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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 204.102 - MG (2011/0086144-2)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE

IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS ADVOGADO : MAURICIO ROCHA FOTOURA - DEFENSOR PÚBLICO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PACIENTE : JEFFERSON MESSIAS MIRANDA SILVA

EMENTA

HABEAS CORPUS. ROUBO. SIMULAÇÃO DE ARMA DE FOGO.

EFETIVA INTIMIDAÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.

MATÉRIA DE PROVA. VIA INADEQUADA. ORDEM DENEGADA.

1. Não há falar em desclassificação de roubo para furto, apegando-se ao fato de que a grave ameaça foi realizada com simulação de arma de fogo, pois o temor do mal injusto que foi impingido à vítima foi suficiente para a consumação do delito. Ir além disso, demanda revolvimento fático-probatório, não condizente com a via eleita, angusta por excelência.

2. Ordem denegada.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem.

Os Srs. Ministros Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ), Gilson Dipp, Laurita Vaz e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 11 de outubro de 2011 (data do julgamento).

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE Relator

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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 204.102 - MG (2011/0086144-2)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:

Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Jefferson Messias Miranda Silva, apontada como autoridade coatora o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Colhe-se dos autos que o paciente - denunciado pela suposta prática da conduta descrita no art. 157, caput, do Código Penal - foi condenado à pena de 04 (anos) anos e 06 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime semiaberto, bem assim ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa.

Irresignada, recorreu a defesa ao Tribunal de Justiça estadual, tendo a Segunda Câmara Criminal negado provimento ao apelo e, de oficio, reduzido a pena para 04 (quatro) anos de reclusão, a ser cumprida em regime aberto. Recebeu o acórdão a seguinte ementa (255):

APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO - DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO - DESCABIMENTO - PALAVRA DA VÍTIMA - VALOR PROBANTE QUANDO EM CONSONÂNCIA COM AS DEMAIS PROVAS DOS AUTOS - ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAIS DE OFÍCIO - REDUÇÃO DO QUANTUM DA PENA IMPOSTA E DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO. Não há se falar em desclassificação do delito de roubo para o de furto, se das provas colacionadas aos autos, em especial, do depoimento da vítima, se pode constatar a presença de violência e grave ameaça na conduta do autor. Em sendo as circunstâncias judiciais favoráveis ao acusado, há se se fixar a pena-base no seu mínimo legal, modificando-se, por conseguinte, o regime inicial de cumprimento da pena, no caso. (fl. 255)

No Superior Tribunal de Justiça, aduz o impetrante que o crime praticado pelo paciente seria o de furto, ante a inexistência de violência real, impondo-se a desclassificação do delito.

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Superior Tribunal de Justiça

O pedido de liminar foi indeferido (fl. 245).

Prestadas as informações (fls. 254/266), foram os autos encaminhados ao Ministério Público Federal, que se manifestou pelo não conhecimento do pedido (fls.

270/273).

É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 204.102 - MG (2011/0086144-2)

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):

Busca-se na presente impetração a desclassificação da conduta do paciente para furto simples, pois não houve o emprego de violência.

Quanto à desclassificação, disse o Tribunal de Justiça (fls. 219/223):

Compulsando detidamente os autos, especialmente, a partir dos depoimentos da vítima e das testemunhas, verifico que se trata, realmente, da prática do delito de roubo, tal como restou condenado o réu. Constou do depoimento de Júlio César Wenzel Torres, policial militar, à fl. 6:

'(...) que nesta madrugada, estando de serviço o depoente foi acionado via copom para atender uma ocorrência de roubo, ocorrida num ponto de ônibus da Av. Barão do Rio Branco, mas precisamente em frente ao Supermercado Bahamas São Vicente; que, já no local, o depoente tomou conhecimento através do relato da vítima e testemunha de que momentos antes estavam naquele ponto de ônibus quando surgiram os três autores, os quais anunciaram o assalto à vítima, dizendo armados; que, contudo, não mostraram nenhum tipo de arma;

que, usando de força física, tomaram da vítima uma câmara digital e um aparelho denominado palmer; que, os autores seguraram a vítima e tomaram-lhe à força estes objetos, para em seguida empreenderem fuga; (...)'.

Também do depoimento de Antônio Carlos Pires, policial militar, à fl.

6 se pôde inferir:

'(...) que o depoente é CB/PM e atua como motorista da viatura policial 14743 comandada pelo SGT/PM Wenzel, tendo participado efetivamente do atendimento reds que originou o presente feito; (...); que neste ato o depoente ratifica integralmente o depoimento prestado pelo condutor desta APF, nada tendo a acrescentar; (...)".

Alex Heladio da Silva, que se encontrava no ponto de ônibus no

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Superior Tribunal de Justiça

momento do delito, esclareceu à fl. 07:

'(...) que o primeiro autor anunciou o assalto dizendo que seu parceiro estava armado e que não queriam usar o revólver que ele portava; que, então foi chamado um terceiro elemento que estava na calçada, e a partir daí, os três elementos passaram a proferir ameaças contra a vítima e usando de força física a empurraram, quando o primeiro autor 'com problema no olho' arrancou das mãos da vítima sua pochete, jogando-a nas mãos do parceiro;(...)'

Do depoimento da vítima Guilherme Ovídio de Oliveira, prestado em sede policial à fl. 08 e ratificado em juízo, às fls. 103/104 constou:

'(...) que, nesta madrugada, o declarante se encontrava num ponto de ônibus da Av. Barão do Rio Branco, em frente ao Supermercado Bahamas São Vicente, (...), quando surgiu um elemento baixo, de cor preta 'com um problema no olho, parecendo vesgo'; (...) o qual pediu dinheiro; que, diante da negativa do declarante, aproximou-se um segundo elemento (...) o qual passou a apoiar o primeiro autor que a todo tempo dizia que haviam acabado de sair da cadeia e precisavam de dinheiro; que, o primeiro autor anunciou o assalto dizendo que seu parceiro estava armado e que não queriam usar o revólver que ele portava; (...); que o primeiro autor 'com problema no olho' arrancou das mãos do declarante sua bolsa que continha uma câmera digital marca Sony e um computador de mão Palm Toper marca HP, (..); que, tendo sido apresentados ao declarante e a testemunha, fora reconhecidos sem sombra de dúvidas como sendo os autores que minutos antes, usando de força física e ameaças, roubaram o declarante; (...)'.

Referido depoimento restou, ainda, complementado em juízo, à fl.

103, com os seguintes detalhes:

'(...) que disseram ainda que tinham saído da prisão e precisavam de dinheiro; que os rapazes começaram a falar muito, então o depoente e seus colegas resolveram não dar nada a eles, até que um deu um chute na bolsa do depoente, puxou a bolsa, arrembentou a alça e em seguida os agentes saíram correndo; que dentro da bolsa tinha sua máquina fotográfica, um palm top; (...).'

Há que se acrescentar, ainda, que em casos de delitos patrimoniais, que são perpetrados na clandestinidade, o testemunho seguro e coerente da vítima merece especial importância, principalmente, se corroborados por elementos outros contidos nos autos.

(...)

Assim, a tese da desclassificação do delito de roubo para o de furto

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Superior Tribunal de Justiça

não prospera, vez que presentes as elementares do tipo do art. 157, caput, do CP, quais sejam, grave ameaça e violência.

O habeas corpus, ação de natureza constitucional, é antídoto de prescrição restrita, que se presta a reparar constrangimento ilegal evidente, incontroverso, indisfarçável e que, portanto, mostra-se de plano ao julgador. Não se destina à correção de equívocos, controvérsias ou situações que, embora existentes, demandam para sua identificação e correção, o exame e a consideração de matéria fática, de dados ou da prova que sustentaram o ato ou a decisão impugnada.

Com efeito, ainda que eventualmente se entendesse de forma diversa, para desclassificar a conduta para o crime de furto, seria necessária uma ampla cognição fático-probatória, dado a complexidade dos fatos envolvidos, o que é inviável nesta via estreita.

Nesse sentido:

HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PEDIDO DE

DESCLASSIFICAÇÃO. REVOLVIMENTO DE PROVAS.

INVIABILIDADE. MOMENTO CONSUMATIVO.

DESNECESSIDADE DA POSSE MANSA E PACÍFICA DA COISA

SUBTRAÍDA. PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL.

IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO. SÚMULA Nº 231.

1. A iterativa jurisprudência desta Casa de Justiça é no sentido de ser inaplicável o princípio da insignificância ao delito de roubo, exatamente por conta da violência ou grave ameaça, que afastam os requisitos de mínima ofensividade da conduta, de reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e de inexpressividade da lesão jurídica.

2. A pretensão de desclassificação – de roubo para furto ou constrangimento ilegal – transborda os limites estreitos da via eleita por demandar inevitável incursão no conjunto fático-probatório.

3. A jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal se consolidou no sentido da desnecessidade da posse mansa e pacífica da res furtiva para a consumação do crime de roubo.

4. Inviável, a teor do enunciado nº 231 da Súmula desta Corte, a aplicação da atenuante de menoridade, visto que a pena-base fora fixada no mínimo legal.

5. Ordem denegada.

(HC nº 204.644/MG, Relator o Ministro OG FERNANDES, DJe de 17.08.2011)

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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO.

INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA EMBASAR A

CONDENAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO. DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE ROUBO PARA FURTO. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ELEITA.

ROUBO CONSUMADO. DESNECESSIDADE DA POSSE

MANSA E PACÍFICA DA RES FURTIVA.

1. As instâncias ordinárias, após procederem ao cotejo do conjunto probatório, formaram seu livre convencimento, concluindo pela existência de autoria e materialidade atribuídas ao Paciente (delito de roubo circunstanciado pelo concurso de agentes), fundamentando a condenação nos depoimentos da vítima e de testemunhas.

2. A pretendida reforma do acórdão ora atacado, com pedido de reavaliação de todo o conjunto fático-probatório, para que seja desclassificado o crime de roubo para o delito de furto, não é possível na via estreita do habeas corpus.

3. O Supremo Tribunal Federal e esta Corte, no que se refere à consumação do crime de roubo, adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual considera-se consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima.

4. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado.

(HC nº 127.518/RS, Relatora a Ministra LAURITA VAZ, DJe de 21.03.2011)

Ante o exposto, denego a ordem.

É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA

Número Registro: 2011/0086144-2 HC 204.102 / MG

MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 1014509561887001 145095616887

EM MESA JULGADO: 11/10/2011

Relator

Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO XAVIER PINHEIRO FILHO Secretário

Bel. LAURO ROCHA REIS

AUTUAÇÃO

IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS ADVOGADO : MAURICIO ROCHA FOTOURA - DEFENSOR PÚBLICO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PACIENTE : JEFFERSON MESSIAS MIRANDA SILVA

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Roubo Majorado CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, denegou a ordem."

Os Srs. Ministros Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ), Gilson Dipp, Laurita Vaz e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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