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capa Mãe da Salette Missionária da reconciliação Ano 41 nº 119 Mai./Ago. 2018

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capa

Ano 41 | nº 119 | Mai./Ago. 2018

MISSÃO NO MUNDO

Missão da família no mundo atual - 4

Impressões de uma viagem ao litoral de Moçambique - 5 MISSÃO NO BRASIL

Carta-mensagem da Paróquia Nsa. Sra. de Lourdes aos MSF - 6 Antídoto para a intolerância e o ódio: promovamos a paz! - 8 ARTIGOS

Teologia e Estrutura de Mateus 3-25 - 10 Ser cristão: sal da terra e luz do mundo! - 12

Pensando a vida: o mundo precisa mesmo é de parteiras! - 13

MARIA, MISSIONÁRIA DA RECONCILIAÇÃO

Nossa Senhora da Salette e a missão dos leigos na Igreja - 14 A bela Senhora, à trabalho, em outras comunidades - 16 Aparições e (Re)conciliação! - 17

Mãe da Salette: missão de amor! - 19 Maria inspiradora de nossa missão - 20 Maria, mãe e missionária da misericórdia - 21

Virgem de La Salette, mãe da oração e da reconciliação - 22 “Vocês fazem bem a oração, meus filhos?!” - 23

TESTEMUNHOS

Uma mulher de coragem: Zilda Arns - 24

Padre Berthier: um missionário incansável, no amor! - 25

O Pe. Berthier, Fundador dos Missionários da Sagrada Família, escreveu: “A Sagrada Família é o modelo

perfeito de espírito de respeito, de obediência, de caridade, de dedicação, de humildade, de vida de

traba-lho, de pobreza e de pureza que deve reger essa obra. Aqueles que a graça atrair a essa obra se

empenha-rão em assimilar este espírito.

Os Missionários da Sagrada Família formam um Instituto de votos simples que tem como fim a santificação

dos seus membros, que é a única coisa necessária da qual fala Nosso Senhor no Evangelho. Esse Instituto

tem também por finalidade especial formar missionários e aumentar seu número através da formação de

vocações apostólicas, sobretudo tardias. Essa é a razão de sua existência e também o meio mais eficaz de

trabalhar pela glória de Deus e a salvação da humanidade.

As pessoas se convertem à fé e à vida cristã pelo Evangelho. Precisa-se de missionários, mas formá-los é

mais eficaz que trabalhar nas missões, pois enquanto um missionário faz um certo bem numa terra

estran-geira, quem forma missionários faz um bem multiplicado tantas vezes quantos são os bons trabalhadores

da vinha do Senhor por ele formados.”

Que tal juntar-se aos

Missionários da Sagrada Família?!

Por que não? Faça contato conosco!

AMISAFA/SAV - Ação Missionária e Vocacional da Sagrada Família

Rua da Floresta, 1043 | Caixa Postal 3056 | CEP: 99.051-260

Mãe da Salette

Missionária da

reconciliação

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EDITORIAL

Conselho Provincial: Pe. Itacir Brassiani, msf

Superior Provincial

Pe. Lotário José Niederle, msf

Vice-Provincial

Pe. Elmar Luiz Sauer, msf

Segundo Assistente

Ir. Lauri de Cesare, msf

Terceiro Assistente

Revisão de texto: Pe. Lotário Niederle, msf

Editoração: Editora do IFIBE

Instituto Superior de Filosofia Berthier Projeto gráfico: Diego Ecker Capa e diagramação: Diego Ecker Impressão: Gráfica Berthier Tiragem deste número:

2.000 exemplares Distribuição gratuita.

Contato e Pedidos: Província dos Missionários da Sagrada Família (Brasil Meridional) Rua da Floresta, 1043 - Bairro Petrópolis

Cx. Postal 3056 - CEP: 99051-260 Passo Fundo - RS - Brasil

Fone: (54) 3313-2107

E-mail: secretaria@msagradafamilia.com.br www.misafala.org

Bertheriano

Revista da Província Brasil Meridional dos Missionários da Sagrada Família Estamos vivenciando tempos difíceis! E como cristãos, somos convidados a ser e fazer o diferencial em meio a tantas atrocidades e contra testemunhos. Já nos exortava o apóstolo Pedro: “estai sempre prontos pra dar a razão de vossa es-perança!” (1 Pd 3, 15). É verdade que não podemos permanecer incólumes ante tantos desafios do momento presente. O Papa Francisco tem sido um grande arauto da renovada alegria e esperança que deve mover nosso ser e agir cristão. Antes de tudo, como seguidores de Cristo, temos o empenho de solidarizar-nos e comprometer-nos com os mais sofridos, empobrecidos e marginalizados; irmos ao encontro e promovermos o Encontro, com Ele. O Crucificado-Ressuscitado se faz presença viva e atuante no meio de nós. E nós, inseridos em Cristo pelo batismo, vamos dando prova de nossa fé quando, ousadamente, movidos pela coragem testemunhamos vivamente sua presença, na alegria e na profecia, da justiça e da verdade, na paz que supera todo ódio, revanchismo e rancor.

Em Maria, discípula e mestra, temos o modelo, a figura central, junto a Jesus Cristo, que ajuda a melhor compreender esta grande missão. Seus tantos ros-tos, suas tantas expressões, seus gestos e sua presença em lugares e realidades tão distintas e desafiadoras mostram o seu imenso carinho e cuidado para co-nosco. Onde há alguma situação de dor, de sofrimento ou risco, entre as tantas arbitrariedades atuais, a presença viva, atuante e comprometida de Maria, seja talvez, a confirmação mais contundente do Amor radical e incondicional de seu Filho. Como é plena e gratificante a experiência de fé que, mesmo passando por angustias e tribulações, nos confirma que jamais somos desamparados ou aba-tidos, pois Jesus está no meio de nós. E Ele não nos deixa órfãos, nem nos deixa esmorecer: além do Paráclito, o Defensor, nos dá sua Mãe como amparo, apoio e aconchego para todos os momentos de nossa vida.

Apresentamo-vos, nesta edição, entre outras partilhas e reflexões, Maria em La Salette: a Mãe da Reconciliação! Maria - que acreditou e se dispôs, por inteira, no “faça-se em mim conforme a vossa Palavra” (Lc 1, 38) - segue o firme propósito, de seu Filho Jesus: por intermédio d’Ele reconciliar todas as coisas! (cf. Col 1, 20). E ao re-avivar a Mensagem da Reconciliação lembramos que Maria, em La Salette, se dirige àquelas duas crianças usando a linguagem simples do povo. Também a França vivia um tempo difícil, no alvoroço da revolução industrial, com jornadas de trabalho intermináveis (07 dias da semana e até 16 horas diárias) e em condi-ções desumanas. Já não havia mais tempo para a vivência em família, em comu-nidade; o desleixo e o abandono da religiosidade foram tomando conta. A Mãe da Salette chamava atenção que as pessoas estavam zombando da fé e culpando Deus por suas desgraças; já não rezavam mais, não se juntavam em comunidade; já não viviam com liberdade, sendo escravas do relógio, do trabalho, do dinheiro. Infelizmente a situação de La Salette, da França e Europa de então segue se repe-tindo: o povo esquece de viver, as pessoas já não se reúnem ou quando o fazem é às pressas, já não conseguem tirar de suas rodas de conversa o trabalho, o dinhei-ro, as correrias do dia a dia, deixando de lado temas cruciais da existência humana. A presença de Maria em La Salette, e hoje, com sua Mensagem de Reconcilia-ção é um convite e desafio para uma vivência maior da nossa relacionabilidade. Mais do que isto, necessitamos, com urgência, (re)humanizar nossas relações. Maria de La Salette pede insistentemente para (re)configurar em nós a essência da vivência cristã: uma vida relacional, reconciliada, uma vida em comunidade. Somos efetivamente cristãos se, de fato, estivermos inseridos numa comunida-de. E a Mãe da Salette nos pede que avaliemos as nossas relações, sob o matiz da (re)conciliação e vislumbremos onde está o essencial de nossas vidas!

Pe. Lotário Niederle, msf

Coordenação Provincial Passo Fundo, RS

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Missão da família no mundo atual 4

Mirtes Maté e Família

Impressões de uma viagem ao litoral de Moçambique 5

Fr. Ricardo Klock, msf

Aparições e (Re)conciliação! 17

Pe. Vergílio J. Moro, msf

Mãe da Salette: missão de amor! 19

Fr. Wilson Jorge Lamps, msf

Maria inspiradora de nossa missão 20

Noeli Alessi Soletti

Maria, mãe e missionária da misericórdia 21

Pe. Marcelo Klein, msf

Virgem de La Salette, mãe da oração e da reconciliação 22

Gleison Costa França

“Vocês fazem bem a oração, meus filhos?!” 23

Edina Lima e Fr. Ricardo Klock, msf

MARIA, MISSIONÁRIA DA RECONCILIAÇÃO

Na Sagrada Família, a partilha dos gestos de amor e fé 26

Equipe missionária MSF em Mecuburi

Uma mulher de coragem: Zilda Arns 24

Ir Wanderson N. Alves, msf

Padre Berthier: um missionário incansável, no amor! 25

Pe. Lotário Niederle, msf

TESTEMUNHOS

AMISAFA/SAV

Teologia e Estrutura de Mateus 3-25 10

Bertilo Brod

Ser cristão: sal da terra e luz do mundo! 12

Marlene Griebler

Pensando a vida: o mundo precisa mesmo é de parteiras! 13

Pe. Euclides Benedetti, msf

ARTIGOS

Carta-mensagem da Paróquia Nsa. Sra. de Lourdes aos MSF 6

Sônia, Ivo, Zélia, Alice, Marta, Lorete, Imelda, Renate, Ademir, Vilceu, Carla e Silvana

Antídoto para a intolerância e o ódio: promovamos a paz! 8

Nei Alberto Pies

MISSÃO NO BRASIL

MISSÃO NO MUNDO

SUMÁRIO

Nossa Senhora da Salette e a missão dos leigos na Igreja 14

Pe. Itacir Brassiani, msf

A bela Senhora, à trabalho, em outras comunidades 16

(4)

MISSÃO NO MUNDO

Mirtes Maté e Família

Professora, Ministra da Paróquia e Animadora da AMISAFA - Pinhalzinho, SC

Missão da família no mundo atual

Ao falar do tema Família, é impossível ignorar a

Exorta-ção apostólica pós-sinodal sobre o amor e a família, do Papa

Francisco, da qual citamos algumas frases que revelam a importância da vocação e da missão de nossas famílias para a Igreja e a sociedade:

“Os grandes valores do matrimônio e da família cristã correspondem à busca que atravessa a existência humana. Desde o início, o amor abre-se a uma fecundidade que o prolonga além de sua existência. O filho não é uma dívida, mas uma dádiva. O criador tornou o homem e a mulher par-tícipes da obra de sua criação e transformou-os ao mesmo tempo em instrumentos do seu amor, confiando à sua res-ponsabilidade o futuro da humanidade através da transmis-são da vida humana.” "Família é o lugar onde os pais assu-mem a sua vocação e missão intransferível e insubstituível de proteger a vida desde a concepção até o seu declínio na-tural. Família é berço de vida e fé onde os filhos são acolhi-dos com o amor maduro acolhi-dos pais que abraçam e valorizam o chamado para cuidar da vida em todas as dimensões, com espaço para a oração, o cultivo da espiritualidade, que dá o verdadeiro sentido à vida. Aos casais que não podem ter filhos, a adoção é um caminho para realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa.”

É fundamental que as famílias cristãs lembrem que “a fé não nos tira do mundo, mas insere-nos mais profundamen-te nele.” A exemplo da Sagrada Família, simples e próxima de todos, que teve dificuldades, sofrimentos e desafios como as demais, é importante que as famílias se abram à

solidariedade, à cultura do encontro. A educação dos filhos, grande desafio que as famílias hoje enfrentam, é mais efi-caz quando existe uma saudável parceria entre família, es-cola e comunidade de fé. São muito importantes os grupos onde as pessoas podem abrir o coração sabendo que são compreendidas e podem falar sem medo de discriminação, julgamento e condenação.

Entre as forças da família podemos citar: espaço do afe-to e do amor; lugar de humanização das futuras gerações; lugar de transmissão da cultura e formação da pessoa humana digna; espaço aberto ao diálogo, ao exercício da flexibilidade nas relações interpessoais; ponto de referên-cia central na vida do indivíduo; espaço de valorização da tradição familiar: rituais de amadurecimento dentro do lar, o cuidado, interesse gratuito de um pelo outro, comprome-timento irrestrito.

No mundo agitado e conturbado em que estamos inse-ridos, é preciso aquietar-se, cultivar a serenidade, buscar o equilíbrio e dar o melhor de si para que a família possa ser um lugar de afeto e respeito. É preciso lutar para que a casa se transforme em lar, onde o sentimento de pertença habi-te o coração de cada um de seus membros e a convivência dê sabor à vida, a oração seja força para viver com a alegria a vocação e a missão de sermos famílias a serviço do Reino.

(5)

Impressões de uma viagem ao

litoral de Moçambique

Tendo vivido este tempo em terras moçambicanas, já tive vários choques de realidade. Entretanto, o que mais tive foram surpresas! Deixei-me surpreender por este povo, por sua cultura, por sua alegria. Confesso que não foi fácil dei-xar-me cativar, sem ainda estar inserido diretamente com eles, pois desde que cheguei, passei cinco dias na missão e logo em seguida fui para a cidade de Nampula para iniciar o curso de inculturação e da língua Macua! Como a aula é de segunda a sexta, aproveitei os fins de semana para conhe-cer um pouco mais esta terra maravilhosa, pois sei que com o passar dos dias virá o aumento do trabalho e o tempo será bem mais escasso.

A primeira saída foi para a cidade de Moma, onde o re-gional Sul 3 da CNBB desenvolve um projeto missionário. Hoje, lá vivem dois padres e duas leigas. As leigas estão fa-zendo o curso comigo e convidaram-me para ir conhecer a sua cidade. O caminho para Moma não é dos melhores, pois a estrada está quase sempre em péssimas condições no tempo das chuvas. Pelo caminho haviam vastas planta-ções de arroz, pois as pessoas aproveitam a temporada de chuvas para plantar arroz nas margens dos rios, brejos e ou-tros lugares úmidos. Outra coisa que me chamou atenção foi que mais perto do litoral há algumas criações de gado, o que eu não havia visto na região de Mecuburi, onde temos a nossa missão.

Nas aulas, já havia escutado que, na região litorânea de Moçambique, a religião mais forte é o Islamismo. Mas so-mente vendo com os próprios olhos é que entendemos o que é estar em outro ethos, completamente diferente do Brasil. Em todos os lugares a gente vê homens e mulheres

vestindo os trajes tipicamente muçulmanos, e quando nos-sos olhos não estão acostumados com isso, acaba parecen-do como uma novidade, causanparecen-do até certo estranhamen-to. Não que nas demais regiões não haja muçulmanos, mas é no litoral que eles são mais numerosos. Algo semelhante a gente percebe na Ilha de Moçambique, outro lugar que tive a oportunidade de visitar.

Na Ilha de Moçambique fui arrebatado por uma paisa-gem exuberante. Um mar cristalino e calmo. Comidas óti-mas e praias lindíssióti-mas! Fomos conhecer a Ilha de Goa, na qual foi rezada a primeira missa em terras moçambicanas e construído um farol. Subimos neste farol, para ter uma vi-são mais privilegiada dos arredores da ilha. Nunca havia en-trado num mar tão cristalino! Por mais que a água estivesse na altura do meu pescoço, ainda conseguia ver o fundo do mar. Tivemos um fim de semana muito bom. Até o mar fi-cou calminho para que o aproveitássemos melhor.

Mas a ilha de Goa não é só de belezas. Há na ilha uma nítida separação entre classes. Eu comentei com uma amiga que muitos trabalhavam nos restaurantes, mas jamais po-deriam comprar uma refeição daquelas. E mesmo muitos moçambicanos nunca poderão vivenciar um fim de semana como aquele que vivenciamos. Mas isso acontece também no Brasil, infelizmente...

Fr. Ricardo Klock, msf

Missionário em Mecuburi Nampula, Moçambique

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MISSÃO NO BRASIL

Pe. Euclides, Pe. Alcino e Missionários da Sagrada Família: nossa saudação fraterna!

Nós, ministros extraordinários da Eucaristia, agentes de pastoral desta comunidade queremos deixar a vocês uma mensagem que é fruto de nossa história, e, que na verdade, se confunde com nossa formação: uma história que virou uma mensagem de paz!

Somos membros desta comunidade Matriz, que nunca foi tão numerosa. Curiosamente somos entre 12 ministros, e, não por acaso, 12 é um número bíblico muito simbólico. E, se no tempo dos Apóstolos, os 12 tinham a liderança de Pedro (o primeiro Papa), em nossa comunidade temos na Ministra Sônia (que passamos a chamar de mãe), a nossa “pedra”, aquela que foi a primeira a receber esse tão bonito ministério junto dos Padres da Sagrada Família. Também é

Carta-mensagem da Paróquia

Nsa. Sra. de Lourdes aos MSF

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muito significativa para nós a data de 20 de outubro, pois há 40 atrás chegava mais perto de nós, a fim de nos aju-dar na evangelização, a congregação dos Missionários da Sagrada Família.

Lembramos com carinho de cada padre que trabalhou conosco! Começamos com o Pe. Arnaldo Sausen um verda-deiro pai: ele gostava muito de agradar a nossa comunida-de com o seu gracejo; à época nosso Bispo era Dom José Gomes. A igreja se estruturava, mas também já contava com a experiência do Pe. Luiz Muhl um sacerdote de grande tino missionário. Também lembramos muito de Pe. Paulo Winckel, sempre direto e alegre. Quando o Pe. Avelino Heck chegou, logo percebemos que era um exímio observador e grande profeta. Pe. Nicolau Gouverneur o substituiu e nos trouxe uma espiritualidade muito acentuada. Com a funda-ção oficial da paróquia Pe. Cláudio Haas assumiu o remo e nos ensinou como devíamos ser pessoas de olhar cristão e acolhedor. Depois, se tem alguém que podemos dizer que tinha um amor à pastoral esse era o Pe. Hilário Dewes. Pe. José Gebert, chegou para nós com seu jeito dinâmico, foi significativamente um grande pregador. Filho desta paró-quia, Pe. Geraldo nos enche de orgulho sendo desta terra: rezou conosco e aprofundou aqui sua identidade voca-cional. Pe. Hermeto Lunkes em duas temporadas esteve conosco e o recordamos com muito carinho. Pe. Leopoldo Santinon nos deixou marcada sua profunda humanidade. Pe. Viro Rauber, com simplicidade e cortesia, encantou a to-dos nós. Não menos importantes, mesmo com pouco tem-po conosco, não esquecemos dos Padres Euclides Paulus, Júlio Werlang e Arno Durian que em pouco tempo mostra-ram a que viemostra-ram. Como não falar do Pe. Firmino Santana: brincalhão para crianças e adolescentes, muito significati-vo para nós. Lembramos com muito carinho e de memória fresca a passagem do Pe. Celso Both que nos ajudou a fazer muitas colheitas e, finalmente passou o bastão aos cuida-dos do nosso atual e ilustre pároco Pe. Euclides Benedetti. Ao Pe. Alcino Maldaner, grande amigo que o acompanha, expressamos igualmente nosso carinho e afeição nesta e em gestões anteriores.

Padres Euclides e Alcino, alguns de nós recebemos essa missão de ministros muito recentemente e somos conscien-tes que temos um longo caminho pela frente, aprendemos muito com vocês. Assim como a vida, a história de nossa comunidade e de suas vidas continuam, mas agora por ca-minhos diferentes. Se fôssemos contar, não haveria tempo suficiente para expressar tantas histórias, luta, dificuldades, erros e acertos, que vivemos com vocês. Com certeza, sem-pre pela graça de Deus é que conseguimos passar por todos os obstáculos: alcançamos vitórias, conversões e tantos ou-tros episódios que não há palavras que consigam expressar. Caros Missionários, de uma coisa temos certeza: atra-vés das celebrações da Eucaristia e da Palavra de Cristo no

Evangelho proclamados entre nós, sentimos que em todas as comunidades da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, o Espírito de Deus foi quem nos mediou e fortaleceu. Vemos com muito orgulho uma catequese firme, de pé; é que vi-mos em vocês a seta que apontava o caminho que nos leva a Deus, de braços abertos!

Nós, ministros, reconhecemos que a congregação dos Missionários da Sagrada Família, nesta longa caminha-da, empenhou-se sempre dentro de suas possibilidades e sempre fez todo o possível para que nossa paróquia tivesse uma boa estrutura. As obras nos prédios, ampliações e me-lhorias até o último dia de sua estadia entre nós, foi com certeza sempre realizado com muita responsabilidade a fim de chegarmos ao dia 31 de dezembro de 2017, com a con-vicção do dever cumprido. E, ao entregar nossa paróquia para Diocese, estas 29 comunidades, nestes dois municí-pios (Cunha Porã e Iraceminha), são comunidades verda-deiramente cristãs.

Deixando boas recordações o pároco Pe. Euclides Bene-detti se despede, será com saudades que lembraremos de sua calma, atenção e das reflexões ricas de Deus. Pe. Alcino Maldaner, que esteve mais tempo, deixará marcas que não se apagarão.

Desejamos que onde vocês possam estar, sejam muito felizes e continuem confiando em nós. Como sempre, fica-remos e prosseguifica-remos no serviço à comunidade, mesmo com limitações, mas sabendo também de nossas potencia-lidades. Prometemos a vocês que daremos todo nosso em-penho e continuaremos na construção de uma sociedade melhor e em busca de fazer o bem pelos mais necessitados. O último pedido que fazemos a vocês é que continuem re-zando por nós! Deixem sua bênção sobre nós e, no mais, contem conosco!

Apesar da tristeza, precisamos deixar vocês irem. Saibam, no entanto, que estaremos aqui nos dedicando a cada dia, sempre prontos para os acolher como parte de nossa famí-lia, como sempre foram. Saibam que encontrarão a mesma alegria, as portas abertas e, sempre, um coração generoso.

Estaremos em oração por suas vidas e desejando que possam continuar sendo grandes mestres e missionários por onde passarem, como foram e sempre serão para nós!

Muito obrigado! Contem sempre conosco... Seguiremos rezando por vocês!

Sônia, Ivo, Zélia, Alice, Marta, Lorete, Imelda, Renate, Ademir, Vilceu, Carla e Silvana

(8)

Nei Alberto Pies

Professor e ativista de Direitos Humanos Passo Fundo, RS

Antídoto para a intolerância

e o ódio: promovamos a paz!

Em tempos em que se dissemina o ódio, a estupidez e a raiva;

Te peço, Senhor.

Fazei-me compreender de onde vem e porque existe tanta desavença entre a gente;

Quando há muitos que não se entendem mais/ famílias que não conversam mais/ amigos que deixaram de conviver.

Muitos brasileiros perderam a noção da civilidade, do respeito e da responsabilidade ao pregarem o ódio, a dis-criminação e o apelo às armas como saídas para a nossa nação.

Quero te pedir discernimento, compaixão e amor para perdoar os que incitam a violência e promovem o ódio sem razões;

Quero te pedir serenidade, paciência e tolerância com tantas inverdades que são espalhadas entre nós e nas redes sociais.

Seguindo os princípios da não-violência propagados por Jesus, Gandhi, Francisco de Assis, Martin Luther King e Man-dela quero te pedir que aprendamos a perdoar os que nos causam raiva, ofensa e desrespeito por conta das diferenças políticas e ideológicas. Muitos ainda não sabem viver a de-mocracia, como ela deve ser.

Quero te pedir que nos encoraje a sermos instrumentos de vossa paz:

“Onde houver ódio, que levemos o amor; Onde houver discórdia, que levemos a união; Onde houver dúvidas, que levemos a fé; Onde houver erros, que levemos a verdade; Onde houver ofensa, que levemos o perdão; Onde houver desespero, que levemos a esperança; Onde houver tristeza, que levemos a alegria; Onde houver trevas, que levemos a luz”.

Ó Mestre, fazei com que desejemos o amor e a compai-xão como fontes e saídas para nossos entendimentos. Que sejamos, mais uma vez, corajosos para promover a paz a partir da tolerância, da compaixão, do perdão e do respeito as diferentes formas de ser, pensar e agir de nossa querida gente brasileira.

(9)

PRÓXIMOS DAQUELES QUE ESTÃO LONGE

MISSIONÁRIOS DA

SAGRADA FAMÍLIA

PROVÍNCIA BRASIL MERIDIONAL

Somos uma Congregação Religiosa Missionária, formada por missionários padres e irmãos, no mundo e

para o mundo. Nosso carisma é missionário com ênfase na animação missionária, vocacional e no

servi-ço às famílias. A Província do Brasil Meridional atua em várias frentes missionárias: Amazonas,

Moçambi-que e Bolívia. Estamos nos meios populares e animamos a Pastoral Paroquial (RS, SC, GO, RJ, AL, PE, RN).

Nossa formação inicial acontece em: Goiânia, Passo Fundo, Recife, Santiago no Chile e Belo Horizonte.

Temos consciência de que as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de

hoje, sobretudo dos empobrecidos e de todos aqueles que sofrem, continuam nos motivando para

sermos próximos daqueles que estão longe.

(10)

ARTIGOS

Teologia e Estrutura de Mateus 3-25

Com o presente texto, dou seguimento ao que escrevi no

Bertheriano (n. 117), com o título “A Sagrada Família

segun-do Mt 1-2”. Considerei o Evangelho da Infância um proêmio ao restante do Evangelho canônico de Mateus (Mt), estru-turado claramente em três partes: proêmio (Mt 1-2), núcleo central (Mt 3-25) e relato da paixão, ressurreição e missão universal (Mt 26-28). Considero a breve perícope da “mis-são” (Mt 28,16-20) uma chave hermenêutica que abre a compreensão da estrutura e teologia central da atual com-posição do evangelho sinótico de Mt, pois encontro ali uma síntese lapidar da rica mensagem mateana: 1) Confirmação do reinado de Jesus: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue” (v. 18b). 2) Evangelização missioná-ria ecumênica: “Ide e fazei todas as nações se tornarem dis-cípulos” (v. 19). 3) Pedagogia da missão: “... ensinando-lhes tudo quanto vos ordenei” (v. 20a). À luz desta chave herme-nêutica, posso abordar a questão da estrutura e teologia de Mateus nos seus capítulos 3 a 25.

Alguns elementos estruturantes são de ordem geográfi-ca e outros, de redação. O autor de Mt cologeográfi-ca a ação públigeográfi-ca de Jesus na Galileia (Mt 4-13) e em Jerusalém (Mt 14-26). A estrutura redacional é significativa porque nela transluz, com originalidade e intensidade, a teologia e a persona-lidade do autor. Cabe, portanto, uma breve exposição do plano de criação e sistematização do núcleo central de Mt. Seu autor, não necessariamente o apóstolo Mateus, foi um

judeu helenizante que aglutinou e sistematizou a pregação oral em voga na era apostólica e pós-apostólica e as tenta-tivas de colocar por escrito a atuação e a pregação de Jesus. Modelos desta pregação oral encontramos nos discursos de Pedro e Paulo constantes nos Atos dos Apóstolos. Na medida em que morriam os apóstolos e as testemunhas da vida de Jesus, houve a necessidade de escrever a pregação oral. Um documento com os principais ditos de Jesus, deno-minado “Protoevangelho Q” (letra inicial da palavra alemã “Quelle” = fonte) e uma primeira redação de Marcos (Mc) foram reelaborados, primeiramente em aramaico e, depois, em grego e dirigidos aos judeu-cristãos da segunda meta-de do I século. O mesmo sucemeta-deu quanto à pregação oral e primeiros escritos para os cristãos provindos do paganismo. Além das epístolas paulinas, surgiram as primeiras redações dos evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc) e João (Jo). As di-ferenças e semelhanças de conteúdo e de forma sinalizam que o texto constante no cânone oficial do Novo Testamen-to passou por um longo processo de redação, com base em fontes diversas e destinatários diferentes. A estrutura do núcleo central de Mt (Mt 3-25) expressa claramente esta ar-quitetônica de reelaboração da vida pública de Jesus e da sua mensagem. Escrito para comunidades judeu-cristãs re-sidentes em Jerusalém, mas também na diáspora, apresen-ta Jesus como antítipo de Moisés. Por isso, centralizou sua mensagem em cinco livrinhos (rolos), uma nova Torá (Lei), à guisa de um novo Pentateuco (Penta = cinco; teukós = rolo).

(11)

Bertilo Brod

Teólogo e Professor emérito Erechim, RS Cada livrinho está dividido em duas partes: uma narrativa e

outra discursiva. A primeira é sempre uma espécie de pre-paração para a segunda.

Baseando-me na Bíblia de Jerusalém, configuro a estru-tura do núcleo central de Mt da seguinte forma: 1) Primeiro livrinho (Mt 3-7): A promulgação do Reino dos Céus, onde a parte narrativa apresenta a abertura da vida pública de Jesus, destacando a pregação de João Batista, o batismo de Jesus, as tentações no deserto, a vocação dos primeiros discípulos e as primeiras pregações e curas de Jesus (Mt 3-4). Na parte discursiva, está o célebre Sermão da Mon-tanha, com realce para as bem-aventuranças e a oração do Pai-Nosso, entre outros importantes ensinamentos (Mt 5-7). Na recente Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, o Papa Francisco identifica estas bem-aventuranças como a essência da santidade da vida cristã. 2) Segundo livrinho (Mt 8-10): A pregação do Reino dos Céus, cuja parte narra-tiva descreve nada menos que dez milagres de Jesus (Mt 8-9) e o Sermão da Missão dos apóstolos constitui a parte discursiva (Mt 10). As recomendações dadas neste sermão aos Doze, cujos nomes são elencados no início, incluindo o de Mateus, são um valioso vade-mécum para os missio-nários de todas as épocas. 3) Terceiro livrinho (Mt 11-13,52):

O mistério do Reino dos Céus. A parte narrativa (Mt 11-12)

concentra a atividade de Jesus nas cidades da Galileia, al-ternando ensinamentos variados com curas e exorcismos, com uma importante afirmação de Jesus sobre estes: “...se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28), acenando para a dimensão teológica de Mt. Na parte discursiva, encontra-se o Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52). Mt agrupou aqui oito parábolas, quatro das quais são exclusividade dele (do joio, do tesouro, da pérola e da rede). As demais são encontra-diças também nos outros sinóticos. 4) Quarto livrinho (Mt 13,53–18): a Igreja, primícias do Reino dos Céus. A bastante longa parte narrativa dá destaque para cenas importantes, como a execução de João Batista, duas multiplicações de pães, curas, a profissão de fé e primado de Pedro, primeiro e segundo anúncio da paixão, a transfiguração e o tributo para o templo (Mt 13,53–17). Já na parte discursiva, encon-tra-se o Sermão da Comunidade Eclesial (Mt 18), contendo importantes instruções para o regime interior da comuni-dade eclesial. 5) Quinto livrinho (Mt 19–25): O advento

próxi-mo do Reino dos Céus. A parte narrativa gira principalmente

em torno de controvérsias em Jerusalém, como a questão do divórcio e do celibato (“eunucos por causa do Reino dos Céus”), o perigo das riquezas, a entrada messiânica em Je-rusalém, a expulsão dos vendilhões no Templo, as parábo-las dos dois filhos, dos vinhateiros homicidas e do banquete nupcial, o debate com fariseus e saduceus sobre o tributo a César, sobre a ressurreição dos mortos, sobre o maior dos mandamentos e as diatribes (maldições, nada menos que oito “ai de vós”!) contra os escribas e fariseus e contra a pró-pria Jerusalém (Mt 19-23). Percebe-se claramente que Mt prepara o clima da paixão e morte de Jesus. A parte

discur-siva, por sua vez, expõe o Sermão Escatológico (Mt 24-25), combinando o anúncio da ruína de Jerusalém com a do fim do mundo. A ruína de Jerusalém marca o fim da Aliança an-tiga e inaugura o reinado de Cristo na História da Salvação. Aparece o termo grego parusia referido, aqui, por Mt tanto para a última “Vinda” de Cristo na “consumação dos tem-pos” quanto para o estabelecimento messiânico (a Igreja) sobre as ruínas do judaísmo. Neste contexto da escatologia, devem ser lidas as parábolas das dez virgens e a dos talen-tos (Mt 25,1-30), bem como a impressionante descrição do Juízo Final (Mt 25,31-46). Estas considerações decorrem da conscientemente elaborada estrutura de Mt, em seu núcleo central, inseparável da sua visão teológica.

A categoria “Reino dos Céus” é a quintessência teológica mateana, não só por ser citada mais de trinta vezes, mas também porque se identifica com a expressão “Reino de Deus” dos outros sinóticos e de vários textos neotestamen-tários canônicos ou apócrifos. A Boa-Nova de Jesus está centrada na pregação do “Evangelho do Reino” (Mt 4,23). Em que consiste este “Reino”? Quais são suas característi-cas? Nossa mentalidade moderna e pós-moderna, por ve-zes pseudodemocrática, tem dificuldades de conviver com termos como “rei”, “rainha”, “reino” ou “reinado” (salvo em certos saudosismos monárquicos ou despóticos...). O signi-ficado da expressão “Reino dos Céus” (de Deus) pressupõe Deus chegando com poder para governar, vale dizer, afir-mar sua soberania, seu poder real e seu domínio, subme-tendo todas as coisas a Deus em Cristo. Em Mt, este “reina-do” foi prefigurado no AT e reinstaurado pela vida, obra e mensagem de Jesus de Nazaré, fundando sua comunidade eclesial sobre a “rocha” (Pedro e os apóstolos), com caracte-rísticas de interioridade, mas também de exterioridade, de dimensão divina, mas também humana, com territorialida-de geográfica (“todas as nações” e temporalidaterritorialida-de histórica “até a consumação dos séculos”. A dialética do “já e do ain-da não”, expressa que o Reino já presente na viain-da, morte e ressurreição do Jesus histórico (“... é chegado a vós o Reino de Deus” Mt 12,28. Cf. “... o Reino de Deus está no meio de vós” de Lc 17,21!), mas só será plenificado na futura Paru-sia de Cristo. Presente histórico e futuro escatológico irma-nados. A teologia do Prefácio da solenidade de Cristo-Rei no-lo recorda: “Reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”.

Aos que apreciam uma leitura instigante sobre esta te-mática sugiro o livro de Leon Tolstoi, o grande literato e ensaísta russo: “O Reino de Deus está presente em vós”. Apresentação de Frei Clodovis Boff. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994.

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Marlene Griebler

Agente de pastoral da paróquia Santo Antonio Pinhalzinho, SC

Ser cristão: sal da terra e luz do

mundo!

Ser cristão é seguir Jesus Cristo. Testemunhar e viver o grande dom que Deus nos concedeu, que é a vida, com to-das as suas consequências. Ser sal e luz neste mundo, con-tribuindo para que a sociedade não se corrompa e não se desumanize. Ser Cristão, sal e luz no mundo é saber ouvir, acolher, encantar e servir. Somente misturando-se e envol-vendo-se com a vida da Igreja, da comunidade e sociedade, com a vida dos mais necessitados é que o sabor (sal) e a claridade (luz) vão cumprir o seu papel, na certeza de que um mundo de paz, respeito e justiça é possível.

Pelo batismo somos chamados a ser missionários e mis-sionárias, transformando o mundo, a exemplo de Jesus. É um desafio, embora o sal e a luz nada tenham em comum, há um aspecto no qual coincidem: nenhuma das duas rea-lidades é proveitosa por si mesma. O sal sozinho não serve para a nada, só é útil quando acompanha os alimentos. A luz não é para ser vista; ela possibilita ter uma visão clara das coisas.

Os discípulos e as discípulas através da sua atuação vão trazer claridade para que a verdade, a justiça, o amor, a soli-dariedade floresçam e se espalhem em nosso mundo. Jesus se dirige a nós no plural: "Vocês são o sal da terra, vocês são a luz do mundo, vocês são a cidade edificada sobre o mon-te!” Eis uma tarefa coletiva, comunitária, cristã: Ser sal e ser luz neste mundo! O humilde sal é feito para os outros, para que os outros sejam eles mesmos, ele garante o sabor, com

a condição de que se dissolva.

Ser cristão é viver em comunidade, partilhar experiên-cias, viver a entre ajuda. Por isso, não pode viver separado do mundo, escondido por detrás de suas tradições, ritos e doutrinas, fechado em si mesmo. A tarefa é dar sabor e ilu-minar! A pequena luz põe as coisas em seu devido lugar, nos faz capazes de contemplar a beleza presente em tudo. Ser sal e ser luz não é tarefa fácil! Entregar-se dando sabor e deixando-se queimar, iluminando irá mexer com estrutu-ras, muitas vezes, por demais petrificadas.

Como devemos ser sal e luz então? Vivendo o dom da alegria e da esperança, sinais do nosso batismo. A única maneira eficaz para transmitir a mensagem é a ação; são as boas obras que realizamos. Uma atitude com base no Evan-gelho se transformará em vida doada a serviço dos irmãos. Sejamos então, esse Sal que dá gosto à nossa ação evan-gelizadora, e levemos também a Luz nas nossas pobres e frágeis mãos, iluminando os recantos do nosso cotidiano. Devemos ser sal e essa luz em todos os lugares por onde formos: deixemo-nos, pois, guiar pela luz do Senhor! (Is 2,5).

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Pensando a vida: o mundo

precisa mesmo é de parteiras!

Ter um caminho, seguir conscientemente uma determi-nada direção, um determinado rumo em sua vida é algo fundamental para as pessoas humanas, para o senhorio de suas vidas, donas do seu destino, gozadoras de cidada-nia. É importante, porém, dar-se conta que tanto o homem como a mulher têm dentro de si a totalidade do ser, ou seja, o masculino e o feminino mesmo que não seja da mesma forma e proporção. Não há porquê, então alguém ficar aí querendo sempre bandear para outro lado. Já que cada um é único e irrepetível, a preocupação deveria ser outra, a pre-ocupação deveria ser com a originalidade. Aliás, parece ser uma das coisas mais difíceis fazer crescer em si uma pessoa original. Diante da afirmação de Ortega y Gasset: "Eu sou eu e minha circunstância", é muito compreensível que as minhas circunstâncias estejam sempre aí, interferindo em mim e não me deixando estar completamente à vontade e nem ser totalmente original. Abandonar a originalidade é massificar-se, negar as circunstâncias é iludir-se. Tudo isso traz complicação para meu projeto fundante, mas ao mes-mo tempo é um desafio. Já que o ser humano gosta de de-safios, eis aí um que vale a pena.

Nada mais proponho, concluindo este texto, que você procure conhecer-se assim mesmo(a). Conselho do velho Sócrates, que não só entendia da filosofia, mas de também de parteira, já que o conhecimento é um verdadeiro parto Independente de onde ele vem.

Não dava para ver muito bem à luz de vela, mas, após olhar atento, a parteira falou com muita convicção para minha mãe, é homem! Como na minha família já tinha nascido uma me-nina e um menino, de qualquer lado que eu nascesse estaria provocando um desempate e poderia ficar muito tranquilo, pois, seria bem-vindo. Com esse ponto de partida que, para alguns é bem mais complicado, comecei o projeto de minha vida com a premissa bem definida: ser homem, mesmo sa-bendo que o feminino também estava dentro de mim. Esse alicerce sobre o qual teria que construir a minha vida como homem prudente que constrói sua casa sobre a rocha firme.

Pelas forças naturais rompia-se o primeiro envelope, o útero materno, envolvimento e proteção até o nono mês, a partir daí, sufocamento e morte. O mesmo se poderia di-zer das outras etapas, sucessivas etapas da vida humana. A natureza encarrega-se de me dar uma clara definição do projeto a ser construído, etapa por etapa.

Nunca consultei um psicólogo sobre isso, mas quero crer que, diante da grande influência psíquica que o nosso in-consciente sofre nos primeiros momentos de nossa vida, que essa afirmação dita com tanta convicção pela parteira e reafirmada por minha mãe diante das vizinhas cheias de curiosidade vinham perguntar, é menino ou menina, calou profundamente em mim. Por isso, nunca tive dúvidas a res-peito... e passei a vida inteira muito empenhado, tentando construir o meu projeto, fazendo jus à declaração da partei-ra que, além do parto, tinha sob sua responsabilidade ritual, fazer a solene declaração sobre o sexo do recém-nascido.

Hoje é tudo muito diferente. Foi-se aquela expectativa, da solene afirmação da parteira, da curiosidade da vizi-nhança e da compreensão exata de saltar para a próxima etapa da vida, numa arrancada inicial, imprescindível para quem quer se construir como projeto único, responsável e alicerçado na Liberdade.

Antecipado ou retardado, de acordo com a conveniên-cia, não ouvindo mais a afirmação firme, segura, que soava como se fora a declaração de um direito humano Universal, hoje, acompanha eternamente o ser humano a dúvida: ser ou não ser! Com essa dúvida ontológica povoando o incons-ciente de tanta gente, a sociedade enche-se cada vez mais de pessoas confusas, indefinidas, híbridas que nem um pro-fundo respeito à alteridade consegue ajudar na convivência social. Multiplicam-se os psicólogos, mas o mundo precisa mesmo é de parteiras que, mesmo à luz de velas, digam com firmeza e segurança o sexo dos bebês, dando-lhes a palma-dinha para o choro e o alicerce, o ponto de partida para a construção de sua personalidade masculina ou feminina bem definida.

Pe. Euclides Benedetti, msf

Pároco da Paróquia Sto. Antônio - Vila Pippi Santo Ângelo, RS

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Corria o ano de 1846, e o curto verão europeu ensaia-va sua despedida nos Alpes franceses. Os benefícios da primavera social, política e econômica anunciada em alto e bom tom pelos revolucionários franceses mal conseguia ir além das ruínas dos muros que haviam dado proteção aos cidadãos medievais e jogado na exclusão os agriculto-res e aldeões. E a Igreja católica, ainda mergulhada no seu inverno, lamentava o fim do regime monárquico e lançava

vitupérios contra toda e qualquer novidade, desde a temida liberdade de consciência até a suspeita democracia. Falar de Igreja significava falar de cardeais, bispos, padres e re-ligiosos.

Por mais que a velha e cansada Igreja tivesse lançado e mantido suas raízes nos mais recônditos rincões do territó-rio francês, e não obstante a santidade heroica e profética de parte do clero e dos religiosos, a formação cristã deixava

Nossa Senhora da Salette e a

missão dos leigos na Igreja

MÃE DA SALETTE, MISSIONÁRIA DA RECONCILIAÇÃO

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Pe. Itacir Brassiani, msf

Teólogo e Superior Provincial Passo Fundo, RS muito a desejar. E isso não era diferente na pequena

paró-quia de Corps, diocese de Grenoble, onde foram criados Maximino e Melânia. Eles tinham 11 e 14 anos, e haviam avançado pouco na alfabetização e menos ainda na for-mação e na vida cristã. Eles não bebiam da cultura liberal que ganhava força nos centros urbanos, mas também não haviam recebido suficiente atenção pastoral e catequética. Eram vítimas daquilo que hoje chamamos de Igreja autorre-ferencial e do trabalho infantil.

Não obstante o peso doutrinal e moral da vida cristã pro-movida nas paróquias católicas, começavam a aparecer os primeiros sinais daquilo que seria um impressionante mo-vimento missionário do catolicismo francês. Surpreenden-temente, as sementes da missionariedade germinavam no

terreno de uma Igreja estruturalmente clerical e doutrinal-mente rígida, mas eram espalhadas e cultivadas com cari-nho e criatividade majoritariamente por leigos e leigas. Isso fica claro nos organismos missionários fundados por leigos e leigas, mas também na manifestação de Nossa Senhora em La Salette.

Ou não é isso que significa a manifestação da Bela

Senho-ra a dois adolescentes pSenho-raticamente analfabetos e sem

ini-ciação cristã e prática sacramental? Trazendo no peito um crucifixo do qual brotava uma luz intensa e envolvente, Ma-ria proclama de forma silenciosa e eloquente que Deus con-tinua fiel à aliança que selou com seu povo. Pedindo que os adolescentes se aproximem sem medo, a Mãe de Jesus contesta uma pregação que tinha na intimidação sua força. Vestindo roupas camponesas e aparecendo numa vila sem importância, sublinha que Deus está próximo dos esqueci-dos e oprimiesqueci-dos. Falando de trigo, batatinhas e nozes, Maria se mostra conhecedora dos dramas humanos. Lamentando a mortandade infantil, escancara seu coração de Mãe.

No seu breve e objetivo diálogo evangelizador que man-teve com as crianças, Maria se mostra portadora de uma animadora Boa Notícia. A fome e a tragédia que se abate sobre os pobres não vem da suposta mão pesada e casti-gadora de Deus e não durará para sempre. Maria ensina que os males que golpeiam os mais pobres e a natureza são resultado das escolhas humanas, especialmente daqueles cujas decisões repercutem nas estruturas sociais e políticas. Se houver conversão – mudança de valores, práticas e de prioridades – haverá trigo e batatinha de sobra e ninguém morrerá antes do tempo, diz ela. Deus continua fiel em sua compaixão, e espera que os homens e mulheres correspon-dam ao seu amor e priorizem a solidariedade e o serviço aos últimos da escala social.

Isso parece surpreendente, mas mais surpreendente

ain-da é que a Bela Senhora tenha confiado o anúncio dessa

Boa Notícia a duas crianças com escassa formação cultu-ral e cristã e absolutamente irrelevantes no seio do corpo eclesial. “Vão e anunciem isso a todo o meu povo!” Em outras palavras: quando ninguém falava na missão dos leigos e leigas na Igreja, quando ninguém dizia que eles são sal da terra e luz do mundo, quando não haviam nascido concei-tos como “sujeito eclesial”, a Mãe de Jesus confia a missão evangelizadora a duas crianças! É da boca dessas criaturas menosprezadas que ouviremos a mensagem de conversão e reconciliação que Deus quis anunciar à Igreja daquele e de todos os tempos. Maximino e Melânia, com todas as suas conhecidas limitações, fizeram a parte deles. Não teria che-gado a nossa vez?!

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Lucas André Pirolli

Bacharelando em Filosofia e Postulante MSF Passo Fundo, RS O Projeto Filosofia nas Comunidades surgiu com a

inten-ção de levar o conhecimento e reflexão produzidos no Insti-tuto de Filosofia Berthier até os bairros de Passo Fundo, RS. Em 2016 o Projeto ampliou a atuação e passou a desenvol-ver oficinas com sindicatos. O objetivo das oficinas é abordar temáticas que tenham relação com o cuidado com a vida. A prevenção de acidentes de trabalho é uma das oficinas que procura motivar os trabalhadores e os empresários para preocuparem-se com melhores condições de trabalho.

Entrar no dia a dia das fábricas e indústrias, propiciar aos trabalhadores “mergulharem” no oceano da reflexão; apro-ximar “vida de estudos” à “vida de trabalho”. Deste modo, acadêmicos e professores propõem atividades para que gestores e trabalhadores entrem nos espaços de reflexão.

Um dado importante desenvolvido é que o trabalho foi compreendido de diversas maneiras ao longo da história, mas muitas delas ainda se fazem presente em nossa socie-dade. Por exemplo, o trabalho como sinônimo de sofrimen-to ou o trabalho como possibilidade de realização humana, são somente duas das diversas ideias que perpassam pelo nosso sentido de mundo e de organização social.

Todo gerente de empresa deseja contar com um tra-balhador qualificado e produtivo. Porém, a qualificação e a produtividade dependem de outras condições que nem sempre estão claras. Além disso, especificamente para os metalúrgicos e mecânicos, últimos grupos trabalhados, a salubridade no ambiente de trabalho é fundamental.

O Projeto Filosofia nas Comunidades proporciona aos tra-balhadores e às empresas a percepção de que a responsabi-lidade pelo avanço de uma empresa e do serviço exercido é uma via de mão dupla: tanto o funcionário quanto o gestor devem se ajudar. Não podemos esquecer que vivemos em um sistema capitalista e mercadológico, onde, infelizmente a “mais valia” prevalece, contudo há formas de favorecer es-paços de construção de uma nova mentalidade.

A luta por relações de trabalho dignas sempre existiu tendo em conta as desigualdades sociais. Contudo, desde as críticas e proposições marxistas os trabalhadores pas-saram a se unir, a fim de que pudessem, com suas mani-festações, retomar sua dignidade humana e social. Não se pode esquecer das longas jornadas de trabalho, da era da ascensão industrial, onde as pessoas passavam dois terços do dia trabalhando. Com isso, sua dignidade, no regime de semi-escravidão (rumo à escravidão), escrevia suas linhas de história a partir de relações desiguais e desumanas.

Correndo mais adiante na história, na década de 1940, "Era Vargas no Brasil", surgiu a Consolidação das Leis traba-lhistas (CLT). Um pouco mais adiante, em 1977, surgiram as Normas Regulamentadoras (NR’s), trazendo aos ambientes

de trabalho industrial condições “menos perigosas”, o que chamamos de salubridade. Entretanto, vimos em 2017 nos-sos políticos apunhalarem, com veemência, a população trabalhadora do Brasil e qualquer direito adquirido; assim com as “novas leis”, colocaram abaixo conquistas históricas adquiridas com muito sangue e suor.

Em nossa sociedade ainda estamos permeados de rela-ções de desumanidade, porém isso não arranca a possibi-lidade de efetivarem-se novas formas de relação entre as pessoas, independente de sua posição. A mensagem de Nossa Senhora da Salette fala disto: uma nova “imagem de ser”, que denuncia o mal e anuncia um novo jeito de relacio-nar-se com as pessoas e de elas tenderem para Deus.

Em sua aparição nos Alpes Franceses, através da mensa-gem, Maria se apresenta como mulher das “coisas novas” e, porque não dizer: revolucionária. Mas não só em La Salette. Na aparição no México, como mãe guadalupana, Maria as-sume o rosto e o ser do povo para o qual aparece, o povo indígena. Sob o título de Aparecida, Maria é negra, e apare-ce a três trabalhadores no Rio Paraíba. Maria, à exemplo de Deus, assume o rosto e as relações feridas.

A “Bela Senhora” que aparece na França é mulher revo-lucionária. Sua mensagem não só convoca a um retorno à religiosidade, mas também denuncia a ambição que nas for-mas de trabalho faz as pessoas perderem contato consigo mesmas e com as relações de solidariedade. A aparição de Salette é também uma denúncia às condições de trabalho indigno que trazem fome e peste à comunidade, à socieda-de, ao mundo.

Como camponesa, é mulher trabalhadora, é sinal de Luz. Sua cruz, envolvida por correntes, de onde brilha Cristo cru-cificado, traz um martelo e uma torquês junto à Cristo. O profetismo da denúncia e o apelo sagrado à vida digna.

A Filosofia nas Comunidades, ação acadêmica e social, assim como age Maria, busca iluminar as difíceis relações e condições de trabalho que temos na atualidade. Procu-ra atProcu-ravés de sua ação melhoProcu-rar estas mesmas relações e condições. O compromisso desse Projeto e a atualidade da mensagem de Maria se encontram quando as comunida-des e os ambientes de trabalho se tornam melhores. Neste sentido. Propondo valores novos quando as relações de tra-balho são desvalorizadas. Fazem o bem através da arte de ajudar o trabalhador, e cada pessoa, a expressar seu saber, sua sabedoria do seu jeito que vai além daquilo comumen-te já dito.

A bela Senhora, à trabalho,

em outras comunidades

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Aparições e (Re)conciliação!

Nos limites da cultura ocidental, no contexto religioso judeu-cristão, e dentro da cosmovisão teocrática, nós pas-samos a ter uma experiência permanente de conversão. Conversão, não no sentido de mudar de direção, mas de avançar sempre, sem parar e nem retardar a caminhada. Como seres limitados, mesmo assim, ansiamos por avançar na intensidade de vida. Esta é a atitude de conversão, pro-priamente dita.

Ao conferir o texto bíblico, percebemos que ele insinua e convoca para uma permanente mudança. Portanto, não pode ser visto como uma realidade negativa. Ao contrário, a

história comporta, no seu bojo, esse dinamismo, como algo positivo e propositivo.

A (re)conciliação dá-se com o novo e não com o velho.

Nessa compreensão, experimentamos que a conversão é um sentir renovado e gostoso. Por isso mesmo, mais facil-mente querido e buscado. Já não tem aquele peso moralis-ta, ameaçador, julgador e condenador. Tem, sim, uma dose de alívio, de perdão e de libertação. Mesmo, porque a Tra-dição não seria coisa do passado, como nos foi legado pelas teses teológicas da história.

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Pe. Vergílio J. Moro, msf

Pároco da Paróquia São José Operário Rio de janeiro, RJ Hoje, não só o mundo ocidental, mas a totalidade

históri-ca, requer esse processo (re)conciliador com muito mais ve-locidade e abrangência. Embora, certas análises indiquem essa celeridade como descartável e negativa, a resposta da história assinala para a novidade, para a (re)conciliação, para a promessa positiva prestes a se concretizar nos tem-pos que não são os nossos, mas já são presentes e vividos.

Limitando ainda mais o nosso texto, adentremos, mais precisamente, no mundo católico. Diante da totalidade da história, o tempo católico é um período muito recente e próximo. Porém, a sua presença está dentro da perspecti-va mutante que mencionamos. Essa parcela da história fez avançar e aperfeiçoar a (re)conciliação, sem, porém, dar-lhe o acabamento total. Prova é que estamos aí a penar, sim, mas plenos de fé de que deixamos para trás o velho homem e buscamos (re)conciliação com o novo Adão.

Na história católica, temos um fato significativo que se soma, positivamente, à história universal. São as ‘Aparições de Nossa Senhora’. Uma boa leitura desses fenômenos diz-nos que todas trazem um mesmo e único pedido: ‘um convite insistente à (re)conciliação com a novidade que nos espera e que já vislumbramos, mesmo que parcialmente’. Uma “Virgem”, visivelmente bonita e atraente, aparece na história para recordar, positivamente, a seguinte proposta do Plano de Deus: “Deixar, sempre de novo, o velho homem e revestir-nos, desde já, do homem novo”. Aliás, palavras, limpidamente, bíblicas. Proposta simples e fascinante, tan-to assim que, geralmente, é confiada a crianças e a pobres, por ocasião das aparições. Esses acontecimentos se dão em lugares bem diferentes (novos) e em tempos desgastados e de penúria histórica (velhos). A insistência dessas aparições é no sentido de dar-se conta dos comportamentos vazios e escravizantes, das dormências e quedas na história. É ousar na peregrinação (re)conciliadora com o diferente. E, como se vê, a proposta não tem conotação mágica, mas pede uma participação comunitária.

Afunilando nosso breve texto, que não é analítico e nem exaustivo, mencionamos Nossa Senhora da Salette, que apareceu na França, em 1846, precisamente, no dia 19 de setembro. Melânia, com 14 anos, e Maximino, com 11 anos, já pastoreavam ovelhas, em La Salette, quando foram abor-dados pela ‘Bela Senhora’ que lhes passou uma mensagem afetuosa, mas severíssima e preocupante, pedindo mudan-ça de comportamento do seu povo. A região, essencialmen-te agrícola e pastoril, em nada ofendia a dignidade dos seus habitantes. Porém, as vidas devassas e exploratórias, eram velhos hábitos que precisavam ser deixados, urgentemen-te, de lado. Chorando, com o rosto entre as mãos, junto às duas crianças, a ‘Mãe da Salette’ implora novas posturas de convívio comunitário e de fé. Os meninos, embora com mínima formação escolar e a timidez própria de crianças, inicialmente, guardaram segredo diante do fenômeno. Depois, levaram adiante o recado, conforme orientação da ‘Bela Senhora’. Historicamente, em 21 de novembro de

1878, no papado de Pio IX, Melânia deixa uma redação mais aprimorada de La Salette e o ‘segredo’, como se dizia, foi revelado em sua magnitude. Esse minucioso escrito, conhe-cido também como o ‘Segredo da Virgem de La Salette’, segue o perfil (re)conciliador.

Essa aparição em La Salette gerou um fato histórico novo. As necessidades pastorais da região aumentaram. Nasceram, nesse contexto, os Missionários de Nossa Senho-ra da Salette, também chamados de Saletinos ou Ministros da (Re)conciliação. Inicialmente constituiu-se um ‘corpo de padres’ diocesanos para essa missão. Maria passou a ser invocada como “(Re)conciliadora dos Pecadores”. A cons-trução de um santuário para acolher os peregrinos, foi uma consequência. Oficialmente, o Instituto dos ‘Missionários de Nossa Senhora da Salette’ nasceu em 01/05/1852, com a missão de atender os devotos que ali acorriam com senti-mentos penitenciais e (re)conciliadores.

Muitos padres diocesanos aderiram ao novo Instituto, inclusive, o Padre Jéan Berthier, MS - que funda em 1895 a Congregação dos Missionários da Sagrada Família (MSF) - em 1865. Estes, por sua vez, não se voltaram para a missão em La Salette, mas, já em 1911, vieram para as ‘novas’ terras do Brasil. Se fôssemos pesquisar as obras evangelizadoras dessas duas fundações religiosas perceberíamos o número de templos e santuários já levantados até os dias de hoje. E, certamente teríamos uma obra literária não só extensa, mas de uma densidade ímpar para os anais da (re)concilia-ção ainda em andamento.

Missionários Saletinos e Missionários da Sagrada Família são, desde a sua origem, uma ‘Igreja em Saída’. ‘Em saída’, como sempre quis Jesus. ‘Em saída’, como insiste o Papa Francisco. ‘Em saída’, no sentido de viver o ‘novo jeito de ser Igreja’, aprendendo com o diferente e formando um só povo de Deus. Não no sentido de conquistar, acabando com a identidade do outro, mas vivendo em comunhão, como (re)conciliados e (re)conciliadores.

Não para concluir, mas para deixar o espaço aberto, afir-mamos que as ‘Aparições’ não são fatos mágicos e estáti-cos. Os milagres das aparições continuam a nos impulsio-nar para a novidade, para a (re)conciliação entre nós e com Deus.

Ao final desse rápido e despretensioso texto, convido-o para rezar, invocando:

• “Nossa Senhora da Salette, reconciliadora dos pecado-res, rogai, sem cessar, por nós, que recorremos a vós!” • “Venerável Jéan Berthier, fundador dos missionários da

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Fr. Wilson Jorge Lamps, msf

Comunidade Missionária Inserida Porto Alegre, RS

Mãe da Salette: missão de amor!

A missão de Maria é, amando Jesus Cristo, mostrá-lo ao mundo. Ela vive a jornada do amor desde o princípio e mais intensamente ao assumir, sem titubear, sua identidade de discípula. Um discipulado que se torna apostolado junto a todos os seus filhos e filhas. Suas manifestações místicas, portanto, comprovam a sua missão, ontem e hoje: conduzir os filhos (nós) ao "coração do Pai". E Jesus é o caminho se-guro para o Pai!

Jesus, do alto da Cruz, viu sua mãe e nela um caminho e modelo de fé! Caminho este que leva direto ao “coração do Redentor”. E nesta exultação de amor, por sua mãe, Jesus a envia em missão: “Mulher, eis aí o seu filho!” – “Filho, eis aí a sua mãe!” (Jo 19, 26). Por isso, sua missão é protagonizada mundo afora, em sua pessoa, a todos os seus filhos e filhas. Pois Jesus não nos deixa órfãos, nem sozinhos, sem espe-rança. Ele dispõe e quer que tenhamos os “carinhos” de sua Mãe. E, Maria vem, com todo seu afeto materno, em socorro de nós, frágeis e oprimidos pela dor; ela se faz puro amor para com todos nós.

Na experiência da revelação de La Salette, no alto da montanha (região dos Alpes da França), Maria “em dor e lágrimas” mostra todo seu amor-doação aos dois pastorzi-nhos de ovelhas. São dois adolescentes, pobres e humildes, Maximim Giraud, de 11 anos, e Melanie Calvat, de 14 anos. Nesta revelação-missão, Maria expõe o desejo de seu Filho na Cruz: acolher em seu coração todos os seus filhos e filhas! E neste acolhimento ela nos pede a conversão: fazer peni-tência (sinal de arrependimento) e amar a Deus, servindo a vida nos irmãos e irmãs – Reconciliação.

Na mensagem de La Salette vemos atualizada a missão de Jesus Cristo: converter e salvar. Essa ação redentora se realiza na oração e na ação cotidiana; na caridade e na pre-sença, doando a esmola do seu tempo e partilhando dos bens do conhecimento, da fé e do amor; nas visitas mis-sionárias (famílias, doentes, cárceres – aos privados de sua liberdade ou de locomover-se); nas animações e participa-ções nas comunidades de fé; nos encontros com amigos; nas participações de liturgias e missas, sendo exemplo de bondade no mundo; promovendo alegria no meio das pes-soas; lendo e estudando a Bíblia em grupos; rezando pelas famílias, ser um “olhar de paz” para as pessoas, ajudando quem precisa de você; acolhendo como iguais (irmãos) os imigrantes em nosso país. Há infinitas formas de amar. E tudo isso se faz missão, no Amor: Maria nos ensina isso!

Nossa Senhora de La Salette nos faz todos irmãos e irmãs no seguimento de Cristo, Crucificado-Ressuscitado. Ela quer nos ensinar com seu amor de Mãe, aos pés da cruz, que o amor de Deus não tem limites. Esse amor se faz presente to-dos os dias, mesmo na dor e nos sofrimentos: é amor a toto-dos como irmãos em Cristo; e esse desafio é de todos nós!

Não perca tempo: ame, perdoe e anuncie Jesus Cristo. Ele merece seu amor. Afinal: amar é evangelizar, e, evange-lizar é amar! Seja pois, um missionário com Maria!

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Noeli Alessi Soletti

Ministra da comunidade Nsa. Sra. de Fátima Nova Erechim, SC

Maria inspiradora de

nossa missão

Maria é a grande intercessora do povo cristão, que dela recebe proteção, consolo e fortaleza. Ela é modelo de vida na fé, na caridade e humildade. “Ela é a Serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. Como mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do par-to até que germine a justiça”. (A Alegria do Evangelho, p. 163). Entender que Maria é a grande missionária, que deu con-tinuidade à missão de seu Filho e revelou ser formadora de missionários, nos motiva a caminharmos segundo seu exemplo. Acreditamos que ela tem feito parte da caminha-da de todos os povos, sendo acolhedora caminha-das práticas mais sublimes e significantes de seu povo. Ela contribuiu com o nascimento da igreja missionária. Sendo Ela a grande intercessora do povo cristão, peregrina na fé acreditou na ressureição de seu Filho, pois se fez presente junto com os apóstolos no cenáculo de Jerusalém, sendo perseverante na oração.

Aprendemos com Maria a servir as pessoas que mais pre-cisam, e, assim estarmos a serviço dos nossos irmãos, viver numa sociedade construtora da paz, que viva na fraternida-de e solidariedafraternida-de com os mais necessitados que são a pre-sença real de seu Filho hoje, no mundo. Como Maria teve

intimidade com seu Filho e o amou, nós devemos também nos aproximar dos mais necessitados sendo a presença mi-sericordiosa de Jesus.

Encontramos em Maria um modelo e exemplo de amor sem fim, sendo fiel ao projeto de Deus, na escuta atenta da realidade que nos interpela à vida e à missão dos discípu-los missionários de seu Filho. Sendo peregrina na fé, Ela nos ensina que ser humilde é uma virtude necessária para que possamos percorrer o caminho da fé e assim, “sairmos” ao encontro das pessoas, famílias e comunidades.

Enfim, sabemos que evangelizar é uma missão que exige entrega generosa, mas que é gratificante quando consegui-mos compreender o brilho que existe na obra de Deus. E Maria, nas montanhas de La Salette, revelou e iluminou o mundo com sua mensagem de conversão e missão!

Como seus filhos e filhas, “comuniquemos essa notícia a todo o povo”!

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Maria, mãe e missionária da

misericórdia

Maria é a Mãe da Misericórdia. Com seu “sim” ela aco-lheu o dom de Deus em sua vida e ofereceu a “misericórdia divina” a toda humanidade. Como missionária, atenta e so-lidária, ainda grávida, coloca-se “em saída” para o serviço impregnado de amor à sua prima Isabel. Sua presença gera alegria, contagia a alma, transforma o ambiente e a realida-de porque tudo nela foi plasmado pela misericórdia feita carne.

Maria ensina a Igreja a ser fiel à sua vocação, isto é, a Evangelizar. Ela nos mostra o caminho da vida e do cuidado, o caminho da fidelidade à vocação do povo de Deus. Como nas bodas de Caná, aponta para a Misericórdia convidan-do-nos a fazer “tudo o que Ele nos disser”. Assim nossa vida e nossa missão são transformadas pelo “bom vinho” que alegra, reconcilia e nos dá coragem de “sairmos” e anun-ciarmos a Misericórdia com todo o seu ser.

Num mundo tão agitado e massacrado por inúmeras vozes e informações virtuais que fazem eco e confundem nossos caminhos, Maria nos convida ao silêncio interior. Nos leva ao verdadeiro discernimento da vontade de Deus. Rezando como ela rezou, com os apóstolos no Cenáculo, conscientizamo-nos que nossa missão é sempre “sair”! É levar o Evangelho do Crucificado-Ressuscitado, vivendo a Boa Nova das bem-aventuranças em nossas famílias, comu-nidades, pastorais até os confins do universo.

Maria ensina a cada um/a de nós discípulos/as missioná-rios/as os caminhos da missão e da misericórdia. Com seu amor de Mãe ela não tem medo de seguir Jesus até o fim, mesmo com lágrimas e sofrimento diante da cruz de seu Fi-lho. Hoje diante de nossas angústias, medos, preocupações e desânimos, ela ensina a virtude da perseverança e total confiança em Deus, cuja “misericórdia se estende de gera-ção em geragera-ção e chega a todos os que o temem”!

Olhando para Maria aprendemos que a missão miseri-cordiosa é uma “paixão por Jesus” e “pelo povo”. Fechar os olhos diante de nosso próximo torna-nos cegos diante de Deus. Missão e Misericórdia precisam ser o DNA dos cris-tãos comprometidos com a causa e o projeto do Evangelho. Contemplando Maria, Mãe e Missionária da Misericórdia, o papa Francisco nos convida a ser uma Igreja de coração aberto. Comunidades que saibam acolher, perdoar, rezar e trabalhar para a edificação do Reino de Deus.

Tendo Nossa Senhora da Salette, reconciliadora dos pe-cadores, como protetora e Mãe, nós, Missionários da Sagra-da Família, à luz do FunSagra-dador, Pe. João Berthier, rezamos e agradecemos sua proteção. Também imploramos sua inter-cessão sobre nossos vocacionados, formandos, coirmãos,

famílias, membros da AMISAFA, todos os leigos e leigas de nossas paróquias e frentes missionárias, pela presença em nossa missão de “estar perto daqueles que estão longe” (At 2,39). Como na montanha de La Salette, Maria se aproxima de seus filhos e filhas, e diz ainda hoje: “Não tenham medo”. Sua mensagem é de uma Mãe que ama seus filhos e quer que estes amem seu Filho, convertendo-se e colocando-se em “saída misericordiosa”, transmitindo e vivendo no coti-diano de suas vidas a mensagem e a missão misericordiosa a todos confiada!

Pe. Marcelo Klein, msf

AMISAFA/SAV e Vigário Paroquial Pinhalzinho, SC

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Virgem de La Salette, mãe da

oração e da reconciliação

Foi em La Salete, nos altos Alpes franceses, aos dezenove dias do mês de setembro de 1846, que apareceu a Mãe de Deus, hoje designada como Nossa Senhora de La Salette. Foram Melânia e Maximino, dois pastores do vilarejo de Corps, que a viram. A Bela Senhora – assim a chamaram –, durante todo tempo que lhes falava, não parava de chorar. O que falou a Senhora aos dois jovens? Em síntese, dizia do nosso abandono para com seu Filho Jesus, de nossas blasfêmias e juramentos vãos para com o nome de Deus,

dentre outros1. Dizemos “nossos” porque apesar de quase

dois séculos deste fato (172 anos para ser exato) ainda nos afastamos do Deus Vivo e ressuscitado; esquecemo-nos de sua Palavra e ensinamentos. Mas o Senhor não cessa de buscar-nos e de nos querer para Sí, quando na verdade éramos nós que deveríamos busca-lo depois de tudo que nos fez e ainda segue realizando: “Buscai o Senhor e a sua

força, buscai a sua face continuamente”.

(

1º Crônicas 16:11).

Como bem escreveu Pe. René Laurentin “toda aparição

manifesta a presença de Deus e suscita conversão”. Não

precisamos dizer o que a Igreja pensa em relação aos

inúmeros relatos desse tipo de fenômeno2, mas importa

aqui, no caso, o que disse a Bela Senhora aos pequenos pastores de Corps, quando esta lhes perguntava: “- Fazeis

bem vossa oração, meus filhos? – Não muito, Senhora”,

responderam os pastorzinhos.

A que respondeu novamente: “- Ah! Meus Filhos é preciso

fazê-la bem, à noite e de manha, dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Ave-Maria quando não puderes fazer melhor”.

Vejamos o que nos pede a Mãe de Deus...! Pede-nos que sejamos pessoas que oram. Não exclui nenhum tipo de oração, não diz de “quanto tempo”, mas sim de “fazer melhor”. Portanto, não se trata de quantidade, mas de qualidade: entrega orante, doação oblativa e contemplação diante do mistério do amor de Deus para com seu povo.

É necessária a oração de escuta a Deus, pois, embora seja importante a oração de louvor, de suplica e agradecimento, a qual normalmente fazemos com palavras, hoje mais do que nunca é importante o silencio interior - já que o

1 Para aqueles que desejarem mais informações, podem recorrer a revista “SALETTE”: fato e mensagem. 2º Ed. Editora Berthier, 1994. Traduzido do francês “La Salette – Récit de l’apparition et sens du Message”, por Pe. Arlindo Favero, MS.

2 É chamado de “privado” todo gênero de revelações que con-sistem em “manifestação sensível” de supostas aparições, como foi o caso de La Salette e outros semelhantes. Para maior compreensão veja: René Laurentin, “Aparições - II Parte: Aspectos Históricos”, in DE FIORES, Stefano e MEO, Salvatore (org.). Dicionário de Mariologia. São Paulo: Paulus, 1995, p. 116.

silencio externo nem sempre é possível - para melhor ouvirmos a vontade de Deus. E estejamos certos: Deus fala! O Evangelho apresenta inúmeras passagens em que Jesus, se afastando um pouco do meio de um “turbilhão” de coisas - curas, pregações, exortações e outras - se recolhe, em oração, diante de Seu Pai. Como bem exorta Paulo: “Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da

salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo. Orai sem cessar”.

(

Tessalonicenses 5,9.17).

É com a oração que poderemos nos convencer da necessidade constante de conversão. Erramos sempre, caímos, afastamo-nos de Deus, e dos irmãos, muitas vezes por medo ou presunção; colocamos nossas faltas acima de seu amor incondicional e fazemo-nos sentir indignos de sua misericórdia. A oração é o respiro da alma que abre as portas do coração à salvação. De quando em quando, voltemos nosso olhar à Virgem de La Salette, a Bela Senhora, mulher da boa noticia - que é o próprio Jesus - e mãe da reconciliação.

Gleison Costa França

Postulante MSF, licenciado em Filosofia Passo Fundo, RS

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