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PROVA ACADÉMICA 1ª CHAMADA PROPOSTA DE SOLUÇÃO 1 GRUPO I. 12,5 Valores

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DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

PROVA ACADÉMICA

1ª CHAMADA

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

1

GRUPO I

12,5 Valores

ESTUPEFACIENTES – 2 valores

CARLOS - Um crime de tráfico de estupefacientes p.p. no artigo 21 n.º 1 do DL 15/93 de 21 de janeiro.

BELMIRO – co-autor do crime de tráfico de estupefaciente cometido por CARLOS (participação essencial e indispensável no plano gizado por aquele para fazer chegar o estupefaciente à Madeira ou domínio do facto na execução do mesmo plano) e ainda autor de uma contra-ordenação (consumo de estupefacientes) p.p. no artigo 2 da Lei n.º 30/2000 de 29 de novembro ou, caso os pacotinhos que guardava na mesa-de-cabeceira contivessem estupefaciente em quantidade superior à necessária para o consumo próprio médio durante um período superior a 10 dias, o crime p.p. no artigo 40 n.º 2 do DL 15/93 de 22 de janeiro – Acórdão de Uniformização de Jurisprudência n.º 8/2008 de 25 de junho.

Nota: O candidato não tem que identificar em concreto o tipo legal de contra-ordenação em causa, sendo para tanto suficiente que diga, por exemplo, “… que não sendo fornecidos elementos factuais que permitam concluir que os pacotinhos que guardava na mesa-de-cabeceira contivessem estupefaciente em quantidade superior à necessária para o

1 As indicações que seguem são as que se afiguram como as soluções mais corretas para as diversas

situações abordadas, sem prejuízo de serem valorizadas outras opções, desde que plausíveis e alicerçadas em fundamentos consistentes.

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consumo próprio médio durante um período superior a 10 dias, a detenção de estupefacientes para consumo não constitui crime”, ou uma qualquer outra fórmula equivalente.

ARMANDINA - co-autora do crime de tráfico de estupefaciente cometido por CARLOS e BELMIRO (participação essencial e indispensável no plano gizado pelo primeiro para fazer chegar o estupefaciente à Madeira ou domínio do facto na execução do mesmo plano) admitindo-se que possa assumir pelas circunstâncias da ação uma menor gravidade nos termos da alínea a) do artigo 25.

É de afastar a consideração de qualquer causa que exclua a ilicitude ou a culpa na sua ação, designadamente o estado de necessidade justificante ou o estado de necessidade desculpante.

NA CASA DE BELMIRO - 2 valores

BELMIRO – num primeiro momento comete um crime de violência doméstica p.p. no artigo 152 n.º 1 alínea b) e 2 (que consome a autoria em concurso efetivo de um crime de ofensas à integridade física do artigo 143 n.º 1 e de um crime de coação p.p. no artigo 154 n.º 1). É admissível a consideração apenas destes dois últimos desde que se afaste fundadamente a aplicação do primeiro.

Num segundo momento BELMIRO, ao ler as mensagens no telemóvel de ARMANDINA, comete um crime de conhecimento não autorizado do conteúdo de telecomunicação p.p. no artigo 194 n.º 2.

Na sequência desse facto, e para saber quem era DANIEL, preenche de novo – e.g. o par de bofetadas - o tipo legal de crime de violência doméstica p.p. no artigo 152 n.º 1 alínea b) e 2 (que consome a autoria em concurso efetivo de um crime de ofensas à integridade física do artigo 143 n.º 1 e de um crime de coação p.p. no artigo 154 n.º 1). É admissível a consideração apenas destes dois últimos desde que se afaste fundadamente a aplicação do primeiro.

Será valorizada a discussão sobre se o preenchimento por duas vezes do tipo legal de violência doméstica consubstancia a prática de um ou dois crimes dessa natureza.

(3)

NA OFICINA DE CARLOS – 1 valor

CARLOS comete um crime de falsificação de documento p.p. no artigo 256 n.º 1 alínea a) e n.º 3 do Código Penal (por cujo uso não podem ser responsabilizados ARMANDINA e BELMIRO que desconheciam a alteração da matrícula), em concurso com um crime de furto de uso de veículo p.p. no artigo 208 n.º 1.

Nota: Quanto a este último ilícito é perfeitamente defensável – e consequentemente merecedor da pontuação máxima correspondente – a invocação de que a disponibilidade do veículo numa oficina configura por si só uma autorização expressa ou tácita do uso da viatura para a respetiva utilização, concedida pelo dono desta ao dono daquela e, por via disso, sustente a posição expressa por Faria e Costa (Comentário, § 12) e Paulo Albuquerque (Comentário, § 10) no sentido de que a ultrapassagem dos limites dessa autorização constitui apenas um abuso de uso não punível. Contudo, parece-nos não merecer censura quem assim não considere – ou seja, que a disponibilidade do veículo para efeitos de reparação tenha que implicar necessariamente uma autorização de uso, ainda que limitada - e conclua pela verificação de um crime de furto de uso de veículo.

A consideração de que CARLOS pratica um crime de furto de uso de veículo imporá que o candidato especifique que, e por conhecer a sua utilização indevida, BELMIRO deva ser responsabilizado em idênticos termos, ao passo que, nada indicando que ARMANDINA tivesse conhecimento que o veículo não pertencia a CARLOS ou que estava a ser por este utilizado sem autorização, falta quanto a ela o dolo – erro sobre a factualidade típica – que impede a sua punibilidade por este crime.

ETELVINO E FELIZBERTO – 2,5 valores

FELIZBERTO é instigador de um crime de homicídio qualificado p.p. no artigo 131 e 132 alínea j), estando a sua punibilidade dependente de haver execução ou começo de execução (artigo 26).

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Nota: Não se faz qualquer referência ao teor do Acórdão de Fixação de Jurisprudência n.º 11/2009 – que permitiria qualificar FELIZBERTO como autor e não instigador - na medida em que, do texto do exame, parecem não constar os elementos factuais necessários e indispensáveis que permitam a subsunção da situação ali descrita aos termos do citado acórdão. Não obstante, qualquer solução formulada nesta base deve ser objeto de cuidada ponderação.

ETELVINO visando DANIEL com a sua espingarda de guerra, equipada com mira telescópica para visão noturna e preparando-se para disparar é autor de um crime de detenção de arma proibida p.p. no artigo 86 n.º 1 alínea a) da Lei n.º 5/2006 de 23 de fevereiro e de um homicídio qualificado na forma tentada p.p. nos artigos 22 n.º 1 e 2 alínea c), 131 e 132 alíneas e) e j) do Código Penal.

Constatando que DANIEL morreria se não fosse rapidamente assistido, facto altamente improvável naquele local, ETELVINO, ao nada fazer, e em autoria paralela relativamente ao processo causal já desencadeado por CARLOS (e que é adequado a conduzir à morte de DANIEL), e porque se encontra numa posição de garante relativamente à não verificação desse resultado em face de, nessa circunstância, possuir o monopólio dos meios de salvamento, acaba por cometer aquele crime de homicídio qualificado, agora por omissão, por via do disposto no artigo 10 n.º 2 do Código Penal.

Na medida em que ao “contrato para matar” era indiferente qual o meio efetivamente utilizado e porque ETELVINO terá omitido o agir por tal lhe ser imposto pela obrigação que assumiu, FELIZBERTO passa a ser punido como instigador desse crime de homicídio qualificado na forma consumada.

O ROUBO – 2 valores

ARMANDINA, BELMIRO e CARLOS são co-autores de um crime de roubo, sendo que o plano acordado tinha em vista a execução de um crime p.p. no artigo 210 n.º 1 e 2 alínea b), com referência f) do n.º 2 do artigo 204.

BELMIRO comete ainda um crime de detenção de arma proibida p.p. no artigo 86 n.º 1 alínea c) da Lei n.º 5/2006 de 23 de fevereiro.

(5)

Aplicando as teses doutrinárias no que se refere ao momento da consumação do furto, quem conclua que o citado roubo se consuma apenas quanto à carteira, aos documentos e a 10 euros (não tendo, nenhum dos três, tocado no telemóvel, e como a carteira só possuía o valor de 20€) o valor efetivamente subtraído é diminuto, o que obsta à qualificação do crime que foi consumado – artigos 204 n.º 4 e parte final da alínea b) do n.º 2 do artigo 210.

Concluiria assim que ARMANDINA, BELMIRO e CARLOS cometeram, em co-autoria, um crime de roubo na forma tentada p.p. no artigo 210 n.º 1 e 2 alínea b), com referência à alínea f) do n.º 2 do artigo 204, em concurso aparente com um crime de roubo na forma consumada p.p. no artigo 210 n.º 1, mas agravado nos termos dos n.º 3 e 4 do artigo 86 da Lei n.º 5/2006 de 23 de fevereiro.

Nota: A proposta de solução constante do parágrafo antecedente visa salvaguardar a aplicação ao caso das diversas posições doutrinárias quanto ao momento em que ocorre a consumação do crime de roubo.

Quem considere que o crime de roubo se não consumou justificando com a falta de intenção de apropriação da carteira, dos documentos e a 10 euros deverá concluir pela prática de um crime de roubo na forma tentada p.p. nos artigos 22, 23 e 210 n.º 1 e 2 alínea b), com referência à alínea f) do n.º 2 do artigo 204.

O EXCESSO – 1,5 valores

CARLOS comete um crime de ofensas à integridade física do artigo 143 n.º 1, qualificadas pela alínea a) do artigo 145, por força do n.º 2 desse mesmo artigo 145, com referência à alínea e) do artigo 132.

A circunstância de DANIEL vir a falecer em consequência dos ferimentos infligidos por CARLOS, enquanto resultado não pretendido por este último, agrava o citado crime nos termos do n.º 1 do artigo 147.

Em qualquer caso, trata-se de um excesso de co-autor, não previsto no plano de roubo inicial e pelo qual não podem ser responsabilizados BELMIRO e ARMANDINA.

Comete ainda um crime de detenção de arma proibida p.p. no artigo 86 n.º 1 alínea c) da Lei n.º 5/2006 de 23 de fevereiro, ao apoderar-se da arma de BELMIRO.

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A FUGA E A MORTE DE DANIEL – 1,5 valores

ARMANDINA e BELMIRO praticam, cada um, um crime de omissão de auxílio do artigo 200 n.º 1, a menos que se demonstre que se encontravam em erro sobre a factualidade típica (o estado de grave de necessidade em que se encontrava DANIEL) na medida em que se trata de um crime doloso.

Nota: No que toca a ARMANDINA e BELMIRO a exclusão da sua punibilidade pela prática do crime do artigo 200 apenas poderá ocorrer se estiverem em erro sobre qualquer um dos elementos típicos do ilícito, designadamente o estado de grave de necessidade em que se encontrava DANIEL. Esclarece-se que o sentido do texto da solução proposta não pretende afastar a punibilidade da não prestação do auxílio se estivesse em causa qualquer outra consequência diferente da do resultado “morte de DANIEL”.

Quanto a CARLOS:

- Caso não tenha configurado como possível que da sua conduta - de não prestação de auxílio a DANIEL - poderia resultar a morte deste ou, configurando tal possibilidade, encontrava-se convicto que a mesma não iria ocorrer, com fundamento no dever de garante (ingerência), é possível imputar-lhe apenas um crime de homicídio negligente p.p. no artigo 10 n.º 2 e 137 do CP, o qual é contudo consumido pelo ilícito mais grave que lhe foi imputado anteriormente – cf. O EXCESSO - crime de ofensas à integridade física do artigo 143 n.º 1, qualificadas pela alínea a) do artigo 145, por força do n.º 2 desse mesmo artigo 145, com referência à alínea e) do artigo 132 e agravadas pelo resultado nos termos do n.º 1 do artigo 147.

- Caso tenha configurado que DANIEL poderia vir a morrer como consequência direta e necessária do facto de lhe não ser prestado auxílio e querendo ou conformando-se com tal resultado poderá imputar-se-lhe, com fundamento nesse mesmo dever de garante, um crime de homicídio doloso por omissão p.p. no artigo 10 n.º 2 e 131 que, neste caso, consome o ilícito que lhe foi imputado anteriormente (crime de ofensas à integridade física do artigo 143 n.º 1, qualificadas pela alínea a) do artigo 145, por força do n.º 2 desse mesmo artigo 145, com referência à alínea e) do artigo 132 e agravadas pelo resultado nos termos do n.º 1 do artigo 147).

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GRUPO II 7,5 Valores

A – 2 Valores

O procedimento descrito enferma de dois vícios essenciais:

Os agentes da PSP não serão, em princípio, autoridade de polícia criminal tal como definido no artigo 1 alínea d) do CPP e, ainda que o fossem, certo é que o artigo 252-A, n.º 1 do mesmo Código, apenas confere a tais autoridades a possibilidade de obterem dados sobre a localização celular, por iniciativa própria e sem recurso a uma prévia autorização judicial, quando estes forem necessários para afastar perigo para a vida ou de ofensa à integridade física grave, sob pena de nulidade do procedimento – n.º 4 da mesma norma – o que não se verificava.

A detenção de ARMANDINA opera-se fora de um quadro de flagrante delito – artigo 256 do CPP, a contrario - pelo que, na sua detenção, deveriam ter sido observados os formalismos descritos nos artigos 257 e seguintes, designadamente a emissão de mandados de detenção pela entidade competente.

Será valorada a menção de que essa detenção ilegal deveria ter sido anotada pelo MP quando a arguida lhe é presente – artigo 261 n.º 1 do CPP.

Nota: Pretende-se com o último parágrafo valorizar a resposta do candidato que refira que a presença de um arguido perante o JIC para efeitos do artigo 141 só poderia ocorrer sob promoção do MP incumbindo a este, no momento em que o arguido lhe é presente pelas entidades policiais, ter em atenção o disposto no artigo 261 n.º 1. Será valorizado que o candidato discuta qual o procedimento processual que o MP deveria seguir no caso concreto – libertação pura e simples com ou sem emissão de novos mandados de detenção fora de flagrante delito para presença imediata perante o JIC.

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B- 3 Valores

Referência à admissibilidade potencial de aplicação da medida de coação de prisão preventiva prevista no artigo 202 do CPP com referência aos tipos legais de crime imputáveis à arguida.

Referência aos requisitos gerais da aplicação de uma medida de coação para além do TIR previstos no artigo 204, alíneas a), b), e c), concatenando fundamentadamente esses requisitos com a factualidade que, em concreto, deflui do caso em análise.

Enunciação da conclusão lógica explanada na fundamentação anterior, com afastamento da possibilidade de aplicação da prisão preventiva

C - 2,5 valores

Referência à redução fáctico-jurídica, de impossível sustentação técnica, constante do

requerimento da Defesa, com indicação, ainda que de forma genérica ou sucinta, da

factualidade subsumível aos demais ilícitos indiciados (designadamente o tráfico de

estupefacientes e o roubo) que foi igualmente apreciada para efeitos de decisão na

presente diligência, sem embargo de a competência para delimitar o objeto do

presente processo, nesta fase de Inquérito, pertencer ao Ministério Público.

No que se refere à pretensão formulada pela arguida de conversão das suas

declarações, por um lado em queixa-crime e, por outro, em declarações para memória

futura:

Desnecessidade de apresentação de queixa-crime uma vez que

se trata de um crime público que se basta com a notícia deste

A necessidade de ser observado todo o procedimento constante

do disposto no artigo 271 do CPP no que tange à tomada de

declarações para memória futura, sendo essencial a referência à

manifesta inexistência de contraditório (artigo 271, nº 3) e ao

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não cumprimento das formalidades da inquirição, constantes do

n.º 4 da mesma norma

Cujo incumprimento determinaria a verificação da nulidade a

que se reporta o artigo 119, al. c) do CPP. Nestes termos, a

pretensão não pode deixar de ser julgada manifestamente

improcedente, não relevando, no caso, quer a natureza urgente

do processo de violência doméstica quer o princípio de

aproveitamento dos atos, cujas finalidades, num caso e noutro,

são insuscetíveis de prevalecer sobre outros princípios gerais,

designadamente o do contraditório.

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