• Nenhum resultado encontrado

O Refúgio de Yvette. Série VAMPIROS DE SCANGUARDS TINA FOLSON YVETTE S HAVEN LIVRO QUATRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O Refúgio de Yvette. Série VAMPIROS DE SCANGUARDS TINA FOLSON YVETTE S HAVEN LIVRO QUATRO"

Copied!
259
0
0

Texto

(1)
(2)

O Refúgio de

Yvette

YVETTE’S HAVEN

Série

VAMPIROS DE SCANGUARDS

LIVRO QUATRO

TINA FOLSON

(3)

Envio: Soryu

Tradução: Marcia Oliveira

Revisão Inicial: Carina Pereira, Armia Mitzvi,

Sandra P., Tania Christina, Gisleine S., Paty

Dobrev, Adriana Leal e Lauri

Revisão Final: Chayra Moom

Leitura Final: Cris S.

Formatação: Chayra Moom

(4)
(5)

Sinopse

Depois de ser sequestrada por um caçador de vampiros, o primeiro instinto de Yvette, uma vampiro guarda-costas, é matar o desgraçado. Mas antes que ela tenha essa chance percebe que ele foi traído pela bruxa para quem estava trabalhando e agora está em grande perigo, como ela.

Para conseguir tirar seu irmão de problemas, o caçador de recompensas e assassino de vampiros, Haven, tem que entregar a jovem atriz Kimberly a uma bruxa. Infelizmente, ela está sendo protegida pela criatura que ele mais odeia: um vampiro.

Enquanto Yvette e Haven tentam escapar da prisão e resgatar a atriz e o irmão de Haven, o ódio natural que sentem um pelo outro será suficiente para mantê-los separados ou a paixão que borbulha entre eles será forte o suficiente para ousarem arriscar suas vidas e derrotar a bruxa que quer tomar o maior poder entre todos?

Agradecimentos

Muito obrigada aos meus parceiros Grace, Virna DePaul e HP Mallory, por seu apoio contínuo, pelas suas ideias de valor inestimável, por seu riso e sua amizade. E ao meu marido Mark, por sua paciência, seu amor e apoio.

Um grande agradecimento aos leitores e blogueiros que apoiam e ajudam a espalhar meu trabalho, recomendando meus livros e lendo-os.

(6)

Prólogo

Haven foi o primeiro a ouvir o grito alarmado de sua mãe. Imediatamente, ele pegou seu irmão Wesley pela gola da camisa polo, fazendo-o gritar em protesto.

-Solte-me, Hav. Eu quero jogar.

Haven ignorou a objeção de seu irmão de oito anos de idade e colocou a mão sobre sua boca.

-Cale-se. - ele ordenou, mantendo a voz baixa. Podia sentir o medo no grito de sua mãe, apesar do fato de que ele e Wesley estavam no estúdio e o grito de pânico de sua mãe veio da cozinha, onde ela estava misturando poções. -Tem alguém na casa. Mantenha a calma. - Ele deu a seu irmão um olhar severo. Os olhos de Wesley se arregalaram com medo, mas, no entanto, ele assentiu com a cabeça. Haven tirou sua mão da boca de Wesley e foi recompensado com o silêncio de seu irmão.

Antecipando algo assim, sua mãe havia elaborado um protocolo rigoroso para ele e seu irmão: esconder-se e manter a calma. Tanto quanto Haven queria obedecer a sua mãe, seu grito tinha atravessado a sua alma e seria um covarde se não a ajudasse. Ele era alto para a sua idade, quase um homem. Sendo abandonado por seu pai há menos de um ano atrás tinha sido forçado a crescer rápido. Ele era o homem da casa agora e iria ajudar sua mãe.

- Vá pegar Katie e se esconda debaixo da escada. - Sua irmã caçula estava dormindo no quarto do andar de baixo, em vez de no andar superior, no quarto de bebê, para que ela pudesse ser ouvida se acordasse. Ela não deveria acordar com fome até daqui a duas horas, e esperava que isso significasse que permaneceria adormecida até lá.

Wesley saiu, correndo pelo corredor, calçando só as meias, sem fazer qualquer som no piso de madeira. Haven reuniu toda a sua coragem e se arrastou em direção à porta da cozinha.

-Você sabe que tem que sacrificar um deles, de modo que, qual deles vai ser? – Ele ouviu um homem dizer de dentro da cozinha. A maldade na voz do estranho era inconfundível, e um calafrio deslizou pela espinha de Haven como uma cobra.

-Nunca - respondeu a mãe de Haven, um flash de luz branca acompanhava suas palavras. Ele sabia que se ela estava usando

(7)

magia tão abertamente sobre o intruso significava que ele era uma criatura sobrenatural, não humano.

Merda!

Sua mãe não teria nenhum problema de se livrar de um assaltante, mas isto era diferente. É por isso que ela precisava de sua ajuda, ela tenha proibido ou não. Ela poderia brigar com ele tudo o que quisesse mais tarde, mas ele não ia ficar longe e se esconder como uma doninha covarde. Wesley poderia cuidar de Katie por si mesmo, e Haven era velho o suficiente, agora com 11 anos, para ser exato, para ajudar sua mãe a derrotar um atacante.

Haven avançou para frente e olhou ao redor da armação da porta para a cozinha bem iluminada. Espantado, ele se afastou.

Duas vezes merda!

Sem dúvida, o atacante era um vampiro... do topo da cadeia alimentar. Suas presas estavam ampliadas e passavam por seus lábios abertos, seus olhos brilhando vermelhos como lanternas traseiras de um carro à noite. Os vampiros não eram imunes à bruxaria, mas a mãe de Haven era apenas uma bruxa menor, com nenhum poder além de suas poções e feitiços. Ela nunca tinha tentado controlar qualquer um dos elementos: água, ar, fogo ou terra, como outros de sua espécie tinham. Ela estava praticamente indefesa.

O vampiro alto e magro tinha uma mão presa ao pescoço dela, seus lábios se moviam como se tentasse lançar um feitiço. Mas não saia nenhuma palavra de sua garganta. Ela lutou para safar-se de seu aperto, os olhos correndo de um lado para outro, procurando desesperadamente um meio de fuga. Não havia nenhuma maneira de libertar-se se não conseguisse proferir um feitiço para fazer o vampiro soltá-la. E mesmo assim...

Haven sabia o que tinha que fazer. Juntando toda a sua coragem, ele correu até a porta e foi para o balcão da cozinha, onde havia uma variedade de utensílios de cozinha em um jarro de barro. Ele pegou a colher de pau e quebrou ao meio.

Com o barulho, o vampiro voltou à cabeça para Haven e mostrou suas presas com irritação. Um grunhido de advertência saiu de sua garganta.

-Grande erro, pequeno, grande erro.

Nunca ninguém o chamou de pequeno e caiu fora com isso. Um murmúrio abafado veio de sua mãe. Ela piscou os olhos para Haven, sua intenção era enviar-lhe uma mensagem, apesar de sua angústia óbvia. Ele a compreendeu muito bem, mas não ia fugir. Ela

(8)

queria que ele se salvasse. Mas ele não era covarde. Como ela poderia pensar que ele iria correr e deixá-la nas mãos de um monstro?

-Solte a minha mãe! - Ele exigiu do vampiro e ergueu a mão que segurava a estaca improvisada.

Haven lançou-se sobre o vampiro, soltando um grito de guerra como ele tinha visto nos filmes de faroeste que gostava de assistir na TV. Antes de chegar ao sanguessuga, o vampiro soltou a sua mãe e jogou-a contra o fogão, o som do choque de suas costas contra a porta do forno de metal fez explodir uma onda de fúria através de Haven. Mais rápido do que seus olhos podiam seguir, o vampiro estava sobre ele e agarrou-lhe o pulso, segurando-o imóvel.

Haven cerrou os dentes e chutou a perna da criatura enorme, mas sem sucesso. Um grunhido saiu da boca do vampiro. Atrás dele, Haven viu sua mãe se levantar, gemendo de dor. Mas seu rosto parecia determinado, e seus lábios recitavam um feitiço.

-A noite traz o dia, o dia traz noite, ajuda os pequenos e...

O vampiro torceu o pulso de Haven, fazendo com que a estaca se soltasse de sua mão. Ela caiu ao chão, rolando para fora de seu alcance. Então o vampiro o soltou. Girando, ele enfiou a mão no casaco e puxou uma faca.

-Você bruxa estúpida, - ele rosnou. - eu ia deixá-la viver. Destemida, a mãe de Haven continuou recitando:

-... aos altos, dê-lhes poder...

Haven se lançou para o vampiro por trás, tentando tirar a faca de suas mãos, mas o seu adversário apontou o cotovelo para os músculos moles do estômago destreinado de Haven e empurrou-o para o chão. Quando Haven olhou para cima, ele só viu o pulso do vampiro lançar a faca para encontrar seu alvo.

Um grito assustado interrompeu os cantos de sua mãe. A faca tinha batido em seu peito. Quando ela caiu no chão, o sangue manchava seu avental branco, Haven se esforçava para chegar mais perto, mas o vampiro bloqueou sua abordagem.

-Haven, – ouviu a voz tensa de sua mãe. - lembre-se... o amor... -Não! Filho da puta! - Haven gritou. -Eu vou matar você!

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o choro de um bebê encheu a casa. Katie.

A cabeça do vampiro girou em direção ao corredor. Em seguida, um sorriso de autossatisfação espalhou sobre sua boca. Ele não fez nada para aliviar a feiura do seu rosto.

(9)

-Muito mais fácil. - proclamou. -Como se eu fosse querer me encarregar com os gostos de um menino problemático.

-Não! - Haven gritou, percebendo que ele estava indo atrás de Katie. O vampiro tinha dito que tudo o que ele precisava era de um deles.

O vampiro correu para fora da cozinha e para o corredor. Haven correu atrás dele, pegando uma vassoura que estava encostada à parede. Ele quebrou o cabo sobre o joelho e segurou a ponta mais curta como uma estaca.

Quando chegou ao esconderijo embaixo da escada alguns segundos após o sugador de sangue, ouviu os gritos de Katie misturados com os gritos apavorados de Wesley.

- Socorro! Haven, mamãe, me ajude!

O vampiro puxou o pequeno pacote, que era Katie, dos braços de Wesley e pressionou-a contra seu peito, enquanto ele tentava se livrar com uma mão de Haven e seu irmão. As tentativas de Wesley de lutar contra o vampiro no estômago eram inúteis, os punhos minúsculos não faziam nenhum dano à criatura.

-Pare seu pequeno idiota.

Nem Wesley, nem Haven ouviram o comando do vampiro. Em vez disso, ele pulou, sua estaca improvisada em sua mão levantada, mas o desgraçado se virou muito rápido. Ele bateu Wesley contra a parede e levantou o braço para se defender da estaca de Haven, segurando Katie mais alto, com o outro braço. Haven não era páreo para a criatura sobrenatural, mesmo com sua determinação feroz para salvar sua irmã.

O vampiro o chutou contra a parede, o impacto tirou o ar dos pulmões de Haven. A dor queimava por ele, lembrando-lhe que era apenas um ser humano sem nenhuma habilidade para combater o sanguessuga poderoso.

-Não quero lhe fazer nenhum dano. Eu estou apenas tomando um de vocês. - Houve um lampejo de algo em seus olhos, quase como se ele lamentasse o que estava fazendo. -Para manter o equilíbrio.

Um segundo depois, ele se foi. A porta da frente se abriu para a escuridão, o frio e a neblina tomaram conta da casa onde o calor e o amor, tinham vivido antes.

Wesley gemeu. -Mãe, ajude-nos.

(10)

Haven arrastou-se pelos poucos metros que os separavam. Como ele poderia dizer a Wes o que acontecera com sua mãe? E Katie, o que aconteceria a Katie?

-Mamãe não pode nos ajudar. - Haven sussurrou para seu irmão, ignorando a dor nas costelas o melhor que podia. Não era nada comparado com a dor que sentia em seu coração. Ele olhou para Wesley e viu lágrimas de compreensão correr pelo seu rosto. Haven não podia chorar, em vez disso, seu coração se encheu de ódio, ódio por todos que fossem mágicos, sobrenatural, tudo que não fosse humano. Porque, apesar de não saber o que o vampiro queria ou porque ele tinha matado sua mãe, Haven suspeitava que tinha a ver com a sua magia. Não poderia haver outro motivo. Ele não tinha estado aqui para roubá-los de qualquer um de seus bens materiais. Para manter o equilíbrio, ele disse. O equilíbrio de quê?

Haven olhou para seu irmão e apertou sua mão.

-Vou encontrá-lo, e vou matá-lo e a todos os vampiros que cruzem o meu caminho. E nós vamos conseguir Katie de volta. Eu prometo a você.

(11)

Capítulo 1

San Francisco, 22 anos mais tarde.

Era uma armadilha, uma grande armadilha, que Haven nunca poderia ter imaginado.

Depois de receber a mensagem de texto de Wesley para encontrá-lo no armazém abandonado em um dos bairros mais elegantes da cidade, ele tinha verificado a área e determinou que, no máximo, um ou dois assaltantes estavam esperando por ele. Fácil, seria como tirar um doce de uma criança.

Não seria a primeira vez que ele libertava o seu irmão das garras gananciosas de um agiota ou vigarista, com quem ele tinha se metido em problemas. Qualquer que fosse o valor em dinheiro que eles quisessem extorquir dele, para soltarem seu irmão, nunca veriam um centavo. Sua arma escondida iria garantir isso.

A porta do armazém estava destrancada. Ele empurrou-a e entrou, sentindo o cheiro de mofo do edifício. Estava misturado com uma estranha mistura de ervas, evocando imagens de Chinatown, com seus cheiros e gostos estranhos. O longo corredor à sua frente estava escuro, a única lâmpada pendurada em cima estava coberta de teias de aranha e poeira. Não havia nada convidativo neste lugar.

Uma maior exploração foi interrompida, quando um jato de ar frio chegou até ele. Um instante depois, Haven sentiu uma força como uma onda pressionar a seu lado, com 1,90m, 90 kg de músculos sólidos, pressionando-o e jogando-o contra a parede. Apesar de sua força e treinamento em todos os tipos de combate mão a mão, ele não poderia empurrar contra o inimigo invisível.

Merda!

Desta vez, ele não estava lidando com algum malandro delinquente.

Haven não gostou da sensação de impotência que se espalhou por seu corpo, quando o assalto ao seu campo de força continuou. Como um caçador de recompensas duro que era, vulnerabilidade não era uma palavra que existisse em seu vocabulário. E ele não estava disposto a adicioná-la agora. Sua lista com a letra V estava cheia: vazio, vampiro, vermes, vingança. Não havia espaço para a

(12)

vulnerabilidade. Deixe isso para as pessoas do Webster, talvez eles tenham uso para essa palavra.

E se ele conseguisse sair dessa bagunça vivo, resgataria o seu irmão, mas não antes que ele tivesse tirado a merda a golpes.

-Eu vejo que você recebeu minha mensagem de texto. - uma voz feminina comentou calmamente. Um momento depois, ela entrou em sua visão. Era linda, cabelo longo, vermelho, em cascata ao redor de seu rosto e nos ombros. Suas maçãs do rosto eram altas, sua pele pálida e seus lábios macios. À primeira vista, a mulher era o sonho de todo homem, e Haven apostava que o que havia colocado Wesley nesta situação era esta mulher, que com certeza o fez ter um curto-circuito em seu cérebro e ele acabou usando o que possuía entre suas pernas, em seu lugar. Haven não era tão suscetível às mulheres bonitas como seu irmão. Ele nunca se permitiu ter a cabeça virada assim. E não era tão ingênuo como seu irmão mais novo. Não, ele era duro como prego e firme como o aço, e de alguma maneira ele ia sair dessa.

Haven rangeu os dentes olhou nos olhos azul-gelo da beleza diabólica.

-O que você fez com o meu irmão, bruxa? - Como ela não se apresentou, ele sabia apenas o suficiente para chamá-la pela profissão, em vez de seu nome. E de sua profissão ele estava certo: a força que ela estava usando contra ele não era algo físico, que pudesse explicar. Era mágico. E ele reconhecia magia quando esta mordia a sua bunda.

-Você faz soar como uma palavra ruim. -E não é?

Ela balançou a cabeça em desaprovação, o que fez seus cachos balançar em seus ombros.

-O meu nome é Bess, não que isso importe. E como filho de uma bruxa, eu esperava mais respeito de você. Não respeita o ofício de sua mãe?

A memória de sua mãe revolveu suas entranhas. Ele bateu de volta, tentando evitar as emoções que emergiram, as emoções que ele tentou suprimir desde sua morte brutal. Ele não ia permitir que esta bruxa maldita o enfraquecesse, relembrando coisas que deviam ficar bem escondidas.

-Deixe minha mãe fora disso. Agora, onde está meu irmão e o que você quer?

-Menino mau, essa atitude de caçador de recompensas não funciona comigo, pode deixá-la na porta de entrada.

(13)

Haven olhou para ela e apertou sua mandíbula.

-A menos que você não queira ver seu irmão. Posso deixá-lo amarrado e deixá-lo apodrecer.

De repente, a pressão em seu peito diminuiu, e ele foi capaz de erguer-se fora da parede. Ele sacudiu a sensação de claustrofobia e colocou a mão em sua jaqueta. O pensamento de matá-la era tudo o que aparecia em sua mente, mas, sem saber se ela mantinha Wesley em algum lugar neste armazém, ele não podia deixar as balas fazerem o seu trabalho. Ainda não, de qualquer maneira.

-E tire a mão da sua arma.

Não precisava ser uma bruxa para saber o que sua mão estava alcançando. Haven bufou.

- Vamos logo com isso. Onde está Wesley?

Bess andou e entrou em uma sala bastante espaçosa, uma sala transformada em santuário. Ele a seguiu. Várias peças de mobiliário incompatíveis enchiam o espaço. Tapetes estavam espalhados sobre o piso de concreto, e pesadas cortinas de veludo grosso estavam pendurados nas janelas. Adicionando a estante cheia de livros velhos e frascos horríveis de ervas e partes de animais, o lugar tinha um olhar decididamente gótico. Não seria sua escolha de residência, de qualquer maneira.

Em seus oito anos como um caçador de recompensas, trabalhando para fiadores diferentes ao longo do caminho, Haven tinha visto o seu quinhão de coisas estranhas, para que algo o surpreendesse. Mas, mesmo sem isso, ele não teria sido surpreendido por suas escolhas decorativas. Ela estava certa, ele era filho de uma bruxa, e como tal, tinha visto o suficiente. Mais do que ele sempre quis ver... ou saber.

Haven sacudiu as memórias. -Onde está Wesley?

A bruxa se sentou em um dos sofás e apontou para uma poltrona.

- Em algum lugar seguro. Sente-se.

-Eu não sou o seu cão. - Bruxa ou não, ele não gostava de receber ordens.

-Eu posso te transformar em um, se quiser.

Grunhindo sua desaprovação, deixou-se cair na cadeira, criando uma nuvem de poeira ao seu redor.

(14)

A bruxa deixou seu olhar viajar sobre seu corpo. Inquietação se apoderou dele, não gostava de ser estudado como se fosse uma peça em uma exposição. Ou pior, um objeto para um experimento.

-Seu irmão não é nada como você. Ele parece muito mais... gentil. Não tão…

-Eu tenho certeza que você não me convidou para uma aula de psicologia, além de não apreciar o tipo de convite que você enviou. - Por que ele não imaginou que seu irmão não havia enviado essa mensagem? Talvez porque tinha se originado do celular de Wesley e soou como ele: desesperado por ajuda e cheio de erros. Seu irmão era sempre assim, então Haven não tinha questionado sua autenticidade.

-Você teria vindo se eu tivesse enviado uma carta educada? Enfim, brincadeiras à parte, temos assuntos a discutir.

Haven levantou uma sobrancelha. Ele não tinha nenhum negócio com uma bruxa. Apesar do fato de que sua mãe tinha sido uma, nem ele, nem seu irmão, tinham herdado quaisquer de seus poderes. Ele nunca se preocupou com isso, porque do jeito que gostava de matar suas vítimas, vendo como o medo enchia os seus olhos quando se davam conta que ele havia ganhado, não tinha nenhum desejo de atacar à distância, usando magia. E suas vítimas sempre foram vampiros... não que ele tivesse qualquer escrúpulo sobre a adição de uma bruxa ao grupo. Quem o ameaçasse ou a sua família, seriam tratados com rapidez. De uma forma mortal.

-O que você quer de mim, em troca de meu irmão?

-Você pega rápido. Dada a sua profissão pouco ortodoxa, o que eu estou querendo, será apenas mais um dia de rotina para você.

Ele odiava que brincassem com ele, o jogo de gato e rato que ela tentava jogar era, pelo menos, o seu passatempo preferido.

–Diga de uma vez.

-Há uma menina, uma jovem atriz. Eu gostaria que você a trouxesse para mim.

-Dado que você conseguiu me fazer chegar ao seu covil sem nenhum problema, eu não vejo por que não possa trazê-la por si mesma.

Bess franziu os lábios.

-Ah, é aí que está o problema. Veja, a menina tem um guarda-costas. - A bruxa fez um gesto com a mão. -Alguma coisa a ver com os paparazzi. - Ela revirou os olhos, seu desprezo por celebridades mostrava-se abertamente em seus olhos azuis frios.

(15)

- E você não pode passar pelo guarda-costas? Você usou seus poderes para me imobilizar. O que o cara tem, é feito de aço? – Algo cheirava mal. E não era o incenso que estava queimando na sala, privando-a de oxigênio.

-Infelizmente, seu guarda-costas é um vampiro.

Haven ouviu. As coisas começavam a ficar interessantes. Ele se inclinou em sua cadeira, intrigado com as suas palavras.

-Vejo que tenho sua atenção agora. Você poderia matar dois coelhos em uma cajadada só: libertar o seu irmão trazendo-me a menina e matar o vampiro como um bônus. É uma situação em que todos ganham.

Ganhamos todos, mas, quem?

-Você está tentando me dizer que não pode derrotar um vampiro desprezível? - Haven sabia que a bruxaria trabalhava em vampiros tão bem quanto em seres humanos. E pelo que parece, esta bruxa parecia forte o suficiente para lutar contra um vampiro, com seus feitiços e poções, e a forma como ela, aparentemente, era capaz de controlar pelo menos um elemento: o ar. Ele sentiu-a usando em seu próprio corpo antes. Uma bruxa que controlava os elementos não era brincadeira.

-Eu poderia, se eu chegasse perto o suficiente. No entanto, os vampiros podem sentir as bruxas de longe. Eu nunca cheguei perto o suficiente para trabalhar a minha magia. É por isso que eu preciso de um ser humano, você vai ser capaz de aproximar-se dela sem levantar qualquer suspeita sobre você.

Ela cavou a mão no bolso do casaco e tirou um frasco pequeno. Estava cheio com um líquido púrpura.

-Uma vez que esteja perto o suficiente, você vai quebrar o frasco e o gás que produz tornará o vampiro inconsciente dentro de segundos. E você sabe o que fazer em seguida.

Atravessá-lo com uma estaca.

Haven sorriu para si mesmo. Entretanto, ele não gostava da ideia de ser comandado por uma bruxa, que mantinha seu irmão cativo, mas o pensamento de lhe ser entregue outro vampiro para matar era atraente. Desde a morte de sua mãe, ele havia procurado o vampiro que a tinha matado e sequestrado sua irmã caçula. Ele ainda não o tinha encontrado, mas matou muitos outros vampiros desde então.

No entanto, o pensamento de entregar um ser humano inocente a esta bruxa, criou um nó desconfortável em seu estômago.

(16)

A bruxa fez um movimento de desprezo com a mão. -Ninguém com quem deva se preocupar.

Haven sacudiu a cabeça.

-O que você quer com ela? Se é só uma atriz como você diz, por que estaria interessada nela? - Havia ali qualquer coisa que Bess não estava lhe dizendo. Talvez ele não devesse cavar muito fundo, talvez só devesse tomar a atribuição e conseguir seu irmão fora de suas garras. Mas ele ainda tinha um pouquinho de consciência.

-Não lhe diz respeito. - ela retrucou alto. –Traga-me a menina ou eu vou acabar com o seu irmão.

-E onde está meu querido irmão? - ele perguntou casualmente. Uma vez que ele soubesse onde ela o estava mantendo, poderia urdir um plano para libertá-lo, sem fazer esse trabalho sujo para ela.

-Mesmo que eu lhe diga onde ele está você não será capaz de libertá-lo. Sua prisão está protegida por feitiços. Você não será capaz de rompê-los.

Se Haven sabia alguma coisa sobre bruxaria, era que, uma vez que a bruxa morra todas as suas poções e feitiços de restrição também se dissolveriam. Agora ele tinha uma ideia se formando.

-Então, ele está aqui. - ele olhou em seu rosto e viu a verdade da sua declaração. Ela não era uma boa jogadora de poker.

Sua pálpebra esquerda se contraiu, e ele seguiu a direção. Ele quase não viu a porta, pois estava bem misturada nas estantes ao lado dele. Quando olhou para ela, percebeu como seus lábios tinham se apertado em uma linha fina.

Haven inclinou a cabeça em direção à porta. -Eu vejo.

-Vai ser inútil. Ele está muito bem protegido. Você nunca vai romper os feitiços.

Ele não precisava. Se a bruxa estivesse morta, não haveria feitiços.

-Tudo bem. Vamos fazê-lo à sua maneira. - Ele se levantou da cadeira e virou um pouco, tentando esconder o movimento de sua mão direita. Ele tinha um saque rápido e ganhou muitas competições contra os melhores. Bess seria história.

Haven enfiou a mão dentro de sua jaqueta, passou os dedos em torno do punho da arma e puxou-a do coldre.

-Ai! - Ele gritou, soltando a arma de sua mão um momento depois e deixou-a cair no tapete onde fez um som abafado ao bater. Chocado, ele olhou para a pele vermelha na palma da sua mão. A arma tinha virado brasa quente na mão. -Que merda é esta?

(17)

-É melhor que você aprenda desde agora que não há como me enganar. Ou você faz o que eu digo ou o seu irmão morre.

Haven olhou-a e reconheceu a impaciência em seus olhos. Ele engoliu sua própria raiva, obrigando-se a se acalmar. Perder a cabeça agora não serviria de nada para Wesley. Ele tinha que empurrar seu orgulho e escrúpulos para o lado. Apenas seu irmão importava. Wesley era tudo o que restava de sua família.

Por agora, ele precisava manter a cabeça fria.

(18)

Capítulo 2

Yvette moveu-se por trás do biombo de privacidade do quarto de exame de Maya e arrancou o vestido de papel. Como ela odiava esses exames, mas a fim de conseguir o que queria, colocou-se num deles.

-Os resultados de laboratório são precisos. - Maya explicou por trás de sua mesa. -Não há nada de errado com o seu útero ou suas trompas.

-E os óvulos? - Yvette perguntou quando deslizou em sua calça de couro demasiadamente apertada, respirou fundo e fechou o zíper. Ela deslizou seus dedos em seus sapatos de salto alto pretos. A maioria das outras mulheres gostaria de ter quebrado seus tornozelos duas vezes antes de terem que andar em sapatos com diâmetro de um centavo, mas ela se sentia poderosa neles. Além disso, um chute bem colocado com seus saltos podia causar sérios danos a qualquer agressor.

-Frescos e viáveis como o dia em que foi transformada.

Yvette vestiu sua blusa preta sobre a cabeça e caminhou ao redor do biombo, olhando para Maya, que estava vasculhando o arquivo de laboratório. Ao longo dos últimos meses, ela tinha sofrido teste após teste para ajudar Maya a saber por que as fêmeas de vampiro eram inférteis e o que seria necessário para mudar isso. Ela não podia negar a dedicação de Maya no projeto, apesar do fato de que as duas não tinham exatamente começado com o pé direito.

Depois de Maya ter sido transformada em uma vampira contra a sua vontade, Gabriel, o chefe de Yvette, tinha se apaixonado perdidamente por ela. Yvette, na época, tinha os olhos nele e o fato de que Maya havia aparecido e o havia arrebatado em uma semana, havia doído.

Mas, nenhum de seus desentendimentos anteriores era evidente agora. Maya, que tinha sido médica antes de ter sido transformada, tornou-se uma defensora de sua causa: encontrar uma forma de fazer as fêmeas vampiras engravidarem. Mas, até agora, todos os testes tinham resultado em um beco sem saída, nenhum deles indicou uma razão para a sua infertilidade.

-Eu não entendo. Eu sempre achei que meus óvulos morreram quando me transformei. Mas se meus óvulos estão intactos, por que não fiquei grávida? - Ela teve muito sexo desprotegido, nas últimas

(19)

décadas, não apenas com machos vampiros, mas também com seres humanos.

Maya apontou para a cadeira à frente de sua mesa, e Yvette afundou-se nela.

–Você quer dizer que você não esteve com nenhum homem desde que nos conhecemos?

Isso criava uma polêmica, mesmo que ela tivesse se mostrado disponível durante os últimos meses. Mas isso não era da conta de Maya. Era fácil para Maya conversar: ela tinha um homem que a amava e era totalmente louco por ela, não importa a que hora do dia ou da noite. Tudo o que ela tinha eram relações insatisfatórias de uma noite, e não tinha sequer se preocupado em tê-las nos últimos meses.

-Isso não vem ao caso. Eu tive muito sexo com homens viris que, eu sei de fato, tinham conseguido engravidar outras mulheres. Só tem sido um pouco lento ultimamente. – A quem queria enganar? Ela não tinha estado interessada em ninguém depois de Gabriel ter se ligado com Maya. Não que ela estivesse com ciúmes ou qualquer coisa... porque os dois eram realmente adequados um para o outro, mas ela evitou, com medo de cair pelo cara errado novamente.

-Ouça Yvette, estamos no início deste projeto. Não quero que você perca a esperança. Basta olhar para o que já se descobriu: seu útero é construído da mesma forma que um ser humano, o que significa que a transformação não mudou isso. Isso é uma coisa boa. Suas trompas de falópio estão claras e desobstruídas, e seus ovários são abastecidos com óvulos viáveis. O laboratório confirmou.

Ela jogou a Maya um olhar esperançoso. -O que aconteceu com o esperma doado?

-Uma boa notícia, na verdade. - Maya vasculhou seus papéis e tirou uma folha. - Aqui está o mais recente resultado. Colocando o esperma doado em contato com os óvulos resultou em um óvulo fertilizado no tubo de ensaio. Assim há uma chance...

-Mas meu corpo não vai manter o óvulo. É isso? - Assim como os outros abortos. Yvette empurrou as memórias para longe. Ela não queria ser lembrada desses momentos. Ninguém sabia sobre seu passado. E ela não estava disposta a contar isso agora. Se Maya soubesse sobre os abortos que tinha tido quando era humana, nunca iria sequer ajudá-la. Ela teria considerado Yvette um caso perdido e pararia de desperdiçar seu tempo com este compromisso fútil, mas Yvette não podia desistir, apesar dos obstáculos.

(20)

Maya nunca poderia descobrir. Mas Yvette se lembrava de tudo: a dor e a decepção, bem como o seu coração quebrado. Ela tinha sido casada. Robert queria uma família: ela e as crianças, um cão e um gato, uma cerca branca ao redor do quintal... o que ele tinha conseguido era uma mulher que não conseguia reter a vida que estava dentro dela. A primeira gravidez tinha começado bem o suficiente. Ele tinha estado em êxtase e disse a todos que ela estava grávida. Todos os dias, ele a cobriu de flores e outros enfeites pequenos. Mas um dia, no meio do seu primeiro trimestre, começou a sangrar. Ela abortou. Robert tinha ficado desapontado, mas lhe disse que eles iam tentar de novo.

Ele a havia apoiado, então. Seu marido a havia confortado. Yvette tinha engravidado novamente seis meses mais tarde. Mas tudo terminou da mesma forma. Em seu terceiro mês, perdeu o bebê. Desta vez, seu marido não foi tão compreensivo. Ele a acusou de deliberadamente prejudicar as gestações.

O que era ridículo. Ele não tinha se arrependido de ter se separado dela. Ela não era importante o suficiente para ele. Tudo que ele queria era uma criança. E ela não podia dar o que ele queria então parou de amá-la. Ela não queria que isso acontecesse novamente, não tinha deixado um homem chegar tão perto em um longo tempo. Com o homem seguinte, ela queria estar segura de poder dar-lhe o que ele queria. Então, não haveria razão para ele deixá-la... e ela não dava a mínima sobre se o homem era humano ou vampiro.

-Yvette?

Yvette olhou para cima e viu o rosto preocupado de Maya.

-Nós vamos ter que ser pacientes. Você é saudável, e não há nenhuma razão aparente para que não possa engravidar. Eu vou ter que descobrir o que acontece no corpo de um vampiro fêmea durante a concepção.

Yvette levantou-se e passou a mão pelo cabelo curto, preto e espetado.

-Eu sei. É só que... bem, eu estou apenas impaciente. - E caramba, ela se sentia um pouquinho culpada por ter mantido seu histórico médico oculto de Maya, mas não poderia divulgar essa informação... não com a dor e a mágoa que estava intensamente interligada com esses fatos. Ninguém precisava saber que uma mulher como ela era um fracasso. Era o suficiente ter que enfrentar a verdade fria todos os dias. E a verdade é que ela não era mulher o

(21)

suficiente para dar a um homem tudo que ele queria. Não como um ser humano, e, certamente, agora não como uma vampira.

-Eu vou fazer tudo o que puder.

-Obrigada. - Com um último aceno de cabeça, Maya caminhou para fora da porta e tomou as escadas para o andar principal da mansão vitoriana, aliviada por deixar a sala de exames atrás dela.

Após o vínculo, alguns meses antes, Gabriel e Maya tinham comprado uma grande e antiga casa vitoriana em Nob Hill, não muito longe da casa de Samson. Samson é o fundador da Scanguards. Ele era outro que tinha encontrado o amor e a felicidade... com uma mulher humana, uma mulher que estava esperando seu primeiro filho. A inveja cortava por ela como uma faca. Não era uma criança o que ela desejava, mas o amor de um homem. E como poderia um homem a amar verdadeiramente, pela eternidade, se não pudesse dar a ele tudo o que queria? Se ela não poderia satisfazer todas as suas necessidades?

-Você era exatamente a pessoa a quem eu queria ver. - disse a voz rouca de Gabriel, saudando-a quando ela chegou ao vestíbulo.

Yvette olhou para o seu chefe. Como era o caso tantas vezes, ele estava vestido com calça jeans preta e uma camisa branca. Seu longo cabelo castanho estava preso em um rabo de cavalo simples. Ele não estava nem tentando esconder a longa cicatriz em seu rosto, que se estendia desde o topo de sua orelha direita até o queixo. Dava-lhe um olhar perigoso. No entanto, por baixo de tudo, ele era mais bonito e amável do que qualquer um poderia imaginar. O que não poderia ser dito sobre o homem que estava ao lado dele: Zane.

Assim como ela, Zane era um dos guarda-costas da Scanguards, a empresa de segurança de Samson Woodford. Zane era tão alto quanto Gabriel, mas sua cabeça estava raspada, e nem uma única vez Yvette o tinha visto sorrir ou rir. Dizer que Zane era brutal e violento, seria uma descrição modesta, mas, ao mesmo tempo, ele era da família, assim como o resto dos vampiros que trabalhavam para a Scanguards. Eles eram a única família que ela conhecia. A única que ela, provavelmente, teria.

-O que eu posso fazer por você, Gabriel?

-Tudo bem? - Ele perguntou e apontou para baixo, indicando a prática médica de Maya.

A coluna de Yvette enrijeceu. -Claro, por que não deveria estar? -Bom muito bom.

(22)

-Ouça Gabriel, eu não acho que precisamos envolver Yvette nisto. - Zane interrompeu, seus pés batiam impacientemente contra o chão de madeira.

Gabriel o interrompeu com um movimento impaciente da mão. -Nós já discutimos isso. Você não vai usar o controle da mente sobre o nosso cliente. Eu não vou permitir isso. Se ela tem medo de você, é melhor nós atribuirmos outra pessoa.

Yvette levantou uma sobrancelha. Um cliente que Zane estava protegendo tinha medo de... ouviu corretamente... medo de seu guarda-costas? Bem, isso certamente não era nada novo.

-Você tem uma missão para mim?

-Sim. O agente de uma jovem atriz se aproximou de nós para protegê-la enquanto ela está em uma turnê de divulgação aqui na Área da Baia. Ela sofreu algumas ameaças. Eu originalmente atribuí a Zane, mas acontece que a menina se sente intimidada por ele.

-Quem poderia imaginar. - Yvette murmurou baixinho. Zane lançou-lhe um olhar furioso que não pressagiava nada de bom para o seu futuro imediato.

-Eu poderia facilmente influenciá-la e ela não iria nem perceber que não me suporta. - Zane ofereceu. Ela conhecia suficientemente bem seu companheiro guarda-costas, para saber que ele não dava a mínima sobre se alguém gostava dele ou não... mas seu ego estava machucado porque tinha sido retirado de um trabalho que lhe fora designado. Zane não era um desistente. Um monte de coisas ruins poderia ser dito sobre ele, Yvette tinha um rosário de coisas que poderia recitar agora, mas tinha que admitir uma coisa: ele era leal e determinado e não admitia uma falha.

-Você não vai usar seus poderes sobre ela. Não há necessidade; Yvette pode assumir o seu trabalho, e eu vou lhe atribuir a alguém.

-Por mim tudo bem. - Yvette respondeu. - Quaisquer outras coisas que eu deveria saber? - Ela ignorou o grunhido de Zane.

-O nome dela é Kimberly. Ela é jovem, vinte e poucos anos, uma atriz em ascensão. Seu último filme acaba de chegar aos cinemas, e está fazendo um grande sucesso. Não é difícil de ver que muitos malucos pensam que estão caídos de amor por ela. Basta assisti-la para que o espreitador não aparece e manter os paparazzi distantes. Ela ainda não está habituada com toda esta atenção.

-Não tem problema. Quando eu começo?

-Amanhã à noite. Há uma festa de primeira no Fairmont. Vou mandar instruções para o seu iPhone. Boa sorte.

(23)

Yvette caminhou até à porta, a tensão do formigamento em sua nuca dizia-lhe que Zane a estava seguindo.

-Eu me vou daqui. - Zane resmungou.

-Zane. - advertiu Gabriel, a palavra soava como uma repreensão.

-O que? - Zane não quebrou seu ritmo. -Minhas ordens foram claras?

Com uma resposta que era mais grunhido do que palavras, Zane parou ao seu lado e estendeu a mão para a maçaneta. Yvette foi mais rápida e abriu a porta da frente. Então ela parou em seu caminho. Havia um labrador dourado sentado na escada. No momento que ele a viu, levantou-se e abanou o rabo.

-É seu o cão? - Zane perguntou sobre seu ombro.

-Não. Ele está me seguindo por quatro meses. Eu não sei o que ele quer. - Isto não era inteiramente verdade. Sim, o cão a tinha seguido, desde que ela e seus colegas haviam resgatado Maya das garras de um vampiro desonesto, há vários meses. O que Yvette não revelou, foi que ela tinha começado a alimentar o vadio.

-Parece que ele é seu. - Zane observou.

Fazia sentido. Desde que ela ia deixar o cachorro em sua casa em Telegraph Hill, a besta realmente pensava que ele pertencia a ela. -Qual é o seu nome? - Zane continuou implacável, obviamente apreciando seu desconforto.

-Cachorro. - Ao ouvi-la dizer seu nome, as orelhas do cão se animaram e sua cauda entrou em movimento. Porra, ele a ouviu mesmo.

-Sim, definitivamente, é seu. Aproveite. - E Zane foi embora, caminhando pela rua escura, deserta e desaparecendo nas sombras.

Yvette olhou para o cão, cujos olhos inteligentes pareciam lhe fazer uma pergunta. Ele inclinou a cabeça e olhou como se ele lhe sorrisse. Os cães podiam sorrir?

Ela desabou por dentro.

(24)

Capítulo 3

Yvette ouviu a aba da porta do cachorrinho bater na porta de madeira e abriu os olhos. Instalou a porta para que o cão pudesse ir para o jardim sempre que lhe desse vontade, no entanto, também era uma maldição. Agora parecia como se realmente ele pensasse pertencer a ela. Ela tinha que se livrar dele, quando, realmente não sabia. Ele até começou a latir para o carteiro, como se o pobre empregado estivesse invadindo seu território.

-Ei, cachorro. - ela cumprimentou-o enquanto ele saltava sobre a cama. Uma coisa que ela definitivamente não faria era dar ao animal um nome, uma vez que ele tivesse um, nunca mais iria embora.

-O sol ainda não se pôs? - Era uma questão acadêmica, nem seria possível o cão lhe responder, nem ela realmente precisava que ele o fizesse. Seu próprio corpo já lhe havia dito que o sol já se punha sobre o Oceano Pacífico, e que já estava na hora de se preparar para sua atribuição.

Yvette esticou-se em seguida, colocando as mãos sobre a cabeça. Como todas as noites, ao acordar, seu cabelo que era curto e espetado, fora substituído por madeixas longas e escuras. Durante seu sono reparador, seu cabelo sempre crescia de volta para o comprimento que estava no dia em que ela se transformou. No início, manteve seu cabelo longo, mas ao longo dos anos, ela decidiu que não gostava de estar mais assim. Ela parecia muito feminina, muito vulnerável.

Ela entrou no seu banheiro e pegou a tesoura que estava na penteadeira. Mesmo sem um espelho, tinha aprendido ao longo dos anos como cortar seu cabelo. Ela pegou um monte em sua mão esquerda e pegou a tesoura com a direita. Em vez de descartar o cabelo para o lixo, ela o colocava em um saco plástico, que estava marcado com: Departamento de Câncer - Hospital São Judas. Deixaria alguém ter cabelos longos. Ela não se importava.

Quando levantou a cabeça, sem o peso do cabelo, sentia como se a dor de seu passado tivesse ido embora com ele. Ela sentia o mesmo cada dia que acordava. Os cabelos longos a lembravam de sua vida como um ser humano, do marido que amava enterrar seu rosto em suas longas tranças quando faziam amor. Robert. Seu rosto

(25)

não era mais tão claro em sua mente, como havia sido nos primeiros anos depois que eles se separaram. Quase 50 anos se passaram desde então. Enquanto a memória de seu rosto havia desaparecido com o tempo, o desejo por uma criança não tinha. Ou melhor, o que representava uma criança.

Yvette colocou a mão em sua barriga lisa. Enquanto era humana, uma vida tinha crescido lá, não apenas uma, mas duas. Ela se sentiu como uma mulher, nessa altura, uma mulher que poderia dar a seu marido o que ele desejava acima de tudo. Durante esses breves meses de sua gravidez, sentiu-se amada, não apenas por seu marido, mas também pela criança em seu interior.

Loucura. Yvette balançou a cabeça e continuou a cortar seu cabelo. Ela tinha ficado devastada quando tinha perdido o segundo bebê e Robert não esteve lá para confortá-la. Ele a culpava. Durante um ano, ela viveu como se estivesse em transe, tomando qualquer droga que pudesse pôr as mãos. A dormência que as drogas haviam produzido tinham lhe impedido de tomar sua própria vida. Mas, então, numa noite, ela tinha acordado na casa de um estranho, com uma forte dor de cabeça.

Ele perguntou se ela queria viver para sempre e desfrutar do sexo sem consequências. Claro, ela brincou, ainda sob a alta influência das drogas.

Ela lutou contra a sua mordida no início, mas depois tinha permitido que a morte a levasse, esperando que a próxima vida fosse mais gentil. Só quando acordou novamente, percebeu o que tinha acontecido com ela. O estranho a tinha transformado em uma vampira... uma vampira infértil, um fato que ela tinha que lidar diariamente.

Quando era um ser humano, ela poderia ter tido outra chance de ter uma criança e de fazer um homem feliz, mas como vampira, não existia esperança. E os homens eram homens, não importava a forma em que eles apareciam. Eles a fodiam e ela os fodia. Mas, quando tudo era dito e feito, inclusive seu criador lhe tinha dado a emancipação. Muito pegajosa, ele a chamou. Muito carente.

Não mais. Agora ela era tão forte como qualquer homem vampiro, e ninguém nunca a veria outra vez dessa maneira. A mulher frágil que havia dentro dela estava morta para o mundo.

(26)

Tal como Gabriel lhe disse a menina que Yvette tinha que proteger era jovem. O que ele se esqueceu de mencionar era que Kimberly também era extremamente bonita. Uma pontada de ciúme bateu em Yvette no momento em que pôs os olhos em cima dela. Esta menina tinha tudo: uma carreira próspera, beleza e um corpo humano para ter filhos. A vida era cruel. Ela desejava agora que Gabriel tivesse deixado Zane usar o controle da mente para fazer a menina esquecer sua antipatia por ele.

Yvette realmente não precisava de um lembrete constante do que não poderia ter. Ela preferia proteger algum executivo rico, com excesso de peso, com um corte de cabelo ruim, odor corporal e uma barriga de cerveja.

Seu consolo foi que a atribuição duraria apenas uma semana antes de Kimberly voltar para Los Angeles, para trabalhar em seu próximo filme.

-Você é muito melhor. - disse a menina. –Francamente, o outro homem, Zane, ou qualquer que seja o seu nome, era muito estranho. Eu não gostava dele em absoluto. A maneira como ele olhava para mim, eu lhe digo, me fazia ficar nervosa. E eu realmente não fico nervosa. Normalmente. A única vez que eu realmente fiquei nervosa foi quando eu tive que fazer uma audição para...

Yvette desligou-se da conversa de Kimberly e olhou para fora, pela janela de vidro fumê da limusine. Isto era apenas formidável. Não só Kimberly tinha tudo humanamente possível, mas ela falava constantemente. Só esperava que a menina realmente não esperasse que ela ouvisse todo seu bate-papo e respondesse. Ela jurou a Gabriel que levaria um grande cheque de bônus para ele.

-... Então eu disse a ele, “quando estava no orfanato, tivemos aquele jogo...”

Yvette ofereceu um sorriso falso e acenou com a cabeça como se estivesse ouvindo atentamente, enquanto examinava os acontecimentos lá fora. A limusine estava presa no trânsito da Califórnia Street e ia avançando lentamente em seu caminho na direção do Hotel Fairmont.

-... pensaram que eu tinha apenas 19 anos, quando eu tenho realmente 22, mas isso não importava, porque queriam alguém maduro para o papel...

Uma cachoeira não poderia ter produzido um fluxo mais constante de palavras. Yvette lhe deu outro olhar de lado. Debruçada sobre o assento de couro confortável, Kimberly usava um vestido de noite rosa. Caia-lhe bem. Suas madeixas loiras como trigo caiam

(27)

sobre os ombros nus e pareciam perfeitamente naturais. Somente o fraco cheiro de produtos químicos, apanhado pelas narinas sensíveis de Yvette, insinuava o fato de que loiro não era a cor natural do cabelo de Kimberly.

Pela primeira vez em muito tempo, Yvette estava usando um vestido. Isso a irritou, mas Kimberly insistiu, dizendo que se ela aparecesse em um terno, ia chamar tanta atenção como um polegar machucado, e todo mundo ia pensar que ela era da CIA.

Então, Yvette tinha vasculhado seu armário e encontrou um vestido preto curto que iria servir bem. Era um vestido com um decote na frente e costas nuas. Se alguém desse um olhar mais atento ao vestido, perceberia que era antigo. Bem, eles não tinham chamado de antigo quando ela o comprou por volta dos anos 60. Por que ela guardou esta coisa inútil que não tinha usado em quase 50 anos, não sabia.

Ela deveria ter dado a Goodwill anos atrás. Não era como se ela tivesse usado um vestido ou uma saia nas últimas décadas, calças de couro era seu traje favorito. Juntamente com os mesmos saltos altos que adornavam seus pés agora, ela estava sempre pronta para entrar em ação com suas calças de couro. No vestido, ainda que fosse preto... a única cor que ela se sentia à vontade... ainda se sentia desconfortável. Como se estivesse fingindo. E talvez estivesse. Para o bem de seu cliente, ela tinha que fingir que um vestido era uma peça de vestuário perfeitamente normal para ela, quando por dentro ele a fazia se sentir vulnerável. E em exibição.

-Senhora. - o motorista interrompeu seus pensamentos. -Eu não acho que possamos chegar mais longe. O bonde parece ter quebrado em baixo e está bloqueando o caminho.

Instantaneamente em alerta, Yvette olhou para fora através dos vidros escuros, explorando a rua em frente, à procura de perigos imediatos.

-Espere aqui. - instruiu Kimberly e saiu do carro. Ela olhou para a rua e percebeu que o próximo cruzamento estava bloqueado pelo bonde vindo da Powell Street. Nada parecia fora do lugar. Ela tinha se acostumado ao fato de que os bondinhos antigos quebravam de vez em quando.

O Hotel Fairmont era só um quarteirão mais a frente. Olhando para cima e para baixo na rua e avaliando os pedestres que passavam rapidamente, ela determinou que tudo parecia como deveria ser. O trânsito de pessoas era pequeno. Yvette abaixou a cabeça de volta para o carro.

(28)

-Nós vamos sair daqui. Você vai ficar bem.

-Você tem certeza? - Kimberly perguntou, com a voz embargada pela primeira vez.

Yvette ofereceu a mão para a menina e puxou-a para fora do carro.

-Eu tenho certeza. Vamos. Você não quer se atrasar para sua própria estreia. - Ela bateu a porta, em seguida, bateu na janela do passageiro, mantendo a outra mão no braço de sua protegida. O motorista baixou a janela instantaneamente. -Eu te ligo quando estivermos prontas para ser pegas.

A colina era íngreme, mas Yvette sabia que havia uma entrada lateral no hotel, que era a cerca de metade do quarteirão, e em segundos elas a alcançaram. Ela preferia entradas laterais de qualquer maneira, era a melhor maneira de escapar da atenção, e com certeza a entrada da frente do hotel estava repleta de caçadores de autógrafos e fotógrafos.

-Aqui. - Ela levou Kimberly pela porta lateral e ao longo de um estreito corredor, até que chegaram a um grande vestíbulo opulento, com arquitetura da virada do século XIX.

Os olhos de Yvette varreram os arredores. Garçons e garçonetes passaram pela área como o faziam outras pessoas. Ela notou os olhares que Kimberly recebia e sabia que as pessoas a reconheceram. Sussurros chegaram aos ouvidos de Yvette por onde passavam.

Quando ela encontrou a sala em que a estreia ia acontecer, notou a segurança na porta e soltou um suspiro de alívio. Pelo menos o estúdio de cinema tinha fornecido alguma segurança adicional para os atores e os hóspedes que chegavam e verificavam suas identificações.

Yvette mostrou sua identificação da Scanguards. O guarda assentiu, então sorriu para Kimberly.

-Senhorita Fairfax, posso apenas dizer que eu simplesmente adorei o filme. Você é tão talentosa. Acha que poderia me dar um autógrafo?

Ele enfiou a mão no bolso do casaco, colocando Yvette em alerta instantaneamente, fazendo-a colocar-se em posição de combate, pronta para assassiná-lo. Quando ele puxou um cartão com o rosto de Kimberly impresso nele, Yvette relaxou ligeiramente.

-É claro. - Kimberly arrulhou e autografou a foto antes de voltar-se para a porta.

A sala estava cheia com centenas de pessoas. Pela aparência das coisas, nenhuma despesa foi poupada. A sala foi decorada com

(29)

imagens fixas do filme, fotografias gigantescas de Kimberly e seu co-protagonista masculino, um rapaz de vinte e poucos anos, muito bonito para seu próprio bem, e havia fontes de champanhe.

Os garçons circulavam com canapés e bandejas com diferentes bebidas. Yvette recusou a oferta de uma bebida ao mesmo tempo em que Kimberly pegou uma taça de champanhe de uma das bandejas.

-Você não quer nada?

-Você esquece que eu estou de serviço. - Além disso, champanhe não era sua bebida preferida. Ela podia ingerir líquidos, mas gostava de algo muito mais escuro e mais rico.

-Sim, mas não fique assim. Misture-se. Eu não quero que as pessoas saibam que eu tenho um guarda-costas. Parece tão desesperado. As pessoas podem pensar que eu sou muito importante e poderosa, eu quero ser vista como acessível. As pessoas devem me amar.

Yvette absteve-se de revirar os olhos e encolheu os ombros. -Deixe-os pensar o que quiserem. Estou aqui para te proteger. -E sou grata, realmente sou, mas preciso de um pouco de espaço.

Yvette engoliu seu próximo comentário.

-Tudo bem. - Ela poderia observar de longe. Com sua visão e audição superior, podia entrar em sintonia com qualquer conversa na sala e observar se alguém suspeito se aproximava de Kimberly. Então, quando sua protegida se afastou dela para cumprimentar um de seus muitos amigos, Yvette não a seguiu, em vez disso foi para o lado onde ela podia ver os acontecimentos no salão de baile.

A elegância das pessoas na sala era impressionante. Todos haviam se superarado, quase como se fosse o Oscar. Pela primeira vez, Yvette estava grata pela insistência de Kimberly para que ela usasse um vestido. Comparando a sua roupa a das outras mulheres na sala, ela percebeu que estava vestida de forma adequada, pelo menos ninguém iria tomar qualquer conhecimento dela.

Lentamente, seus olhos examinaram a multidão, com a intenção de desentocar qualquer um que pudesse se tornar um perigo para Kimberly, quando algo no canto do seu olho chamou sua atenção. Ela virou a cabeça. O homem que tinha acabado de entrar na sala e agora olhava ao redor como se estivesse procurando alguém, parecia suspeito. Mesmo que ele usasse um terno elegante, parecia como se tivesse espremendo-se nele contra sua vontade. Ele parecia mais robusto do que bonito, e seu corpo amplo falava de força e poder. Não era um ator, definitivamente não.

(30)

Seu cabelo escuro estava um pouco maior do que era atualmente a moda, e sua camisa estava aberta no colarinho, mesmo que parecesse que ele tinha usado uma gravata antes. De fato, o item em questão sobressaía do bolso da jaqueta. Não era executivo de filmes tampouco... ou estaria acostumado a usar gravatas.

Seu rosto e pescoço eram bronzeados, assim como suas mãos. Até mesmo a pele que estava exposta no topo de sua camisa era morena, o que indicava que ele passava um bom tempo ao ar livre. Ele não era nenhum técnico e certamente não era um contador. Yvette deixou seu olhar vagar sobre ele, mais uma vez, em seguida, focou-se em suas mãos. Cicatrizes. Muitas delas: cortes, contusões e queimaduras. Um dublê, possivelmente. Ele não se encaixava ao lugar, apesar de que, ao mesmo tempo, parecia pertencer.

O filme de Kimberly era de ação... com ela sendo a proverbial donzela em perigo... e não havia mais do que uma cena para que precisassem de um dublê para substituir o herói. Yvette tinha bocejado durante toda a performance no cinema e ficou contente quando o filme inútil tinha terminado. Ele poderia facilmente ser o cara que tinha sido o dublê para a estrela masculina. Mesmo que parecesse impossível de esconder seu corpo musculoso e volumoso fazendo alguém acreditar que ele era o jovem herói no filme. Ele era pelo menos dez anos mais velho, devia ter seus trinta anos e muito mais maduro do que o ator principal. Yvette percebia que os gráficos e a aerografias poderiam fazer muita coisa para fazer as pessoas acreditarem em qualquer coisa. Em qualquer caso, ela teria de verificá-lo mais cuidadosamente para ter certeza de que suas suposições estavam corretas, apenas por razões da segurança de Kimberly, e não sua própria curiosidade inexplicável sobre o homem.

Quando ela levantou o olhar para estudar seu rosto, seus olhos azuis penetrantes cumprimentaram-na. Quanto tempo ele tinha estado olhando para ela?

(31)

Capitulo 4

Haven exalou. A mulher era impressionante. Uma atriz com certeza, mesmo que ele nunca a tivesse visto em nenhum filme. Por que mais ela estaria com a pele de porcelana e o cabelo curto preto, que foi colocado longe de seu rosto perfeito? Suas bochechas altas acentuavam seus olhos verdes, e seus lábios vermelhos eram tão cheios e adoráveis, ele sentiu uma dor no pênis com o pensamento da boca dela...

Haven tentou sacudir a visão erótica para fora de sua mente. Ele não era como seu irmão, que caia por cada rosto bonito sem nem pensar. Mas, quando ele varreu seu olhar sobre seu corpo perfeito, as curvas exuberantes escondidas sob o vestido preto, ele perguntou por que ele nunca falhou como Wesley, por sua fraqueza? Agora, ele estava sentindo o mesmo tipo de fraqueza que ele sempre criticou em seu irmão.

O pênis de Haven havia expandido sob seu terno inteiramente formal, que ele tinha alugado em uma loja de smoking na rua. Não era como se ele tivesse que usar esse tipo de roupa novamente. Não havia nenhum ponto em comprar uma peça de vestuário tão inútil. Mas, tanto quanto ele tentou concentrar seus pensamentos sobre seu traje incomum, ele imediatamente se voltou para a beleza do outro lado da sala e para a forma como ela fazia o seu pênis pulsar com luxúria.

Claramente, isso era tudo: luxúria. Sua vida se tornou muito focada nos últimos anos, concentrado apenas em caçar vampiros e na busca de sua irmã, e ele não se permitiu desfrutar da companhia das mulheres, por muito tempo. Ele não gostava de se distrair com elas. Não tinha tempo para a família e amor, enquanto tudo que queria era restaurar a família que ele tinha perdido.

Ele não deveria se importar com essa estranha, que não se escondia da intensidade do seu olhar, inspirando todos os tipos de desejos, dos quais nenhum era adequado para exibição em um salão de baile, com centenas de convidados assistindo. As imagens que nesse momento inundavam a sua mente eram mais adequadas para um armário de um corredor escuro, onde ele poderia pressionar a mulher contra a parede e transar com ela até que saciasse o seu

(32)

desejo e se sentisse normal novamente. E nesse momento, ele sabia que ia ter mais do que apenas uma transa rápida. Talvez ele tivesse que tê-la sob ele por algumas horas, para tirar esse sentimento de seu sistema. E se ela fosse boa, bem, ele poderia dispor uma noite inteira, mas só depois de ter cuidado do que tinha vindo fazer. Isso não significava que ele não poderia ir lá e obter o seu número de telefone.

Antes que pudesse mudar de ideia, Haven caminhou até ela, só parando quando ele estava a meio metro de distância dela. Para sua surpresa, ela não recuou, mas manteve-se firme, o sinal de uma mulher confiante. E por que não seria confiante? Com sua sedutora aparência, ela poderia ter qualquer um dos homens nesta sala ofegante aos seus pés. Lambendo-os.

-Sou Haven. - Ele virou-se e começou a falar. Trinta segundos eram tudo que ele precisava para obter o seu número. E não um número falso 5-5-5 qualquer.

-Nome estranho.

Ele inalou seu perfume. Ela não usava quase nenhum perfume. Era algo que parecia como se sua pele cheirasse a laranjas. Ele não sabia de qualquer perfume comercial com aquele cheiro.

-Minha mãe era maluca por coisas estranhas.

Ela acenou com a cabeça como se soubesse o que isso significava.

-Você vai trabalhar no filme?

Ela estava tentando descobrir se ele era um grande produtor que poderia ajudar em sua carreira? Ele não lhe daria essa satisfação. Não, quando ela estivesse querendo o seu toque, não iria fazer por causa de algo que ele não era e sim por quem ele era.

-Dublê. - ele mentiu. Era um trabalho sem importância suficiente para uma mulher como ela, mas ainda poderia mostrar sua destreza física. E, ser um caçador de recompensas não era muito diferente de ser um dublê. Somente o perigo era mais próximo e pessoal, com certeza. Para ele, não existia redes de segurança. Não havia ambulância a espera, quando se machucava. Sem pessoas para ajuda-lo se as coisas passassem da conta.

Ela deu um sorriso satisfeito, com os olhos percorrendo seu corpo. E caramba, amou a maneira como ela lambeu os lábios, ao mesmo tempo.

-Eu imaginei.

Estava ficando quente aqui? -E você?

(33)

-Eu não sou uma dublê. - ela propositadamente mal respondeu a pergunta. Não importava. Ele realmente não se importava com o que ela era. Tudo o que importava era onde ele estaria muito em breve: sob seu corpo.

-Não pensei que fosse. - Ele passou um olhar apreciativo sobre seu corpo, demorando-se em seus seios redondos por mais tempo do que o necessário. Quando a olhou nos olhos de novo, notou que ela estava consciente de que ele tinha estado avaliando os seus atrativos femininos, mas ela não se afastou ou olhou para ele com nojo.

-Você acha que tem o que eu preciso? - As palavras saíram de seus lábios de uma forma sedutora. Sua língua rosa apareceu, umedecendo os lábios. -Muitos já tentaram. Nenhum conseguiu.

Merda, a visão daquela língua criava coisas nele. Sua temperatura corporal subiu vários graus. Ele puxou a gola de sua camisa, percebendo que já tinha tirado a gravata antes. Ele não poderia tirar a camisa.

-Eu estou disposto a tentar.

Agora era a sua vez de olhar para cima e para baixo de seu corpo. Não escapou-lhe como ela segurou seu olhar em sua virilha, avaliando sua embalagem, sempre crescente. E ele não iria esconder isso dela. Devia assegurar-se de que ela também soubesse o que a esperava.

-Acho que poderia funcionar.

Ele nunca tinha conhecido uma mulher que estivesse tão aberta às propostas. Ou ela estava apenas respondendo a sua oferta? Não importava. Tudo o que importava era que eles estavam no meio de negociar os termos de seu encontro sexual. O que já havia sido confirmado. Agora era só uma questão de descobrir o quando e onde. Bem, e quanto tempo.

Haven deu um passo mais perto, trazendo-a rente ao seu corpo. Uma gota de suor escorreu na parte de trás do seu pescoço e desapareceu sob a camisa. Será que ela podia sentir o calor que provocava nele? Ele baixou a cabeça até sua orelha.

-Ah, vai funcionar, eu prometo. - Ele mal conseguia suprimir o desejo de pressioná-la contra a superfície plana mais próxima e levantar o seu vestido, liberar o seu pênis e mergulhar nela.

-Não faça promessas que não possa cumprir. - Sua voz rouca em seu ouvido, quase o fez delirar. Maldição, ela poderia acendê-lo como se ele fosse um interruptor de luz.

-Diga-me a hora e o lugar. - ele disse entre os dentes, mal segurando seu controle. Mais alguns segundos disto e ele faria algo

(34)

que poderia levá-los a serem jogados para fora e serem presos por cometer ato obsceno em público. Ou como a polícia chamasse atualmente.

-Pela maneira como você está ofegante agora, eu diria imediatamente, mas então você não iria poder imaginar como gostaria de foder comigo, não é? E eu não poderia imaginar o que você está fazendo enquanto está imaginando e esperando por isso. Então, aqui. - Ela empurrou um cartão no bolso. –Ligue-me quando tiver cuidado desse tesão em suas calças, então você vai durar mais de dez segundos quando foder comigo.

Um momento depois, ele estava ali sozinho. Ela desapareceu na multidão. Assombrado por suas palavras contundentes, ele não poderia deixar de aplaudi-la. Ela assumiu a responsabilidade como um homem faria normalmente, e enquanto ele odiava as mulheres mandonas, não conseguia parar de fazer seu pênis expandir ainda mais. Ela, provavelmente, chutaria o seu traseiro mais de uma vez, mas ele não estava desistindo do desafio que ela tinha acabado de lhe entregar.

Haven enfiou a mão no bolso do casaco e tirou o cartão que ela lhe tinha dado.

Yvette. Em seguida, um número local. Era tudo o que dizia.

Nenhum endereço. Nada. A mulher tinha classe.

Yvette olhava a sua protegida de longe. Durante a troca de palavras com Haven, ela não tinha esquecido o seu trabalho por um único segundo. No entanto, não havia impedido de ficar excitada e molhada. Ela tentou jogar com calma, entrando em seu modo sedutor, uma máscara que tinha usado por muitos anos. Sempre serviu bem para manter os homens à distância. A maioria dos homens tinha se esquivado de sua personalidade dominante, tal como ela pretendia.

Mas não Haven, o homem estava pronto para o desafio. Mas ela também estava? Sim, ela tinha tido relações sexuais há alguns meses... não que ela pudesse se lembrar do nome do cara. O que uma noite significa? E era exatamente isso no que se transformaria com Haven: um caso de uma noite. Provavelmente seria melhor se ela apenas fodesse com ele de uma forma anônima. Certamente, não em sua casa, e se ela pudesse escolher, nem mesmo seria em uma cama.

(35)

Uma ação rápida e frenética, sobre uma mesa, funcionaria. Nada mais íntimo do que isso. Permitir que um homem como ele chegasse mais perto seria perigoso. Claro, ele era humano, e ela poderia vencê-lo em um instante. Nem mesmo sua atitude de dublê malvado, seria um grande desafio para ela. Não, o desafio estava em seus olhos azuis, que tentaram olhar profundamente dentro dela. E quando ele se aproximou e sussurrou em seu ouvido, seu cheiro estava em volta dela e cobriu-a com uma onda de desejo que não podia explicar.

Ela teria que cuidar-se com este homem, antes que ele chegasse perto demais.

Yvette se mostrou agradecida quando sua atenção foi subitamente capturada pelo homem falando com Kimberly. Ele só colocou a mão no braço da menina. Péssimo movimento. Inalando quando se aproximou, Yvette sentiu o suor perfumado vindo de sua protegida. Kimberly se sentia desconfortável. Tempo de executar uma interferência.

-Kimberly, há alguém que está perguntando por você. - disse Yvette quando se aproximou e tomou-lhe o braço. Então ela virou-se para o homem corpulento, deu-lhe um grande sorriso e piscou os cílios. O rosto do homem ficou vermelho. -Desculpe-nos, por um momento, por favor?

Antes que o homem pudesse protestar, ela puxou Kimberly para outro canto do salão.

-Quem era? - Yvette precisava saber se ele poderia ser a ameaça, se eles estavam tentando proteger Kimberly.

Kimberley fez um gesto com a mão.

-Ah, esse é Charles. Ele é sobrinho do produtor e um idiota total. Se você não tivesse me salvado, ele teria me matado de tédio. Realmente, - ela voltou ao seu estado normal -eu mal podia ter uma palavra para conversar com ele.

Junte-se ao clube.

-Sim, totalmente chato, não é? - Yvette teve dificuldade em manter todo o sarcasmo longe de sua voz.

-Você não tem nem ideia. O que algumas dessas pessoas pensam? Eles não escutam. Eles constantemente falam como se fossem às pessoas mais importantes do mundo. É tão cansativo. Você pode imaginar ficar presa com alguém assim por mais de dez minutos? Eu pensei que estava morrendo ali mesmo.

(36)

-Graças a Deus que você me tem para salvá-la. - Yvette interveio, tentando não revirar os olhos. Zane não seria capaz de sofrer em uma noite como esta, sem matar alguém. Ela suspeitava que ele propositadamente intimidou Kimberly para ser deixado fora do caso. Talvez, inclusive, ele houvesse usado o seu controle da mente sobre ela, para plantar a ideia de que ela queria que ele se fosse. E Gabriel tinha caído no truque e prontamente atribuído o caso a ela. Porra, Zane era muito inteligente e um idiota.

-Eu preciso de outra bebida. Quer um pouco?

-Ainda no dever, lembra? - Yvette forçou um sorriso. Ela poderia pensar em coisas melhores do que passar o próximo par de horas como babá de uma pirralha mimada, a quem nunca tinha sido dito para calar a boca. Seu único consolo era que ela poderia sintonizar a conversa fútil das pessoas ao seu redor e deixar seus sentidos de vampira alertá-la para as coisas que precisava saber. Ela manteve o resto do seu cérebro livre para prosseguir em sua própria diversão. E a única diversão que valia a pena lembrar nesse momento, era a forma que Haven a tinha olhado, sentido e cheirado. E imaginando como iria se sentir quando ele estivesse por baixo dela, nu, ofegante, e implorando pela liberação.

Referências

Documentos relacionados

No geral, o estudo apresentado trouxe resultados bastante significativos para este estudo, apontando que a compreensão em leitura melhora conforme os anos escolares, relembrando que

Nesta seção são apresentadas e comparadas as funções de expansão utilizadas no método clássico dos elementos finitos e as funções quase hierárquicas para um

As inscrições realizadas durante o período de inscrição serão confirmadas após o pagamento da taxa de inscrição ou deferimento da solicitação de isenção da inscrição,

 Bruxa Onilda e a macaca Roser Capdevila e Enric Larreula Bruxa Onilda Scipione.  Bruxa Onilda é uma boa

 Bruxa Onilda vai a Paris Roser Capdevila e Enric Larreula Bruxa Onilda Scipione.  Bruxa Onilda vai a Veneza Roser Capdevila e Enric Larreula Bruxa Onilda

 Bruxa Onilda é uma boa companheira Roser Capdevila e Enric Larreula Bruxa Onilda Scipione?.  Bruxa Onilda é uma grande estrela Roser Capdevila e Enric Larreula Bruxa Onilda

Adequadamente preparada e estabilizada, as gorduras contribuem para o suprimento de ácidos graxos livres, os quais são indispensáveis para os processos biológicos, tais

Acordo com o Banco Sabadell para impulsionar Start- ups e Spin-offs no setor da saúde Selecionados pela Direção de Compras Públicas de Chile para o acordo quadro de