- 1 - Pequeno Histórico do Bullying
A definição universal de bullying é compreendida como um subconjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (a), causando dor, angústia e sofrimento.
O bullying é um fenômeno mundial tão antigo quanto à escola. Porém, foi na década de 1970, na Suécia, que surgiu um maior interesse da sociedade sobre este problema, logo em seguida estendeu-se para vários países. Foi quando na Noruega, doze anos mais tarde, em 1982 ocorreu o suicídio de três crianças entre 10 e 14 anos, motivadas pela situação de maus-tratos a que eram submetidos pelos seus companheiros da escola, Este fato teve grande repercussão nos meias de comunicação, mobilizando o governo Norueguês que fizera uma campanha nacional contra o bullying no ano seguinte.
Nos Estados Unidos o tema é de grande interesse, pois o fenômeno cresce, ao contrario do Brasil, que ainda é pouco comentado e discutido. Estamos a 15 anos de atraso em relação aos estudos e tratamento deste comportamento, comparados aos países europeus.
A ABRAPIA — Associação Brasileira Multiproflssional de Proteção a Infância e a Adolescência, entre os anos de 2000 a 2004, pesquisou e constatou que 40,5% dos alunos admitiram estar envolvidos em bullying, revelando também que este fenômeno se faz presente com índices superiores aos países europeus.
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Alguns Locais de Ocorrência
O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.
Na escola pode também assumir a forma de avaliações abaixo da media e não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes competentes por professores incompetentes ou não atuantes. Isto é feito para seus programas e códigos internos de conduta nunca sejam questionados, servindo para criar uma classe de “todos educados”.
No trabalho é um problema sério que muito freqüentemente as pessoas pensam que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vitima e freqüentemente é aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização.
Entre vizinhos o bullying toma a forma de intimidação por comportamento inconveniente, como exemplo o barulho excessivo para perturbar o sono e padrões de vidas normais ou fazer queixar às autoridades por incidentes menores ou forjados.
Na Escola:
O comportamento agressivo entre estudantes é um problema universal, tradicionalmente admitido como natural e freqüentemente ignorado ou não valorizados pelos adultos, porém, o bullying entre estudantes, é definido como um ato agressivo intencional e repetido, provocado por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, executado dentro de uma relação desigual de poder, seja por idade, desenvolvimento físico ou relações com o grupo.
Neste caso, avaliar o bom desempenho dos estudantes pelas notas dos testes e cumprimento das tarefas não é suficiente. Perceber e monitorar as habilidades ou possíveis dificuldades que possam ter os jovens em seu convívio social com os colegas, passa a ser atitude obrigatória daqueles que assumiram a responsabilidade pela educação.
As ações anti-bullying devem ver as escolas como sistemas dinâmicos e complexos, não podendo tratá-las de maneira uniforme, considerando ao eleborar estratégias de enfrentamento as características sociais, econômicas e culturais de sua população.
O envolvimento dos professores, funcionários, pais e alunos são fundamentais para implementação de projetos de redução do bullying. A participação de todos visa estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes. As ações devem priorizar a conscientização geral; o apoio às vítimas do bullyng, fazendo que se sintam protegidas; a conscientização dos agressores sobre a incorreção de seus atos e a garantia de um ambiente escolar sadio e seguro.
O cuidado com o conjunto e encorajamento dos alunos à participarem ativamente da supervisão e intervenção dos atos do bullying, pois o enfrentamento da situação pelas testemunhas demonstra aos autores que eles não terão apoio do grupo, pode ser uma boa estratégia de enfrentamento.
Os professores devem lidar e resolver efetivamente os casos de bullying,enquanto as escolas devem aperfeiçoar sua técnicas de intervenção e buscar a cooperação de outras instituições,como os centros de saúde, conselhos tutelares e redes de apoio social, com um especial cuidado aos alunos autores, dando condições para que desenvolvam comportamentos mais amigáveis e sadios, evitando o uso de ações puramente punitivas, como castigos, suspensões ou exclusão do ambiente escolar, que acabam por marginaliza-los.
Como Proporcionar Um Ambiente Saudável Na Escola?
Esclarecendo o que é Bullying; Avisar que a prática não é tolerada;
Conversar com os alunos e escutar atentamente as reclamações e sugestões; Estimular os estudantes a informar os casos;
Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema; Identificar possíveis agressores e vitimas;
Acompanhar o desenvolvimento de cada um;
Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regime escolar;
Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos; Interferir indiretamente nos grupos o quanto antes, para quebrar a dinâmica de
Bullying;
Prestar a atenção nos mais tímidos e calados. Geralmente as vitimas se retraem.
Como Prevenir o Problema Na Escola?
Para evitar o Bullying, as escolas devem investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Para
os professores, que tem um papel importante na prevenção, alguns conselhos de especialistas:
• Observe com atenção os alunos, dentro e fora de classe de aula, e perceba se há quedas bruscas individuais no rendimento escolar;
Incentive a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças através de conversas, trabalhos didáticos e até de campanha de incentivo a paz e a tolerância;
Desenvolva desde de já dentro de sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre os alunos;
Quando um estudante reclamar ou denunciar o bullying, procure imediatamente a direção da escola;
Muitas vezes, a instituição trata de forma inadequada os casos relatados. A responsabilidade é, sim, da escola, mas a solução deve ser em conjunto com os pais dos alunos envolvidos.
Estratégias Sugeridas Para Redução do Bullying nas Escolas
Não existem soluções simples para se combater o bullying. Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. Portanto, cada escola deve desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo. A escola deve agir precocemente contra o bullying. Quanto mais cedo o bullying cessar, melhor será o resultado para todos os alunos.
Intervir imediatamente, tão logo seja identificada a existência de bullying na escola e manter atenção permanente sobre isso é a estratégia ideal. A única maneira de se combater o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.
Quais são as etapas a serem cumpridas para se implantar um programa anti-bullying?
Este é o primeiro passo a ser dado e resume-se na aplicação de um questionário de pesquisa com a participação de todos os alunos da escola, antes de receberem qualquer tipo de informação sobre o bullying. Apenas um pequeno texto, apresentado no momento da aplicação, tenta situar os estudantes dentro de conceitos sobre os quais se deseja obter opiniões. Os resultados dessa aplicação vão determinar a prevalência, incidência e conseqüências do bullying em cada escola. Seus dados caracterizam a percepção espontânea dos alunos sobre a existência de bullying e seus sentimentos sobre isso. Nem mesmo os professores devem estar cientes sobre o tema. No momento da aplicação do instrumento, deve-se entregar a cada um deles uma carta, explicando o objetivo da pesquisa e fornecendo algumas orientações sobre a metodologia utilizada. O questionário deve ser aplicado simultaneamente em todas as turmas de um mesmo turno, evitando-se a troca de informações nos corredores, ou a possível intimidação de alguns alunos-alvos de bullying.
Segunda etapa: EM BUSCA DE PARCERIAS
Uma vez analisados os resultados, todo o corpo docente deve ser informado e incentivado a discutir suas implicações, definindo que estratégias devem ser utilizadas durante o processo de divulgação e sensibilização dos alunos.
Terceira etapa: FORMANDO UM GRUPO DE TRABALHO
Esse grupo deve ser composto por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, alunos e pais. Com base na realidade percebida por seus membros e com o auxílio dos dados da pesquisa, serão definidas coletivamente as ações a serem priorizadas e as táticas a serem adotadas.
Quarta etapa: OUVINDO OPINIÕES
As propostas definidas pelo Grupo de Trabalho poderão ser submetidas a todos os alunos e funcionários, permitindo-se que sejam dadas sugestões sobre os
compromissos e ações que a comunidade escolar deverá adotar para a prevenção e o controle do bullying.
Quinta etapa: DEFININDO OS COMPROMISSOS
A definição da relação final dos compromissos e prioridades poderá ser feita em assembléia geral contando com todos os alunos, professores e funcionários ou, apenas, pelo Grupo de Trabalho.
Sexta etapa: DIVULGANDO O TEMA
Os compromissos e prioridades deverão ser amplamente divulgados. Diversas cópias serão afixadas em vários locais da escola.
Sétima etapa: INFORMANDO AOS PAIS
Os pais serão informados sobre os objetivos do projeto por meio de carta ou utilizando-se espaços dentro de reuniões organizadas pelas escolas.
Alguns Indicadores
Diante de casos ocorridos, à escola compete reunir todos os participantes e as famílias. Os pais e os alunos têm que obrigatoriamente participar.
E então o que os pais devem fazer?
Incentivar o filho a falar, ir à escola e buscar uma solução que envolva toda a comunidade escolar. É lógico que isso só será possível se a escola tiver como lema a não aceitação do bullying, e bom lembrar que o bullying ocorre em todas as escolas. O que fazer se o seu filho é vítima:
Estimule para que fale sobre o seu dia-a-dia na escola; Não culpe a criança pela vitimização sofrida;
Transforme o seu lar num local de refúgio e segurança; Ajude a criança a expressar-se com segurança e confiança;
Valorize os aspectos positivos da criança e converse sobre suas dificuldades pessoais e escolares.
Procure ajuda psicológica e de profissionais especializados; Sinais de que seu filho pratica bullying:
Apresenta distanciamento e falta de adaptação aos objetivos escolares;
Volta da escola com ar de superioridade, exteriorizando ou tentando impor sua autoridade sobre alguém;
Apresenta aspecto e/ou atitudes irritadiças, mostrando-se intolerante frente a qualquer situação ou aos diferentes aspectos das pessoas;
Costuma resolver seus problemas, valendo-se da sua força fisica e/ou psicológica;
Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com os irmãos e pais, podendo chegar a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física;
Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem; Apresenta habilidades em sair-se de “situações dificeis”. O que fazer se o seu filho pratica bullying?
Observe atentamente o comportamento e os sentimentos expressos pela criança;
Mantenha tranqüilidade e calma. Converse, objetivando encontrar os motivos que o levam a agir desta maneira;
Reflita sobre o modelo educativo que você está oferecendo ao seu filho.
Evite bater ou aplicar castigos demasiadamente severos. Isso só poderá promover raiva e ressentimentos. Procure profissionais que possam auxiliá-lo a lidar com esse tipo de comportamento.
Dê segurança e amor.
Incentive a mudança de atitudes. Um bom começo é pedir desculpas e deixar a vitima em paz.
Não ignore o fato ou ache desculpas para as suas atitudes. Lembre-se que com o tempo esse comportamento pode conduzir a uma vida delituosa e infeliz.
Procure a direção da escola ou ajuda de um conselho tutelar.
Para Saber Mais:
ARAMIS, A.Lopes Neto. Bullying-comportamento agressivo entre estudantes.
www.scielo.br.pesquisalbullying,
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar
para a paz. Campinas: Ed. Artmed, 2005.
TAYLOR, Maurren. Bullying e o Desrespeito. São Paulo. Artmed. 2006.
www.bulying.com.br/
www.educacional.com.br/reportagens/bullving/ www.belcrivelli.blogspot.com/2007