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A fábrica do cinema português na Quinta das Conchas O nascimento da Tobis Portuguesa

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Academic year: 2021

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A fábrica do cinema português na Quinta

das Conchas

O nascimento da Tobis Portuguesa

Segundo esses planos, o estúdio compunha-se de três corpos: um compreendendo os edifícios para o material eléctrico, móveis, acessórios, etc…; outro, de dois pavimentos, agrupando a cabina de som, alojamento para figurantes, sala e cabine para projecção, laboratório de ensaio, etc…; o terceiro, constituído pelo estúdio propriamente dito, com a seguinte área: 25 metros de comprimento, por 20 metros de largura e 13 metros de altura. Nos começos de Março do ano seguinte verifica-se um acontecimento de alta importância – a chegada dos camiões de tomada de som, os quais apresentavam a

particularidade especial de serem a primeira unidade dum novo modelo a sair da fábrica. Eram constituídos por duas viaturas: uma fornecedora de energia eléctrica, com as características especiais necessárias ao conveniente funcionamento da aparelhagem de tomada de som, e outra, propriamente o carro de registo de som, com capacidade de quatro microfones, compreendendo a cabina monitora do engenheiro de som e uma outra cabina onde se encontrava instalada a camara da captação do som. Com a chegada

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da nova aparelhagem a TOBIS Portuguesa – designação porque passou a ser conhecida a empresa – achava-se assim, em condições de dar início à produção de filmes.

O cinema Portuguesa prossegue a sua actividade

Estamos em 1933, a Europa encontra-se politicamente dividida. Hitler havia levado ao poder na Alemanha o Partido Nazista em 1933. Esse novo partido, com as suas ideias opressivas leva a que muitos alemães, não só apenas de descendência judaica, fujam não só para os E.U.A, mas também para a Europa Ocidental, principalmente para França. Entre esses refugiados encontravam-se muitos técnicos e actores do cinema alemão. Em Portugal vivíamos também num regime totalitário. Em 1933 havia sido formado o Estado Novo, António de Oliveira Salazar havia sido nomeado Presidente do Conselho de Ministros, e o País vivia um tempo de recessão em todos os aspectos. No entanto, apesar de todas as dificuldades, quer a nível técnico quer a nível financeiro, o cinema português continuava a existir. Por isso, em 1934 é criado em Portugal o Sindicato Nacional dos Profissionais de Cinema, que enquadrava os profissionais de cinema de todo o País. Em 17 de Agosto desse ano é inaugurado os Estúdios da Tobis Portuguesa, na Quinta das Conchas, ao Lumiar. Em 25 de Agosto é assinado um contrato entre a Lisboa Filme e a Tobis através do qual, a Lisboa Filme fica encarregue de todos os trabalhos de laboratório e operações correlativas necessárias para os filmes produzidos pela Tobis

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A preparação do primeiro filma da Tobis Portuguesa

Ano de 1933. Portugal conta já uma empresa produtora de filmes sonoros – a Tobis Portuguesa. As suas possibilidades técnicas apresentam-se com suficiente capacidade para dar início à respectiva actividade, pois desde há meses a Companhia está na posse da aparelhagem de registo de som, duma marca de grande prestígio. É certo que o estúdio, cuja construção foi iniciada no último mês do ano que passara, ainda está longe de poder albergar, dentro das suas paredes, uma equipa cinematográfica. Mas esse facto não causa impedimento de maior à decisão de, tão rapidamente quanto possível, se dar começo à produção do primeiro filme de grande metragem da nova empresa. Aquela falta é, no entanto, rodeada pela decisão tomada de ser produzido um filme em que a

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acção decorra, na sua maior parte em exteriores. Tal facto, não impedirá, porém, que o filme venha a contar com um certo número de interiores. Essas passagens viriam a ser realizadas, mercê do material de iluminação que a Tobis já possuía – e que seria completamente construído em Portugal, nas oficinas da Electro Reclamo, Lda, sob a direcção do engenheiro José Carlos do Santos -, numa dependência da antiga Quinta das Conchas. E com esse intento, se dá início à produção de «A Canção de Lisboa», que ficaria a constituir não só o primeiro trabalho de folego da Tobis Portuguesa, como viria a apresentar o título honrosíssimo de ser o primeiro filme sonoro português inteiramente realizado em Portugal. Foi precisamente a 20 de Junho de 1933 que se deram as

primeiras voltas de manivela primeiras voltas de manivela.

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Para realizador dessa primeira produção, a Tobis Portuguesa escolhe o arquitecto Cottinelli Telmo, personalidade das mais inteligentes, dinâmicas e cultas da sua geração. A Companhia recém formada escolhia, assim, para director do seu primeiro filme uma individualidade completamente nova no meio cinematográfico, conjunto de factos que não deixava de apresentar um aspecto deveras curioso. Além de que era também da autoria do próprio realizador o argumento do filme. A colaboração dada por técnicos estrangeiros à produção de «A Canção de Lisboa» foi, sem dúvida, avultada, circunstancia que nada tinha, aliás, de intempestiva ou, se se quiser, de desprimorosa para os elementos profissionais existentes, dado que pela primeira vez a técnica

portuguesa ia tomar contacto com a complicada e difícil engrenagem que era a produção de um fonofilme. É assim que, além do Dr. Hans-Cristof Wohlrab, que já se encontrava entre nós quase desde a chegada dos camiões de tomada de som, surgem os nomes do operador francês Henri Barreyre; da especialista de montagem Tonka Taldy, mulher daquele técnico alemão, e que em França, na Alemanha e na Itália, onde deixara os estúdios da Pittaluga para trabalhar nos estúdios da Tobis Portuguesa, havia exercido a sua actividade; e do caracterizador russo Chakatouny. Esses técnicos tinham, no entanto, como colaboradores, dentro dos sectores próprios, elementos portugueses. Assim, no quadro da tomada de som achavam-se o engenheiro Paulo de Brito Aranha, como segundo-engenheiro de som, e Sousa Santos, como assistente. No sector da imagem o operador francês teve em César de Sá um colaborador precioso, que deveria, aliás, terminar o trabalho, pois H. Barreyre, por compromissos anteriores, regressou a França antes de o filme se encontrar concluído. Por sua vez, Octávio Bobone, que trocara fotografia de arte, onde era considerado um mestre, pelo cinema, faz em «A Canção de Lisboa», pode-se dizer, o seu baptismo cinematográfico.

Referências

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