essa é uma atividade muito cansativa e desgastante, 37% da amostagem resultou em funcionários com idade entre 20 e 30 anos, 18% pertencentes à classe que apresenta entre 41 e 50. Esse mesmo percentual é atribuído aos funcionários com idade entre 51 e 60 anos, o que nos leva a crer que a resistência é reduzida através do processo natural de envelhecimento, afetando sistemas e órgãos, indispensáveis à realização das atividades, levando muitas vezes ao comprometimento da própria saúde.

Figura 1: Classe da idade dos funcionários das Empresas 1 e 2.

Uma discussão interessante refere-se ao fato de estas empresas apresentarem um número considerável de funcionários neste setor de trabalho com o menor ou nenhum grau de instrução, como demonstrado pela Figura 2 acima, onde verifica-se que 27% dos trabalhadores não foram

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forma diferenciada, utilizando uma didática apropriada, sendo estas: exposição de material com ilustrações e orientação de forma oral, havendo portanto a necessidade da realização de mais campanhas educativas, ensinamentos sobre o uso dos equipamentos de proteção individual em qualquer ambiente de trabalho, porém de forma diferenciada, com foco e linguagem adequada.

Em pesquisas feitas por (OLIVEIRA, 2004), foram encontrados

Figura 2: Grau de Escolaridade dos funcionários das Empresas 1 e 2.

Um outro ponto interessante encontrado foi que dos entrevistados, de acordo com a Figura 3 abaixo, 64% afirmaram que os EPI’s não incomodam no desenvolvimento das tarefas diárias, e por isso utilizam-nos em todas as atividades. Entretanto, 9% afirmam que não fazem uso desses equipamentos, pois relatam que alguns causam certos desconfortos e acabam por incomodar na execução de algumas tarefas. Os demais funcionários só usam os equipamentos quando obrigados pelo gerente ou proprietário, e quando vêem necessidade. O cinto de segurança, por exemplo, impede alguns movimentos, diminuindo assim a produtividade; luvas pelo aumento da transpiração; capacete por possuir peso elevado e causar transpiração elevada. Em comparação com outros trabalhos, encontramos relatos, como em Fiedler, (2007) que apontam resultados alarmantes comprovando o uso inadequado ou a não utilização de EPI’s na maioria das empresas brasileiras, indo ao oposto do que foi encontrado nessa pesquisa como ilustrado na figura 3. Em trabalhos de Oliveira, (2007) também foram relatados dificuldades em se utilizar os EPI’s, devido o clima da região ser muito quente e com isso leva a um cansaço maior do trabalhado que pode incorrer em riscos de acidentes de trabalho, pensando nisso pesquisas como essa vem demonstrando a importância da ciência denominada de ergonomia que ao surgir, levantou a preocupação em proporcionar o bem-estar ao homem por meio da adaptação e da adequação dos instrumentos e do meio ambiente a ele, e não o contrário, trabalhando em parcerias com a engenharia de produção e o setor de saúde mais ligado á área de enfermagem e biologia, visando melhorias de todos os instrumentos, máquinas com redutores de ruídos, vibração, aumentando a luminosidade, conforto e equipamentos como os de proteção individual tentando proporcionar trabalhos mais saudáveis e com menos riscos de acidentes de trabalho (OLIVEIRA et al, 2007).

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Figura 3: Faixa de funcionários que usam EPI.

CONCLUSÕES

O ambiente de trabalho constitui-se em um fórum privilegiado para as ações de educação para a saúde. É no espaço organizacional que o indivíduo passa grande parte do seu dia e onde já recebe orientações voltadas para a proteção à saúde como uso de equipamentos de proteção individual e prevenção de doenças ocupacionais. Seria de grande valia que, neste ambiente, fosse oferecido ao trabalhador a oportunidade de refletir mais amplamente sobre sua saúde e sua qualidade de vida através da conscientização dos seus próprios atos.

Sem dúvida, a educação não é a alavanca da transformação social. No caso da sociedade brasileira, ainda sob o império da formação econômica capitalista, o núcleo substantivo de todas as relações sociais é a relação produtiva. Porém, a educação, como também outras formas de ação sociocultural, está diretamente relacionada tanto às condições de economia como as que envolvem a saúde. Esta última por sua vez se faz por meio da educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais e da produção de um ambiente saudável.

Em suma, é necessária a adoção de abordagens metodológicas que permitam ao ser humano identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre situações, descobrir e desenvolver soluções comprometidas com a promoção e a proteção da saúde pessoal e coletiva e, principalmente, aplicar os conhecimentos adquiridos.

O fato de termos encontrado 64% de indivíduos amostrados que dizem não se incomodar com o uso de equipamentos de proteção individual, demonstra que as empresas analisadas fazem um bom trabalho de conscientização e educação para prevenção em saúde, mas sabemos que isso não reflete a verdade na grande maioria das empresas, portanto devem ser realizadas mais pesquisas, voltadas para educação e ensino da importância de se trabalhar em um ambiente salubre.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIEDLER, N.C., GUIMARÃES, P.P., ALVES, R.T., WANDERLEY, F. B., ARAUJO, I.B.B.A., OLIVEIRA, R. J. Avaliação das Condições de Trabalho em Marcenarias no Sul do Espírito Santo. In cd. In: III Workshop de Análise Ergonômica do trabalho na UFV, 2007, Viçosa - MG. GAZZIENELLI MF, GAZZINELLI A, REIS DC, PENNA CMM. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Caderno Saúde Pública 2005, 21(1):200-206.

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IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2 ed., 2005. 465p.

OLIVEIRA, SG. Proteção Jurídica à saúde do Trabalhador. 3ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: LTr, 2001.

OLIVEIRA, R.J. Avaliação técnica e econômica da extração de madeira de eucalipto com “Clambunk-Skidder”. Viçosa: UFV, 2004. 61p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal). Universidade Federal de Viçosa, 2004.

OLIVEIRA, R.J. SOARES, T.S., NEIRE, E.S. Contribuições da ergonomia no campo da colheita florestal. Viçosa – MG. In: III Workshop de análise ergonômica do trabalho na UFV. ERGOPLAN – 2007. Anais... CD-ROM. 14p.

SOBRAL, M.M.G. Educação para Saúde e Segurança no Trabalho. 2011. Bom Jesus: Universidade Federal do Piauí, 2011. 57p. (Trabalho de Conclusão de Curso).

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