• Nenhum resultado encontrado

PIRENÓPOLIS EM FOCO Renata Oliveira Pina 1 ; Carlos Alberto Afonso de Lima 2 ; Marcos Gomes Vieira 2 ; João Guilherme da Trindade Curado 3

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PIRENÓPOLIS EM FOCO Renata Oliveira Pina 1 ; Carlos Alberto Afonso de Lima 2 ; Marcos Gomes Vieira 2 ; João Guilherme da Trindade Curado 3"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

PIRENÓPOLIS EM FOCO

Renata Oliveira Pina1; Carlos Alberto Afonso de Lima2; Marcos Gomes Vieira2;

João Guilherme da Trindade Curado3

1 Bolsista PBIC/UEG, graduanda do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo , UnU

Pirenópolis - UEG.

2 Pesquisadores do Programa Voluntário de Iniciação Científica – PVIC/UEG, graduandos do

Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo , UnU Pirenópolis - UEG.

3 Orientador, docente do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, UnU Pirenópolis –

UEG.

RESUMO

A presente iniciativa surgiu da necessidade de se criar na Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária de Pirenópolis - um Banco de Imagens com registros de imagens da cidade, dos atrativos e das potencialidades turísticas, dos inúmeros conhecimentos pirenopolinos em diversas áreas como festas, eventos, modos de fazer, assim como as manifestações artísticas e cotidianas. A metodologia consistiu em registrar em fotografias digitais as paisagens, os atrativos, as manifestações sócio-culturais de Pirenópolis dentre outros focos, incluídos em um Banco de Imagens criado durante a pesquisa e que disponibilizará para a comunidade em geral imagens já previamente catalogadas. Para tal intento a equipe pesquisou autores que trabalham com a Fotografia, assim como leituras sobre Patrimônio, História e Turismo, o que facilitou a escolha dos focos registrados digitalmente e das discussões que são aqui apresentadas.

Palavras-chave: Fotografia, Turismo, Pirenópolis.

A primeira fotografia foi tirada, de acordo com os registros históricos, em Borgonha por Joseph Nicéphore Niépice em 1826, era de uma paisagem, (Veja Especial Milênio, 2000, p. 83). Desde então a fotografia tem, dentre outras finalidades, documentar e divulgar lugares, o que representa um importante instrumento para a atividade turística.

O Brasil foi um dos pioneiros na arte da fotografia, tendo por seu divulgador-mor D. Pedro II que possuía e praticava a arte de fotografar não só com a família imperial, mas

(2)

principalmente registrando as paisagens do Rio de Janeiro (Schwarcz, 1999, p. 346). Assim sendo, a fotografia tornou-se símbolo de status, de modernidade e de intelectualidade difundidas pelo Imperador que viajava e divulgava o Brasil nas Feiras de Ciências ocorridas naquele ínterim pela Europa. Por isso “talvez se possa afirmar que desde os primeiros anos de sua invenção a fotografia fora destinada a não ser somente um instrumento técnico de reprodução, mas também a de refletir a imagem da sociedade” (Ribeiro, 1997, p. 30).

Em termos históricos, de acordo com Cardoso e Mauad (1997, p. 406) “é indiscutível a importância da fotografia como marca cultural de uma época, não só pelo passado ao qual nos remete, mas também, e principalmente, pelo passado que ela traz à tona. Um passado que revela, através do olhar fotográfico, um tempo e um espaço que fazem sentido”, continuam afirmando que a fotografia tem “um sentido individual que envolve a escolha efetivamente realizada; e outro, coletivo, que remete o sujeito à sua época” (p. 406).

Le Goff relata que o progresso histórico das fontes vem no sentido de que “deve se realizar, antes de tudo, pela consideração de todos os documentos legados pelas sociedades: o documento literário e o documento artístico” (2001, p. 55), o que possibilita a inclusão da fotografia no rol das fontes históricas. Daí a necessidade de incentivar a prática fotográfica voltada para registro, uma vez que vivemos em uma sociedade de mídia visual.

Ao considerar a introdução da fotografia como possibilidade de registro e interpretação na perspectiva científica faz-se necessário apontar que dentre os historiadores, assim como em outras áreas do conhecimento “quase todos fazem uso diário da fotografia, seja como ilustrações, auxílios à memória ou como substitutos de objetos descritos através dela”, lembra ainda que “entretanto, a maior parte dos membros dessas profissões tem evitado explicitamente considerar as conseqüências da fotografia, à medida que ela afeta o seu próprio trabalho, bem como em uma escala mais ampla” (Gaskell, 1992, p. 241). Destarte ocorre a possibilidade/necessidade de ampliar a escala de visão e interpretação das inúmeras contribuições geradas pela fotografia, como o exposto a partir de Chartier (2001).

Pirenópolis, antigamente Meia Ponte, recebeu desde sua fundação ocorrida no período da mineração – século XVIII – uma intensa circulação de pessoas que iam e vinham com os mais diferentes interesses e perspectivas, afinal o nascente povoado era considerado “entroncamento” das estradas que ligava o sul ao norte e o oeste ao leste. Por isso os principais viajantes das expedições exploratórias passaram, descreveram e desenharam aspectos que acharam relevantes na paisagem local, como Saint-Hilaire, Pohl e Burchell.

Desse modo, “Pirenópolis em Foco” pretende incentivar a utilização das imagens da cidade de Pirenópolis por acadêmicos do curso de turismo, desenvolvendo assim olhares e

(3)

focos que possibilitem uma melhor compreensão dos atrativos locais, para isso propõe a criação de um Banco de Imagens com o intuito de colaborar nas pesquisas, no registro histórico das paisagens da cidade e na divulgação das atividades da UnU-Pirenópolis. Tendo por preocupação o desenvolvimento de aptidões artísticas dos acadêmicos e ao mesmo tempo estimular a pesquisa e contato com os empreendimentos e empreendedores do setor turístico no que se refere à manutenção ou alteração da paisagem ou patrimônio local.

MATERIAL E MÉTODO

Realizaram-se breves estudos sobre a Fotografia tendo por referenciais teóricos as obras de Kossoy (2001), Benjamin (1996), Achutti (1997) e Recuero (2005). Sobre Pirenópolis e os monumentos existentes ou desaparecidos puderam ser observados pela documentação iconográfica existente como, por exemplo, em “Casas de Pirenópolis” (JAYME e JAIME, 2002) que busca na memória dos antepassados as fisionomias mais primitivas das casas da cidade.

A metodologia de trabalho baseou-se na preocupação de documentar digitalmente a paisagem de Pirenópolis durante um ano (segundo semestre de 2008 ao fim do primeiro semestre de 2009), por acadêmicos do curso de turismo que focaram suas lentes para a cidade como um todo. Observando um calendário de eventos prévio e alimentado durante o transcurso do projeto. Cada pesquisador providenciou seu equipamento fotográfico.

A percepção buscada foi a de pesquisadores participantes e participativos - a Investigação na Ação proposta por Domingo (1994) que vem ao encontro dos acadêmicos que vivem em Pirenópolis, em um verdadeiro laboratório turístico a céu aberto. Já a paisagem a ser fotografada ou documentada parte das considerações de Abreu (1998) e do que Cabral (2000) chama de “a paisagem enquanto fenômeno vivido” e as percepções que dela podem advir segundo aponta Xavier (1994).

Outras importantes iniciativas foram a inserção de todos os pesquisadores na equipe de organização e execução do II Encontro Internacional de Fotografia – Photo Pirenópolis, possibilitando maior contato com os fotógrafos profissionais presentes no evento; e o incentivo para que observassem livros de fotografias e visitassem sites de fotógrafos profissionais para que pudessem se inteirar mais sobre o mundo da fotografia.

Durante as reuniões de trabalho que se estenderam por todo o período de abrangência do projeto foram realizadas leituras do material presente nas referências do relatório final e de outras mais. Discussão e elaboração de cronogramas de trabalho de acordo com o calendário

(4)

de eventos, assim como a preparação da ficha de identificação das fotografias para a criação do Banco de Imagens, assim como a produção de relatórios e seleção das imagens produzidas.

Por ocasião das comemorações ao Dia Internacional da Mulher foi realizada a projeção de imagens iniciais da acadêmica bolsista. Já na comemoração do dia do Patrimônio e do dia Folclore, exibiu-se imagens já selecionadas do “Pirenópolis em Foco” que versavam sobre estas temáticas – uma devolução do projeto à comunidade acadêmica. Pretende-se para o VII Seminário de Iniciação Científica montar uma exposição com cerca de doze fotografias. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após conversas preliminares sobre luz e sombra, foco e imagens voltadas para a atividade turística os pesquisadores foram a campo e com o passar do tempo, a cada nova remessa de fotografias que depositavam em CD’s mostraram significativa melhoria técnica.

Foi perceptível a influência das leituras e visitas aos sites de fotógrafos profissionais, o que possibilitou um debate mais rico e consequentemente imagens mais apuradas.

Um dos resultados mais significativo foi a criação e alimentação de um Banco de Imagens organizado e com acervo representativo de imagens produzidas durante o desenvolvimento do projeto “Pirenópolis em Foco” que tem por função permitir, a qualquer momento, a utilização e veiculação de fotografias representativas de Pirenópolis sobre diversas temáticas, produzidas, organizadas e armazenadas pelos acadêmicos pesquisadores.

Com o intuito de facilitar a consulta produziu-se uma ficha de identificação para cada imagem ou grupo (série) de fotografias, como demonstra o exemplo abaixo:

Título Bandeira do Divino Identificador R.O.P. 0001

Data 10/05/08 Miniatura da imagem

Descrição técnica DSC-W35

Autor Renata Oliveira Pina

Localizador CD nº. 01 - Projeto “Pirenópolis em Foco”

Observações A bandeira está no interior da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Citação de Fonte Bandeira do Divino - “Pirenópolis em Foco” - R.O.P. 0001

Outra diretriz importante foi a dinamização da comunicação/divulgação das atividades realizadas pela UnU-Pirenópolis no contexto da UEG, por intermédio de notícias encaminhadas para publicação no Jornal do Cerrado, sempre acompanhada de fotos dos pesquisadores e indicando por fonte o projeto.

(5)

Por fim, pretende-se, ainda, a organização de eventuais exposições institucionais e/ou participação em eventos organizados por outras instituições disponibilizando algumas das imagens e os créditos do Projeto executado, possibilitando, assim, material para análise da paisagem de Pirenópolis neste momento de intensificação da atividade turística.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram produzidas e catalogadas mais de mil e quinhentas imagens que focam Pirenópolis neste último ano, nos quesitos arquitetura, urbanismo, manifestações populares e festas em geral. Além do cotidiano dos moradores, os fazeres e saberes, assim como a diferença entre as ruas durante a semana e em finais de semana – alterações produzidas na paisagem pela presença de turistas e acentuação das atividades voltadas a este setor da economia. Também foi registrada a maioria das edificações existentes no Centro Histórico.

A participação e envolvimento com o ato de fotografar propiciou a inserção dos pesquisadores no evento de fotografia, o que possibilitou a convivência e a observação pela experiência do cotidiano de fotógrafos profissionais. As dicas e técnicas recebidas durante o evento, II Photo Pirenópolis, foram de grande valia no decorrer do projeto.

Considerando que, de acordo com Cavalcante, “se estas fotografias não dizem tudo, dizem, com certeza, o que não se pode apagar quando se busca reconhecer os lugares dos acontecimentos na história” (2005, p. 1866), sendo que este lugar seria o contexto de Pirenópolis, uma cidade do período da mineração e que hoje tem o turismo como importante atividade, o que vem contribuindo para as alterações nas paisagens, gerando, portanto, a necessidade de se registrar estes momentos para que sirvam de reflexões posteriores.

A fotografia possibilita, pela análise, uma observação mais apurada, uma vez que distante do momento a atenção se focaliza na imagem produzida pelo fotógrafo, chamando o exame para detalhes que fugiram do instante da captação da fotografia, assim “cada um de nós pode observar que uma imagem, uma escultura e principalmente um edifício são mais facilmente visíveis na fotografia que na realidade” (Benjamin, 1994, p. 104), devido a intenção que o fotógrafo lhe proporcionou durante o foco. Essas escolhas se fazem presentes no acervo do Banco de Imagens produzidas pelo projeto, o interessante é que partem de quatro olhares distintos.

Faz-se necessário ressaltar que “a câmara se torna cada vez menor, cada vez mais apta a fixar imagens efêmeras e secretas, cujo efeito de choque paralisa o mecanismo associativo do espectador” (Benjamin, 1994, p. 107). Alterações estas acentuadas com advento da câmera digital que possibilita um maior registro das paisagens das cidades, proporcionando, portanto, melhor percepção das alterações ocorridas no cotidiano às vezes imperceptíveis para os não

(6)

habitantes do lugar, por isso “Pirenópolis em Foco” traz à luz olhares que permitam se não compreender pelo menos perceber a dinâmica de uma cidade turística.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Maurício de Almeida. Sobre a memória das cidades. In: Revista Território. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ano III, nº 4, jan/jun, 1998. p. 5-26.

ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson. Fotoetnografia: um estudo de antropologia visual sobre cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Palmarinca, 1997. 208p.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1997. p. 91-108.

CABRAL, Luiz Otávio. A paisagem enquanto fenômeno vivido. In: Geosul, Florianópolis, vol. 15, nº 30, jul-dez-2000. p. 34-45.

CARDOSO, C. F.; MAUAD, A. M. História e imagem: os exemplos da fotografia e do cinema. In: CARDOSO, Ciro Flamarion, VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 401-417.

CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo Rosa. Em torno do álbum de família: lembranças, ressentimentos e histórias. In: Fragmentos de Cultura – história e fotografia. Goiânia: UCG, vol. 15, nº 12. dez. 2005. p. 1855-1867.

CHARTIER, R. Textos, impressão, leituras. In: HUNT, Lynn (Org.). A nova história cultural. Trad. Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 211-238.

DOMINGO, José Contreras. Investigación em la acción. In: Cuadernos de Pedagogia. Barcelona. Nº 224, abril, 1994 (CD-Rom).

GASKELL, I. História das imagens. In: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Edusp, 1992. p. 237-272.

JAYME, Jarbas, JAIME, José Sizenando. Casas de Pirenópolis. Goiânia: UCG, 2002. 316p. KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê. 2001. 163p.

LE GOFF, J. A história nova (Org.). Trad. Eduardo Brandão. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 318p.

RECUERO, Carlos Leonardo. O uso da imagem fotográfica em trabalhos científicos. In: Fragmentos de Cultura – história e fotografia. Goiânia: UCG, vol. 15, nº 12. dez. 2005. p. 1869-1880.

RIBEIRO, S. Lambe-lambe: pequena história da fotografia popular. Fortaleza: Imprensa Universitária/UFC, 1997. 136p.

SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 623p.

(7)

VEJA edição Milênio. São Paulo: Editora Abril, 2000. p. 83.

XAVIER, Herbe. Considerações sobre a percepção da paisagem geográfica. In: Caderno Geográfico. Belo Horizonte. Vol. 5, nº 6, dez-1994. p. 21-26.

Referências

Documentos relacionados

Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos fundos Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos

Os doentes paliativos idosos que permanecem nas instituições privadas são encaminhados pelos hospitais em que estavam ou internados pelos próprios familiares

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,

Desta maneira, observando a figura 2A e 2C para os genótipos 6 e 8, nota-se que os valores de captura da energia luminosa (TRo/RC) são maiores que o de absorção (ABS/RC) e

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

Podemos então utilizar critérios tais como área, arredondamento e alongamento para classificar formas aparentadas a dolinas; no processamento digital de imagem, esses critérios

Contudo, não é possível imaginar que essas formas de pensar e agir, tanto a orientada à Sustentabilidade quanto a tradicional cartesiana, se fomentariam nos indivíduos