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CONHECIMENTOS E DIFICULDADES DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO RELACIONADOS AO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA

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(10)

Ao ministrar aulas de matemática ao Ensino Médio em instituições

públicas de ensino no Estado de São Paulo desde 1990, pude perceber lacunas

na aprendizagem deste grupo discente de conceitos comuns ao Ensino

Fundamental, destacando#se conceitos relacionados a números racionais e

irracionais. Neste processo de reflexão docente, observa#se nestes estudantes

dificuldade latente em realizar cálculos com números racionais e irracionais,

estimulando e justificando o estudo aqui apresentado.

A representação gráfica de pontos em um plano cartesiano não é tarefa

simples a um grande número de estudantes do Ensino Médio, principalmente

quando a atividade proposta pauta suas informações em linguagem matemática,

a exemplo:

A = { x ∈ Z | #2 < x < #2}. Com a utilização desta linguagem, dificilmente os

alunos iniciam a resolução da atividade sem uma intervenção docente, onde a

linguagem matemática é desvelada, a saber, mostrando que os valores que o

pode assumir são #1, 0 e 1.

Observa#se que atividades onde as coordenadas são dadas por números

inteiros, a possibilidade de leitura e compreensão destas amplia#se de maneira

significativa frente aos estudantes do Ensino Médio, tornando possível a

construção da representação gráfica de um produto cartesiano. Ao que se

exemplifica na comanda: Considerando os conjuntos C ={1, 3, 5} e D = {2, 4},

determine a forma gráfica do produto cartesiano C X D.

Há, no entanto, outra dificuldade a ser abordada frente ao ensino#

aprendizagem de números reais que está além da linguagem matemática, pois

representar graficamente um produto cartesiano aos moldes de: [2, 5] X {1, 2};

parece ser algo distante do entendimento dos estudantes.

No livro didático destinado do primeiro ano do Ensino Médio, da coleção

(11)

Filho e Claudio Xavier da Silva, adotado pela instituição pública onde leciono, na

página 48, está proposta a seguinte atividade:

Exercício que ao ser solicitado a uma classe com nível comum ao

destinado pelo livro didático, revelou que alunos de primeiro ano não tinham

conhecimento da densidade do conjunto dos números reais.

Como resposta ao item (a) foram obtidos gráficos com alguns pontos

alinhados na horizontal entre 2 e 5 no eixo , e na altura do 1, no eixo A

ausência de resoluções que apresentassem a densidade dos números reais,

impossibilitou a obtenção de um gráfico com um segmento de reta adequado, ou

seja, nenhuma representação gráfica assemelhou#se ao correto demonstrado a

seguir:

Diante das incongruências entre o conteúdo matemático específico aos

alunos de Ensino Médio e sua aprendizagem real, interessou#me pesquisar

sobre essas dificuldades latentes aos alunos. Pesquisa esta cabível ao grupo de

pesquisa sobre inovações curriculares no Ensino Médio, coordenado pela

Professora Doutora Célia Maria Carolino Pires e pelo Professor Doutor Armando

Traldi Junior, cujo objetivo é olhar para as inovações e implementações

curriculares na área de Matemática, considerando alguns princípios

(12)

Este grupo de pesquisa faz parte do Programa de Estudos Pós#

Graduados em Educação Matemática, da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, qual seja, “Matemática na Estrutura Curricular e Formação de

Professores”.

O enfoque do projeto de pesquisa deste grupo é construir, para diferentes

expectativas de aprendizagem do Ensino Médio, trajetórias hipotéticas de

aprendizagem (THA), que consistem de objetivos para a aprendizagem dos

estudantes, de tarefas matemáticas que serão usadas para promover a

aprendizagem dos estudantes e do levantamento de hipóteses sobre o processo

de aprendizagem dos estudantes, segundo SIMON (1995).

Desta forma, inserido ao objetivo de pesquisa comum ao grupo de estudo

descrito, à sua pertinência e a avaliação de trabalhos já finalizados, é que se

pretende descrever e analisar neste estudo, a relação dos conhecimentos e

dificuldades de estudantes do Ensino Médio com os números reais. Para tanto,

será por meio de uma avaliação diagnóstica que serão realizadas análises dos

acertos e dos erros resultantes da mesma, apoiado às linhas teóricas e trabalhos

que abordam este tema, contribuindo para o processo de ensino#aprendizagem

(13)

Essa pesquisa que tem como objetivo,

está inserida na linha de pesquisa do Programa de Estudos

Pós#Graduados em Educação Matemática, da Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo, qual seja, “Matemática na Estrutura Curricular e Formação de

Professores”, sobre inovações curriculares no Ensino Médio.

A estrutura desta pesquisa divide#se em três capítulos e as considerações

finais, sendo o primeiro uma abordagem da orientação dos Documentos Oficiais

(PCN) sobre números no ensino fundamental; as dificuldades descritas em

trabalhos afins com referências ao ensino#aprendizagem dos números racionais

e irracionais; avaliação diagnóstica; reiterando o objetivo e as questões desta

pesquisa.

Há no segundo capítulo uma revisão bibliográfica sobre números; a

metodologia de pesquisa e os procedimentos metodológicos utilizados para

realizar a investigação proposta; cenário da pesquisa com a caracterização da

escola e dos alunos colaboradores; o papel da avaliação diagnóstica e sua

elaboração para esta pesquisa.

É no terceiro capitulo que tanto a aplicação do questionário quanto a

análise das respostas apresentadas pelos alunos colaboradores desta pesquisa

são descritas. Sequencialmente estão dispostas as considerações finas com

(14)

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De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para

o Ensino Fundamental (p. 95), é constatado com frequência, que grande parte

dos alunos conclui este ciclo com um conhecimento insuficiente dos números, de

como eles são utilizados e sem ter desenvolvido uma ampla compreensão dos

diferentes significados das operações.

Corroboram para tais considerações as resoluções apresentadas às

questões como: “Quantos ônibus de 33 lugares são necessários, no mínimo,

para transportar 543 passageiros, se nenhum ônibus pode transportar mais que

33 pessoas?”. Onde são obtidas respostas como 16,454545... ou 16, e não 17

que no caso, é a correta. Outra constatação docente ao longo do Ensino

Fundamental, disposta nos PCN de Matemática, é a dificuldade de estudantes

das mais diversas origens economico#sociais em relacionar a situação#problema

com a operação que permite obter a resposta.

Motivos pelos quais, a orientação para o terceiro e quarto ciclos, relativa

ao trabalho com os conteúdos relacionados aos números e as operações, é de

privilegiar atividades que possibilitem ampliar o sentido numérico e a

compreensão do significado das operações, ou seja, atividades que permitam

estabelecer e reconhecer relações entre os diferentes tipos de números e entre

as diferentes operações.

No quarto ciclo, além da consolidação dos números e das operações já

conhecidas pelos alunos, ampliam#se os significados dos números pela

identificação da existência de números não#racionais, através de situações nas

quais os números racionais são insuficientes para resolvê#las, tornando#se

necessária a consideração de outros números: os irracionais.

Recomenda#se que a abordagem dos irracionais não siga uma linha

(15)

se enfatize os cálculos com radicais, como ocorre tradicionalmente, tal qual está

nos PCN (1998, p. 83).

Estudos brasileiros realizados por IGLIORI, S. B. C. e SILVA, B. A. (2001),

PENTEADO (2004), DIAS (2002), SOARES, FERREIRA, e MOREIRA, (1999),

sobre ensino#aprendizagem de números, constatam que não apenas alunos

brasileiros como também de outras nacionalidades, apresentam defasagem de

conhecimento numérico, principalmente na classificação dos racionais e

irracionais, bem como a propriedade da densidade dos reais.

Outros estudos recentes constatam que professores da rede pública

inseridos em cursos de formação continuada, apresentam defasagens

semelhantes às apresentadas por estudantes, a exemplo a representação

decimal dos números racionais e irracionais.

A análise dos estudos mencionados anteriormente, permeia a necessária

clareza de um conceito de número real, sendo fundamental para o ensino de

matemática. Diante desta observação, a aplicação de uma avaliação diagnóstica

possibilitaria verificar a atual situação do ensino e aprendizagem de números.

A concepção de avaliação diagnóstica concerne a este trabalho um

caráter investigativo, onde objetiva#se identificar indicadores observáveis quanto

ao conhecimento de conceitos e aplicabilidades dos números reais. Haja vista

que a avaliação diagnóstica aqui possui um caráter de avaliação inicial, pois está

articulada a um projeto de estudo, dando#lhe subsídio a propostas de

reorientação da aprendizagem de números reais. A pertinência de uma avaliação

inicial ou diagnóstica na análise da qualidade de ensino oferecida e até mesmo

dos elementos humanos inerentes ao processo, a saber, professores, diretores e

coordenadores, compõem a concepção aqui adotada, muito embora não seja o

(16)

ZABALA,

(2006, p.153).

As práticas de avaliação baseadas no estudo de apenas “no momento”,

por exemplo, os controles ou provas seletivas são consequentemente, pouco

confiáveis e deveriam ser substituídas, dentro do possível, por outras, que levem

em consideração o caráter dinâmico do processo de construção de significados

e considerem sua dimensão temporal. Ou seja, evitar a classificação de um bom

ou mau desempenho, e sim ampliar, através de analises das respostas e com a

participação do aluno, através do diálogo entender e juntos descobrir as

dificuldades da aprendizagem, obtendo assim, uma avaliação diagnóstica.

O processo de construção de significados que, em maior ou menor

medida, é realizado por alunos e alunas sobre os conteúdos do ensino, é

inseparável do processo mediante o qual atribuem este ou aquele sentido a

esses conteúdos, ocorrendo simultaneamente.

A aprendizagem significativa não é uma questão de tudo ou nada, mas de

grau. Consequentemente, não cabe desenhar uma atividade de avaliação com o

propósito de discernir se aprendizagem realizada pelos alunos é ou não

significativa; o que procede é detectar o grau de significância da aprendizagem

realizada.

Contudo aprendizagem significativa depende não apenas da amplitude e

complexidade das relações que se estabelecem, mas sim dos significados

construídos e os significados já existentes na estrutura cognitiva.

Há diferentes tipos de avaliação que desempenham funções distintas,

com base em diversos contextos. Portanto, rever permanentemente o processo

de ensino, adaptando e atualizando as técnicas avaliativas tanto do ensino como

da aprendizagem, dentro de uma estrutura dinâmica, é necessário para elaborar

(17)

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Embasado na perspectiva de reorientar o ensino de números reais, visto

sua relevância no estudo da matemática e não apenas na matemática escolar,

intervindo positivamente no ensino#aprendizagem de números, estabeleceu#se o

seguinte objetivo de pesquisa: %

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As questões que norteiam e direcionam os objetivos deste estudo estão

dispostas a seguir. Responder a cada uma de maneira satisfatória à luz de um

embasamento teórico a ser descrito é o foco desta pesquisa:

Quais são os conhecimentos dos estudantes do Ensino Médio em relação

aos números reais?

Quais são as dificuldades dos estudantes do Ensino Médio em relação

(18)

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Este capítulo propõe uma revisão bibliográfica realizada a partir de

dissertações e artigos que abordam dificuldades dos alunos no estudo e

exercício com números reais, a densidade dos racionais e irracionais nos reais.

Compõem este foco de análise também os estudos que pontuam a importância e

a presença dos números reais na maioria dos conteúdos de matemática.

As dissertações desenvolvidas no programa de estudos de Pós#

Graduação da PUC#SP, vinculadas ao grupo de pesquisa sobre: a Matemática

na Estrutura Curricular e Formação de Professores; História, Epistemologia e

Didática da Matemática; estão presentes nesta revisão bibliográfica como fonte

de pesquisa.

O primeiro estudo analisado foi realizado por PENTEADO (2004), cujo

foco objetivava investigar a concepção e a postura didático#metodológica dos

professores do Ensino Médio frente aos diferentes registros de representações

de números quando analisada a propriedade do conjunto dos números racionais

e irracionais, nos reais. Penteado justifica sua pesquisa embasando#se no fato

de estudos nacionais e internacionais evidenciarem que grande parte das

dificuldades dos alunos na aprendizagem de limite e continuidade de função são

decorrentes da falta de compreensão do conjunto dos números reais. Embora,

os Parâmetros Curriculares Nacionais sugiram a introdução do estudo de

números irracionais a partir do 4º ciclo. As questões de pesquisas foram duas:

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(19)

'PENTEADO (2004)

Na expectativa de responder suas questões, Penteado fundamentou#se

na teoria de Registros de Representação Semiótica de DUVAL, RAYMOND

(2003). Duval enfatiza a necessidade de se trabalhar com, no mínimo, dois

registros de representação diferentes e de se realizar a articulação entre eles,

tornando mais propícia à aquisição do conhecimento.

Sendo a Matemática uma ciência exata, fundamentada em

representações para ser compreendida e desenvolvida, as diferentes

representações, propostas por Duval, possibilitam conhecer vários pontos de

vista sobre o mesmo objeto.

Penteado fundamentou#se metodologicamente nos princípios da

Engenharia Didática de ARTIGUE, MICHÈLE(1988), para realizar uma

intervenção por meio da aplicação e análise de uma seqüência de ensino

composta por dez atividades, embasadas na teoria de Duval, já citada.

Esta sequência de ensino aborda a densidade dos reais por dois tipos de

procedimentos distintos: localização do ponto na reta real e sua representação

decimal, fazendo uso de média aritmética e um procedimento inspirado no

processo de diagonal de Cantor. Dessa forma espera#se que estas atividades

proporcionem uma reflexão a respeito da propriedade da densidade da reta, pois

foram sugeridas questões que propiciam noções e particularidades da reta que,

em geral, não são enfatizadas no Ensino Médio.

Os principais resultados apresentados foram: a conclusão que um sujeito

forma e expressa conceito imagem e conceito definição de um conceito

científico; neste referencial, os estudantes resolvem problemas matemáticos por

meio de seu conceito imagem quando muitas vezes, é esperado por professores

que utilizem o conceito definição. A pesquisa procura mostrar conceitos imagem

a serem levados em consideração ao abordar o conceito de número real, em

(20)

Penteado considera que a ausência de conceito definição relacionado

com o nome densidade, para a maioria dos sujeitos, não impediu a revelação do

conceito imagem, parte de imagens aqui reveladas, pareceu advinda de um

conhecimento vago dos irracionais, proporcionado por uma generalização

abusiva dos racionais para os reais, constituindo um conceito imagem de “reta

racional”; procurou#se tornar fatores de conflito potencial em fator de conflito

cognitivo para, ao menos iniciar, uma reformulação dos conceitos imagem e

definição.

A hipótese desta pesquisa, de que concepções encontradas em

estudantes do Ensino Fundamental e Médio # também são as dos professores

deste mesmo segmento de ensino – sendo validada por meio das indicações de

semelhança dos conceitos imagem revelados pelos professores, com as

concepções de estudantes.

Destaca#se ainda, que além dessa comprovação, muitos termos

expressos pelos professores eram idênticos aos que os estudantes

apresentavam nas pesquisas, tomadas como referência.

A análise dos estudos de DIAS (2002) tem por objetivo apreender suas

contribuições com o ensino de números reais. Este estudo é embasado na

fundamental conceituação de número real frente ao ensino da matemática,

sendo assim Dias culmina em resultados que permitem avaliar dificuldades

apresentadas por estudantes. Soma#se a este estudo o levantamento de

concepções sobre esse conceito frente a um grupo de professores de

Matemática do Ensino Fundamental e Médio, com formação em faculdades

distintas.

Foram referências as noções de conceito imagem e conceito definição

desenvolvidas por TALL e VINNER (1981) e investigando a ausência de

diferença significativa entre concepções apresentadas por estudantes do Ensino

Fundamental e Médio, relativo à reta real, e às dos professores, sujeitos dessa

(21)

Para desenvolver essa hipótese, Dias compara conceito imagem e

conceito definição, expressos pelos sujeitos, com concepções de estudantes

sobre número real. As observações realizadas proporcionaram estimar a

existência ou não de coerência entre o conceito imagem e definição revelado

pelos sujeitos e o conceito formal. Tendo como sujeitos dessa pesquisa 45

professores de matemática do Ensino Fundamental e Médio, em exercício e

formação continuada.

Na expectativa de responder sua questão, Dias fundamentou#se nas

noções de conceito imagem e conceito definição, proposições teóricas de

VINNER (1991, pág.69):

Considerando como conceito imagem o construído pelo

indivíduo, a concepção que ele tem de um conceito construído na comunidade,

podendo ser científica ou não.

Dias observa que os termos conceito e definição formal, utilizado neste

estudo, referem#se ao científico. O conceito imagem pode ou não, ser coerente

com o conceito. Ele é constituído na estrutura cognitiva do indivíduo, associado a

um certo conceito. Essa associação contém representações mentais como:

imagens de representações visuais, impressões, experiências e propriedades, as

quais podem ser elaboradas pelo indivíduo por intermédio de processos de

pensamento sobre as representações mentais.

O conceito imagem pode revelar#se por palavras ou símbolos

matemáticos e pode não ser o mesmo para toda situação. Pode, contudo, não

existir se, por exemplo, um conceito for introduzido por meio de uma definição,

neste caso, o indivíduo poderá deixar de formar um conceito imagem desse

conceito (VINNER, 1991).

O conceito definição é também formado na estrutura cognitiva do sujeito,

é a especificação do conceito que o indivíduo expressa em forma de palavras e

pode ser apreendido inserido ou não em um ambiente formal de ensino. O

conceito definição pode ser uma reconstrução pessoal de uma definição formal,

(22)

coincidentes, ou ainda, o conceito definição pode ser uma descrição do conceito

imagem.

A formação do conceito definição pode ocorrer no ato em que o indivíduo

é impelido a explicar um conceito, pois é neste momento que podem ocorrer

conflitos entre as partes do conceito imagem, ou ainda, entre as partes do

conceito imagem e conceito definição, possibilitando assim, a construção de um

novo conceito definição.

O conceito definição, também pode existir e ser inativo, como a

memorização de uma definição. Tanto o conceito imagem como o conceito

definição podem ser formados independentemente, além disso, esses conceitos

podem ou não interagir.

O conceito imagem é considerado inexistente quando $

(VINNER, 1991, p. 70).

As noções de conceito imagem e conceito definição foram desenvolvidas,

não só relativamente à formação de um conceito, mas também como são

expressas pelo indivíduo em resolução de problemas. Nesta pesquisa, Dias

focou a última situação, por meio de questões que possuam o potencial para

expor o conceito imagem do sujeito, aplicando questionário com questões

abertas e fechadas, respondidas por escrito pelos sujeitos#participantes dividida

em duas fases.

A primeira parte constou de situações envolvendo o conceito de

densidade, isto é, por meio delas procurou#se avaliar se os sujeitos possuíam a

concepção de que frente a dois reais distintos quaisquer, há entre eles infinitos

racionais, irracionais e reais.

A segunda parte, com três questões abertas, visa compor as informações

das dificuldades encontradas nas questões iniciais propostas, experiências

possíveis de compor conceito imagem e reflexões sobre a primeira parte. A

terceira parte constitui#se num questionário de identificação com o objetivo de

(23)

Após esta fase exploratória, tem início a fase sistemática. Esta fase

constitui#se da aplicação de um questionário respondido por 19 sujeitos e,

entrevista com quatro desses sujeitos. Os participantes desta fase de pesquisa

não foram os mesmos da fase exploratória, mas apresentaram o mesmo perfil,

constituíam#se de professores do Ensino Fundamental e Médio em formação

continuada, e tem o intuito de refinar os resultados da fase exploratória.

Por meio destes procedimentos revela#se o objetivo de ampliar a

confiabilidade dos dados, possibilitando uma melhor averiguação da hipótese da

pesquisa. Em cada fase foram apresentados os resultados e análises dos

questionários. Os principais resultados apresentados foram, segundo o

referencial teórico dessa pesquisa: um sujeito forma e expressa conceito

imagem e conceito definição de um conceito científico.

Neste referencial, os estudantes resolvem problemas matemáticos por

meio de seus conceitos imagem quando muitas vezes, é esperado por

professores que utilizem à definição formal. A pesquisa procura mostrar

conceitos imagem que necessitam ser levados em consideração, quando se

pretende abordar conceito de número real, sem distinção quanto ao nível de

ensino.

Dentre os poucos sujeitos que manifestaram conceito definição,

encontramos o conceito de densidade permeado pela existência da bijeção entre

o conjunto dos reais e a reta, procurou#se tornar fatores de conflito potencial em

fator de conflito cognitivo para, ao menos, iniciar, uma reformulação dos

conceitos imagem e definição próximo ao formal.

A hipótese desta pesquisa, de que concepções encontradas em

estudantes, do ensino Fundamental e Médio, também são as dos professores

deste mesmo segmento de ensino, foi validada por meio das indicações de

semelhança dos conceitos imagem # revelados pelos sujeitos com as

(24)

Destaca#se ainda, que além dessa comprovação, observamos que os

termos expressos pelos professores eram idênticos aos que os estudantes

apresentavam nas pesquisas tomadas como referência. Deste modo, Dias

entende que é possível sugerir que o conceito imagem do professor reflita em

sua prática docente, repercutindo em seus alunos. Com base nos resultados

acima expostos, a pesquisadora salienta e comprova a importância dos

conceitos imagem e definição de densidade, para o processo de ensino#

aprendizagem dos números reais.

Nesta pesquisa foi elencado o estudo realizado por CATTO (2000), onde

o objetivo era observar como os diversos registros dos números racionais são

dispostos em livros didáticos, como são introduzidos quer em sua representação

fracionária ou decimal, e especificamente uma investigação sobre com o são

trabalhadas conversões ou articulações que ocorrem entre os diferentes

registros.

Catto questionou em que medida os diversos registros do número racional

eram apresentados e como e se eram trabalhados os “tratamentos”

(transformações no interior de um mesmo registro) e as diferentes possibilidades

de conversão (transformações de um registro ao outro). Seu trabalho teve

fundamentação teórica nos registros de representação de Raymond Duval que

trata de aspectos do funcionamento cognitivo relacionado à aquisição dos

conhecimentos matemáticos.

Segundo Duval, o desenvolvimento das representações mentais depende

de uma interiorização das representações semióticas, mas também precisam de

certas funções cognitivas essenciais que podem ser preenchidas unicamente

pelas representações semióticas e não pelas representações mentais.

A metodologia utilizada neste estudo foi baseada em uma pré#análise

comparativa dos conteúdos abordados nos volumes pesquisados. Foi a fase de

organização propriamente dita, tendo por objetivo operacionalizar e sistematizar

os procedimentos metodológicos, o que aconteceu em três momentos: a) a

(25)

hipóteses e c) seleção dos objetivos e as constatações que fundamentaram as

considerações finais e as conclusões.

A escolha dos livros didáticos recaiu em duas coleções que abrangiam

todo o Ensino Fundamental e que também apresentam características distintas

na abordagem dos conteúdos. Uma coleção apresenta estrutura

compartimentalizada e a outra, estrutura em espiral.

No resultado de sua pesquisa, Catto entende que o conteúdo número

racional é abordado ao longo de todo o Ensino Fundamental. Sendo o enfoque

inicial dado a “fração” como representado e seu representante a/b, com a e b

naturais e b ≠ 0, sua denominação em língua natural evolui em sua significação

até atingir status de número para o qual o complemento de a/b da figura não é

mais necessário e, portanto, é possível ser localizado na reta numérica. Assim,

os decimais deixam de ser “números com vírgula” para serem admitidos como

números na forma decimal. Para maior clareza, essa exposição é realizada em

dois momentos distintos, sendo inicialmente uma abordagem para o registro

fracionário e, posteriormente, o registro decimal.

Catto observou que a noção de fração é introduzida por meio de

repartição de figuras, seja de grandezas contínuas ou discretas. As grandezas

contínuas são representadas por figuras geométricas cujas repartições, em

geral, não fazem parte das tarefas do aluno, cabe a ele identificar a fração

correspondente àquela situação já pronta. Nos casos da repartição de

segmentos, a questão da comensurabilidade não é abordada, pois os segmentos

apresentados estão sempre adaptados a uma subunidade dada no enunciado.

Nas atividades de comparação e de equivalência, a pesquisadora

observou que a coleção que apresenta estrutura compartimentalizada trabalha

com articulações entre os registros fracionários e o figural tomando inicialmente

como parâmetro a unidade “o todo” como abordagem na 3ª série. Estas

comparações envolvem o emprego dos símbolos <, > ou =. Posteriormente, as

(26)

Na coleção que apresenta estrutura em espiral, as comparações e

equivalência no registro fracionário da 3ª a 5ª série são feitas tomando como

parâmetro o registro figural. Com o enfoque de “revendo frações” na 7ª série, o

registro fracionário é articulado ao registro decimal.

Ao longo das coleções são observadas poucas atividades de ordenação

de número no registro fracionário na reta numérica. Algumas representações

figurais utilizadas pelos autores podem constituir dificuldades para a

conceituação do número racional.

O emprego do registro na língua natural também apresenta enfoques

diferenciados pelas coleções. A denominação de “número com vírgula” adotada

para o número racional no registro decimal, parece ser um artifício usado pelos

autores nos livros didáticos, de modo a aproveitarem os conhecimentos trazidos

da vida cotidiana pelos alunos.

O registro decimal é introduzido com base na representação figural numa

articulação com a noção de fração decimal e a língua natural, com ênfase nos

décimos.

As coleções articulam de maneiras distintas a noção de medidas. Os

autores apresentam em alguns momentos atividades que propiciam tanto a

conversão de registros como a conceitualização de números, de ordenação e de

localização de número na reta.

Na abordagem do Sistema Decimal, verificou#se que a compreensão da

base 10 é essencial ao domínio do conceito de equivalência entre as diferentes

unidades, tais como o entendimento da relação entre a unidade e o décimo, o

décimo e o centésimo, o centésimo e o milésimo, etc.

Outro aspecto importante que vem ao encontro da fundamentação teórica,

está relacionado aos momentos em que as conversões são realizadas. Assim, é

(27)

matemático e, sobretudo, saber realizar as conversões entre elas e o sentido em

que estas ocorrem.

É comum serem propiciadas atividades de conversão num único sentido,

por exemplo, a articulação dos registros figural para o decimal, e não no sentido

contrário, assim como do registro decimal para a língua natural e vice#versa. A

articulação entre os registros fracionário e o decimal é essencial para a formação

do conceito de número racional.

O trabalho de NAKAMURA (2008), parte desta análise, tem por objetivo

investigar as dificuldades históricas para o desenvolvimento do conteúdo

matemático referente aos números irracionais e abordagens presentes em livros

didáticos. A hipótese de Nakamura sobre o processo de ensino implementado

para os números irracionais, é que os obstáculos podem ser encontrados na

própria evolução histórica, principalmente na passagem do conjunto dos

números Racionais para os Reais.

Na busca de resposta para a sua questão, Nakamura utilizou a noção de

Organização Praxeológica proposta por CHEVALLARD (2001) presente em sua

Teoria Antropológica do Didático, para analisar atividades desenvolvidas com

números irracionais.

Na análise histórico#epistemológica dos números irracionais, o

pesquisador constatou que a sua evolução trilhou um longo caminho, desde

Pitágoras (586 a.C. # 212 a.C.) até Dedekind (1831 – 1916) e com muita

dificuldade, sendo que a verificação da irracionalidade de um dado número só é

possível, naturalmente, no âmbito da própria matemática. Nenhuma verificação

empírica, nenhuma medição de grandezas, por mais precisa que seja, provará

que uma medida tem valor irracional.

Para realizar a análise dos livros didáticos, Nakamura observou as

orientações dos documentos oficiais das reformas curriculares. Os livros

analisados foram os mais indicados pelos professores da região do Vale do

(28)

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.21), os

documentos oficiais mais recentes não são conhecidos pelos professores, que

por vezes não sabem de sua importância ou se quer o motivo de sua

elaboração. Observa#se que as idéias ricas e inovadoras, veiculadas nos

documentos oficiais não chegam aos professores ou são incorporadas

superficialmente com diversas falhas de interpretação, não provocando as

mudanças objetivadas.

Na análise dos livros didáticos, o pesquisador teve uma agradável

surpresa, já que a prova da irracionalidade de ocorre em todas as coleções

com abordagem moderna assim e também pela equação polinomial, dando

sentido ao conhecimento matemático e ao saber escolar, conforme

recomendado nos documentos oficiais.

Quatro das seis coleções analisadas utilizam a situação da construção da

técnica para provar a irracionalidade de outros números e todas as coleções

apresentam outras caracterizações de números irracionais.

Na conclusão dos seus estudos, Nakamura verifica que a descoberta dos

incomensuráveis, na antiguidade, representou um momento de crise no

desenvolvimento da Matemática. Depois de mais de dois milênios, Dedekind

construiu uma teoria rigorosa dos números reais e vários estudiosos em

matemática colaboraram nesta conquista, desde as Antigas Civilizações, o

Renascimento da Ciência, a Idade Moderna e o século dezenove.

Nakamura observa que nos documentos curriculares oficiais, os números

irracionais são tratados em uma organização linear, por meio de acumulação nos

conjuntos numéricos, ou seja, primeiro os naturais, depois os inteiros, depois os

racionais e por último os irracionais. O tipo de abordagem dada ao seu ensino

continua sendo o axiomático euclidiano, enquanto outros tipos de abordagens

poderiam ser mais aproveitados pelos alunos e professores na sala de aula.

A maioria desses documentos propõe acompanhar a evolução dos

números irracionais através do fio condutor que a história propicia, trocando uma

(29)

O pesquisador concluiu em seu trabalho que, nas coleções mais recentes,

nas atividades com números irracionais, os autores estão construindo conexões

entre os temas, evitando a idéia de conhecimento pronto e propõem a evolução

dos números irracionais através do fio condutor que a história propicia dentro da

sala de aula. O estudo do tema irracional é retomado várias vezes ao longo dos

volumes, buscando acompanhar a evolução do aluno e das experiências

matemáticas desenvolvidas.

Nakamura observou em seu estudo que os números naturais, inteiros e

racionais são bastante trabalhados nos livros didáticos, mas os irracionais são

tratados de forma mais superficial.

A fim de completar a presente revisão bibliográfica, há que se destacar o

artigo intitulado: Concepções de professores do Ensino Médio do Brasil a

respeito da densidade do conjunto dos números reais, assinado por Silva e

Penteado. Neste artigo afirma#se que a noção de número real está presente na

maioria dos conteúdos de Matemática, a exemplo tem#se o estudo de limite,

continuidade, derivada e integral de funções reais de variável real.

Pesquisas brasileiras e de outros países evidenciam que dificuldades dos

alunos na aprendizagem de limites e continuidade de funções vêm da confusão

na classificação de números racionais e irracionais, bem como do

desconhecimento da propriedade da densidade do conjunto dos números reais,

isto é, a existência de infinitos números racionais e infinitos irracionais entre dois

números reais distintos.

Algumas pesquisas também validam a confusão existente quanto às

mesmas noções, entre os professores. Por exemplo, os resultados das

pesquisas de ROBINET, J. (1993); FISCHBEIN, E., JEHIAM, R. e COHEN, D.

(1995); e TIROSH, D. (1995) apontam certas dificuldades dos alunos em alguns

conteúdos devido à falta de conhecimento a respeito dos números reais e suas

propriedades como, por exemplo, a noção da distinção entre números racionais

(30)

Duas pesquisas brasileiras foram inspiradas nestas, a primeira de

IGLIORI, S. B. C. e SILVA, B. A. (2001) realizada com alunos iniciantes do curso

de Ciências da Computação e com finalistas do curso de licenciatura em

Matemática.

Este estudo concluiu que para os alunos investigados, a reta real não

considera a propriedade da densidade. Evidenciou#se a confusão para classificar

como sendo racional ou irracional, um número real dado na sua representação

decimal. Constatou#se ainda que os alunos insistem em estender a noção de

sucessor de um número inteiro para os números reais.

Ainda revelou que alguns alunos não percebem a existência de infinitos

números reais entre dois dados. Certos alunos definiram número irracional como

sendo aquele que contém infinitos dígitos após a vírgula. Definiram número

racional como sendo exato ou inteiro. Número irracional foi considerado

sinônimo de número negativo em algumas respostas. A grande maioria dos

entrevistados não identificou a igualdade entre as representações 1,999... e 2.

Uma segunda pesquisa brasileira realizada por SOARES, E. F. E. ,

FERREIRA, M. C. C. e MOREIRA, P. C. (1999) com 84 alunos dos cursos de

Matemática de duas Universidades Brasileiras identificou que o significado da

incomensurabilidade de dois segmentos, o sentido e a necessidade dos

irracionais não são dispostos na maioria das respostas. Esse parece ser o ponto

central das dificuldades na compreensão de uma série de conceitos ligados à

estrutura dos reais.

Esta pesquisa identificou as seguintes concepções dos alunos: um

número irracional é aquele que não é exato ou que possui infinitas casas

decimais, isto é, associam os irracionais com o que não é familiar ou bem

compreendido, ou ainda, associam número irracional à imprecisão e não a

exatidão.

As pesquisas aqui apresentadas corroboram para a pertinência do

(31)

quanto à escolha do tema: a densidade do conjunto dos números reais. Propõe#

se então, realizar uma intervenção por meio de uma seqüência de ensino junto a

Professores do Ensino Médio. A escolha do público#alvo se deu pelo fato de o

professor ser o agente do processo ensino#aprendizagem, tendo influência sobre

um grande número de alunos.

Para tanto foi realizada uma intervenção por meio da elaboração e

aplicação de uma seqüência de ensino e a análise dos resultados, composta de

dez atividades, embasada na Teoria dos Registros de Representação Semiótica

do psicólogo francês Raymond Duval, utilizando os registros da língua natural,

decimal, fracionário e gráfico e a coordenação entre eles.

A coordenação entre ao menos dois registros de representação, segundo

Duval, pode possibilitar a apreensão do objeto matemático, a conceitualização,

pois ela estabelece as relações entre os registros evidenciando vários pontos de

vista diferentes de um mesmo objeto matemático.

A sequência didática foi elaborada à luz dos princípios da Engenharia

Didática, que é baseada nas análises de estudo de caso cuja validação é

essencialmente interna decorrente da comparação entre a análise e

análise das tarefas.

As questões foram elaboradas para que os participantes, depois de

procedimentos operacionais, obtivessem: a) números racionais entre dois

racionais distintos; b) números irracionais entre dois irracionais distintos; c)

números racionais entre dois irracionais distintos; d) números irracionais entre

dois racionais distintos; e) números racionais entre um racional e outro irracional

e f) números irracionais entre um racional e outro irracional.

Dentre as atividades, procurou#se enfocar dois procedimentos: o primeiro

deles objetivava a obtenção de números racionais entre dois racionais distintos

por meio da média aritmética e o segundo, a obtenção de números irracionais

entre dois irracionais distintos, sugerindo a troca de ao menos um algarismo na

(32)

Durante todo o experimento, em muitas situações, foi possível constatar

que os participantes associam a irracionalidade do número com a infinitude de

sua representação, ocasiões proveitosas para discutir a questão da

representação decimal infinita dos números reais. Para alguns dos participantes

esta associação manifestou#se até o final do experimento, evidenciado em

comentários como: o racional é finito e o irracional é infinito..

O registro de representação decimal infinito leva alguns professores a

uma contradição. Alguns relacionaram este registro, quando periódico, como

sendo de um número racional e associaram o registro infinito a um número

irracional. Foi destacado também que um dos grupos questionou a existência da

biunivocidade entre o conjunto dos pontos da reta e o conjunto dos números

reais, argumentando que se um número tem representação decimal infinita, o

ponto a ele correspondente “pode variar” de acordo com o número de casas

decimais representadas.

Aqui está evidenciada a identificação do número com sua representação,

pois dependendo do número de casas decimais escritas, cada representação de

um mesmo número parece significar, para este grupo, números diferentes.

Observou#se que a maioria dos participantes ao responder questões,

recorria às suas respostas anteriores, podendo indicar com isto que,

possivelmente houve uma tentativa de reprodução do procedimento sugerido em

atividades anteriores.

Num panorama geral, foi observada receptividade dos participantes.

Sendo o desenvolvimento das atividades com entusiasmo e seriedade, havendo

um grande empenho na resolução e discussão das questões e como se

pretendia, inquietações e motivações para os estudos, observados em

comentários como:

“Vou estudar isso e depois a gente conversa”, referindo#se à igualdade:

(33)

“Percebi como tenho defasagem, a gente só estuda o que dá aula”,

mostrando que a intervenção proposta causou, como se pretendia,

inquietações e motivações para o estudo.

Uma possível continuação deste trabalho seria a elaboração de

atividades, juntamente com os professores do Ensino Médio, viabilizando a sua

aplicação aos seus alunos. Numa seguinte etapa, poder#se#ia investigar a

possibilidade do estudo da continuidade do conjunto dos números reais com

professores e com alunos do Ensino Médio.

Pode#se perceber que tanto o estudo de Penteado como o estudo de Dias

mostraram, através de questionários com questões abertas e fechadas, que a

lacuna docente está na falta de clareza do conceito de densidade do conjunto

dos números reais e sugerem a reflexão de que essa ausência conceitual

necessita estar inserida em sua prática docente e repercutir em seus alunos,

acordando com as reflexões no artigo assinado por Benedito Antonio da Silva e

Cristina Berndt Penteado. Destacam também que termos expressos pelos

professores são idênticos aos que os alunos apresentam em pesquisas sobre

esta temática.

O artigo que compõe esta análise, de Silva e Penteado, pontua os

conteúdos matemáticos, nos quais a noção de número real é fundamental e

destaca dificuldades docentes frente à representação decimal de número real.

Em seu estudo, Catto entendeu que os autores dos livros analisados

usam artifícios como “números com vírgula” para aproveitar o conhecimento

trazido da vida cotidiana pelos alunos e conduzem a evolução de sua

significação até atingir status de número na forma decimal. Observa também,

com base em sua fundamentação teórica que, a articulação entre os registros

fracionários e o decimal é essencial para a formação do conceito de número

racional.

Nakamura, em sua pesquisa sobre as dificuldades no desenvolvimento do

conteúdo matemático de números irracionais, observa que os livros por ele

(34)

dedekindiana para a construção do significado do número irracional como

orientam os documentos oficiais, mas destaca que são tratados de forma mais

superficial, se comparado ao trabalho dedicado aos naturais, inteiros e racionais.

/ - +

Avaliar de maneira diagnóstica significa dizer que serão levantados pontos

positivos e negativos dos estudantes na área na qual serão desenvolvidas

propostas de ensino#aprendizagem. Desta forma, diagnosticar possibilita

identificar se os conhecimentos prévios do grupo a ser ensinado são suficientes

para desenvolver os conteúdos propostos, ou se uma revisão, tanto do conteúdo

quanto da metodologia, são necessários.

Esta concepção de avaliação é de elevada importância como instrumento

auxiliar de aprendizagem, tendo como foco o crescimento intelectual do

educando de maneira que este seja direcionado a uma auto#compreensão e

participação mediante seu desempenho. É sob este mesmo enfoque de reflexão

que a avaliação inicial pode ser um instrumento válido não somente aos alunos,

mas aos professores e ao próprio sistema de ensino ao qual se inserem;

possibilitando a descoberta de desvios e a busca de avanços.

Em outras palavras é possível afirmar que uma avaliação diagnóstica

pautada nos preceitos descritos permite que o aluno perceba seu nível de

aprendizagem, adquirindo consciência de seus limites e suas necessidades de

avanço. Os docentes por sua vez além de comprometerem#se com o

acompanhamento do processo de aprendizagem de seus alunos, ainda podem

verificar a eficiência e eficácia de suas aulas e desfazer eventuais incoerências

ou desvios.

Para LUCKESI (2005) a avaliação diagnóstica é de imprescindível valor

didático, permitindo a correção dos rumos de qualquer sistema de ensino

(35)

principais do processo: alunos e professores. Destaca#se que este processo de

compreensão não será completo sem diálogos entre educadores e alunos, pois a

relação de identificação de desvios, conscientização dos mesmos e possível

avanço, só ocorrem por meio da participação dos envolvidos, havendo respeito e

reflexão acerca das considerações diagnosticadas.

Por avaliação diagnóstica é possível compreender e investigar as razões

e identificar as falhas nas mais distintas práticas educativas, podendo ser

realizada a qualquer tempo do processo de ensino. Realizá#la é subsidiar o

alcance dos resultados almejados, por meio de uma atribuição qualitativa quanto

ao desempenho apresentado nas avaliações e através deste arquitetar medidas

de intervenção e redirecionamento de ações envolvidas ao processo de

aquisição de conhecimento.

Neste estudo optou#se por uma análise da fase inicial do processo

avaliativo, ou seja, a avaliação diagnóstica ou avaliação inicial. A concepção de

avaliação está atrelada a aferição do aproveitamento escolar de discentes do

Ensino Médio frente aos números reais, objetivando subsidiar um

redirecionamento frente ao processo de ensino#aprendizagem deste conteúdo

matemático.

Luckesi salienta que a avaliação compõe um processo dinâmico e não

pode ter como objetivo final apenas a verificação e a sanção positiva ou

negativa, a saber, a aprovação ou reprovação. O dinamismo de uma avaliação

inicial consiste em estabelecer uma atribuição de qualidade aos resultados da

aprendizagem discente, sendo neste caso uma atribuição de qualidade aos

conhecimentos adquiridos ao longo do Ensino Fundamental frente a um

conteúdo delimitado, tendo por base seus aspectos essenciais – direcionando as

afirmações e considerações frente ao real aprendizado e consequente

desenvolvimento do processo de ensino.

Na elaboração de uma avaliação diagnóstica é necessário que seja

(36)

dispostas numa avaliação inicial objetivam traçar um perfil dos educandos em

relação ao aprendizado de números reais, tendo como padrão, conteúdos

admitidos como básicos por especialistas de área e demais docentes habilitados

no ensino matemático.

Atrelada à análise realizada a partir do desempenho dos estudantes está a

necessidade de reconduzir o ensino de números reais, pois a qualidade

insatisfatória do nível de aprendizagem reflete uma necessária reorientação do

ensino, um redirecionamento aos estudantes e ao grupo docente.

O foco avaliativo neste estudo não é fixar médias frente ao aproveitamento

dos estudantes, mas pontuar as lacunas existentes na aquisição de conteúdos

pertinentes à formação básica de um estudante de matemática no ensino de

números reais. Consequência de um ensino pautado no desenvolvimento de

habilidades e convicções seria um desempenho pleno numa avaliação inicial,

porém o revés deste desenvolvimento é o reflexo da necessidade eminente de

uma revisão pedagógica da abordagem do conteúdo aferido e a alteração de

encaminhamentos disponíveis ao avanço da qualidade de ensino.

Avaliação diagnóstica caracteriza#se aqui, como o mecanismo que

subsidia a detecção dos níveis de aprendizagem discentes, pois diante de

questões que exigem o padrão mínimo de apreensão do conteúdo em análise,

garante#se a equalização entre os estudantes – tornando os resultados deste

instrumento de pesquisa mais fieis à realidade dos estudantes do Ensino Público

(37)

-

$

+-Sendo de natureza qualitativa, esta pesquisa objetiva compreender quais

são os conhecimentos e dificuldades dos estudantes frente a um determinado

conteúdo, porém é imprescindível destacar alguns elementos quantitativos ao

apresentar quantidades de acertos por questão, dos estudantes envolvidos na

pesquisa.

Segundo BOGDAN e BIKLEN (1994) a metodologia de pesquisa do tipo

qualitativa apresenta cinco características:

(1) $

Os dados são obtidos na

escola por meio de questionário, instrumento chave de análise.

(2) $ . Os dados serão analisados

com riqueza de detalhes.

(3) $

Vamos procurar investigar as razões pelas quis

determinadas coisas acontecem.

(4) *

Não procuraremos buscar evidências para comprovar

hipóteses previamente construídas.

(5) $ +

significado que as pessoas dão às coisas e a sua

vida são focos de atenção especial pelo pesquisador.

Esses mesmos autores destacam que não é necessário que todas as

características estejam presentes no estudo qualitativo.

Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados na metodologia

qualitativa são: a observação, a entrevista, o questionário e a pesquisa

(38)

considera as características de uma avaliação diagnóstica sendo composto por

doze questões de múltipla escolha e três questões dissertativas, abertas.

Um questionário com perguntas abertas e fechadas dá ao sujeito

pesquisado maior liberdade nas respostas e ao pesquisador parâmetros iniciais

de análise. Desta forma, podem ser obtidos mais dados sobre o assunto

pesquisado sem prejuízo à tabulação. Acrescendo que a utilização de

questionário é particularmente útil quando se propõe entender o que as pessoas

sabem, o que gostam ou não gostam e o que pensam (TUCKMAN, 1994).

!

- +

A elaboração da avaliação inicial deste estudo está descrita abaixo, sendo

possível verificar o objetivo de cada um das questões. A disposição da mesma

está dividida em três distintas partes:

0

Composta de 12 questões objetivas com quatro alternativas, onde apenas

uma está correta (anexo I).

Questão 1:

Objetivo do diagnóstico é avaliar quais são os conhecimentos do aluno:

Em relação à representação em forma de fração ordinária de uma dízima

(39)

Em relação a representação na forma decimal de uma dízima periódica;

Em relação ao fato de que frações cujo denominador é uma potência de

base dez, não geram uma dízima periódica;

Em relação ao conceito imagem de uma dízima periódica;

Em relação à conversão de uma fração ordinária em um número decimal.

Questão 2 :

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a reconhecer diferentes representações de números racionais

e irracionais;

Em relação ao conceito imagem do número irracionalπ;

Em relação ao conceito imagem da irracionalidade de .

(40)

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a pertinência de um número a um determinado conjunto;

Em relação a diferentes representações para números inteiros e naturais;

Em relação ao conceito imagem de número racional e irracional.

Questão 4:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação às relações entre conjuntos numéricos;

Em relação ao conceito imagem do conjunto dos números naturais;

Em relação ao conceito imagem do conjunto dos números racionais

positivos;

Em relação ao conceito imagem do conjunto dos números reais positivos;

Em relação ao conceito imagem do conjunto dos números inteiros

positivos;

(41)

Questão 5:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação ao conceito imagem de par ordenado;

Em relação a localização de pontos no plano cartesiano;

Em relação a localizar número irracional dentro de um intervalo real.

(42)

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação ao conceito definição e conceito imagem de função;

Em relação a localizar na reta real, a partir da representação de um

gráfico de uma função, um intervalo para a imagem de um número do

domínio;

Em relação a fazer leitura e interpretação de um gráfico de função.

Questão 7:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a reconhecer diferentes representações de um mesmo

número;

Em relação a fazer conversão (transformações de um registro ao outro);

Em relação a representação de uma dízima periódica como uma soma

infinita de frações;

(43)

Questão 8:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a identificação do número irracional na forma

Em relação as propriedades dos radicais que lhe permita fazer

conversões;

Em relação ao conceito imagem da irracionalidade de .

(44)

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação ao conceito definição e conceito imagem de função;

Em relação a localizar número irracional em um intervalo numérico;

Em relação a fazer leitura e interpretação de gráfico de função

quadrática,

Questão 10:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação ao conceito imagem da diagonal do cubo;

Em relação a realização de cálculo exato com número irracional através

do teorema de Pitágoras;

(45)

Questão 11:

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a localização de número na reta por meio de uma soma de

segmentos;

Em relação ao conceito de comensurabilidade de um segmento;

Em relação a correspondência do número racional com medida;

Em relação ao conceito de número racional.

(46)

Objetivo do diagnóstico da questão é avaliar quais são os conhecimentos do

aluno:

Em relação a comparar números reais em diferentes representações;

Em relação ao valor aproximado doπ;

Composta de 3 questões abertas.

Objetivo do diagnóstico das questões 13, 14 e 15 da parte II, por serem

questões abertas do tipo “O que são...?” é que o aluno revele o seu conceito

definição sobre os números racionais, irracionais e reais. O referencial teórico, a

saber DIAS (2002), diz que o conceito definição pode ocorrer no ato em que o

indivíduo é questionado para explicar um determinado conceito.

O esperado como conceito definição correto é:

Resposta à questão 13: Racionais – números que se pode escrever na

forma onde a e b são inteiros e b≠0.

Resposta à questão 14: Irracionais – números que não se pode expressar

como quociente de dois inteiros.

Resposta à questão 15: Reais – designação dada a união dos conjuntos

dos números racionais com o conjunto dos números irracionais, ou seja,

(47)

A pesquisa de IGLIORI, S. B. C. e SILVA, B. A. (2001), realizada com

alunos iniciantes do curso de Ciências da Computação e com finalistas do curso

de licenciatura em Matemática evidenciou a confusão, por parte dos alunos

investigados classificar números como sendo racionais ou irracionais.

0

Composta por um questionário que possibilita traçar um perfil dos

alunos participantes (anexo II).

"

$

A aplicação do questionário foi realizada numa Instituição de Ensino Estadual

que divide seu período letivo em três, a saber, com Ensino Fundamental e

Ensino Médio no período da manhã (8ª, 1º, 2º e 3º), Ensino Fundamental no

período da tarde (5ª, 6ª e 7ª) e Ensino Médio no período da noite (1º, 2º e 3º).

Esta escola está localizada na cidade de Itanhaém na baixada santista e tem

atualmente 781 alunos matriculados, sendo 454 no Ensino Fundamental e 327

no Ensino Médio.

Ao todo, 54 alunos participaram desta pesquisa, sendo 18 alunos do primeiro

ano, 18 alunos do segundo ano e 18 alunos do terceiro ano. Em todas as séries

contamos com a participação de estudantes do período da manhã e da noite

numa distribuição equilibrada.

Dos 18 alunos de primeiro ano, 14 são do sexo feminino e 4 do sexo

masculino, com idades variando entre 14 e 16 anos, sendo predominante

estudantes de 15 anos. Entre os participantes de primeiro ano, 83,3%

descrevem#se como alunos que gostam de matemática, porém 66,7% afirmam

que não resolvem problemas de matemática com facilidade. Mais de 90% destes

(48)

Dos 18 alunos de segundo ano, 7 são do sexo feminino e 11 do sexo

masculino, com idades variando entre 15 e 20 anos, com predominância das

idades de 15 ou 16 anos. Entre os participantes de segundo ano, 72,2% dizem

gostar de matemática, porém 61,1% afirmam que não resolvem problemas de

matemática com facilidade. Neste grupo, 84,3% dos participantes, sempre

estudou em escola pública e 94,5% do grupo fez o ensino regular.

Dos 18 alunos de terceiro ano, 13 são do sexo feminino e 5 do sexo

masculino, com idades variando entre 16 e 18 anos, sendo a maioria com

17anos. Neste grupo, 77,8% relatam gostar de matemática e 72,2% afirmam que

resolvem problemas de matemática com facilidade. Mais de 94% destes

(49)

Capítulo 3

$

"

A aplicação do questionário ocorreu de forma equilibrada, dividindo#se em

dois períodos: matutino e noturno, contando com a colaboração de dezoito

alunos de primeiro ano, dezoito alunos de segundo ano e dezoito alunos de

terceiro ano.

Os cinquenta e quatro alunos aceitaram o convite para participar de uma

avaliação diagnóstica sobre números que deveriam ou foram abordados no

Ensino Fundamental, com o compromisso de estar fazendo parte de um estudo

de pesquisa para mestrado.

Os alunos colaboradores foram reunidos em salas de aula, alguns no dia

14 de junho, no período da noite, e no dia 15 de junho, no período da manhã,

para responder ao questionário composto de doze questões de múltipla escolha

e três questões abertas, com tempo cronometrado de 100 minutos.

Durante a aplicação do questionário, como aplicador estive presente na

sala de aula a fim de observar o processo de realização da avaliação diagnóstica

em questão. Quanto às respostas foi solicitado aos alunos que deixassem seus

cálculos e comentários na folha para justificar as mesmas.

Ao ter início a correção dos questionários, logo observou#se que a grande

maioria dos alunos colaboradores não apresentou uma justificativa matemática

para as suas respostas. Porém, colocaram diversos comentários. Alguns desses

comentários justificam satisfatoriamente a resposta certa, como por exemplo: “o

resultado da divisão desse número deu exato” justificando que 48/24 não é

irracional.

Contudo, a maioria dos comentários não serve de justificativa como é

(50)

me lembro de algumas contas”, “não sei, chutei!”, “achômetro”, “foi um raciocínio

que para mim era correto”, “são ambos irracionais porque são resultados de

números que não tem fim” justificando que π e são números irracionais,

“nenhuma explicação específica para esta questão” e “através do calculo

mental”.

"

(51)

Os percentuais de acerto da questão 1 mostrados pelo gráfico, apontam

defasagem no conhecimento dos alunos do Ensino Médio, principalmente os de

primeiro ano, em relação às diferentes representações de números racionais.

Observou#se por meio de tabulação das respostas, que metade dos

alunos de cada uma das turmas (1º ano, 2º ano e 3º ano) marcaram a alternativa

(c), o que pode significar que um grande número de estudantes do Ensino Médio

apresentam dificuldade no reconhecimento da representação decimal de uma

dízima periódica.

Possibilitando conjecturar que, ao longo do quarto ciclo do Ensino

Fundamental é dado pouca ênfase às diferentes representações dos números

racionais. A articulação entre os registros fracionário e decimal é essencial para

a formação do conceito de número racional. CATTO, (2000).

(52)

Os percentuais de acerto mostrados pelo gráfico nesta questão revelam

que a maioria dos alunos do Ensino Médio, principalmente os de segundo ano,

apresentam conhecimento satisfatório em relação a diferentes representações

de números irracionais.

Provavelmente esse percentual satisfatório de acertos deva#se ao fato de

o conceito imagem do número irracional π , ser comumente evocado pela sua

grande importância no estudo de matemática, assim como o conceito imagem da

irracionalidade de , quando se trata de raiz quadrada e o radicando não é um

número quadrado perfeito.

Com a tabulação, observamos que quase 40% dos alunos do segundo

ano erraram, marcando a alternativa (c). Esse percentual significativo de erros

pode ter ocorrido pelo fato do númeroπ, ser apresentado como resultado de uma

razão. O número π, apresentado desta maneira, diminui a probabilidade de um

(53)

Questão 3

Os percentuais de acerto apresentados neste gráfico para a questão 3,

mostram que a maioria dos alunos do Ensino Médio, principalmente os de

primeiro e terceiro ano, apresentam dificuldade para determinar uma relação de

pertinência entre um número e um conjunto numérico.

Observamos pela tabulação dos dados que metade dos alunos

colaboradores de primeiro ano, marcaram a alternatica (c). É provável que esse

tipo de erro ocorra por falta de uma ênfase maior às diferentes representações

de números naturais, inteiros e racionais nas aulas de matemática no Ensino

(54)

A Teórica dos Registros de Representações Semiótica de Duval, que foi

utilizada no estudo de CATTO, (2000) e PENTEADO, (2004) destaca que o

tratamento (transformação no interior de um mesmo registro) de um mesmo

objeto matemático pode ter duas representações diferentes e pode auxiliar no

procedimento de justificação ou prova; e a realização de conversões

(transformação de um registro em outro) pode possibilitar a compreensão de

vários aspectos de um mesmo objeto, pois cada representação explicita apenas

alguns aspectos componentes do objeto.

Como apenas dois alunos de cada turma, marcou a alternativa (b)

acreditamos que isso seja indício de que, em geral, os alunos do Ensino Médio

têm na forma fracionária, o conceito imagem de número racional.

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