Acho que alguns de voc s já me conhecem por ter criado o orkut.com. O que talvez poucos saibam que, antes disso, ainda no in cio dos anos 2000, eu já havia idealizado, desenvolvido e lan ado outras duas redes sociais. O orkut.com, na verdade, foi a
terceira e eu lancei recentemente a sua sucessora: o hello.
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Por a já deu para perceber que eu dediquei quase toda a minha vida e a minha carreira a usar a tecnologia para conectar pessoas, especialmente por meio das redes sociais. A melhor parte das redes sociais, para mim, a mágica que acontece quando duas
pessoas que jamais se encontrariam no mundo real se conectam online.
Como muitos de voc s, sou f das redes sociais raiz . Digo isso porque hoje em dia percebo o quanto elas se transformaram em plataformas para divulgar in uenciadores e marcas e deixaram de ser canais para reunir as pessoas e criar esses momentos mágicos de conex o que est o t o arraigados no DNA das redes sociais.
A nal, como a rede ocial q e q eremo ?
Por Orkut Buyukkokten | 08 de Abril de 2021 às 10h00Home nternet Redes sociais
Orkut Bu ukkokten, criador do Orkut e co-fundador do Hello ( magem: Divulga o/Hello)
social como o mais importante canal para o marketing de in uenciadores em 2020,
comprovando a e cácia do modelo. O TikTok vai pelo mesmo caminho: como está em
ascens o, tem atra do in uenciadores e marcas que querem conquistar a aten o dos jovens. E podemos ver a mesma tend ncia com o Clubhouse, que tem atraindo
in uenciadores que querem construir suas identidades e marcas.
Nas redes em que todo mundo (ou quer ser) um in uenciador, as pessoas se mostram como querem ser vistas pelos outros, e n o como realmente s o. Elas est o
basicamente criando uma marca, uma vers o melhorada de si mesmas, esperando que seus seguidores se apaixonem pelo que essa imagem representa e, claro, sigam seu per l, assinem seus canais, curtam e comentem todo o seu conte do.
Com toda essa orquestra o, com tantos ltros, nada parece aut ntico, e nosso feed ca sempre com a mesma cara. Cada postagem uma competi o pelo olhar do outro; o engajamento no seu conte do acaba sendo mais importante do que compartilhar quem voc , o que voc ama, o que voc pensa.
Nessa toada, nossas redes sociais favoritas pararam de gerar as conex es e as descobertas que haviam prometido. Estamos vendo sempre as mesmas pessoas e conte dos que já curtimos, os mesmos an ncios, en m, parece um grande dia da marmota. Em vez de nos inspirar a encontrar novos amigos e ideias, elas est o nos mostrando as mesmas cenas, pois os algoritmos incorporam intelig ncia arti cial e
machine learning para rever nossas intera es e fazer uma curadoria do que mostrar no nosso feed para gerar mais intera o e mais engajamento com os anunciantes. O problema está no cora o desses algoritmos, que s o projetados com perfei o para priorizar o marketing, os anunciantes, as empresas, seu faturamento e seus acionistas. Ou seja: os produtos e os feeds aos quais a maior parte de n s dedica seu tempo n o s o desenhados para criar felicidade nem para facilitar novas amizades ou conex es. Uma coisa certa: a compara o acaba com a nossa alegria --e nunca foi t o fácil nos compararmos com os outros. Nossos feeds est o repletos de jantares fabulosos dos nossos amigos, f rias sem m pelo mundo, sel es com celebridades. Ao ver qu o incr vel a vida de todos, dif cil evitar o sentimento de que n o somos
su cientemente bonitos, inteligentes, bem-sucedidos, amados... Para nos sentir melhor, come amos a criar um conte do semelhante, que chame a aten o das pessoas. S que ter mais curtidas e seguidores n o resolve o problema, e voltamos a nos sentir mal porque eles nunca s o o su ciente.
Algumas pesquisas t m mostrado que as redes sociais est o nos levando ao
isolamento, à infelicidade e à solid o (esta ltima uma epidemia pior do que o fumo e a obesidade para a nossa gera o). Esse ciclo s terminará quando formos capazes de ser quem verdadeiramente somos, sem nos importar com as diferen as e mostrando
nossas vulnerabilidades aos outros.
Gosto de pensar que o orkut.com deixou o mundo um pouquinho melhor ao aproximar as pessoas, mas hoje sinto que as redes sociais est o nos separando. Meu melhor amigo mora em Nova York e conheceu sua esposa, que vivia na Est nia, no orkut.com. Mesmo à distância, eles se apaixonaram, depois foram morar juntos, casaram e tiveram
lhos. Outro amigo, canadense, conheceu a namorada, brasileira, tamb m no
orkut.com. Depois de algumas viagens, eles se casaram e se mudaram para o Canadá. E essas s o apenas duas das numerosas hist rias de amor, amizade e conex o que vimos nascer online. O que nos leva à pergunta: quando foi a ltima vez que voc conheceu algu m novo nas redes sociais?
Saudades do Orkut? ( magem: Reprodu o)
Essa dinâmica n o culpa nossa, a nal as redes sociais em que somos viciados foram concebidas sem levar em conta os nossos interesses. Em vez disso, os dados e o conte do que produzimos foram usados com outro prop sito: gerar dinheiro com an ncios. E isso nos leva a mais uma preocupa o, dessa vez com a privacidade e a prote o de dados pessoais. Como as redes sociais est o constantemente criando
acompanhar as novas mudan as e descobrir o que podemos fazer para proteger a nossa privacidade.
É por essas e outras que acho importante pararmos para re etir sobre qual o
ambiente digital em que gostar amos de estar. Meu tipo de rede social ainda aquela onde posso me conectar com velhos e novos amigos, ter conversas signi cativas e me sentir bem sendo quem sou, sem ltros. Pre ro estar em uma comunidade em que todos se sintam bem-vindos, e n o com medo de serem julgados e cancelados a qualquer momento. Acho que o poder da tecnologia e das redes sociais deveria ser usado para aproximar as pessoas e faz -las felizes. A empresa de rede social da qual eu quero fazer parte aquela que foi desenhada e projetada para promover a uni o e a felicidade. E voc ?
Go o de a ma ria?
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