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Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Processo: 0400/12

Data do Acordão: 01-10-2014

Tribunal: 2 SECÇÃO

Relator: PEDRO DELGADO

Descritores: IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS PRÉDIO RÚSTICO

PRÉDIO URBANO PEDREIRA

Sumário: Tendo-se decidido, em autónoma impugnação judicial

deduzida contra os actos de fixação de valores

patrimoniais, pela ilegalidade de tais actos de fixação, impõe-se, face até à inerente prejudicialidade da causa, a consequente anulação da liquidação operada com base e no pressuposto da legalidade da fixação de tais valores patrimoniais.

Nº Convencional: JSTA000P17992 Nº do Documento: SA2201410010400 Data de Entrada: 02-07-2012

Recorrente: FAZENDA PÚBLICA

Recorrido 1: A..., SA

Votação: UNANIMIDADE

Aditamento:

Texto Integral

Texto Integral: Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

1- Vem a Fazenda Publica recorrer para este Supremo Tribunal da decisão do tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel que julgou procedente a impugnação judicial deduzida por A…………, S.A., melhor identificada nos autos, contra a primeira prestação de IMI do ano de 2007 relativa aos prédios inscritos na matriz predial urbana da freguesia de ……, Paços de Ferreira, no montante de € 5.312,07.

Termina as suas alegações de recurso, formulando as seguintes conclusões:

«A. Vem impugnada a liquidação de IMI n.º

2007017376603 atinente à 1ª prestação do ano de 2007, dos artigos 854, 855, 856, 857, 858 e 859, inscritos na matriz predial urbana da Freguesia de ……, Paços de Ferreira, no montante de €5312,07.

B. Como resulta da douta sentença a quo, o acto de liquidação impugnada é consequência directa de um acto de avaliação, autonomamente impugnado através do

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processo n.º 504/07.4BEPNF.

C. Por via de tal relação, foram os presentes autos suspensos até à prolação de sentença no processo n.º 504/07.4BEPNF, pelo que, a nosso ver, a suspensão deveria manter-se, nos termos da alínea c) do n.° 1 do art.

284° do CPC, até ao trânsito em julgado da questão prejudicial.

D. Não tendo a Fazenda Pública sido notificada de

qualquer despacho autónomo que determine a cessação da suspensão, foi notificada da douta sentença, com a qual não se conforma pelo supra exposto e pelo conteúdo, que passamos a analisar.

E. A matéria de fundo em causa nos presentes autos é a classificação fiscal das pedreiras como prédios rústicos, nos termos do art. 3°, n.° 3, al. b) do CIMI, ou como urbanos, nos termos do art. 6° n.° 1 al. d), do mesmo Código.

F. Na douta sentença de que se recorre julgou-se a

presente impugnação procedente, aderindo às alegações e ao Parecer junto pela impugnante, considerando que os prédios em causa devem considerar-se prédios rústicos.

G. Com o assim decidido, não se conforma a Fazenda Pública, existindo erro na aplicação das normas legais aos factos.

H. No âmbito do IMI, a classificação dos prédios obedece a critérios próprios, concordantes com a noção que já lhes era dada pelo Código da Contribuição Autárquica (CCA), os quais são, no entanto, diferentes do conceito civilista, previsto no art. 204° do Código Civil.

I. No que respeita ao conceito fiscal de prédio diga-se em súmula que o art 2° do CIMI constitui um exemplo da ressalva da parte final do n.° 2 do art. 11º da LGT, que admite a interpretação de certos conceitos jurídicos seja feita afastando-se do sentido usual que têm em outros ramos de direito.

J. Desde logo, para os prédios, serem classificados como rústicos relevam a localização e o destino económico, como se refere no próprio preâmbulo do CIMI, “nos

prédios rústicos, continua a considerar-se como base para a tributação o seu potencial rendimento produtivo”.

K. Quanto à localização, releva a situação fora ou dentro de um aglomerado urbano.

L. Quanto ao destino económico, não sendo de classificar como terrenos para construção, nos termos do n.º 3 do art.

6° do do CIMI, ou têm uma utilização geradora de

rendimentos agrícolas ou, não tendo nenhuma utilização agrícola, não se encontram construídos ou apenas

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dispõem de edifícios ou construções de carácter

acessório, sem autonomia económica e de reduzido valor.

M. Pelo disposto em todo o art. 3° do do CIMI, para serem rústicos os prédios ou têm uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, concreta ou não geram qualquer outro rendimento, isto é, ou têm aptidão para gerar

rendimentos agrícolas, ou não têm ou não podem ter uma utilização geradora de quaisquer outros rendimentos.

N. O n.° 2 do art. 3° do CIMI refere, inclusive, que, estando situados dentro de aglomerado urbano, só são

considerados rústicos se por força de disposição

legalmente aprovada não puderem ter utilização geradora de quaisquer rendimentos — doutro modo, são urbanos.

O. Quer-se dizer sempre que o art. 3° do CIMI se refere a alguma actividade económica para classificar um dado prédio como rústico, para este efeito aquela deve ser geradora de rendimentos agrícolas, silvícolas ou de pecuária tal como considerados em IRS. P. Não estando afectados a utilização geradora de rendimentos agrícolas, os terrenos situados fora de aglomerado urbano que não sejam de classificar como terrenos para construção só poderão ser classificados de prédios rústicos se, não tendo uma utilização geradora de outros rendimentos, dispuserem apenas de edifícios ou construções de carácter acessório, sem autonomia económica e de reduzido valor, sem estarem afectos ou terem como destino normal uma qualquer outra actividade económica.

Q. Se tais prédios estiverem afectos a qualquer outra actividade económica, que não a agrícola, serão

classificados como urbanos (campo de golfe, parque de campismo, campo de jogos, exploração de pedreiras, exploração de parqueamento automóvel, ciclovias, etc.) R. Se se sufragasse o entendimento resultante da douta sentença, qualquer que fosse a actividade económica que se exercesse num prédio situado fora de um aglomerado urbano tal não determinaria a sua classificação como prédio urbano, seria sempre um prédio rústico.

S. Esse entendimento levaria à constatação de que, fora dos aglomerados urbanos, só seriam prédios urbanos os que tivessem, construção de edifícios habitacionais,

comerciais, industriais ou serviços, desde que não fossem de carácter acessório, não tivesse autonomia económica ou fossem de reduzido valor.

T. Manifestamente não é esse o sentido e alcance da lei, considerada no conjunto de normas vertidas no art. 3° do CIMI, que delimita o conceito de prédio rústico.

U. Basta atentar no texto do n.° 2 do art 3° do do CIMI: se

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para terrenos situados dentro de um aglomerado urbano tem de haver disposição legalmente aprovada a impedir uma utilização geradora de quaisquer outros rendimentos que não agrícolas para não serem considerados prédios urbanos, para terrenos situados fora de um aglomerado urbano a mera possibilidade de uma utilização geradora de outros rendimentos que não agrícolas obriga a

considerá-los urbanos, afastando a sua classificação como rústicos.

V. Do teor do art. 6°, retira-se que enquanto os nºs 2 e 3 indicam as realidades a considerar prédios urbanos

habitacionais, comerciais, industriais ou para serviços, ou terrenos para construção, o nº 4 afirma que aceita na categoria Outros as realidades nele exemplificadas, e dá espaço a que outras se subsumam à sua previsão.

W. Temos por mais acertada, com todo o respeito devido por diferente opinião, a tese de que, se mostra como essencial o destino económico do bem,

X. sendo que, as conclusões retiradas pela impugnante apenas o podem ser, na circunstância de o prédio não estar efectivamente afecto a uma actividade económica diferente da agrícola (quando não tem qualquer utilização geradora de rendimentos).

Y. O conceito de prédio rústico é restritivo, apenas se incluindo nesta designação os prédios que realmente só tenham rendimentos agrícolas, que não tendo esses rendimentos tenham aptidão para os produzir, ou então que não tenham qualquer rendimento de outra actividade económica.

Z. A tributação almeja a realização de outros fins e o cumprimento de diferentes objectivos que não os da exclusiva satisfação das necessidades financeiras do Estado, nos termos consagrados ao nível da lei

fundamental, reafirmados na Lei Geral Tributária e

repercutidos no regime legal de tributação do património, designadamente na classificação dos prédios e respectiva tributação.

AA. Desta forma, o disposto nos art. 103°, n.º 1 e 104°, n.º 3 da CRP, art. 4°, n.º 1 e art. 5° da LGT, legitima e justifica a diferença de regras na tributação do património quanto a prédios rústicos e urbanos,

BB. sendo manifesto que se pretendeu aplicar as regras de tributação e avaliação dos prédios rústicos, apenas àqueles que reúnem determinado tipo de características susceptíveis de os confinar à obtenção de rendimentos agrícolas ou a não obtenção de outros quaisquer

rendimentos.

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CC. Não se justifica a aplicação das regras de

determinação do valor patrimonial e da tributação aplicada aos rústicos, a prédios cuja utilização esteja afecta a outra actividade que seja geradora de rendimentos nessa outra qualquer actividade económica, como é o caso da

indústria de exploração de pedreiras.

DD. E naqueles prédios desenvolve-se efectivamente uma actividade industrial de extracção de pedras, destinadas a fins comerciais e industriais, geradora de rendimento sem qualquer ligação com rendimentos agrícolas.

EE. Sendo também verdade que as licenças de

estabelecimento de pedreira da recorrente concedida de acordo com o estabelecido nos diplomas, de licenciamento das pedreiras, bem como a sua revogação e a fiscalização do seu funcionamento compete às DRME no âmbito do Ministério da Economia, e não do Ministério da Agricultura sendo aquele Ministério que superintende na actividade em causa e não este. (cfr artigos 2°, 9°, 18°, 29.° e 46.° do Decreto-Lei n.º 89/90 e 8°, 12.° e 13.° do Decreto-Lei n.º 109/91).

FF. Em tais prédios não se produz, nem pode produzir-se qualquer actividade agrícola, silvícola ou pecuária, não têm qualquer aptidão agrícola, nem tem, nem podem ter actividade geradora de rendimentos agrícolas.

GG. Relativamente ao apelo às noções civilísticas, é consensual, em matéria de conceitos e classificação de prédios, que o direito tributário, intencionalmente, se distancia daqueles conceitos, adoptando conceitos e classificações próprias que valorizam a vertente económica.

HH. Termos em que, são de manter os actos administrativos de avaliação dos prédios urbanos, impugnados no processo de Impugnação n.°

504/07.4BEPNF, determinantes do valor patrimonial dos prédios urbanos em causa, bem como a liquidação aqui em causa.

II. A douta sentença de que se recorre fez assim errada aplicação no caso concreto, no que concerne ao momento da prolação da sentença, da alínea c) do n.° 1 do art. 284°

do CPC, e no que respeita à qualificação dos prédios, das disposições legais vigentes, nomeadamente da aplicação dos art.s 3° e 6° nº. 1 al. d) do CIMI, pelo que deve ser revogada.»

3. A recorrida A…………, S.A. veio apresentar contra- alegações, concluindo da seguinte forma:

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«i. A Recorrida deduziu a presente acção de impugnação judicial contra o acto de liquidação de IMI n.º 2007

017376603, respeitante à primeira prestação do ano de 2007, na parte da colecta referente aos imóveis inscritos na matriz sob os artigos U-00854, U-00855, U-00856, U-00857, U-00858 e U-00859, do Município de Paços de Ferreira, mais concretamente na parte que resultou da respectiva avaliação e qualificação como prédios urbanos.

ii. O presente recurso foi, assim, interposto no âmbito desse processo de impugnação judicial, que correu os seus termos junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel sob o número de processo 357/08.5BEPNF;

iii. Com efeito, interpôs a Fazenda Pública, ora Recorrente, recurso da douta Sentença proferida pelo Tribunal

Administrativo e Fiscal de Penafiel, em 8 de Fevereiro de 2012, que julgou totalmente procedente a impugnação judicial apresentada pela Recorrida e, em consequência, determinou a anulação do acto tributário controvertido - acto de liquidação de IMI n.° 2007 017376603, respeitante à primeira prestação do ano de 2007, na parte da colecta referente aos imóveis inscritos na matriz sob os artigos U-00854, U-00855, U-00856, U-00857, U-00858 e U-00859, do Município de Paços de Ferreira;

iv. Concretizando, entendeu o Tribunal a quo que “(...) O (...) normativo não estabelece, como requisito essencial para a qualificação como rústico, que o prédios sejam afectos ao rendimento agrícola; antes estipula que se verifica, alternadamente, esta condição (prédios afectos ao rendimento agrícola) ou, caso tal não aconteça, que não tenham qualquer construção. (...)”, pelo que “(...) nada obsta na lei fiscal transcrita a que os prédios sub judice, propriedade da ora Impugnante, sejam classificados como rústicos, pois os mesmos preenchem todos os requisitos previstos no normativo em causa (não se encontram em aglomerados urbanos, não são terrenos para construção e não têm qualquer construção)”;

v. Mais considerou a Exma. Senhora Juíza a quo que “(...) Existiria uma grave desigualdade e discrepância ao ter de se tributar como prédio urbano uma pedreira inserida em Reserva Agrícola Nacional quando tais áreas são

consideradas como prédios rústicos para quaisquer outras finalidades (...)”;

vi. Razão pela qual conclui aquele Tribunal no sentido de que sendo “(...) ilegal o acto tributário de fixação de

valores patrimoniais tributários àqueles prédios com recurso às normas aplicáveis à avaliação dos prédios urbanos (...)”, tal situação “(...) implica a anulação de todos

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os actos tributários decorrentes da avaliação objecto de apreciação do mesmo (…)” logo e por maioria de razão, do acto de liquidação de IMI controvertido nos presentes

autos — acto de liquidação de IMI n° 2007 017376603, respeitante à primeira prestação do ano de 2007, na parte da colecta referente aos imóveis inscritos na matriz sob os artigos U-00854, U-00855, U00856, U-00857, U-00858 e U-00859, do Município de Paços de Ferreira, mais

concretamente na parte que resultou da respectiva avaliação e qualificação como prédios urbanos;

vii. Não obstante, a Ilustre Representante da Fazenda Pública invoca, nas respectivas alegações de recurso, que a indicada Sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel padece de uma errada aplicação no caso concreto, das disposições legais vigentes à realidade dos prédios em causa, nomeadamente na aplicação dos artigos 3.° e 6°, n.° 1 alínea d) do Código do IMI, pelo que deve ser revogada, sendo de manter o acto tributário controvertido porque de manter igualmente os actos administrativos de avaliação como urbanos dos prédios em causa;

viii. Todavia, ficou aqui devidamente comprovado que as razões esgrimidas pela Recorrente carecem de total

fundamento, devendo, nessa medida, improceder em toda a linha o Recurso ora sob resposta, sendo, ao invés, de confirmar a douta Sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel nos seus exactos termos;

ix. Desde logo, em face da delimitação positiva do conceito fiscal de prédio rústico, a classificação dos prédios como urbanos (artigos 4.° e 6.° do Código do IMI) e mistos (artigo 5.° do mesmo diploma legal) assume natureza meramente residual. Por outras palavras, são os próprios prédios urbanos que, enquanto categoria, são residuais face aos prédios rústicos. O que significa que só são classificados como tal os prédios que, de acordo com os critérios constantes da lei, não sejam susceptíveis de ser classificados como rústicos, sem prejuízo do disposto quanto aos prédios mistos;

x. Assim, só se um prédio não for classificado como rústico é que (residualmente) se classifica como urbano; e só se um prédio urbano não for enquadrado numa das sub- categorias (i) habitacional, (ii) comercial, industrial ou serviços ou (iii) terreno para construção, é que terá o enquadramento — duplamente residual — de (iv) outro prédio urbano;

xi. Tendo presente o exposto, são considerados como

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prédios rústicos os terrenos que (i) se situem fora de um aglomerado urbano; (ii) que não sejam de classificar como terrenos para construção; e que (iii) tenham como destino normal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas ou, caso não tenham essa afectação, que não se

encontrem construídos ou tenham construções de carácter acessório;

xii. Não é, assim, estabelecido como requisito essencial para a qualificação e classificação de um prédio como rústico, que o mesmo seja afecto a uma actividade

geradora de rendimento agrícola; antes é estipulado que se verifique, alternadamente, esta condição – prédios afectos ao rendimento agrícola – ou, caso tal não aconteça, que não tenham qualquer construção;

xiii. Conclui-se, pois, que nada obsta a que os prédios sub judice, propriedade da ora Recorrida, sejam classificados como rústicos, pois os mesmos cumprem todos os

requisitos de que a lei faz depender a sua classificação, pela positiva, como prédios rústicos (não se encontram em aglomerados urbanos, não são terrenos para construção e não têm qualquer construção);

xiv. Com efeito, tratam-se de prédios (i) situados fora de um aglomerado urbano, (ii) que não são classificados como terrenos para construção, (iii) que não têm como destino normal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas (tal como definidos no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares - IRS) e que (iv) dispõem apenas de construções de carácter acessório sem autonomia económica;

xv. Termos em que os prédios em causa são prédios rústicos, nos termos em que tais prédios são classificados pela alínea b), do n.º 1, do artigo 3° do Código do IMI;

xvi. Acresce que, a Administração Fiscal errou, ainda, na qualificação da categoria em que se enquadram esses prédios, por o próprio artigo 6°, n.° 4 do Código do IMI (que vem esclarecer a amplitude da previsão da alínea d) referente a classificação residual destes tais “outros”

prédios) vir estipular que apenas se enquadram nesta previsão os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano, que não sejam terrenos para construção, nem se encontrem abrangidos pelo disposto no n.° 2, do artigo 3º do Código do IMI;

xvii. Termos em que, quer por aplicação directa do disposto na alínea b), do n.° 1 do artigo 3°, quer por aplicação, a contrario, do referido no n.° 4, do artigo 6.°, ambos do Código do IMI, a conclusão terá que ser,

necessariamente a mesma: os prédios da Recorrida, ora

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sob sindicância, são prédios rústicos, ao abrigo do disposto no Código do IMI;

xviii. Nesse sentido, o acto de liquidação de IMI

controvertido, respeitante à primeira prestação do ano de 2007, na parte da colecta referente aos imóveis inscritos na matriz sob os artigos U00854, U-00855, U-00856, U-00857, U-00858 e U-00859, do Município de Paços de Ferreira, é ilegal porque são ilegais os actos tributários de fixação de Valores Patrimoniais Tributários aos prédios em questão com recurso às normas aplicáveis à avaliação de prédios urbanos, pelo que, naturalmente, deverá o mesmo ser anulado, conforme decidido no âmbito da sentença recorrida.

xix. Sem prejuízo do exposto, verifica-se ainda que os conceitos adoptados pela Lei Fiscal em relação à definição de prédios urbanos e rústicos não foram afastados dos conceitos do CC, o que resulta quer da interpretação dos artigos 2.° a 6.° do Código do IMI, quer da interpretação do artigo 8.° do Código do IRS, que reproduz a definição civilística de prédio rústico e urbano;

xx. No mais, são considerados prédios rústicos os prédios que não têm qualquer edificação ou construção (ou que não tenham qualquer possibilidade de os ter) e prédios urbanos os restantes, tendo o intérprete o ónus de prova de que assim não seja;

xxi. No caso das pedreiras e saibreiras – apesar de não ter sido feita qualquer prova de que as mesmas deveriam ter um tratamento excepcional em relação aos conceitos delimitados pelo CC – tal tratamento não teria qualquer justificação em termos de direito fiscal, por estas pedreiras e saibreiras – ou, no limite, as pedreiras dos prédios

objecto do presente recurso – serem terrenos sem qualquer edificação ou construção, cujo rendimento é aferido pela extracção de minerais do próprio solo, não tendo estes prédios sofrido qualquer intervenção humana para gerar este aproveitamento económico, incluindo uma exploração das propriedades naturais dos terrenos, tal como é o caso das salinas, que também são considerados prédios rústicos para efeitos fiscais;

xxii. O facto de esta actividade ser uma actividade

comercial e industrial, e não uma actividade agrícola, não poderá influir como critério para que os prédios em causa sejam considerados urbanos e não rústicos, por o

rendimento dos prédios não dever ser considerado como critério para proceder à sua classificação em termos de IMI, que deverá tributar o valor patrimonial dos prédios e não o seu rendimento;

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xxiii. Nestes termos, não há qualquer razão justificativa para que as pedreiras sejam consideradas como prédios urbanos, quer em termos civilísticos — onde a sua

classificação tem necessariamente de ser como prédio rústico — quer em termos de lei tributária, não tendo a Circular procedido a qualquer justificação para que prédios com esta actividade (de pedreira) devam ser classificados como urbanos (a menos que tal Circular se aplique apenas às pedreiras e saibreiras situadas dentro dos aglomerados urbanos, o que se admite);

xxiv. São, deste modo, ilegais os actos tributários de avaliação dos valores patrimoniais tributários dos prédios anteriormente identificados controvertidos nos presentes autos, com recurso às normas aplicáveis à avaliação de prédios urbanos;

xxv. Em razão do que é de anular o acto de liquidação de IMI controvertido, respeitante à primeira prestação do ano de 2007, na parte da colecta referente aos imóveis

inscritos na matriz sob os artigos U-00854, U-00855, U-00856, U-00857, U-00858 e U-00859, do Município de Paços de Ferreira, devendo, nessa medida, improceder em toda a linha o Recurso ora sob resposta, sendo, ao invés, de confirmar, nos seus exactos termos, a douta Sentença, proferida em 8 de Fevereiro de 2012, pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel».

4. Exmº Procurador-Geral Adjunto emitiu parecer a fls.

291/294, concluindo, em síntese, que os prédios em

causa, estando afectos à exploração de uma pedreira, são de qualificar como urbanos, em face do disposto no art. 6.°

n.º 1 al. b) do C.I.M.I., sendo com esse fundamento de julgar o recurso procedente e de manter as impugnadas liquidações de I.M.I.

5. Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir.

5.1 A questão trazida pela Fazenda Pública à apreciação deste Tribunal consiste em saber, se incorre em erro de julgamento a sentença recorrida por anular as liquidações de IMI relativas aos prédios afectos à exploração de uma pedreira, considerando-os como prédios rústicos e não como urbanos, quer por aplicação directa do disposto na alínea b), do nº1, do art.º 3º, quer por aplicação a contrário sensu do nº 4, do art.º 6º, ambos do CIMI.

Contra o assim decidido, se insurge a FP alegando em síntese que, o facto de ser desenvolvida nos prédios em

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causa uma actividade comercial e industrial, actividade que se encontra devidamente legalizada e certificada pelo Ministério da Economia, lhes confere carácter urbano aos prédios, porque não estão afectos à utilização geradora de rendimentos agrícolas, segundo o estatuído no art.º 3º do CIMI.

5.2 Como se deixou exarado na sentença recorrida o acto de liquidação impugnado – a liquidação de IMI n.º

2007017376603 atinente à 1ª prestação do ano de 2007, dos artigos 854, 855, 856, 857, 858 e 859, inscritos na matriz predial urbana da Freguesia de ……, Paços de Ferreira, no montante de €5312,07 – é consequência do acto de fixação dos valores patrimoniais relativos aos prédios cuja liquidação de IMI se impugna nos presentes autos, o qual foi objecto de impugnação autónoma no processo 504/07.4BEPNF.

Sucede que na referida impugnação foi proferida decisão, transitada em julgado, por acórdão de 27.11.2012,

proferido no recurso 317/12 desta Secção, de que se encontra junta certidão a fls. 298 e segs. dos presentes autos, anulando «os actos de fixação de valor patrimonial impugnados» por se entender que «A mera não afectação ou não destinação normal de um prédio rústico, situado fora de aglomerado urbano, a uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, não basta, só por si, para

“desclassificar” o prédio como rústico e classificá-lo como urbano…»

Trata-se de decisão com evidentes reflexos na decisão a proferir nos presentes autos já que, sendo idêntico o acervo factual em que se fundou a decisão que deu origem ao Rec. n° 317/12 e aquela que ora se aprecia e decorrendo o acto de liquidação anulado pela sentença recorrida dos valores patrimoniais tributários fixados pelos actos anulados naquele outro processo (art. 113°, n° 1 do CIMI), não poderá deixar de ser anulatória a decisão sobre a legalidade do acto de liquidação que vem sindicado nos presentes autos.

Com efeito, pese embora não se mostre autonomamente especificada na sentença recorrida factualidade provada ou não provada, resulta da respectiva fundamentação, na medida em que se apropria da fundamentação constante da decisão proferida na impugnação nº 504/07.4BEPNF (na qual, como se disse, a recorrida impugnara os actos de fixação dos valores patrimoniais dos prédios a que se reporta a liquidação aqui também impugnada) a afirmação que os prédios aqui em questão «não se encontram em

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aglomerados urbanos, não são terrenos para construção e não têm qualquer construção», que «a pedreira de Paços de Ferreira está incluída numa zona extractiva e que, à sua volta existem zonas de reserva e de defesa de

monumentos arqueológicos. Não existem casas próximas e todos os terrenos à sua volta ou são agrícolas ou de reserva. Os caminhos de acesso à pedreira são em terra e não existe saneamento. (…) todas as construções

existentes na zona da pedreira são pré-fabricados

temporários e servem de apoio ao exercício da actividade da mesma. (…) para que fosse possível existir alguma construção na zona em causa, teria de haver uma alteração ao plano directório municipal em vigor.»

5.3. Ora, tendo em conta que se configura aqui a

fundamentação de facto em que assenta a decisão ora recorrida, e considerando que, naquela referida

impugnação foi proferida decisão, transitada em julgado, anulando «os actos de fixação de valor patrimonial

impugnados» (cfr. o acórdão junto por certidão a fls. 301 a 335, nomeadamente a sua parte dispositiva, bem como o Ponto 4.1.) por se entender que «A mera não afectação ou não destinação normal de um prédio rústico, situado fora de aglomerado urbano, a uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, não basta, só por si, para

“desclassificar” o prédio como rústico e classificá-lo como urbano…», havemos forçosamente de concluir que

também o presente recurso está votado ao insucesso.

Com efeito, anulados que foram os actos de fixação de valores patrimoniais subjacentes à liquidação judicialmente impugnada (na parte em que o foi) nos presentes autos, anulada tinha que ser, necessária e consequentemente, a respectiva liquidação (ou seja, a liquidação aqui

impugnada e que tinha como pressuposto aquele valor patrimonial), como se decidiu na sentença recorrida.

E neste contexto e sem necessidade de outras

considerações, conclui-se pela improcedência do recurso interposto pela Fazenda Pública.

6. Decisão

Termos em que, face ao exposto, acordam o juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso e

confirmar a sentença recorrida.

Custas pela recorrente.

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Lisboa, 1 de Outubro de 2014. – Pedro Delgado (relator) - Casimiro Gonçalves – Francisco Rothes.

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