Disciplina: Diversidade Étnico
Cultural
Tema: Etnografia Rural e
Etnografia Urbana
O que é etnografia?
Etnografia rural
O QUE
O QUE
É
É
ETNOGRAFIA?
ETNOGRAFIA?
O termo ethno, do vernáculo grego, significa nação, povo, o que implica em:
•traços biotípicos, •cultura e
•relação com um território.
Recorrendo também à etimologia e já sabendo que ethno se refere a povo, o termo grego graphein designa ato de escrever.
Seria então o ato de registrar de forma escrita as características de um povo.
Na Antropologia cultural, a Etnografia é o método de coleta de dados sobre um determinado povo. Hammersley, M. & Atkinson, P. Ethnography Principles
Se utilizarmos as categorias classificatórias de Talcott Parsons, por exemplo, podemos distinguir grupos sociais entre simples e
complexos, que por sua vez podem existir ou terem existido, ou seja, do presente ou do
passado. Primordialmente, a Antropologia se ocupou do estudo de sociedades simples do presente, isso porque
sociedades simples do passado são estudadas pela História (no caso de sociedades portadoras de escrita) e a Arqueologia (para o caso de sociedades ágrafas); já as sociedades
complexas do presente, seriam estudadas pela Sociologia.
É claro que esse quadro não é assim tão simples.
Isso porque, tendo a Antropologia se ocupado de sociedades simples, de organização primordialmente tribal e do presente, passou a perceber a existência de “tribos”, ou seja, sociedades simples, inseridas dentro de sociedades urbanas e complexas no presente, ou seja, as chamadas “tribos urbanas” (grafiteiros, comunidades hip-hop, punks, headbangers etc.).
BLASS, Leila Maria da Silva; PAIS, José Machado (org.). Tribos urbanas: produção artística e identidades. São Paulo: Annablume, 2007.
A publicação dos estudos de Bronislaw Malinowski sobre “Os Argonautas do Pacífico Ocidental” (1922), fundou para a antropologia moderna uma moderna forma de etnografia, envolvendo uma observação participante.
Ocorre que tal estudo foi empreendido tomando como objeto sociedades simples e do presente.
Contudo, como podem ser designadas as sociedades simples e complexas que se confundem e se
acotovelam em espaço cada vez mais limítrofes?
MALINOWSKI,
Bronislaw. Argonautas do Pacífico Ocidental. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril, 1977.
Temos então, para a
etnografia, duas
categorias
fundamentais:
etnografia rural e
etnografia urbana.
Grupos sociais simples e do tempo presente contrapõem-se à complexidade dos grandes centros urbanizados, constituindo o que chamamos de sociedades rurais.
Enquanto nas cidades encontram-se dinâmicas complexas, nas sociedades rurais temos estruturas sociais de tipo simples; enquanto nos centros urbanizados temos densos processos de ocupação do espaço, nas comunidades rurais a natureza está muito mais presente, bem como a interação do Homem com o meio natural é muito mais enfática.
ETNOGRAFIA RURAL
ETNOGRAFIA RURAL
MONTEIRO, Anita Maria de Queiroz. Castainho: etnografia de um bairro rural de negros. Recife : Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 1985.
Artigo: “Narrativa histórica, etnografia e reforma agrária em um assentamento rural ”, de
Claudia Lee Williams Fonseca:
http://hdl.handle.net/10183/53 44
Autores da Antropologia e da Sociologia, no Brasil, deram inomináveis contribuições aos estudos etnográficos rurais.
“Os Parceiros do Rio Bonito”, de Antonio Candido (Coleção Espírito Crítico, Livraria Duas Cidades, Editora 34, Abril de 2001), na qual são profundamente estudados vários aspectos da cultura rústica – termo utilizado pelo autor para se referir à conhecida
cultura caipira .
CÂNDIDO, Antonio. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, Editora 34, 2001.
Para Antonio Cândido, a cultura caipira é produto das miscigenações dos
desbravadores portugueses com os índios e negros, dando origem,
respectivamente, aos caboclos e mulatos que iniciaram a povoação do interior paulista; seus meios de vida em relação à sua sociabilidade e seu modelo econômico de subsistência; a situação presente (para o autor, cuja obra foi concebida na década de
1940), relacionando-se a organização dos municípios, sua estrutura para o trabalho e características
contemporâneas em relação às
origens culturais do caipira, buscando os determinantes de suas mudanças culturais.
Sobre o comportamento de povos indígenas, uma referência é a obra de Darcy Ribeiro, “Utopia Selvagem”, que trata do cotidiano de uma tribo indígena e nos
possibilita analisar as relações entre o homem branco e o índio, origem do conhecido caboclo. RIBEIRO, Darcy. Utopia selvagem: saudades da inocência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
Vasto material a respeito das tribos indígenas que habitavam o Estado de São Paulo durante os séculos XV a XVIII, pode ser
encontrado por meio do endereço virtual da FUNAI (Fundação Nacional do Índio),
no sítio: www.funai.gov.br -,
onde há preciosismo material para pesquisa histórica e mesma a respeito da situação atuação das populações indígenas que habitam o território nacional.
A ETNOGRAFIA URBANA
A ETNOGRAFIA URBANA
A etnografia urbana, como o próprio nome pressupõe, se ocupa de sociedades urbanizadas, ou seja, de tipo complexo, cujo grau de institucionalização pressupõe alto grau de burocratização e de racionalização de leis e procedimentos, complexa divisão do trabalho social e de processos produtivos, bem como um modus
vivendi completamente distinto de outras sociedades com configurações menos complexas. Trata não só de sociedades urbanas acabadas; mas do processo de complexização que acompanha a urbanização nas grandes metrópoles contemporâneas e suas rápidas transfigurações.
Os estudos de etnografia urbana, por suja vez,
dividem-se em duas correntes
O primeiro tipo está focado nos aspectos desagregadores dos processos de
urbanização, ou seja, no quão traumático e doloroso pode ser o crescimento urbano para aqueles que o experimentam na forma de colapsos e crises.
Dentre seus temas estão os problemas pelos quais passam as grandes metrópoles, como:
•o trânsito,
•o colapso do transporte urbano, •o deficitário sistema de saúde, •as desigualdades sociais,
•a aprofundização da miséria •a exclusão social,
•a falta de saneamento básico, •a desigual distribuição de direitos, •violência urbana,
Não que não haja etnografia urbana nos centros
desenvolvidos de capitalismo mundializado, os países centrais em cuja órbita gravitam os países periféricos; o que muda é o enfoque. Não tendo os graves
problemas da periferia, os estudos etnográficos se focam nos aspectos oníricos de um mundo que entendem “globalizado” por gozarem da quase globalidade dos adventos do progresso técnico e
científico (que tanto carecem as realidades periféricas e que experimentam os aspectos nefastos da
globalização de misérias e mazelas sociais).
Esse mundo onírico é o mundo das imagens que circulam em velocidade nunca antes vista, informações em out-doors, na mídia impressa, televisiva e internet, redes de relacionamento, não-lugares, ou seja, ambientes
virtuais de sociabilidade pela difusão e uso comum de tecnologias de
informação, como a internet em dispositivos cada vez mais portáteis e que encurtam cada vez maiores distâncias.
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