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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO DE ENGENHARIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO JOYCE ABREU MAIA

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO DE ENGENHARIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

JOYCE ABREU MAIA

PROPOSTA DE MODELO MULTICRITÉRIO PARA PRIORIZAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES DE

TRABALHO

MOSSORÓ

2018

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JOYCE ABREU MAIA

PROPOSTA DE MODELO MULTICRITÉRIO PARA PRIORIZAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES DE

TRABALHO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Centro de Engenharias para a obtenção do título de Engenheira de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Thomas Edson Espíndola Gonçalo - UFERSA

MOSSORÓ

2018

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©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº 9.610/1998. O conteúdo desta obra tornar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de patenteamento. Esta investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos bibliográficos.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI- UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.

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JOYCE ABREU MAIA

PROPOSTA DE MODELO MULTICRITÉRIO PARA PRIORIZAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES DE

TRABALHO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Centro de Engenharias para a obtenção do título de Engenheira de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Thomas Edson Espíndola Gonçalo - UFERSA

DEFENDIDA EM: 14/09/2018

BANCA EXAMINADORA

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Ao meu avô Antônio Alves de Abreu e minha avó Maria Silva de Abreu, por acreditarem no melhor de mim. (In Memoriam).

A Deus, aos meus pais Josefa Soares e Edson

Maia, e aos meus irmãos Eder Maia e Cecília

Maia pelo incentivo e força nos momentos em que

mais precisei. Sem eles jamais conseguiria essa

realização.

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar a vida e a coragem para enfrentar os obstáculos e a oportunidade de construir uma carreira profissional com dignidade e merecimento.

Aos meus pais Josefa Soares de Abreu Maia e Edson Maia Pereira, agradeço pelo amor e apoio em todos os momentos, mesmo os de maior dificuldade; e por ensinar a superar todas as situações difíceis. Aos meus irmãos Eder Abreu Maia e Lídia Cecília Abreu Maia, pelo auxílio, e por compartilharem todos os momentos da minha vida.

A meu professor orientador Thomas Edson Espíndola Gonçalo, pela dedicação e disponibilidade, pela paciência e por compartilhar conhecimentos que se tornaram imprescindíveis a realização desse trabalho. À Banca Examinadora pela disponibilidade em avaliar e contribuir para a melhoria da pesquisa.

A professora Fabrícia Nascimento de Oliveira, pela disponibilidade e ajuda. Sem seu suporte e incentivo não seria possível concluir esse trabalho. Aos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social pelo importante auxílio.

A meu tio Damião Alves de Abreu, sua dedicação e ajuda foram essenciais para a conclusão deste trabalho. Às minhas tias Deuzilene Abreu e Dalvaneide Abreu, por estarem sempre ao meu lado. Aos meus primos Isabelle Abreu e Igor Abreu, pelo apoio, inclusive nos momentos de maior stress.

Aos meus amigos Damirys Lucena, Rodolfo Formiga, Valdeiza Dantas, Bruna Jales e

Wellerson Mota pelo apoio em todos os momentos do curso, e por compartilharem comigo os

melhores e piores momentos.

(7)

RESUMO

No Brasil, ocorre uma grande quantidade de acidentes de trabalho, que geram despesas aos cofres públicos, assim como perdas e sequelas aos trabalhadores. O dinheiro gasto na prevenção desses acidentes e no pagamento de auxílios e pensões é repassado as Unidades Federativas, mas não existe uma maneira científica para sua alocação. Para fazer essa análise, os métodos de decisão multicritério surgem como importantes ferramentas, principalmente nesse caso, uma vez que a tomada de decisão envolve a consideração de múltiplos critérios. É por esse motivo que sua utilização pode facilitar a tomada de decisão na gestão pública, especialmente no que se refere às ações de prevenção a acidentes de trabalho. Assim, esse trabalho objetiva propor um modelo multicritério para priorização dos estados brasileiros em relação aos acidentes de trabalho. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com posterior aplicação do método ELECTRE III. O modelo proposto é composto por uma série de etapas, que podem ser seguidas por diversos gestores que precisam lidar com o problema de fornecimento de recursos.

A partir da aplicação, foi obtido um ranking das Unidades Federativas mais críticas em relação aos acidentes de trabalho, destacando-se: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Palavras-chave: Modelo Multicritério. Gestão Pública. Acidentes de trabalho. Priorização.

(8)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Paradigmas das Escolas de Métodos Multicritério... 28

Quadro 2 – Família de Métodos ELECTRE... 30

Quadro 3 – Alternativas utilizadas na aplicação do modelo... 42

Quadro 4 – Critérios usados na aplicação... 43

Quadro 5 – Pesos dos critérios... 46

Quadro 6 – Limiares dos critérios... 47

Quadro 7 – Pré-ordens parciais... 51

Quadro 8 – Ranking Final... 52

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estruturação do estudo... 16

Figura 2 - Detalhamento das etapas da pesquisa... 18

Figura 3 - Classificação dos acidentes de trabalho em relação ao afastamento... 20

Figura 4 - Classificação dos atos inseguros... 21

Figura 5 - Matriz de avaliação... 25

Figura 6 - Fases e etapas do MCDA... 27

Figura 7 - Roteiro de emissão e registro da CAT... 34

Figura 8 - Localização geográfica das vítimas de acidentes... 36

Figura 9 - Localização geográfica dos acidentes com afastamentos... 37

Figura 10 - Modelo proposto... 38

Figura 11 - Matriz de avaliação... 45

Figura 12 – Matriz de concordância global... 48

Figura 13 - Matriz de dominância... 50

(10)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEAT Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social AHP Analytic Hierarchy Process

CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CANPAT Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de trabalho CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

DATAPREV Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social DRT Delegacia Regional do Trabalho

ELECTRE Elimination et Choix Traduisant la Réalité FAP Fator Acidentário de Prevenção

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Índice de Consistência

INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MAUT Multiple Attribute Utility Function

MCDA Multi Criteria Decision Aid

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NBR Norma Brasileira

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho PAT Programa de Alimentação do Trabalhador

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PROMETHEE Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluations RAIS Relação Anual de Informações Sociais

SSST Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho

SUB Sistema Único de Benefícios

SUIBE Sistema Único de Informações de Benefícios

SUS Sistema Único de Saúde

(11)

LISTA DE SÍMBOLOS

Pα - Problemática de seleção

Pβ - Problemática de classificação

Pγ - Problemática de hierarquia

Pδ - Problemática de descrição

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 OBJETIVOS ... 15

1.1.1 Objetivo geral ... 15

1.1.2 Objetivos específicos ... 15

1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ... 16

1.3 METODOLOGIA ... 17

1.3.1 Classificação da pesquisa ... 17

1.3.2 Método proposto ... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19

2.1 ACIDENTES DE TRABALHO ... 19

2.1.1 Definições ... 19

2.1.2 Causas dos acidentes de trabalho ... 20

2.1.3 Prevenção de acidentes ... 22

2.1.3.1 Responsabilidade governamental sobre a prevenção ... 22

2.1.4 Custo dos acidentes de trabalho no Brasil ... 23

2.1.5 Avaliação da frequência e da gravidade ... 23

2.2 MODELAGEM MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO ... 24

2.2.1 Tomada de decisão ... 24

2.2.2 Metodologia Multicritério de apoio à decisão ... 26

2.2.3 Principais métodos multicritério ... 27

2.2.4 ELECTRE ... 30

2.3 SISTEMA DE EMISSÃO E REGISTRO DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO ... 33

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 38

3.1 PROPOSTA DE MODELO MULTICRITÉRIO PARA PRIORIZAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES DE TRABALHO ... 38

3.2 APLICAÇÃO NUMÉRICA DO MODELO PROPOSTO ... 39

3.2.1 Estruturação do problema ... 39

3.2.2 Identificação do decisor ... 40

3.2.3 Escolha do método multicritério ... 40

3.2.4 Identificação das alternativas ... 40

3.2.5 Definição dos critérios ... 41

3.2.6 Construção da matriz de avaliação ... 43

(13)

3.2.7 Aplicação do método ... 0

3.2.8 Análise dos resultados ... 1

3.2.9 Análise de sensibilidade ... 2

3.2.10 Discussão de resultados ... 2

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 4

4.1 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ... 4

4.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 5

REFERÊNCIAS ... 6

APÊNDICE A – MATRIZES DE DISCORDÂNCIA ... 0

APÊNDICE B – MATRIZ DE CREDIBILIDADE ... 16

APÊNDICE C - DESTILAÇÃO ASCENDENTE, DESTILAÇÃO DESCENDENTE E RANKING FINAL ... 0

APÊNDICE D – RESULTADO DA ANÁLISE DE SENSIBILIDADE... 0

(14)

14 1 INTRODUÇÃO

O Brasil se apresenta como um país emergente no que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano (0,699 conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), e avanço das políticas de aumento de infraestrutura, o que aumenta o número de empregos gerados. Consequentemente, também houve o aumento no número dos casos de acidentes de trabalho, o que já atribuiu ao país o título de “campeão mundial em acidentes de trabalho” (SOARES, 2008; PNUD, 2018).

Com a contabilização dos acidentes notificados, dados oficiais registraram nos últimos 5 anos uma média de 710 mil acidentes de trabalho por ano, onde 2,8 mil resultaram em morte, 1,5 mil em sequelas permanentes, gerando despesas de aproximadamente 11 bilhões de reais por ano para a Previdência Social (BRASIL, 2018).

Considera-se que a precariedade da prevenção dos acidentes de trabalho custa cerca de 12,5 bilhões de reais por ano, quando contabilizados também os gastos das empresas (SOARES, 2008). Assim, os órgãos governamentais preocupam-se cada vez mais em atuar na prevenção para a diminuição dos acidentes de trabalho, chegando a lançar anualmente a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de trabalho (CANPAT).

Os acidentes de trabalho e seus impactos sobre a produtividade e a economia são amplamente estudados e discutidos, sendo uma preocupação dos gestores públicos e da sociedade. As medidas de prevenção adotadas se justificam devido às perdas humanas e sequelas permanentes, e também por serem, em sua maioria, evitáveis.

O Observatório Digital de Saúde e Segurança do trabalho, lançado pelo Ministério Público do Trabalho (MTP) em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e a Universidade de São Paulo (USP), registrou 889.462 acidentes durante o ano de 2017. Dos acidentes registrados nesse intervalo de tempo, 3.098 resultaram em morte, o que significa que tem-se uma morte a cada 4 horas e 23 minutos. Esses são considerados dados preocupantes para a gestão pública, o que ocasionou um aumento nas ações de prevenção (BRASIL, 2018).

Ainda que tenha ocorrido um aumento em sua quantidade, as ações de prevenção aos acidentes de trabalho são adotadas de maneira uniforme em todos os estados do país, uma vez que os gestores atuam com base na experiência. O estudo em questão trará uma maneira científica para a alocação de recursos e ações, apoiando a gestão pública na tomada de decisão.

Nesse contexto os métodos de decisão multicritério podem auxiliar na alocação dos

recursos nos estados que seriam mais prioritários (estados mais críticos em relação ao

(15)

15 problema). Com a criação e a aplicação de um modelo multicritério de apoio à decisão, busca- se responder à seguinte questão: Quais Unidades Federativas Brasileiras devem ser priorizadas na alocação de recursos federais para a prevenção de acidentes de trabalho?

Nesse sentido, o trabalho tem fundamental importância para a gestão pública, por gerar modelos que fornecerão boa compreensão dos aspectos envolvidos, sendo flexíveis a potenciais adaptações e com grande probabilidade de redução dos conflitos existentes no modo de avaliar o problema da priorização de ações preventivas.

Na sequência serão apresentados os objetivos dessa pesquisa, assim como a estruturação do trabalho.

1.1 OBJETIVOS

Os objetivos podem ser divididos em objetivo geral e objetivos específicos, sendo o primeiro mais abrangente e os segundos mais precisos, com ações mais pormenorizadas para o andamento da pesquisa.

1.1.1 Objetivo geral

Propor um modelo multicritério de apoio à decisão que auxilie a gestão pública na priorização para ações de prevenção aos acidentes de trabalho, por meio de um ranking das Unidades Federativas brasileiras em ordem decrescente de criticidade em relação ao problema.

1.1.2 Objetivos específicos

 Construir um modelo multicritério de priorização para as Unidades Federativas brasileiras;

 Identificar quais os critérios mais importantes relacionados à quantidade de acidentes de trabalho observados no Brasil;

 Construir uma Matriz de Avaliação com os desempenhos das Unidades Federativas brasileiras em relação aos critérios;

 Selecionar o método de seleção multicritério mais adequado à resolução da

problemática

(16)

16

 Executar uma análise de sensibilidade para verificar a robustez dos resultados encontrados

1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em capítulos, organizados da maneira apresentada na Figura 1:

Figura 1 – Estruturação do estudo

Fonte: Autoria Própria (2018)

De maneira a atender aos objetivos propostos, o estudo divide-se em seis capítulos, sendo o capítulo inicial composto pela parte introdutória, juntamente aos objetivos do estudo.

Ainda, apresenta-se nesse capítulo a justificativa da pesquisa, sua relevância e a classificação metodológica. A mesma será classificada quanto aos métodos de pesquisa, quanto à natureza, quanto à forma de abordagem do problema e quanto à finalidade. Este capítulo também apresenta o método proposto para a realização do trabalho.

O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica, abordando acidentes de trabalho, suas definições e legislação pertinente, assim como os meios de prevenção e seus custos e modelagem multicritério de apoio à decisão. No capítulo 3 apresenta-se o sistema de emissão e registros de acidentes de trabalho, com um panorama dos passos necessários ao controle dos acidentes pela gestão pública. O capítulo 4 apresentará a proposição do modelo, considerando- se os dados relevantes para o estudo, os critérios da pesquisa e a decisora. O capítulo seguinte

Capítulo 1

• Contextualização do estudo Capítulo 2

• Fundamentação Teórica Capítulo 3

• Resultados e Discussões Capítulo 4

• Considerações Finais

(17)

17 conterá a aplicação numérica do modelo proposto, sendo possível apontar os principais aspectos da pesquisa, assim como a validação do modelo. O capítulo 6 mostrará as conclusões da pesquisa, apontará se os objetivos foram cumpridos e apresentará sugestões para trabalhos futuros.

1.3 METODOLOGIA

Nesta seção será mostrada a metodologia da pesquisa, descrevendo os passos necessários à conclusão do trabalho.

1.3.1 Classificação da pesquisa

Quanto à natureza, essa pesquisa é considerada aplicada, que de acordo com Gil (2008) é uma pesquisa que procura utilizar e aplicar os conhecimentos em uma realidade circunstancial. Foram utilizados conceitos de modelagem multicritério de apoio à decisão, para que se possa verificar quais estados brasileiros são mais críticos em relação aos acidentes de trabalho.

Essa pesquisa utilizou dados quantitativos, dada a natureza dos elementos encontrados nas bases de dados acessadas. Em relação aos objetivos essa pesquisa é classificada como exploratória, que Gil (2008) afirma que procuram esclarecer e modificar ideias e conceitos. Já quanto aos procedimentos esse será um estudo de caso, que para Gil (2008) afirma ser um estudo profundo de um objeto, para que se possa conhecê-lo detalhadamente.

1.3.2 Método proposto

Para melhor visualização das etapas a serem seguidas na pesquisa o detalhamento da

mesma será exposto na Figura 2:

(18)

18 Figura 2 – Detalhamento das etapas da pesquisa

Fonte: Autoria própria (2018)

A pesquisa foi realizada na cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, e utilizou dados coletados dos bancos de dados do Ministério do Trabalho, Ministério da Fazenda, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Foram utilizados os dados dos anos de 2012 a 2017, recolhidos Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.

Como alternativas, foram utilizadas as 27 Unidades Federativas brasileiras, o método utilizado foi o ELECTRE III. Como decisora foi escolhida uma especialista em segurança do trabalho, que auxiliou na definição de 16 critérios relativos aos acidentes de trabalho. Para aplicação do ELECTRE III foi utilizado o software J-Electre.

A primeira etapa do projeto foi a formulação e caracterização do problema a ser tratado na pesquisa. A segunda etapa foi a construção do referencial teórico que servirá de base para a pesquisa, considerando os métodos multicritérios de apoio à decisão e os acidentes de trabalho.

A etapa seguinte foi a determinação dos objetivos e ferramentas que serão utilizadas para a modelagem do problema. Na quarta etapa houve a criação e aplicação do modelo no problema de pesquisa. Essa etapa se desdobra na definição dos decisores (gestores com poder de decisão em relação aos acidentes de trabalho), a seleção das alternativas, a definição dos critérios relevantes para o problema e a construção e proposição do modelo. Na quinta etapa houve a validação do modelo proposto.

Primeira Etapa

•Formulação do problema

Segunda Etapa

•Construção do Referencial Teórico

Terceira Etapa

•Definição dos objetivos e ferramentas

Quarta Etapa

•Criação e aplicação do modelo

Quinta Etapa

•Validação do modelo

(19)

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este Capítulo trata de um levantamento bibliográfico abordando acidentes de trabalho e modelagem multicritério de apoio à decisão, de modo a embasar cientificamente a metodologia a ser aplicada.

2.1 ACIDENTES DE TRABALHO

2.1.1 Definições

Acidentes de trabalho podem ser definidos como situações em que ocorrem ferimentos, lesões, danos à saúde ou a morte do trabalhador, e sendo um acontecimento não desejado ou programado, as empresas e órgãos competentes devem procurar ao máximo utilizar recursos para sua diminuição e prevenção (TESTA, 2015).

O acidente do trabalho também se encontra na legislação, sendo definido pelo artigo 19 de Lei nº 8.213 de julho de 1991, que trata do Plano de Benefícios da Previdência Social como:

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL 1991).

Do mesmo modo, podem ser considerados acidentes de trabalho as doenças profissionais (que são desencadeadas pelo exercício do trabalho), as doenças do trabalho (desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e que esteja relacionado diretamente ao mesmo) e acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho (AEAT, 2016).

Testa (2015) afirma que os acidentes de trabalho também podem ser classificados

segundo o grau de danos à saúde, sendo: Acidente sem lesão aquele onde é possível retornar ao

trabalho imediatamente após o problema porque não houve ferimentos temporários ou

permanentes; Acidente com lesão e sem afastamento, aquele onde o trabalhador pode retornar

ao trabalho no máximo no dia seguinte, tendo ocorrido dano físico leve. Já acidente com lesão

e com afastamento é aquele onde é necessário o afastamento do trabalhador por ter sua

capacidade laboral prejudicada.

(20)

20 Pode-se observar a classificação dos acidentes de trabalho em relação à necessidade ou não de afastamento na Figura 3:

Figura 3 – Classificação dos acidentes de trabalho em relação ao afastamento

Fonte: Adaptado de Costella (1999)

A Lei nº 8.213 de 1991 estabelece no artigo 22 que toda empresa deve comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social, podendo ser multada em caso de descumprimento. O formulário de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é considerado o instrumento formal de registro de acidentes de trabalho e serve como fonte de controle estatístico pelo governo.

2.1.2 Causas dos acidentes de trabalho

Para Veivanco (2014), as principais causas de acidentes de trabalho são: Ato inseguro e Condição insegura. Correa e Júnior (2007) afirmam que o ato inseguro ocorre quando o trabalhador se expõe a riscos de acidentes, sendo considerado um comportamento que pode levar ao acidente.

Correa e Cardoso Júnior (2007) classificam os atos inseguros em erros e violações,

conforme exposto na Figura 4:

(21)

21 Figura 4 – Classificação dos atos inseguros

Fonte: Adaptado de Correa e Cardoso Júnior (2007)

Os erros ocorrem quando o trabalhador falha em alcançar o objetivo pretendido, sendo a categoria que causa a maior parte dos acidentes. Os erros podem ser de decisão (quando tudo ocorre como o planejado, mas o plano em questão é inadequado à situação), de habilidade (que ocorrem de maneira inconsciente, como falhas de técnica ou de atenção), ou de percepção (quando a realidade é percebida de modo diferente pelo trabalhador). Desses, o erro mais difícil de prevenir é o erro de habilidade, por estar ligados a diferentes fatores, nem sempre percebíveis (CORREA; CARDOSO JÚNIOR, 2007).

Já as violações ocorrem quando há a desobediência às regras e normas da organização, podendo ser divididas em Rotina e Excepcional. As violações de rotina são aquelas que acontecem frequentemente, sendo toleradas pela chefia; e as excepcionais aparecem inesperadamente e de maneira isolada, não sendo toleradas pela chefia (CORREA; CARDOSO JÚNIOR, 2007).

As condições inseguras são outro fator apontado como causa de acidentes. Essas

condições são definidas como irregularidades físicas que podem comprometer a segurança do

trabalhador, significando que o ambiente contribuiu para a ocorrência do acidente

(VEIVANCO, 2014).

(22)

22 2.1.3 Prevenção de acidentes

Empregador e empregado possuem responsabilidade na prevenção de acidentes, onde todos estão habilitados a atuar em seu campo de ação. Quando um empregador se interessa por algum programa de prevenção de acidentes, será garantida a eficiência do mesmo, e esse tipo de prevenção pode possibilitar o alcance dos lucros almejado pela empresa (HESKETH;

NOGUEIRA, 1980).

Hesketh e Nogueira (1980) afirmam ainda que existem três principais aspectos de interesse do empregador em evitar acidentes de trabalho: o interesse humano, onde a empresa deve garantir a vida e a saúde de seus trabalhadores; o interesse legal, onde o empregador e a empresa devem fornecer condições seguras de trabalho impostas por lei; e o interesse econômico, visto que empresas onde ocorrem acidentes de trabalho arcam com grandes prejuízos financeiros advindos desses acidentes.

2.1.3.1 Responsabilidade governamental sobre a prevenção

No que diz respeito à responsabilidade governamental sobre a prevenção de acidentes, alguns órgãos tem atribuições bem estabelecidas. Desses órgãos, o mais conhecido é o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Atuando em nível federal e regional, onde a atuação federal é feita por meio da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), e a atuação regional por meio das Delegacias Regionais do Trabalho (DRT). Cada uma dessas delegacias possui setores específicos de Segurança do trabalho, inclusive gerindo a CANPAT a nível regional (OLIVEIRA; ARAÚJO; SÁ, 2009).

A Norma regulamentadora 01 (NR-01) que trata das disposições gerais define que as atribuições da SSST incluem: orientar, controlar, coordenar e supervisionar todas as atividades relacionadas com a segurança do trabalho em âmbito nacional, inclusive a CANPAT, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) (BRASIL, 2018).

Já as DRTs, conforme a Norma Regulamentadora 01, são os órgãos que orientam,

controlam e coordenam essas atividades no nível regional, tendo ainda as atribuições de adotar

as medidas necessárias ao cumprimento das leis e normas, impondo as penalidades no caso de

descumprimento; embargar obras e interditar estabelecimentos; notificar empresas, e atender

requisições judiciais para a realização de perícias sobre segurança do trabalho (BRASIL, 2018).

(23)

23 2.1.4 Custo dos acidentes de trabalho no Brasil

Estima-se que 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de um país seja perdido por gastos decorrentes de acidentes de trabalho, podendo aumentar para 10% em caso de países em desenvolvimento. É o caso do Brasil, que com base nos dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, estimou-se que as perdas ficariam em torno de R$ 74.520.828.510 o que reflete a baixa efetividade das políticas de prevenção aos acidentes de trabalho (BRASIL, 2018).

Esses gastos podem ser classificados como diretos ou indiretos, onde os gastos diretos são aqueles onde se percebe facilmente a relação com acidente, sendo o caso da assistência à saúde e o pagamento de benefícios (auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão por morte); já os gastos indiretos referem-se aos relacionados às perdas salariais dos trabalhadores que não forem totalmente compensadas pelos benefícios previdenciários, sendo gastos de baixa percepção (ALMEIDA; BARBOSA-BRANCO, 2011).

2.1.5 Avaliação da frequência e da gravidade

A Norma Brasileira 14280 (NBR14280), que trata do cadastro de acidentes de trabalho, seus procedimentos e classificações, define a taxa de frequência e a taxa de gravidade dos acidentes de trabalho como indicadores a serem utilizados na medição de acidentes de trabalho, estabelecendo também as interpretações e os procedimentos de cálculo (ABNT, 2018).

A Taxa de Frequência, segundo a NBR14280, representa a frequência com que ocorrem os acidentes em uma determinada região, sendo o número de acidentes por milhão de horas- homem de exposição ao risco, em um determinado período. Essa taxa é calculada segundo a equação 1:

𝐹 𝐴 = 𝑁×1000000

𝐻 (1) Onde:

N é o número de acidentes ocorridos

H representa as horas-homem de exposição ao risco.

Já a taxa de gravidade, também de acordo com a NBR14280, representa a gravidade dos

acidentes ocorridos em determinada localidade, sendo o tempo perdido por milhão de horas-

homem de exposição ao riso, em certo período. Essa taxa é calculada conforme a Equação 2:

(24)

24

𝐺 =

𝑇×

1000000

𝐻

(2) Onde:

G é a taxa de gravidade;

T é o tempo computado;

H representa as horas-homem de exposição ao risco.

Esses indicadores são utilizados pela gestão pública no acompanhamento dos acidentes de trabalho ocorridos nas Unidades Federativas, chegando a ter registro dos mesmos nos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho.

2.2 MODELAGEM MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO

2.2.1 Tomada de decisão

A tomada de decisão é importante para qualquer organização. Todos os dias, milhões de deliberações são tomadas por todos os funcionários, em todos os níveis dos processos. As determinções tomadas podem afetar todo o desenvolvimento dos processos organizacionais, podendo inclusive influenciar em sua sobrevivência (BERTONCINI et al., 2013).

Nas organizações, a decisão é desenvolvida de maneira um tanto caótica, na medida em que evolui por confrontações contínuas de preferência entre os atores citados, onde os confrontos surgem em cada uma das interações. No desenrolar dessas interações surge o processo de decisão, sob os efeitos de compensação e amplificação do sistema (ROY, 1996, tradução nossa).

Nesse contexto surge o problema de decisão, que segundo Almeida (2013) é uma situação com duas ou mais alternativas passíveis de escolha, onde se conduz essa escolha pelo desejo de atender a múltiplos objetivos, que podem ser conflitantes entre si.

No processo decisório há o envolvimento de diversos atores, sendo o principal deles o decisor ou agente de decisão, que é o responsável pela escolha a ser tomada, possuindo o papel mais importante no processo de tomada de decisão. O decisor deve avaliar as alternativas do problema de acordo com sua preferência (ALMEIDA, 2013; CAMPOS, 2011).

Outros atores importantes incluem: o analista, que apoia o processo decisório, podendo

auxiliar no desenvolvimento do modelo; o cliente, que desempenha um papel de intermediário

entre o analista e o decisor; e o especialista, que informa os outros atores sobre o ambiente

examinado (ALMEIDA, 2013).

(25)

25 Os principais componentes do processo decisório são as alternativas, os critérios e os tipos de problemáticas. As alternativas (também chamadas de ações potenciais) são um conjunto de possíveis opções para que o decisor possa fazer sua escolha, sendo classificadas em quatro tipos: reais (ações executadas), fictícias (ações ainda não formalizadas), realista (projeto de viável execução) e irrealista (projeto de execução não viável). É importante observar a quantidade de alternativas do problema de decisão, uma vez que quanto maior for o número de alternativas, mais complexo será o problema, necessitando de uma maior quantidade de compensações por parte do decisor (CAMPOS, 2011).

Muitos dos problemas de decisão possuem mais de um objetivo a ser atingido, sendo esses objetivos denominados critérios ou atributos, que podem ter caráter qualitativo ou quantitativo. Esses critérios precisam ser considerados para efetuar uma ação, sendo utilizados como parâmetros de avaliação para o conjunto de alternativas (CAMPOS; ALMEIDA, 2006).

Para que se possa relacionar as alternativas aos critérios, habitualmente se utiliza uma matriz de avaliação, que é um quadro relacionando cada alternativa a cada um dos n critérios de avaliação (CAMPOS, 2011; RANGEL; GOMES, 2010).

Uma representação de uma matriz de avaliação pode ser vista na Figura 5:

Figura 5 – Matriz de avaliação Critérios j

1

j

2 ...

j

n

Alternativas

A

1

a

11

a

12

.... a

1n

... ... ... ... ...

A

m

a

m1

a

m1

... a

mn Fonte: Adaptado de Campos (2011)

Em geral, nessa matriz o número de colunas é ser igual ao número de critérios e um número de linhas igual às alternativas a serem comparadas. Assim, as células representam a avaliação de uma alternativa por critério (CAMPOS, 2011; RANGEL; GOMES, 2010).

Outro componente importante do processo decisório é o tipo de problemática. Roy (1996, tradução nossa) apresenta quatro principais tipos de problemática:

 Problemática de seleção (Pα) – É a mais tradicional das problemáticas, e tem por

objetivo escolher uma “melhor” alternativa, resultando na recomendação de uma

decisão. Nessa problemática, os elementos são comparados entre si, de modo a eliminar

tantas alternativas quanto for possível.

(26)

26

 Problemática de classificação (Pβ) – Nessa problemática um conjunto de alternativas potenciais deve ser classificado em categorias de acordo com os resultados de um teste.

 Problemática de hierarquia (Pγ) – Essa problemática consiste em atribuir uma posição para cada alternativa em um ranking, o que permite a ordenação e diferenciação das mesmas.

 Problemática de descrição (Pδ) – Essa problemática apresenta uma descrição das ações e consequências de uma determinada ação.

Para lidar com essas problemáticas e fornecer apoio para lidar com as incertezas foi criado um conjunto de técnicas e ferramentas de avaliação para escolhas estratégicas, sendo uma dessas a Metodologia Multicritério de apoio à decisão (ZOPOUDINIS; PARDALOS, 2010, tradução nossa).

2.2.2 Metodologia Multicritério de apoio à decisão

A Metodologia Multicritério de apoio à decisão oferece grandes vantagens à gestão pública, pois auxilia os processos decisórios pautando-os em critérios técnicos transparentes e objetivos, ao mesmo tempo em que incorpora os juízos de natureza subjetiva dos gestores públicos incluídos na decisão (JANNUZZI; MIRANDA; SILVA, 2009).

Com origem na pesquisa operacional, essa metodologia busca analisar problemas de

decisão que envolve múltiplos objetivos ou múltiplos critérios de avaliação, de forma a otimizar

objetivos conflitantes (MORAIS, 2013). A também chamada Multi Criteria Decision Aid

(MCDA) possui três fases consecutivas e interatuantes: A fase de estruturação, A fase de

avaliação e a fase de recomendações (LONGARAY; ENSSLIN, 2014). Na figura 6 é possível

visualizar as fases e etapas do MCDA:

(27)

27 Figura 6 – Fases e etapas do MCDA

Fonte: Adaptado de Longaray e Ensslin (2014)

Na primeira fase procura-se fazer uma identificação e caracterização dos fatos importantes ao processo de apoio à decisão por meio de um modelo. Na fase de avaliação, ocorre a aplicação de métodos matemáticos para dar suporte a modelização das preferências dos decisores. Já na fase de recomendações devem ser estabelecidas possíveis ações que ajudem o decisor a melhorar o desempenho do objeto de estudo (LONGARAY; ENSSLIN, 2014).

2.2.3 Principais métodos multicritério

Na teoria relacionada ao apoio multicritério à tomada de decisão, se destacam dois grupos representativos de escolas, a Escola americana e a Escola Europeia. A Escola Americana baseia-se em técnicas de agregação multicritério com critério único de síntese; já a Escola Europeia defende a agregação sem o critério único de síntese, utilizando o conceito de sobreclassificação (BLOCK, 2012).

As duas Escolas baseiam-se em paradigmas científicos distintos. A Escola Americana é

baseada no paradigma do racionalismo; enquanto a Escola Europeia baseia-se no paradigma do

construtivismo (MATZENAUER, 2003). A diferença entre os paradigmas das diferentes

escolas pode ser vista no Quadro 1:

(28)

28 Quadro 1 – Paradigmas das Escolas de Métodos Multicritério

Escola Americana – Paradigma Racionalista

Escola Europeia – Paradigma Construtivista A Tomada de

Decisão

Momento em que ocorre a escolha da solução ótima

Processo ao longo do tempo envolvendo interação entre os atores O Decisor Totalmente racional Dotado de sistema de valores próprio Os Modelos Representam a realidade objetiva São ferramentas aceitas pelos decisores

como úteis no Apoio à Decisão Os Resultados dos

Modelos

Soluções ótimas Recomendações que visam atender aos valores dos decisores

O Objetivo da Modelagem

Encontrar a solução ótima Gerar conhecimento aos decisores sobre seu problema

A Validade do Modelo

O modelo é válido quando representa a realidade

objetivamente

O modelo é válido quando serve como ferramenta de Apoio à Decisão A Preferência dos

Decisores

É extraída pelo analista É construída com o facilitador

Fonte: Adaptado de Matzenauer (2003)

No paradigma racionalista da escola Americana tem-se uma visão objetivista do problema, partindo do princípio que pode-se observar a realidade com imparcialidade. Assim, segundo esse paradigma, todos os atores do processo decisório são capazes de observar a realidade de forma idêntica, ainda que possuam pontos de vista conflitantes (MATZENAUER, 2003).

Já no paradigma construtivista da Escola Europeia, o objeto de estudo e os atores do processo interagem para gerar conhecimento. Nesse caso, o sujeito não observa a realidade com imparcialidade, na medida em que possui papel ativo na produção do conhecimento a partir da realidade por ele percebida (MATZENAUER, 2003).

2.2.3.1 Principais Métodos da Escola Americana

Na Escola Americana se destacam os seguintes métodos: Multiple Attribute Utility Function (MAUT) e o Analytic Hierarchy Process (AHP).

a) Multiple Attribute Utility Function (MAUT)

A Também chamada Teoria da Utilidade Multiatributo é uma extensão da Teoria da

Utilidade, que é um modelo matemático muito utilizado para representar a preferência do

decisor, com a equação permitindo estruturar um problema complexo em forma de hierarquia,

(29)

29 avaliando subjetivamente uma grande quantidade de critérios (PRESSI, 2017; ROSSONI, 2011).

A principal vantagem da MAUT é que ela leva em conta as incertezas, sendo abrangente e podendo explicar e incorporar as preferências dos atores em cada passo do método. Em compensação, esse método possui a desvantagem de precisar de muitos dados, e os mesmos devem ser precisos para a obtenção de resultados consistentes (VELASQUEZ; HESTER, 2013, tradução nossa).

b) Analytic Hierarchy Process (AHP)

O método AHP, proposto por Tomas L. Saaty na década de 70 é uma abordagem para a tomada de decisão envolvendo a estruturação dos múltiplos critérios em uma hierarquia, de modo a avaliar a importância dos mesmos comparando as alternativas para cada critério;

determinando uma classificação geral das alternativas com base nos possíveis benefícios e riscos (SEHRA; BRAR; KAUR, 2012, tradução nossa).

Para a correta aplicação do método, é necessário que sejam seguidas as seguintes etapas:

Inicialmente deve-se definir o problema, identificando as partes envolvidas e como elas se relacionam com o problema. Em seguida deve-se decompor o problema em hierarquias sistemáticas, do objetivo geral a fatores específicos (SILVA, 2007).

Posteriormente é necessária a construção de uma matriz de comparação paritária entre os elementos do nível inferior com os níveis acima. Logo depois precisa-se fazer os julgamentos para completar as matrizes, para em seguida calcular o Índice de consistência (IC). Por fim, se analisam as matrizes para estabelecer as prioridades locais e globais, comparar as alternativas e fazer a seleção (SILVA, 2007).

2.2.3.2 Principais Métodos da Escola Europeia

Em relação aos métodos da Escola Europeia, destacam-se o Preference Ranking

Organization Method for Enrichment Evaluations (PROMETHEE) e o Elimination et Choix

Traduisant la Réalité (ELECTRE).

(30)

30 a) Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluations (PROMETHEE)

Os métodos da família PROMETHEE criam uma relação de sobreclassificação entre as alternativas analisadas e os critérios para dar suporte à tomada de decisão. Esse método compara as alternativas através de uma função de preferência entre os pares de alternativas (ZIOTTI, 2015).

Essa família de métodos se divide em: PROMETHEE I (utilizado para problemas de escolha e ordenação); PROMETHEE II (estabelece uma pré-ordem completa entre as alternativas analisadas); PROMETHEE III; PROMETHEE IV (usado quando conjunto de alternativas é contínuo); PROMETHEE V (incorpora uma metodologia de otimização);

PROMETHEE VI (pré-ordem completa ou parcial) e PROMETHEE GAIA (extensão dos resultados do PROMETHEE). Os métodos dessa família se destacam por serem considerados melhor entendimento (MOREIRA, 2009).

Outro método importante da Escola Europeia é o ELECTRE, que será melhor abordado no próximo tópico.

2.2.4 ELECTRE

Os métodos da família ELECTRE (Elimination et Choix Traduisant la Réalité) foram desenvolvidos por Bernard Roy na década de 60 para problemas de ordenação, classificação e seleção de alternativas. A principal característica do ELECTRE é ser não compensatório, o que significa que os critérios bons não podem compensar os critérios ruins (ZIOTTI, 2015).

Após o método original, foram desenvolvidas variações que diferem em relação aos

tipos de problemas em que são utilizados e também em relação à parte operacional. No quadro

2, é possível observar os métodos derivados e suas problemáticas (COSTA, 2014):

(31)

31 Quadro 2 – Família de métodos ELECTRE

Método Tipo de Problema

ELECTRE I Problemática de Escolha ELECTRE IS Problemática de Escolha ELECTRE II Problemática de Ordenação ELECTRE III Problemática de Ordenação ELECTRE IV Problemática de Ordenação ELECTRE TRI Problemática de Classificação

Fonte: Adaptado de Costa (2014)

Os métodos derivados ELECTRE I e o ELECTRE IS são indicados para problemáticas de escolha (Pα), onde o primeiro utiliza a comparação entre pares e pesos para ordenar os critérios mais importantes, e o segundo é similar, mas com extensão de formulações fuzzy (ZIOTTI, 2015).

Os métodos ELECTRE II, ELECTRE III E ELECTRE IV são indicados para problemáticas de hierarquia (Pγ), onde o ELECTRE II classifica as alternativas a partir de um conjunto de índices de concordância e discordância, o ELECTRE III ordena as alternativas com a utilização da metodologia fuzzy, e o ELECTRE IV incorpora problemas onde não é possível inserir qualquer ponderação de critérios (ZIOTTI, 2014).

Já o ELECTRE TRI é indicado para problemáticas de classificação (Pβ), por objetivar a classificação de alternativas sem ordenação, sendo aplicável aos casos de família de pseudo- critérios (SOMA, 2012).

Recomenda-se a utilização do ELECTRE quando a situação de decisão utiliza pelo menos três critérios (ainda que os procedimentos de agregação sejam mais efetivos em situações que incluem mais de cinco critérios) e pelo menos uma das seguintes propriedades é atendida (FIGUEIRA; MOUSSEAU; ROY, 2016, tradução nossa):

 As ações são avaliadas em uma escala ordinal ou em uma escala fracamente intervalada;

 A natureza das avaliações é fortemente heterogênea entre os critérios, o que dificulta sua agregação em uma escala comum;

 Não se aceita compensação de perda em um critério por ganho em outro, exigindo procedimentos de agregação não compensatórios.

Entre os métodos derivados do ELECTRE que tratam de problemáticas de hierarquia

está o ELECTRE III, que será debatido no tópico seguinte.

(32)

32 2.2.4.1 ELECTRE III

Essa versão do ELECTRE é utilizada para problemas de ordenação quando há apenas um decisor, sendo semelhante ao ELECTRE II. A principal diferença entre os dois é que o ELECTRE III possui aplicação destinada a pseudo-critérios (CAMPOS, 2011).

Freitas, Rubim e Manhães (2004) afirmam que a aplicação do ELECTRE III se dá em três etapas: construção das relações de subordinação, ordenação das alternativas e construção de uma pré-ordenação de interseção.

Na primeira etapa (construção de relações de subordinação), deve-se identificar, para cada par de alternativas, a intensidade com que se pode afirmar que a primeira alternativa subordina a segunda. O cálculo é feito a partir de índices de concordância parcial e global, índices de discordância e índices de credibilidade (ZIOTTI, 2014).

Sendo g

j

(a) o valor de a para o critério j, o índice de concordância parcial c

j

(a, b) pode assumir os seguintes valores, expressos na Equação 3:

𝑐

𝑗

(a, b) = {

= 0, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑝

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)] ≤ 𝑔

𝑗

(𝑏)

∈ ]0,1[, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑞

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)] < 𝑔

𝑗

(𝑏) < 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑝

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)]

= 1, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑞

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)] ≥ 𝑔

𝑗

(𝑏)

(3)

Esses índices expressam a intensidade com que se pode afirmar que, para um dado critério (j), a é tão boa quanto b. Já os índice de concordância global c (a, b) é calculado na forma da Equação 4:

𝑐(𝑎, 𝑏) = ∑

𝑚𝑗=1

(𝑘

𝑗

∙ 𝑐

𝑗

(𝑎, 𝑏))

𝑚𝑗=1

𝑘

𝑗

⁄ (4)

O índice de concordância global expressa o grau que a subordina b, com k

j

sendo o peso associado a cada critério. Para o índice de discordância, calcula-se pela Equação 5:

𝑑

𝑗

(a, b) = {

= 0, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑏) ≤ 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑝

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)]

∈ ]0,1[, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑝

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)] < 𝑔

𝑗

(𝑏) < 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑣

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)]

= 1, 𝑠𝑒 𝑔

𝑗

(𝑏) ≥ 𝑔

𝑗

(𝑎) + 𝑣

𝑗

[𝑔

𝑗

(𝑎)]

(5)

(33)

33 Esse índice é a medida em que o critério j recusa a afirmativa de que a subordina b. Já o índice de credibilidade C

g

(a, b) é expresso pela Equação 6:

𝐺

𝑐

(𝑎, 𝑏) = { 𝑐(𝑎, 𝑏), 𝑠𝑒 Ϝ = 𝜙 𝑐(𝑎, 𝑏) ∙ ∏

1− 𝑑𝑗 (𝑎,𝑏)

1−𝑐 (𝑎,𝑏)

𝑗∈Ϝ (𝑎,𝑏)

, 𝑠𝑒 Ϝ ≠ 𝜙 (6)

Após o cálculo dos índices de credibilidade, é possível passar para a etapa de ordenação

das alternativas, onde se calcula uma matriz de subordinação apontando a eficácia de a, a fraqueza de a e a qualificação de a, para em seguida passar para a seleção das melhores e piores alternativas (ZIOTTI, 2014).

A última etapa é a construção de uma pré-ordenação de interseção, com a interseção de duas pré-ordenações para conduzir a uma classificação mais confiável para o decisor (FREITAS; RUBIM; MANHÃES, 2004).

2.3 SISTEMA DE EMISSÃO E REGISTRO DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO

Para que a Gestão Pública possua um registro dos acidentes e doenças do trabalho que

acontecem no país, e para controle dos benefícios a serem concedidos, o Decreto nº 3.048, de

maio de 1999 estabelece a obrigatoriedade da emissão e registro da Comunicação de Acidente

de Trabalho (CAT). Na Figura 7 mostra o roteiro de emissão e registro de Comunicação de

Acidente do Trabalho:

(34)

34 Figura 7 – Roteiro de emissão e registro da CAT

Fonte: Adaptado do Manual de Instruções para o preenchimento de CAT (1999)

Ao sofrer o acidente ou adquirir doença do trabalho, o trabalhador deve levar ao conhecimento da empresa para que a mesma faça a emissão. O Decreto nº 3.048, de 1999 prevê que essa comunicação deve ser imediata caso o acidente possua vítimas fatais, ou em até um dia para os outros acidentes (independentemente da existência de afastamento). Caso a empresa não emita a CAT, o empregado pode emiti-la. Ainda, podem emitir a CAT o sindicato de classe, o médico ou autoridade pública. Após o preenchimento do campo “Emitente”, o médico deve examinar o acidentado e preencher o quadro “Atestado Médico”.

O Manual de Instruções para preenchimento da CAT, redigido pelo Ministério da

Previdência, recomenda que a CAT seja emitida em seis vias: A primeira para o Instituto

(35)

35 Nacional do Seguro Social (INSS), a segunda para o emitente, a terceira para o trabalhador u seus dependentes, a quarta para o sindicato, a quinta para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sexta para a Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Ainda que essa recomendação seja feita no Manual, a Instrução Normativa nº 45 de agosto de 2010, que possui valor legal, determina que sejam entregues somente quatro vias: para o INSS, para o emitente, para o trabalhador ou dependentes e para o sindicato.

Ao receber a CAT, o INSS emite relatório para registro (informado à empresa) ou, nos casos em que a empresa é omissa e não emite a CAT, é emitido um relatório para acompanhamento do setor de fiscalização, após constatada a omissão. Esse registro é armazenado no banco de dados da Previdência Social.

A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV) desenvolveu o Sistema de Comunicação de Acidentes de Trabalho com o propósito de processar e reunir informações contidas na CAT, cadastradas nas Agências da Previdência Social ou pela internet, de acordo com os procedimentos acima descritos (CORREA; ASSUNÇÃO, 2013).

Esses dados são armazenados nos bancos de dados da Previdência Social e utilizados para compilação e posterior composição do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), para o cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), e para registro no Sistema Único de Benefícios (SUB), programa que armazena os dados de benefícios (BRASIL, 2018).

Os dados da CAT, juntamente com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Sistema Único de Benefícios (SUB), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Censo e do Sistema de Indicadores Municipais de Trabalho Decente, foram normalizados, estruturados, armazenados e apresentados no Observatório Digital de Saúde e Segurança do trabalho.

Esse Observatório foi desenvolvido através da cooperação entre Ministério público do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho e Universidade de São Paulo para facilitar o acesso a estatísticas encontradas em bancos de dados governamentais. Alguns dos objetivos do Observatório são: informar a formulação e monitoramento de políticas públicas voltadas à saúde e segurança do trabalho e auxiliar o desenvolvimento de novas agendas de pesquisa científica para promoção da segurança do trabalho (BRASIL, 2018).

Alguns dos dados apresentados incluem o número de notificações de acidentes (CATs),

os gastos previdenciários acumulados e a localização geográfica das vítimas, que pode ser vista

na Figura 8:

(36)

36 Figura 8 – Localização geográfica das vítimas de acidentes.

Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (2018)

Os pontos em vermelho são as localizações das vítimas, com dados do período 2006-

2017. Outros dados do observatório incluem os afastamentos, que podem ser observados na

Figura 9:

(37)

37 Figura 9 – Localização geográfica dos acidentes com afastamentos

Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (2018)

Os pontos em roxo são as localizações geográficas das vítimas de acidentes com afastamento, com dados que vão de 2006 a 2017. O observatório também possibilita verificar cada caso isoladamente, com dados sobre o tipo de acidente, a quantidade de acidentes com vítimas fatais, as atividades com maior quantidade de acidentes e os principais locais atingidos.

A seguir é apresentada a proposta de modelo multicritério para a priorização das Unidades

Federativas brasileiras em relação aos acidentes de trabalho.

(38)

38 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 PROPOSTA DE MODELO MULTICRITÉRIO PARA PRIORIZAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AOS ACIDENTES DE TRABALHO

Um modelo multicritério deve auxiliar no processo de decisão através de sua estruturação, e da definição dos principais atores do processo, com o objetivo de facilitar a tomada de decisão trazendo informações úteis ao decisor e garantindo que a pesquisa terá caráter operacional (CAMPOS, 2011).

Para contribuir com a prevenção dos acidentes de trabalho e facilitar a gestão dos recursos destinados à saúde e segurança do trabalho, foi criado um modelo multicritério para a priorização das Unidades Federativas do Brasil. A Figura 10 apresenta as fases e passos para a proposta:

Figura 10 – Modelo proposto

Fonte: Autoria própria (2018)

(39)

39 O modelo proposto é dividido em três fases, e cada fase possui três etapas. A primeira fase inicia com a estruturação do problema, onde o analista e demais envolvidos identificam e caracterizam o problema. Em seguida tem-se a identificação do decisor (responsável pela escolha a ser tomada), e a escolha do método mais adequado ao problema.

Após a escolha do método a ser utilizado, passa-se para a fase 2, com a identificação das alternativas que serão hierarquizadas, a definição dos critérios relevantes ao problema e a construção da matriz de avaliação com o desempenho de cada alternativa para cada critério.

Na terceira fase, aplica-se o método, obtendo-se o ranking das alternativas em ordem de criticidade (da alternativa mais crítica à menos crítica), na sequência passa-se à análise de sensibilidade e por fim, para a análise dos resultados obtidos. Os resultados gerados com a aplicação numérica do modelo devem ser úteis para o decisor, facilitando a tomada de decisão.

3.2 APLICAÇÃO NUMÉRICA DO MODELO PROPOSTO

Será apresentada a aplicação numérica do modelo multicritério proposto no tópico anterior. Para essa aplicação, todos os dados considerados foram reais.

3.2.1 Estruturação do problema

Dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (2018) indicam que, no Brasil, ocorre um acidente a cada 48 segundos e é gasto R$ 1,00 a cada dois milissegundos pelas consequências desses acidentes. Esses dados tornam a segurança dos trabalhadores um ponto de grande preocupação pela gestão pública, a ponto de lançar-se anualmente a CANPAT, específica para acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Dada a importância do problema, recursos federais são destinados aos estados e

municípios para campanhas para a prevenção de acidentes e que promovam a saúde e segurança

do trabalhador. Para que esses recursos sejam melhor distribuídos, foi criado um modelo

baseado na metodologia multicritério de apoio à decisão, como forma científica de tratar o

problema da alocação de recursos federais. No tópico seguinte tem-se a identificação do

decisor.

(40)

40 3.2.2 Identificação do decisor

A saúde e segurança do trabalhador é um tema muito complexo, com atores nas esferas municipal, estadual e federal. Pela abrangência do tema e sua relevância, existem atores nas esferas pública e privada, todos aptos a exercer o papel de decisor.

Para essa simulação, foi escolhida para exercer o papel de decisora uma especialista em segurança do trabalho, para que o ponto de vista da mesma refletisse o conhecimento a respeito dos acidentes de trabalho, o sistema de emissão e registro das Comunicações de acidentes de trabalho, os tipos de acidentes, os tipos de CATs e as consequências desses acidentes para a população e para a gestão pública. Isso torna a aplicação do modelo mais confiável. No próximo tópico é apresentada a escolha do método multicritério.

3.2.3 Escolha do método multicritério

A escolha do método multicritério está relacionada às características do problema, do tipo de decisor (único decisor ou múltiplos decisores) e dos conhecimentos do analista. Deve- se analisar esses fatores, e compará-los as características dos métodos, para escolher o que será melhor utilizado na problemática em questão.

Para a aplicação do modelo foi selecionado o método ELECTRE III por solucionar a problemática de hierarquia, por trabalhar com pseudo-critérios (permite trabalhar com informações imprecisas), por permitir a consideração de pesos atribuídos aos critérios e por não permitir que o baixo desempenho em um critério seja compensado por um bom desempenho em outro critério (método não compensatório). O próximo passo do modelo é a identificação das alternativas, que será apresentado no tópico seguinte.

3.2.4 Identificação das alternativas

Para a seleção das alternativas, considerou-se o contexto do estudo e sua abrangência.

Como o objetivo é hierarquizar as Unidades Federativas Brasileiras quanto à criticidade em

relação aos acidentes de trabalho, foram selecionadas todas as Unidades Federativas como

alternativas, conforme o Quadro 3:

(41)

41 Quadro 3 – Alternativas utilizadas na aplicação do modelo

Código Unidade federativa

UF01 Acre

UF02 Alagoas

UF03 Amapá

UF04 Amazonas

UF05 Bahia

UF06 Ceará

UF07 Distrito Federal

UF08 Espírito Santo

UF09 Goiás

UF10 Maranhão

UF11 Mato Grosso

UF12 Mato Grosso do Sul

UF13 Minas Gerais

UF14 Pará

UF15 Paraíba

UF16 Paraná

UF17 Pernambuco

UF18 Piauí

UF19 Rio de Janeiro

UF20 Rio Grande do Norte

UF21 Rio Grande do Sul

UF22 Rondônia

UF23 Roraima

UF24 Santa Catarina

UF25 São Paulo

UF26 Sergipe

UF27 Tocantins

Fonte: Autoria própria (2018)

O passo seguinte à identificação das alternativas consiste na definição dos critérios, que serão usados para construção da matriz de avaliação.

3.2.5 Definição dos critérios

A definição dos critérios é de grande importância para o processo decisório, uma vez

que terão impacto direto na ordenação das alternativas. Foram definidos 15 critérios, em

consonância com a decisora e considerando os dados disponíveis. Entre os critérios, estão os

(42)

42 acidentes registrados, as mortes acidentárias e a despesa com afastamentos. Todos os critérios podem ser vistos no Quadro 4:

Quadro 4 – Critérios usados na aplicação

Código Critérios Descrição

C1 Acidentes com

Afastamento Quantidade de acidentes de trabalho com afastamento

C2 Acidentes sem

Afastamento

Quantidade de acidentes de trabalho sem Afastamento

C3 Mortes Acidentárias Quantidade de mortes acidentárias C4 Cortes, Lacerações e

Feridas

Quantidade de acidentes que resultam em cortes, lacerações e feridas

C5 Fraturas Quantidade de acidentes que resultam em fraturas

C6 Contusões e

esmagamentos

Quantidade de acidentes que resultam em contusões e esmagamentos

C7 Amputações Quantidade de acidentes que resultam em amputações

C8 Dias perdidos com afastamentos

Quantidade de dias de trabalho perdidos com afastamentos

C9 Afastamentos por

acidentes Quantidade de afastamentos concedidos por acidentes C10 Afastamento por

Doenças Quantidade de afastamentos concedidos por doenças

C11 Despesa com

afastamentos Despesa gerada pelos afastamentos C12 Taxa De Frequência Taxa de frequência dos acidentes registrados C13 Taxa de gravidade Taxa de gravidade dos acidentes registrados

C14 Incapacidade temporária - menos de 15 dias

Quantidade de pessoas que precisaram se afastar por menos de 15 dias devido ao acidente

C15 Incapacidade temporária - mais de 15 dias

Quantidade de pessoas que precisaram se afastar por mais de 15 dias devido ao acidente

C16 Aposentadoria por invalidez

Quantidade de aposentadorias por invalidez concedidas

Fonte: Autoria própria (2018)

(43)

43 O critério Acidentes com afastamento, refere-se à quantidade de acidentes onde o trabalhador precisou ser afastado e o critério Acidentes sem afastamento consiste na quantidade de acidentes em que o funcionário não precisou ser afastado de suas atividades. Mortes acidentárias é o critério que retrata a quantidade de mortes por acidentes de trabalho, os critérios Cortes, lacerações e feridas; Fraturas; Contusões e esmagamentos e Amputações descrevem a quantidade de acidentes que resultaram nesses danos.

O critério Dias perdidos com afastamentos consiste no somatório da quantidade de dias dos afastamentos concedidos, os critérios Afastamentos por acidentes e Afastamentos por doenças indicam as quantidades de afastamentos por acidentes e por doenças, respectivamente.

Despesa com afastamentos é o critério que representa quanto o Estado gastou com os afastamentos. Incluídos nesse cálculo, estão os auxílios por acidente, por doença profissional e pensões por morte. A taxa de frequência é um indicador que representa a gravidade dos acidentes ocorridos em uma determinada região. Todos os critérios definidos foram quantitativos, que tornam os resultados do modelo concretos, e a lógica utilizada para os critérios foi de minimização.

Após a definição dos critérios, a matriz de avaliação é construída, como mostrado no tópico seguinte.

3.2.6 Construção da matriz de avaliação

Após a definição das alternativas e critérios, elaborou-se uma matriz de avaliação

alternativas por critérios (também chamada de matriz de desempenho), que pode ser observada

na Figura 11:

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