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JOSÉ OSWALDO FERNANDES CALDAS MORONE

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Academic year: 2018

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MESTRADO EM DIREITO

(2)

JOSÉ OSW ALDO FERN AN DES CALDAS MORON E

I - TÍ TULO

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O PPOODDEERR RREEGGUULLAAMMEENNTTAARR CCOOMMOO GGAARRAANNTTIIAA AAOO IINNVVEESSTTIIDDOORR EE A

A RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE CCIIVVIILL DDOO AADDMMIINNIISSTTRRAADDOORR DDEEFFUUNNDDOOSS

Banca examinadora da PUC/SP, sob a orientação do

PROF. DR. FERN AN DO A. ALBI N O DE OLI VEI RA

(3)

I I - BAN CA EXAM I N ADORA

_______________________________

_______________________________

_______________________________

(4)

I I I - Dedicat ória

Para

Em ília,

um pequeno t ribut o por um a lut a t ão int ensa, quant o m aravilhosa; por acredit ar sem pre, sem recuar j am ais; por ser, dent ro de sua grandeza hum ilde, ‘apenas’ m inha Mãe !

Para as minhas Filhas,

Renat a, Adriana e Mariana,

e meus Netos,

Lucas e Pedro,

(5)

Para a minha mulher,

Gisela,

(6)

I V - Agradecim ent os

Ao meu Orientador

Prof. Dr. Fernando Albino,

(7)

Aos meus mentores,

Reynaldo Marques Ruggiro e José Luiz Rosenberis Cunha;

e aos meus amigos da área de Fundos de Investimento da Caixa Econômica Federal,

Sandra Jesion, W ilson Risolia, Marcelo Bonini e Luiz Oct ávio Chaves,

exemplos ímpares de profissionalismo e dedicação,

pelo apoio e incentivo constantes desde o início desta empreitada e pelas sábias e experientes ‘aulas prát icas’

(8)

V - RESUMO

“ A I ndúst ria de Fundos de I nvest im ent o”, de forma concisa e objetiva, analisa os fundos de investimento regulados pela Comissão de Valores Mobiliários, identificando os principais aspectos de gestão, administração e governança corporativa deste segmento tão importante do Sistema Financeiro Nacional, concomitantemente à indispensável proteção do pequeno investidor e da responsabilidade do administrador.

Os fundos de investimento, na sua aparente simplicidade, são dos fenômenos mais complexos do mercado de valores mobiliários, pelo fato de participarem de todos eles, muitas vezes de forma híbrida, na medida em que reúnem diversos ativos de risco e de diferentes remunerações, visando a diluir o risco e obtendo um grau de mais valias, buscando sempre efeitos de escala para melhor remunerar a aplicação de seus cotistas, mediante o acesso a determinados mercados e produtos, o que não seria possível ao investidor comum que não possui a expertise e profissionalização indispensáveis. Assim, os gestores desses fundos possibilitam ao investidor comum o acesso, na proporção de sua participação, a condições e mercados a que nunca poderia aceder.

A presente análise não tem como mote a questão meramente econômica, mas dogmática. Com efeito, o regime de proteção aos investidores, a composição das carteiras dos fundos, a divisão dos riscos, dentre outros aspectos relevantes, já estão conformados sob uma estrutura prévia, devidamente normatizada pelo órgão regulador. E o sucesso dos fundos de investimento deve-se à confluência de vários fatores; além dos já acima mencionados, têm a finalidade de incentivar a poupança pelo contínuo apelo a novos investidores e pela diversificação da formas de investimento.

Examina, nesse passo, a vulnerabilidade técnica e fática do investidor comum, o qual assume todos os riscos e eventuais prejuízos causados, decorrentes das oscilações do mercado, as normas de proteção ao investidor, bem assim a responsabilidade dos administradores e gestores dos fundos. Aborda, os tipos e classificações dos fundos de investimento no Brasil, ressaltando os principais aspectos relativos à constituição e registro dos fundos, a segregação dos ativos, seus prospectos e regulamentos, composição da carteira e política de investimento, valoração das cotas, liquidez, assembléias de cotistas, tributação dos rendimentos, controles e relatórios.

Finalmente, identifica a responsabilidade solidária do administrador e do gestor dos fundos de investimentos por eventuais prejuízos causados aos investidores em virtude de condutas contrárias à lei, ao regulamento ou aos atos normativos, por ação ou omissão, e sem deixar de enfrentar sob, a ótica eminentemente jurídica, a grave crise que assolou os fundos de investimento no ano de 2002, sob o affair da marcação a mercado.

(9)

VI - ABSTRACT

“ The I nvest m ent Fund I ndust ry”, concisely and objectively examines investment funds regulated by Comissão de Valores Mobiliários, pointing out the key management, portfolio management, and corporate governance aspects of this activity so important to the National Financial System, in parallel with the indispensable protection given to small investors and managerial responsibility.

In their apparent simplicity, investment funds are the most complex phenomena in the securities markets, due to the fact that they participate in all of them, often in a hybrid manner, inasmuch as they put together a number of risk assets with different compensations, with a view to diluting risks and to obtaining a degree of added value, always seeking effects of scale in order to better compensate investments by its quota-holders, by ensuring access to certain markets and assets, which would not be possible for common investors who are not in possession of the indispensable expertise and professionalism. Hence, these funds’ portfolio managers provide access by common investors, in proportion to their share, to conditions and markets to which they would never have access.

This analysis is not intended to view the economic issue, but rather the dogmatic issue. In fact, investors’ protection systems, fund portfolio composition, risk sharing, among other relevant aspects, are already in conformity with a previous structure duly put in place by the regulating body. And success by investment funds is a result of a combination of a number of factors; in addition to those mentioned above, they are intended to encourage savings by means of a continuous appeal to new investors and through the diversification of means of investing.

In this respect it examines the technical and factual vulnerability of common investors, who assume all kinds of risks and any likely losses brought about resulting from market fluctuations, the investor protection rules, as well as the responsibility by fund managers and portfolio managers. It covers the investment fund types and ratings in Brazil, highlighting the key aspects with regard to organization and registration of funds, segregation of assets, their prospectus and regulations, portfolio composition and investment policy, quota pricing, liquidity, quota-holders’ meetings, taxation of profits, controls and reports.

Finally, it points out the joint responsibility of investment fund managers and portfolio managers for any likely losses caused to investors owing to conduct contrary to the law, to regulations and to normative rulings, owing to actions or omissions, and from an eminently legal viewpoint, without forgetting to bring to light the serious crisis which adversely affected investment funds in the year 2002, in connection with the mark to market episode.

(10)

VI I - SUMÁRI O

I O S i s t e m a F i n a n c e i r o N a c i o n a l . . . 02

I I O D i r e i t o R e g u l a t ó r i o B r a s i l e i r o

1. Introdução . . . 20

2. A competência reguladora da C. V. M.. . . 34

3. Gestão profissional de recursos de terceiros. . 50

3.1 A ANBID . . . 57

I I I O s F u n d o s d e I n v e s t i m e n t o - F I

1. Introdução . . . 63

2 Valor mobiliário . . . 68

3 Conceito de fundos de investimento. . 82

4. A legislação brasileira . . . 95

5. Os administradores dos F.I.. . . . 101

6. A Segregação da gestão e dos recursos. . 106

7. Os Controles Internos e Gestão de Riscos 115

7.1 A proteção dos depósitos e o FGC . 121

8 . A I n d ú s t r i a d o s F u n d o s d e I n v e s t i m e n t o

8.1 Introdução . . . 134

8.2 A Classificação dos fundos . . . 138

8.2.1 Fundos de Investimento. . 155

8.2.2 FIDC-PIPS. . . 175

8.2.3 Fundo Imobiliário - FII. . 185

I V R e s p o n s a b i l i d a d e Ci v i l d o s A d m i n i s t r a d o r e s 220

1. Ca s e: Marcação a Mercado - Crise de 2002. . 247

V Co n s i d e r a ç õ e s F i n a i s. . . 276

V I B i b l i o g r a f i a . . . 282

V I I A n e x o : Glossário 288

(11)
(12)

Em virtude dos seguidos anos de inflação alta, o

sistema bancário nacional havia alcançado dimensões gigantescas, para

se beneficiar das receitas inflacionária (float), por meio de um número

elevado de agências, utilizadas para a captação de depósitos e

aplicações, apesar dos elevados custos administrativos, bem assim os

impactos nos balanços em decorrência dos altos índices de imobilização

desses ativos (imobiliários).

Essas estruturas bancárias, entretanto, não poderiam

sobreviver por muito mais tempo, posto que não eram condizentes com

o novo ambiente de estabilização monetária que foi implementado com

o Plano Real.

Diante do quadro que se vislumbrava de estabilidade

macroeconômica, o sistema financeiro brasileiro teve de passar por

profundas modificações, sendo redimensionado e reorientado para

novas formas de financiamento de suas atividades.

Nesse sentido, pôde-se verificar a diminuição do

número de bancos na economia brasileira em decorrência da liqüidação,

incorporação, fusão e transferência de controle acionário de várias

instituições bancárias, pela implementação do PROER, privatização dos

bancos públicos, em conjunto com as modificações adotadas pelo Banco

Central referentes à legislação e à supervisão bancária.

A partir de meados de 1996, a entrada de bancos

internacionais, a despeito das inúmeras críticas e questionamentos,

ocasionou efeitos positivos tanto em relação à concorrência bancária,

quanto em relação à qualidade das instituições financeiras presentes na

economia brasileira. Foi uma importante oxigenação no sistema

bancário, o que obrigou os bancos nacionais a procurarem alternativas

(13)

administrativos. A privatização dos bancos estaduais contou, inclusive,

com a forte participação desse capital estrangeiro.

Nada obstante, causou grande celeuma entre os mais

renomados juristas pátrios a autorização então concedida para o

ingresso dos bancos estrangeiros no mercado nacional brasileiro, com

base no § único, do artigo 52, do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias.

Com efeito, o então Ministro da Fazenda, Dr. Pedro

Malan, por meio da Exposição de Motivos 311, de 23 de agosto de

1995, ressaltou que o novo cenário econômico, decorrente do ambiente

de estabilidade econômica vivido no Brasil, contribuía para a

interrupção do necessário e contínuo processo de atualização

tecnológica das instituições financeiras, em decorrência do

desaparecimento dos ganhos inflacionários.

Informava que as instituições financeiras não têm

condições de arcar, sozinhas — e em face da drástica redução dos seus

ganhos —, com a necessária e urgente atualização tecnológica, de

forma a dispensar um atendimento cada vez melhor à população,

mediante a implementação de tecnologia de ponta.

Aduziu, por outro lado, que o capital externo já está

presente no sistema financeiro nacional, por intermédio de agências e

sucursais de bancos estrangeiros, não havendo, assim, motivos

suficientes para impedir a instalação de novas instituições financeiras

estrangeiras no País.

Fundamentou sua exposição na necessidade

premente de capital externo pela colaboração que representa no

processo de abertura da economia brasileira, dentro dos planos de

(14)

assim o chamado “risco Brasil” pela maior globalização do setor

financeiro nacional.

Por fim, entendendo presente o “ int eresse do

Governo Brasileiro a part icipação ou o aum ent o do percent ual de

part icipação de pessoas físicas ou j urídicas, resident es ou dom iciliadas

no ext erior, no capit al das inst it uições financeiras nacionais”, propôs ao

Chefe do Executivo o uso da prerrogativa que lhe confere o parágrafo

único, do artigo 52, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,

seja autorizado o ingresso de capital de instituições financeiras

estrangeiras no Brasil, em face da “ eficiência operacional e capacidade

financeira por eles det idas que, cert am ent e, darão m aior concorrência

dent ro desse m esm o Sist em a, com reflexos subst ancialm ent e posit ivos

nos preços dos serviços e no cust o dos recursos oferecidos à sociedade

brasileira”.

Com relação a essa decisão, verifica-se do artigo 52

do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

“Até que sejam fixadas as condições a que se refere o art. 192, III, são vedados:

“I – a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras domiciliadas no exterior;

“II – o aumento do percentual de participação, no capital de instituições financeiras com sede no

País, de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior.

“Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo não se aplica às autorizações resultantes de acordos internacionais, de reciprocidade, ou de

(15)

Por sua vez, prevê o artigo 192 da Constituição

Federal:

“O Sistema Financeiro Nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade,

será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre:

“I – a autorização para o funcionamento das instituições financeiras, assegurando às instituições bancárias oficiais e privadas acesso a

todos os instrumentos do mercado financeiro bancário, sendo vedada a essas instituições a participação em atividades não previstas na autorização de que trata este inciso;

“II - ... ... ... ...

“III – as condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições a que se referem os incisos anteriores, tendo em vista especialmente:

a) os interesses nacionais;

b) os acordos internacionais;

“IV - ... ... ... ...

(16)

Um dos fatores que contribuiu para a concentração

de liqüidez foi a ausência de um mecanismo de seguro de depósitos na

economia brasileira. Esse instrumento, embora previsto no artigo 192

da Constituição, que trata da regulamentação do sistema financeiro,

ainda não se encontra normatizado pelo legislador.

Os benefícios do ingresso desses bancos estrangeiros

no mercado financeiro doméstico são diversos.

Por um lado, sabe-se que crises bancárias decorrem

da conjunção de fatores microeconômicos, determinados pelas

características individuais das instituições financeiras, e fatores

macroeconômicos, representados por choques que ocasionam pressões

sobre o sistema financeiro de um país. Dessa forma, quanto mais fortes

forem as instituições financeiras em uma economia, maior será a

capacidade do sistema financeiro em absorver choques

macroeconômicos. Assim, a entrada de bancos estrangeiros para atuar

na economia brasileira vai ao encontro do desejo de fortalecer o

sistema financeiro doméstico.

De outro, a entrada de bancos estrangeiros aumenta

a concorrência no sistema financeiro, ocasionando uma redução dos

spreads e das taxas dos serviços bancários. A redução dos spreads

bancários, por sua vez, leva a uma redução das taxas de juros dos

empréstimos, contribuindo, assim, para o aumento do investimento na

economia.

E, ainda, conforme comentaremos em seguida, o

ingresso de bancos estrangeiros no Brasil tem ajudado a reestruturação

do sistema financeiro doméstico, por meio da compra de ativos

financeiros de bancos em liquidação em poder do Banco Central e pela

compra de bancos brasileiros que estavam com desequilíbrio

(17)

participar ativamente do processo de privatização de alguns bancos

públicos, o que de fato ocorreu.

Como antes mencionado, e apesar do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias (artigo 52, incisos I e II) vedar

a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras

domiciliadas no exterior e o aumento do percentual de participação no

capital de instituições financeiras com sede no País, de pessoas físicas

ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior, até que esta matéria

seja definida por lei complementar, o parágrafo único do mesmo artigo

52 estabelece que essa vedação não se aplica às autorizações

resultantes de acordos internacionais, de reciprocidade ou de interesse

do Governo brasileiro.

Dessa forma, baseado nos benefícios discutidos

acima decorrentes da entrada do capital estrangeiro no sistema

financeiro brasileiro, o Ministério da Fazenda editou a referida Exposição

de Motivos n° 311, estabelecendo as diretrizes básicas para a utilização

da prerrogativa conferida pelo parágrafo único do artigo 52 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias.

E a Exposição de Motivos estabelece que é do

interesse do País a entrada e/ou o aumento da participação de bancos

estrangeiros na economia brasileira.

O que pode explicar, talvez, o forte interesse dos

bancos estrangeiros na economia brasileira é, dentre outros fatores, o

forte potencial de crescimento da atividade bancária no Brasil, não

presente mais nos países desenvolvidos, onde o processo de redução da

intermediação financeira tem crescido substancialmente.

Dessarte, quer nos parecer que os termos em que se

(18)

numa correta interpretação do artigo 52 do ADCT, no que pertine mais

especificamente ao interesse do Governo Brasileiro, ante a previsão de

que o sistema financeiro nacional não suportaria ― com a sua

estrutura pesada, arcaica e ineficiente ―, a reestruturação decorrente

da rígida implementação do Plano Real, tornando-se imprescindível o

aporte de capital estrangeiro para possibilitar uma passagem segura

pelos momentos de maior turbulência, até que o mercado financeiro

pudesse se adaptar aos novos rumos impostos pelo sistema bancário

internacional, dentro da globalização econômica.

A receita inflacionária que alimentava os bancos no

período anterior ao Plano Real vem sendo substituída tanto pelo

crescimento da receita proveniente da intermediação financeira

(diferença entre os juros recebidos e pagos - spread), quanto pela

receita de serviços via cobrança de tarifas.

Ao contrário dos países desenvolvidos, o sistema

financeiro brasileiro ainda tem um forte potencial de crescimento tanto

nos serviços de intermediação financeira, pois o mercado de crédito

doméstico parte de uma situação de baixa alavancagem, quanto na

oferta de serviços bancários: administração de portfólio, custódia e

emissão de títulos, custódia de ações etc.

Não se pode negar que o Plano Real ocasionou

profundas mudanças na economia brasileira, com impacto direto no

sistema bancário, dando início a um amplo processo de reforma

estrutural que, apesar de estar ocorrendo de forma relativamente

rápida, ainda não se completou.

Desde o início, como já dito, os bancos perderam

uma importante fonte de receita representada pelas transferências

(19)

depósitos à vista e/ou pela correção dos depósitos bancários em valores

abaixo da inflação.

Estima-se que dos anos 40 até o início dos anos 90,

as transferências do setor não bancário para o setor bancário tenham

representado, em termos anuais médio, quase 2% do PIB.

A perda do float já era um indicador para o sistema

financeiro de que este teria de passar por profundas mudanças, para se

adequar à nova realidade de estabilização de preços. O número elevado

de agências bancárias, que antes se viabilizava por essas transferências

inflacionárias, não era mais economicamente viável, levando a que

vários bancos começassem seu processo de ajuste pelo fechamento de

agências. No entanto, esse ajuste, de fato, não se concretizou

imediatamente.

Uma das formas encontradas pelo sistema bancário

para compensar a perda da receita inflacionária, antes de fechar

agências e efetuar os ajustes que se faziam necessários no modelo

operacional, foi expandir as operações de crédito, lastreadas pelo

crescimento abrupto dos depósitos bancários trazidos com o Plano Real.

Os depósitos a vista, por exemplo, mostraram crescimento de 165,4 %

nos seis primeiros meses do Plano Real, e os depósitos a prazo

crescimento de quase 40% para o mesmo período.

Antecipando-se ao possível crescimento das

operações de créditos que decorreria do quadro de estabilidade

macroeconômica, o Banco Central elevou, no início do Plano Real, as

alíquotas de recolhimento compulsório dos depósitos bancários. Esse

crescimento rápido dos empréstimos bancários propiciou que, de início,

a receita dessas operações compensassem, em parte, a perda do float,

postergando o ajuste do sistema financeiro que ocorreu de forma mais

(20)

O grande problema em períodos de expansão rápida

dos créditos é o aumento da vulnerabilidade das instituições financeiras,

pelo fato de que esses períodos são momentos de expansão

macroeconômica, quando os devedores estão transitoriamente com

folga de liqüidez, dificultando, assim, uma análise de risco mais rigorosa

por parte dos bancos. Nesses períodos, os bancos são levados a

aumentare a carteira de crédito através da incorporação de novos

clientes. Este problema é maior, no início da estabilização, quando os

balanços do período antigo são pouco informativos e muitos dos

cadastros dos clientes têm de ser refeitos.

Embora o aumento dos créditos em atraso e em

liquidação do sistema financeiro não seja o fator determinante dos

problemas verificados em algumas instituições financeiras, a partir do

segundo semestre de 1995, ajudam a explicar a deterioração adicional

na qualidade dos ativos daquelas instituições que já eram vulneráveis

antes do início do Plano Real. Esses são precisamente os casos dos

bancos Econômico e Nacional, que deram início ao período mais

delicado do ajuste do sistema financeiro brasileiro, a partir daquele

período.

Após a intervenção no Banco Econômico, em agosto

de 1995, iniciou-se um crescente clima de apreensão relativo à saúde

financeira dos demais bancos privados do País, prejudicando as

instituições financeiras menores com a concentração da liqüidez nos

grandes bancos públicos e privados.

Diante desse quadro e da possibilidade do seu

agravamento com conseqüências negativas para a estabilidade da

economia, foi imprescindível a participação direta do Governo por meio

de um arcabouço institucional que facilitasse a reestruturação do

(21)

brasileira. Assim, no início de novembro de 1995, o Governo adotou um

conjunto de medidas voltadas à reestruturação e ao fortalecimento do

sistema financeiro nacional, das quais pode-se destacar:

’ o estabelecimento de incentivos fiscais para a incorporação de instituições financeiras (MP n° 1.179 de 03/11/95),

permitindo que a instituição incorporadora contabilizasse como perda

créditos de difícil recuperação da instituição incorporada e a instituição

incorporadora pudesse contabilizar como ágio a diferença entre a valor

patrimonial da participação societária adquirida e o valor da aquisição,

sendo essa diferença compensada nos exercícios fiscais posteriores.

’ instituição do Programa de Estímulo à

Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional

-Proer (Resolução n° 2.208 de 03 de novembro de 1995). As instituições

financeiras que viessem a participar desse programa teriam acesso a

uma linha de crédito especial, poderiam diferir em até dez semestres os

gastos com a reestruturação, reorganização e modernização e

poderiam, ainda, ficar temporariamente fora das exigências do limite

operacional do acordo da Basiléia.

’ aprovação do estatuto e regulamento do Fundo de Garantia de Créditos – FGC1. Esse fundo estabeleceu uma garantia de

até R$ 20 mil para o total de créditos de cada pessoa contra todas as

instituições do mesmo conglomerado financeiro, abrangendo, inclusive,

todas as instituições financeiras que foram submetidas aos regimes de

intervenção e/ou liquidação extrajudicial desde o início do Plano Real.

Esse fundo seria administrado pelos próprios bancos, com a

contribuição mensal de 0,025% do montante dos saldos das contas

seguradas.

(22)

’ dificultou-se a constituição de novas instituições financeiras e criou-se incentivo para os processos de fusão,

incorporação e transferência de controle acionário2. Essa norma

aumentou a exigência mínima de capital para a constituição de novos

bancos, sem alterar o limite mínimo exigido nos casos de fusão,

incorporação e transferência de controle acionário.

Entre os princípios que devem ser seguidos para se

efetuar uma reforma saudável do sistema financeiro, um dos mais

importantes é evitar operações de socorro para os bancos, sem que

haja a modificação do controle acionário. Caso isso não aconteça,

corre-se o risco de salvar bancos que foram administrados

irresponsavelmente, com a possibilidade de que, no futuro, o mesmo

fato volte a ocorrer. É o que estamos assistindo hoje, com a decretação

de intervenção no Banco Santos S. A.

Consciente desse problema, o Banco Central, ao

editar a Circular n° 2.633, de 16 de novembro de 1995, deixou claro

que a autorização para instituições financeiras participarem do PROER

seria concedida caso a caso, quando ocorresse mudança no controle

acionário. Essa mesma Circular, no seu artigo 4°, especifica que os

administradores das instituições financeiras que tivessem o controle

acionário transferido não ficariam livres de responsabilidades nas

esferas penal e administrativa.

Dessa forma, o PROER não foi concebido para ser um

programa de socorro a banqueiros, mas sim um programa instituído

para garantir a estabilidade do sistema financeiro, evitando que

problemas de liquidez e/ou solvência de alguma instituição financeira

ocasionasse uma crise sistêmica, prejudicando todos os setores da

economia.

(23)

Definidas as linhas básicas do programa de ajuste do

sistema financeiro, faziam-se necessárias mudanças na legislação que

permitissem ao Banco Central agir de forma preventiva quando os

bancos não estivessem cumprindo as normas exigidas ou estivessem

com sérios problemas financeiros.

A Lei n° 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e

liquidação de instituições financeiras, não permitia uma atuação

preventiva por parte do Banco Central, além de limitar responsabilidade

dos controladores de instituições financeiras que não estivessem

diretamente envolvidos na administração do banco.

Desde então, o Banco Central vem adotando um

conjunto de medidas para melhorar a fiscalização bancária,

destacando-se:

’ aumento do poder de intervenção do Banco

Central nas instituições financeiras, por meio da Lei 9.447/97, que

permitiu ao Banco Central exigir das instituições com problemas de

liquidez novo aporte de recursos, transferência do controle acionário

e/ou reorganização societária, através de incorporação, fusão ou cisão.

Os art. 1° e 2° dessa lei especificam que, nos regimes de intervenção e

liquidação extrajudicial de instituições financeiras, os controladores

podem ser responsabilizados, mesmo que não participem da

administração direta da instituição.3

’ instituiu a responsabilidade das empresas de auditoria contábil ou dos auditores contábeis independentes em casos

3 “Art. 1º A responsabilidade solidária dos controladores de instituições financeiras estabelecida no art. 15 do Decreto-lei nº 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, aplica-se, também, aos regimes de intervenção e liquidação extrajudicial de que trata a Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974.

(24)

de irregularidades na instituição financeira, forçando os auditores

externos a informarem ao Bacen sempre que sejam identificados

problemas ou que o banco esteja negando a divulgação de informações.

’ alterou a legislação que trata da abertura de dependências dos bancos no exterior e consolidou as demonstrações

financeiras dos bancos no Brasil com suas participações no exterior

(Resolução n° 2.302 de 25/07/96).

Essa medida estabeleceu o aumento do capital

mínimo exigido para a constituição de bancos com dependências no

exterior (agências, escritórios de representação, filiais); o aumento do

capital mínimo exigido para a constituição de dependências no exterior;

que o Banco Central passe a fiscalizar as operações das dependências e

empresas em que o banco tenha participação no exterior (“Supervisão

Global Consolidada”). Caso essa fiscalização não seja permitida ou

garantida pelo país estrangeiro, implicará dedução de todas as

participações do banco no exterior do seu patrimônio líquido, para fins

de apuração dos limites operacionais; e consolidação das

demonstrações financeiras no Brasil com as demonstrações financeiras

do banco no exterior (incluindo dependências e participações em

empresas financeiras e não financeiras das quais participe com, pelo

menos, 25% do capital social) para efeitos de cálculo dos limites

operacionais do “Acordo de Basiléia”.

’ permitiu a cobrança de tarifas pela prestação de serviços por parte das instituições financeiras (Resolução n° 2.303 de

25/07/96). Esta Resolução permitiu que as instituições financeiras

passassem a cobrar tarifas pela prestação de serviços, desde a emissão

de um segundo talonário de cheque no mês, até a prestação de serviços

mais sofisticados. Antes do Plano Real, devido ao alto valor da receita

(25)

o que representava, portanto, um benefício implícito para todos os

depositantes.

A criação da Central de Risco de Crédito4 foi uma das

medidas adotada pelo Conselho Monetário Nacional referente à

mudanças na legislação do sistema financeiro. De acordo com esta

medida, as instituições financeiras devem identificar e informar ao

Banco Central os clientes (pessoas físicas e jurídicas) que possuam

saldo devedor igual ou superior a R$ 50.000,00. Este sistema vai

permitir também que as instituições financeiras tenham acesso ao saldo

devedor de cada cliente junto ao sistema financeiro, e desde que o

cliente conceda autorização específica para esse fim. Esta medida vai ao

encontro da maior eficiência na fiscalização das operações bancárias e

na análise de risco nas operações de empréstimo.

Em resumo, o programa de ajuste do sistema

financeiro brasileiro não se restringiu às medidas voltadas para

administração das transferências de controle acionário e incorporações.

O Governo fortaleceu a legislação5 e a supervisão bancária,

possibilitando que o Banco Central tenha, de fato, instrumentos que

permitam uma atuação preventiva.

O sistema financeiro no Brasil tem conseguido, com o

apoio do Governo Federal, ajustar-se satisfatoriamente ao ambiente de

estabilização macroeconômica que tem caracterizado a economia

brasileira desde a implementação do Plano Real.

Conforme já comentado, a primeira fase do processo

de ajuste do sistema financeiro brasileiro foi dominada pelos processos

de transferência de controle acionário e intervenções efetuadas pelo

4 Resolução n° 2.390 de 22/05/97

(26)

Banco Central, em conjunto com a modificação na legislação e

supervisão bancária.

Após este período, que vai de julho de 1994 até

meados de 1996, inicia-se uma nova etapa do processo de ajuste do

sistema financeiro brasileiro, caracterizada tanto pelo ajuste dos bancos

públicos, quanto pela entrada e aumento de participação de bancos

estrangeiros no sistema financeiro doméstico. A entrada desses bancos

na economia brasileira propicia tanto um aumento na competição entre

instituições financeiras, quanto o fortalecimento do sistema financeiro

brasileiro, sendo, portanto, de grande benefício para a consolidação da

reestruturação iniciada após o Plano Real.

Em resumo, as características expostas acima

permitem concluir que, embora a reestruturação e ajustes, tanto por

parte do Governo Federal, quando pelas instituições financeiras que têm

buscado diversificar seus produtos, reduzindo os custos não só

administrativos, como os financeiros, fornecendo aos clientes

alternativas mais “baratas” no que pertine às taxas de juros, pode-se

esperar que este processo resulte em um sistema financeiro mais

sólido, além de um ambiente favorável à expansão da atividade

bancária no Brasil.

E todos esses mecanismos tendem a incutir no

cidadão não só os atrativos mediatos (prazos mais dilatados e juros

reduzidos nos empréstimos e operações econômico-financeiras), como,

principalmente, o hábito de poupar; e, quando falamos em poupança,

nos referimos ao seu sentido mais amplo, à poupança nacional,

indispensável ao fortalecimento de nossas reservas, tanto quanto para

fazer frente (funding) aos projetos governamentais que buscam a

satisfação da nação quanto a habitação, saneamento, educação e

saúde. Sem poupança, não há governo ou país que tenha capacidade de

(27)

E, nesse sentido, como veremos mais adiante, os

fundos de investimento vêm se tornando um dos mais importante

instrumento de poupança nacional.

Insípido de início, objeto de olhares desconfiados por

parte dos pequenos investidores, transformou-se, com o passar dos

anos, num dos mais importantes instrumentos de captação de recursos

para o Governo Federal e para as instituições financeiras.

E essa transformação decorreu de uma ação conjunta

entre governo, instituições financeiras e associações de classe,

plenamente exitosa no afã de proteger o investidor, capacitando e

profissionalizando os administradores e gestores de fundos,

concomitante à ação eficaz dos órgãos reguladores.

Lado a lado, o Banco Central do Brasil, a Comissão

de Valores Mobiliários, a Associação Nacional dos Bancos de

Investimentos – ANBID, as instituições financeiras e demais

administradores e gestores, vêm transformando radicalmente a visão

do investidor, fornecendo-lhe produtos de altíssima qualidade, baixo

custo e satisfatória rentabilidade, em muito superior à vetusta ― mas

ainda robusta ―, caderneta de poupança clássica.

E, ressalte-se, o maior atrativo desses fundos, além

de sua rentabilidade diária, é a sua liqüidez imediata, tal como na

poupança. Alie-se, a tudo isso, informações claras e precisas,

(28)

“O Estado, de harmonia com o texto constitucional, é então, chamado a legislar no sentido de assegurar a formação, a captação e a segurança das poupanças, o que parece envolver um amplo campo de acção que passa quer pela

regulação de organização e funcionamento dos mercados quer pelo acompanhamento da qualidade e actividade dos agentes financeiros envolvidos e dos serviços por eles prestados.”6

Mais adiante tornaremos ao assunto, procurando

esmiuçar uma pouco mais detidamente esse fantástico mundo do

mercado financeiro chamado de Fundos de Investimento.

(29)
(30)

1 I nt rodução

Como asseverado, o Brasil, na última década, vem se

adequando a uma nova forma de modelo de Estado.

Ela é baseada em um modelo mediador e regulador.

Assim ele se desprende das amarras do monopólio estatal, resquício de

modelos interventores, de que são exemplos a época de Getúlio Vargas

e, num passado mais recente, o regime militar.

Além do Brasil, o mundo também tem mudado muito

nos últimos anos. Uma forte tendência mundial está ajudando a

desenhar uma nova estrutura de Estado. Este deixa, aos poucos, o

antigo modelo interventor e passa a assumir um modelo de regulação

compartilhada com a própria sociedade.

Entretanto, o Estado Regulador pode pender mais

para um lado liberal, ou mais para uma lado social, dependendo das

diretrizes que norteiam o modelo regulatório adotado por cada país.

Aqueles países que adotaram um sistema regulatório

como resultado da implantação de políticas liberais, acreditam nos

valores da liberdade econômica e de comércio como fundamentais.

Estas idéias liberais começaram a ser estudadas com mais afinco nos

tempos do iluminismo ― fase pré-revolução francesa. O ressurgimento

das idéias iluministas de livre mercado ocorrem no século XX com a

ascensão de dois líderes mundiais: na Inglaterra, Margareth Taetcher e,

nos Estados Unidos, Ronald Reagan. Estes dois nomes foram

fundamentais para implantação de uma nova concepção de Estado no

mundo que tinha a liberdade econômica como princípio fundamental.

Esta liberdade, diziam eles, levaria estes países ao bem estar social. Ou

(31)

conhecido “ welfare st at e” ), este flexibilizaria leis e não interviria no

mercado, para que este, aos poucos, pudesse prover o bem estar

social.

O Prof. JOSÉ AFONSO DA SILVA7, ao tratar da

estrutura normativa das constituições e eficácia das normas

constitucionais, assevera que dois são os elementos componentes das

constituições, na concepção de Carl Schmidt: de um lado, os princípios

do Estado de Direito para proteção da liberdade individual perante o

Estado; de outro, o elemento político, do qual decorre a forma de

governo.

Referindo-se à forma de governo e às suas entidades

estatais, impossível deixarmos de transcrever as considerações a

seguir:

“A constituição transformou-se, assim, num conceito ao qual convergem diversas esferas da realidade, razão por que os autores descobrem, nela, um documento de estrutura complexa numa unidade sistemático-formal, integrado de vários elementos.

“A propósito, já citamos, Pinto Ferreira, Posada e Schmidt. Outros autores discutiram o tema, bastando-nos aqui indicar a posição de Karl Loewenstein, para quem uma constituição autêntica deve conter, como mínimo irredutível, os seguintes elementos fundamentais:

(32)

‘a) a diferenciação das diversas tarefas estatais e sua atribuição a diferentes órgãos estatais ou detentores do poder, para evitar a concentração do poder nas mãos de um único e autocrático detentor do poder;

‘b) um mecanismo planejado que estabeleça a cooperação dos diversos detentores do poder; dispositivos e instituições em forma de freios e contrapesos, significando simultaneamente uma distribuição e, portanto, uma limitação do exercício do poder político; .... “

O assunto pertinente à atuação do Estado no domínio

econômico está a exigir, sempre, precisa distinção entre os chamados

serviços públicos e as atividades econômico-financeiras.

Estamos diante do “ droit du préalable”, da

exigibilidade dos atos administrativos insculpidos na Constituição, da

posição privilegiada e de supremacia do Estado.

A Administração, em face da sua desigualdade, cria

uma posição de supremacia capaz de lhe permitir a gerência dos

interesses públicos:

(33)

“E, mesmo quando as situações jurídicas se formam acaso por acordo entre as partes de posição hierárquica diferente, isto é, entre o Estado e outras entidades administrativas menores e os particulares, o regime jurídico a que se sujeitam é de caráter estatutário.

“Portanto, a autonomia da vontade só existe na formação do ato jurídico. Porém, os direitos e deveres relativos à situação jurídica dela resultante, a sua natureza e extensão são regulamentados por ato unilateral do Estado, jamais por disposições criadas pelas partes.

“Ocorrem, através de processos técnicos de imposição autoritária da sua vontade, nos quais estabelecem as normas adequadas e se conferem os poderes próprios para atingir o fim estatal que é a realização do bem comum.

“É a ordem do direito interno, nas relações com outras entidades menores ou com particulares.“ 8

A definição formal de igualdade é bastante complexa

e indissociável do conceito de interesse, na busca incessante da Justiça.

(34)

KARL LARENZ9 já afirmava que “ a quest ão da

det erm inação do m odo com o será possível ao j uiz chegar à decisão

j ust a dos casos, com a aj uda da lei ou, porvent ura, sem ela, ocupa em

boa verdade os aut ores m odernos da m et odologia j urídica”.

O referido autor, ao discorrer sobre as bases em que

se encontra fundado um sistema normativo que, em princípio, deveria

estabelecer “um valor o mais geral possível, do qual se pudessem inferir

normas, imperativos”, se reporta ao princípio da igualdade:

“Distingue a justiça formal enquanto tratamento igual do que é (essencialmente) igual e o seu ‘preenchimento material’. No entanto, o ‘reverso’ do preceito de igual tratamento, a saber, o tratamento desigual do que é diferente, e compreende portanto a igualdade desde o início também como proporcionalidade — como suum

cuique —, e como princípio de equivalência.

“Conseqüentemente, a idéia de justiça ‘formal’ não é vazia de conteúdo, mas exprime algo de normativamente muito importante. Obriga-nos, sendo ponderada ‘enquanto princípio do tratamento igual ou enquanto divisa suum cuique

ou enquanto princípio da equivalência, a tratar por igual o essencialmente igual e a tratar

diferentemente o que é essencialmente diferente e, nessa conformidade, a prestar cuidadosamente contas de se e sob que pontos de vista requer algo um tratamento igual ou diferente. “

(35)

Aliás, essa matéria não é exclusividade do direito

pátrio, mas já foi alvo de profundos estudos por renomados

constitucionalistas do mundo todo, ao tratarem dos direitos

fundamentais, tais como J.J., Gomes Canotilho e Jorge Miranda,

Bleckmann, Cerri, Cano Mata, Rubio Llorente, Riedel, Bethge, Schlink e

Hesse, dentre outros.

Reportando-se à vasta bibliografia do direito

comparado, J.J. GOMES CANOTILHO, em acurado estudo sobre o

regime dos direitos fundamentais, esclarece no que respeita às pessoas

coletivas:

“ O conceito de pessoas colectivas abrange, sem

dúvida, as entidades organizatórias susceptíveis de capacidade jurídica geral, mas não está excluída a extensão da capacidade a outras entidades dotadas apenas de subjectividade jurídica parcial. ... ... ... ...

“ Ao reconhecer-se ‘às pessoas colectivas direitos compatíveis com a sua natureza’, pretende-se não apenas que se tenha em conta a ‘essência‘ da pessoa colectiva em causa (pessoa colectiva dotada de personalidade jurídica, ... ..., pessoa colectiva de direito público ou de direito privado)

“ ... ... ... ...

“ A titularidade de direitos por parte de pessoas colectivas de direito público tem sido muito

(36)

“(1) os direitos fundamentais arrancam da idéia de uma esfera de liberdade perante os poderes públicos, não sendo concebível gozarem as corporações, instituições ou fundações de direito público da titularidade de direitos fundamentais

no exercício de tarefas públicas;

“(2) é incompatível considerar o Estado (as suas corporações, instituições ou fundações) como destinatário dos direitos fundamentais, e, simultaneamente, como titular dos mesmos direitos fundamentais (argumento da ‘identidade’ ou da ‘confusão’). No caso de lesão de ‘direitos’ de uma corporação pública por parte de outra entidade pública estaríamos perante conflitos de competências e não perante lesões de direitos fundamentais de pessoas colectivas públicas.

“ ... ... ...

“Além disso, estas mesmas pessoas podem encontrar-se em ‘típicas situações de sujeição’ e não numa posição de ‘proeminência’ ou de ‘poder’.” 10

Trata-se, pois, da fixação de competência, típica

situação de sujeição ao poder do Estado, que lhes delimita o campo de

atuação dentro de seu livre arbítrio e exclusiva vontade política.

(37)

“Por competência entender-se-á o poder de acção e de actuação atribuído aos vários órgãos e agentes constitucionais com o fim de prosseguirem as tarefas de que são constitucional ou legalmente incumbidos.

“A competência envolve, por conseguinte, a atribuição de determinadas tarefas bem como os meios de acção (‘poderes’) necessários para a sua prossecução. Além disso, a competência delimita o quadro jurídico de actuação de uma unidade organizatória relativamente a outra.

“... ... ...

“Para converterem os seus ‘poderes’

(competência) em actos, os órgãos ou agentes constitucionais devem obedecer a um procedimento juridicamente regulado. O exercício das funções públicas está sujeito a um iter procedimental juridicamente adequado à garantia dos direitos fundamentais e à defesa dos princípios básicos do Estado de direito democrático.“ 11

Normas constitucionais há que se destinam a regular,

especificamente, instituições públicas e privadas, delimitando seus

campos de atuação.

(38)

Veja-se, mais uma vez, J.J. GOMES CANOTILHO, que

assim se expressa:

“As normas que se destinam a proteger instituições (públicas ou privadas) são designadas, pela doutrina, por normas de garantias institucionais.

“Andam, muitas vezes, associadas às normas de direitos fundamentais, visando proteger formas de vida e de organização social indispensáveis à própria protecção de direitos dos cidadãos.” 12

Não se trata, pois, de norma programática, mas de

norma de eficácia diferida.

“As normas de eficácia diferida trazem já definida, intacta e regulada pela Constituição a matéria que lhe serve de objeto, a qual depois será apenas efetivada na prática mediante atos legislativos de aplicação. Não são promessas cujo conteúdo há

de ser ministrado ou estabelecido a posteriori pela autoridade legislativa interposta, como ocorre com as normas programáticas stricto sensu.

“As normas de eficácia diferida, para aplicarem a matéria a que diretamente se referem, precisam

apenas de meios técnicos ou instrumentais. Desde o primeiro momento, sua eficácia ou aplicabilidade pode manifestar-se de maneira imediata, posto que incompleta, ficando assim, por exigências técnicas, condicionadas a emanação de sucessivas normas integrativas. “ 13

12 Direito Constitucional, p. 177

(39)

Durante a maior parte dos anos do século XX,

vivemos sobre a égide da forte intervenção estatal na vida da população

e na economia que inibiam a livre iniciativa nacional e que tornavam o

país fechado para a entrada de investimentos externos.

Antigamente, o Estado brasileiro, que somente agora

está conseguindo se livrar das amarras do poder estatal, também era

dono de inúmeras empresas. Eram do Estado os monopólios da

exploração de petróleo, geração e distribuição de energia elétrica e

serviços de telefonia — somente para citar alguns. A presença do

Estado se dava em incontáveis áreas.

E este excesso de presença estatal na economia

acaba por gerar mais impostos, pois o Estado deseja manter e

aumentar o nível de investimento em suas empresas estatais, gerar

clientelismo e troca de favores.

A desregulamentação em certos setores e o início do

processo de desestatização foi fundamental para país, pois o Estado

brasileiro não conseguia mais suportar o nível de investimento

necessário para gerar desenvolvimento.

Logo, nosso país sai de uma fase extremamente

intervencionista e entra no novo século com vistas a consolidar um

novo modelo, o do Estado Regulador. Este sistema traz consigo, como

seus principais ícones, as agências e órgãos (autarquias) de regulação.

O Estado delega para iniciativa privada a execução

de algumas obras e serviços que até pouco tempo eram de sua

exclusiva função. Neste novo momento, o Estado aparece como

fiscalizador, e não mais como executor.

Neste momento surge o Direito Regulatório, que é a

junção das regras de direito público, constitucionais, econômicas e

administrativas, que regem as agências de regulação e sua relação com

(40)

Portanto, além de ser classificado eminentemente

como parte do Direito Público, o Direito Regulatório, em função de sua

ligação com as empresas privadas que executam estes serviços, traz

também nuanças de Direito Privado.

No Brasil, face à escassez de disponibilidade de

recursos do Estado para financiar o desenvolvimento, surgiram várias

teorias econômicas que visavam a suprir esta lacuna. Entre elas, as

mais famosas foram as teorias de Mário Henrique Simonsen, que

sugeria uma abrangente privatização. Outra surgiu da equipe de

economistas, com ênfase para aqueles egressos da PUC do Rio de

Janeiro, formada por Edmar Bacha, Pérsio Arida e André Lara Rezende,

que sugeriam uma privatização na margem, abrindo o mercado para

que houvessem empresas públicas e privadas concorrendo entre si.

Uma terceira teoria surgiu com o professor Ignácio Rangel, que sugeria

uma concessão dos serviços públicos, ao contrário da privatização, pois

a regulação do setor ficaria nas mãos do Estado.

Nesta nova fase de prestação dos serviços públicos, o

estado brasileiro deixou de ser um “estado executor”, que atuava na

ordem econômica por meio de pessoas jurídicas a ele vinculadas

(intervenção, monopólio) e passa a ser um “Estado Regulador”, que, de

acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 174, fixa as

regras disciplinadoras da ordem econômica para ajustá-la aos ditames

da justiça social, exercendo o papel de fiscalização .

A principal mudança para a população com este

recém-chegado modelo, é a nova maneira de prestação de serviços

públicos, que podem se dar de duas formas, direta ou indireta. O

processo de desestatização se caracterizou pelo incremento da

prestação indireta, pois aumentaram as delegações destes serviços. A

forma indireta se caracteriza, basicamente, por quatro diferentes

(41)

Nestas formas, as empresas atuam como uma “ longa

m anus” do poder estatal, atuando em setores de responsabilidade do

Estado.

Sobre todas os métodos paira um mais abrangente,

que diz respeito aos demais, chamado de desregulamentação ― que

visava à desburocratização, mas que acabou por gerar novas

regulamentações. Em resumo, nesta nova fase, o Estado não é mais o

único provedor de serviços públicos, pois com a quebra do monopólio

estatal, estes foram delegados à iniciativa privada.

Há uma outra forma de retirada do Estado da

prestação de serviços públicos, é a chamada “privatização”. Não pode

ser considerada uma forma de delegação, porque não é uma prestação

indireta do Estado, pois nesta modalidade, o Estado se retira por

completo da prestação do serviço, não restando responsabilidade

indireta ou residual.

Portanto, utilizar o termo “privatização” como um

termo geral, que designe todo o processo de retirada do Estado da

prestação de serviços e obras públicas, nem sempre é o mais

adequado. Poderia se chamar este processo de “desestatização”, que

engloba todas as modalidades. Vale lembrar que o Estado brasileiro não

se retirou do cenário da prestação de serviços públicos, quando da

delegação à iniciativa privada. As empresas privadas, concessionárias

ou permissionárias, atuam como uma “ longa m anus” do poder estatal.

A responsabilidade constitucional da prestação destes serviços

concedidos, na maioria das vezes, continua com o Estado, portanto, ele

está simplesmente delegando a execução para a iniciativa privada, visto

que continua a ser definido por lei como um serviço público.

Os conceitos de regulação no Brasil passam por três

momentos distintos, onde, por conseqüência passa o direito, pois esses

(42)

A criação de agências reguladoras é resultado direto

do processo de retirada do Estado da economia. Estas foram criadas

com o escopo de normatizar os setores dos serviços públicos delegados

e de buscar equilíbrio e harmonia entre o Estado, usuários e

delegatários.

Na Alemanha, este novo conceito é chamado

“economia social de mercado”. Logo, se há uma regulação, não é o

liberalismo puro; também não é correto afirmar que este modelo se

aproxima dos conceitos socialistas, pois há concorrência entre a

iniciativa privada na prestação de serviços. Portanto, a idéia é a de um

capitalismo regulado, que visa evitar crises. Entretanto, não deixa de

ser um modo de interferência do Estado na economia.

No discurso de posse do Ex-Ministro Sérgio Motta no

Ministério das Comunicações, em 1995, já se verificava que este novo

modelo estava por ser implantado:

“(...) Dentro dos limites constitucionais, pretendemos avançar nas parcerias. Mas não nas

parcerias inadequadas, que vão apenas buscar o capital do empresário privado. Queremos também a capacidade de gestão do empresário para a melhoria da produtividade. Não queremos uma solução falsa, mas uma solução real para as parcerias. Vamos buscá-las dentro dos limites constitucionais e brigar com a Constituição para que se retire o que é um atraso, o que foi aprovado de 1988 para cá.

"Isso não significa afastar o Estado do poder controlador e fiscalizador. As infovias, por exemplo, são vias que deverão ser

(43)

democraticamente sejam usadas por todos. O modelo institucional é uma área na qual vou investir fortemente. ” A função das agências é delimitada, porém, dentro de um espectro de dimensões grandes. A âmbito de atuação passa por diversas áreas, sendo as mais importantes as

de fiscalização, regulamentação, regulação e por vezes, arbitragem e mediação, porém, sempre dentro dos limites que a lei impõe. Para possuir estes poderes, quando concebidas, a agências foram dotadas de personalidade jurídica de direito público.

"Espera-se que no futuro, as agências liberem mais o mercado, incentivando a livre concorrência, ou seja, sendo cada vez menos interventoras. Vale lembrar que a constituição das agências reguladoras vem seguindo um mesmo modelo, o de autarquias de regime especial, como bem lembra a Dra. Maria Sylvia Zanella Di Pietro

(44)

2 A Com pet ência Reguladora da C.V.M.

A Lei n° 6.385/76, ao criar a CVM, conferiu-lhe ampla

competência para o exercício do poder de polícia no âmbito do mercado

de valores mobiliários, incumbindo-a de:

a) administrar registros de emissão e distribuição de

valores mobiliários no mercado, bem como os registros de companhias

para negociação dos títulos de sua emissão em bolsa e no mercado de

balcão, demandando a concessão desses registros a elaboração de

prévio estudo econômico-financeiro do desempenho das empresas,

visando à averiguação de que os prospectos por elas divulgados

espelham efetivamente a situação fática das companhias.

b) disciplinar a organização, o funcionamento e as

operações das bolsas de valores, promovendo o acompanhamento

diário e simultâneo das operações que se realizam no mercado bursátil,

com o objetivo de avaliar a adequação das operações, por ocasião da

sua realização, às normas legais e regulamentares que as balizam.

Além do acompanhamento das operações rotineiras que se efetuam nas

bolsas de valores, compete também a CVM autorizar ou conceder

registros para a execução de operações especiais com ações de

companhias abertas, tais como alienações ou aquisições de controle

acionário, negociações com blocos de ações, operações relativas a

incorporações, fusões, cisões e liquidações de companhias abertas, bem

como reorganizações societárias.

c) regular, autorizar e fiscalizar a administração de

carteiras de custódia de valores mobiliários, a auditoria das companhias

(45)

fundos de ações e sociedades de investimentos, e a negociação e

intermediação de valores mobiliários.

d) fiscalizar permanentemente as pessoas

integrantes do sistema de distribuição, as companhias abertas, as

sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais, os

fundos e sociedades de investimento, as carteiras de depósito de

valores mobiliários, os auditores independentes, os consultores e

analistas, bem como outras pessoas naturais ou jurídicas que

participam do mercado.

No âmbito da fiscalização interna, isto é, de

acompanhamento das atividades do mercado e das companhias abertas

e beneficiárias de incentivos fiscais, a CVM procede à requisição e ao

exame de demonstrações financeiras e de outras informações

relevantes, as quais devem ser periodicamente enviadas pelos

administradores.

Compete a CVM analisar tais documentos, com vistas

à correção de possíveis desvios ou irregularidades.

A CVM dispõe, como se vê, de amplo poder de

polícia, previsto em lei, o qual é exercido de forma continuada, regular

e permanente, à luz dos princípios gerais da Administração Pública,

previstos no caput do artigo 37 da Constituição Federal, dos quais não

pode aquela autarquia se afastar, sob pena de desvio de finalidade,

como visto.

O poder regulador atribuído pela lei à CVM, no

âmbito do mercado de valores mobiliários, tal qual outro poder estatal,

constitui verdadeiro poder-dever que, como pacificamente reconhecido

pela doutrina e pela jurisprudência, não comporta digressões acerca da

sua utilização ou não pela autoridade administrativa, já que,

relembrando o saudoso Professor Hely Lopes Meirelles, “ o poder t em

(46)

para com os indivíduos, no sent ido de que quem o det ém est á sem pre

na obrigação de exercit á- lo.”

No que concerne especificamente às ofertas públicas

de valores mobiliários no mercado, assim entendidas as operações

definidas na Lei n° 6.385/76, bem como aquelas estabelecidas em

normas específicas expedidas pela CVM, o registro obrigatório naquela

autarquia, tem por escopo o atendimento da política de disclosure,

“ que consist e exat am ent e na divulgação de

inform ações am plas e com plet as a r espeit o da

com panhia e dos valores m obiliários por ela

ofert ados.” 14

Constata-se, portanto, relativamente à alienação de

ações de titularidade de sujeitos de direito público, que há nítida

identidade entre o interesse público, consagrado como fim precípuo da

Administração, e o disclousure que incumbe à CVM resguardar, por

expressa disposição legal.

É relevante a atuação preventiva e fomentadora da

CVM no âmbito do mercado de valores mobiliários, expressamente

prevista em lei (Lei n° 6.385/76, art. 4°), a qual, inclusive, é

reconhecida pelo próprio mercado, não sendo demais reproduzir o

entendimento predominante no meio:

“..., deve ser destacado que é fundamental para a estabilidade do mercado acionário, assim como para o sucesso de um programa de privatização que pretenda alcançar uma valorização crescente do patrimônio público, assim como uma ampla democratização dos bens de capital, através da dispersão, entre o grande público poupador, de

(47)

ações de emissão de empresas que atuam em diferentes setores de atividade econômica, a existência de uma agência estatal forte, técnica e financeiramente independente, que possa ter um quadro de técnicos de alto nível profissional e indiscutível qualidade ética, contribuindo para que as

operações de mercado sejam realizadas dentro de padrões exemplares, tudo com vistas à busca da eficiência do próprio mercado, com o que estará preservado o interesse maior, que é o de vê-lo cumprir adequadamente sua função econômica.

“Dentro dessa linha, é chegada a hora de se fazer uma verdadeira cruzada, em cada trincheira alcançável, para sensibilizar a classe política, bem como as autoridades federais, sobre a importância que tem, em nosso processo de crescimento econômico, a Comissão de Valores Mobiliários que, apesar de todas as dificuldades com que se tem defrontado, vem cumprindo satisfatoriamente o seu

papel, graças à dedicação de um quadro de competentes e dedicados técnicos.” 1 5

As instruções baixadas pela CVM decorrem do seu

poder-dever de regulação do mercado de valores mobiliários, de cujo

exercício não pode aquela autarquia deixar se desincumbir, por força da

Lei n° 6.385/76 e pelo próprio mandamento constitucional, como visto

acima.

A constituição da Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), em 1976, se deu como uma das medidas adotadas com o

objetivo de promover a expansão econômica do país, sob a premissa de

(48)

para o financiamento da atividade produtiva e, conseqüentemente, para

o aumento da capacidade das empresas de gerar riquezas e

oportunidades de emprego.

A lei reserva à CVM competência para estabelecer,

aos participantes do mercado, padrões de conduta. De outro lado, a

CVM fiscaliza as atividades e os serviços do mercado, bem como a

veiculação de informações relativas às pessoas que dele participem e

aos valores nele negociados.

A Lei 4.728/65 e a Lei 6.404/76 proporcionaram um

arcabouço legal que permitiu às empresas e instituições financeiras

participantes da conjuntura econômica e financeira dessas épocas,

ampliar seu desenvolvimento técnico e, por conseguinte, aumentar a

eficiência de alocação de recursos em todo o sistema financeiro.

Tendo em vista que o mercado financeiro e de

capitais é um ambiente de negócios extremamente dinâmico, a

regulamentação de suas atividades deve acompanhar de perto sua

evolução, de forma a permitir o constante aperfeiçoamento das

instituições, dos profissionais, das companhias e, fundamentalmente,

proporcionar proteção aos investidores.

É importante frisar que as características mais

relevantes das legislações societárias dos mais diversos países são

muito parecidas entre si. A grande diferença que se percebe no

tratamento dado aos acionistas não controladores, no número de

companhias abertas e no grau de eficiência do mercado de capitais,

está fortemente relacionada ao estágio de desenvolvimento econômico

e financeiro da sociedade em questão, e à eficiência do sistema legal de

fazer cumprir as normatizações existentes.

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