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PRODUÇÃO MAIS LIMPA - A TERCEIRA GERAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

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PRODUÇÃO MAIS LIMPA - A TERCEIRA GERAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

Dariane Cristina Catapan (FACINTER) darianecatapan@yahoo.com.br Anderson Catapan (UFPR) andecatapan@yahoo.com.br Edilson Antonio Catapan (COPEL) catapan@copel.com

Cada vez mais indivíduos e empresas vem se preocupando mais com o meio ambiente e a conservação da qualidade ambiental. Essa preocupação aliada ao aumento das pressões governamentais e da sociedade gerou a necessidade da implantação de alteernativas de instrumentos de gestão ambiental com diferentes enfoques a fim de implantar a visão do desenvolvimento sustentável. Neste contexto surge o conceito de Produção mais Limpa, integrando processos e produtos a fim de conciliar proteção ao meio ambiente e obtenção de ganhos econômicos. A experiência vem demonstrando que com esse programa, é possível promover inovações, reduzir custos e gerar vantagens competitivas para as empresas.

Palavras-chaves: Produção limpa, gestão ambiental, meio ambiente

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1. INTRODUÇÃO

A intensificação da industrialização, a produção e o consumo em massa, a urbanização e a modernização agrícola são alguns aspectos da evolução histórica das sociedades humanas que geraram desenvolvimento econômico, mas que resultaram numa degradação ambiental sem precedentes, resultando em desequilíbrios ambientais, que foram se avultando ao longo dos anos e cada vez mais as pessoas vêm apresentando maior preocupação com a conservação da qualidade ambiental.

Essa preocupação aliada ao aumento das pressões governamentais e da sociedade gerou a necessidade da implantação de alternativas de instrumentos de gestão ambiental com diferentes enfoques a fim de implantar a visão do desenvolvimento sustentável.

Apesar destes avanços, a preocupação com o meio ambiente no meio empresarial é ainda, em muitos casos, vista como uma obrigação legal, um custo para a empresa. São poucas as empresas que percebem a preocupação com o meio ambiente como uma oportunidade de inovar, de reduzir custos e tornar a empresa mais competitiva.

Visando demonstrar que é possível proteger o meio ambiente e obter ganhos econômicos, a UNIDO/UNEP fomentaram o surgimento de Centros Nacionais de Produção Limpa em países em desenvolvimento, os quais têm a função de formar pessoas e de implantar o programa de Produção Mais Limpa (PML) nas empresas, em diversos setores de atuação, tais como indústrias, agricultura, serviços, etc. No Brasil, em julho de 1995, foi escolhido o SENAI-RS, para a criação do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), com sede em Porto Alegre.

De acordo com o CNTL (Centro Nacional de Tecnologias Limpas – SENAI/RS), “Produção mais Limpa significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo”.

2. OBJETIVOS DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Durante o ano de 1989, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), United Nations Environmental Program (UNEP), introduziu o conceito de Produção Mais Limpa (P + L) para definir a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada que envolvesse processos, produtos e serviços, de maneira que se previssem ou reduzissem os riscos de curto ou longo prazo para o ser humano e o meio ambiente (DIAS, 2006).

A PML, em resumo, adota os seguintes procedimentos:

a) quanto aos processos de produção: conservando as matérias-primas e a energia, eliminando aquelas que são tóxicas e reduzindo a quantidade e a toxicidade de todas as emissões e resíduos;

b) quanto aos produtos: reduzindo os impactos negativos ao longo do ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas até sua disposição final, através de um design adequado aos produtos;

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dos serviços.

Para alcançar seus objetivos, um programa de P + L concentra-se em duas vertentes: difusão da informação e capacitação. Um dos mais importantes instrumentos de apoio esses objetivos são os Centros Nacionais para a Produção Mais Limpa, que existem nos mais diversos países em desenvolvimento e que atuam em conjunto com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (United Nations Industrial Development Organization – UNIDO). Os Centros foram subsidiados para a sua instalação pelos chamados países patrocinadores e são assessorados, do ponto de vista técnico, por instituições como universidades, centros de pesquisa, fundações tecnológicas internacionais etc (SENAI, 2006).

Implantar P + L significa utilizar uma abordagem de terceira geração da evolução do conceito de gestão ambiental, pois reside em uma única preocupação essencial, que é buscar evitar completamente ou reduzir a geração de poluentes (resíduos sólidos, emissões atmosféricas, efluentes de processo e esgotos) tanto em volume como em toxidez, através de um controle rígido sobre o processo, o qual implica em conhecê-lo muito bem (SEIFFERT, 2007).

De acordo com o PNUMA, o programa para a P + L busca:

a) aumentar o consenso mundial para uma visão de produção mais limpa;

b) apoiar a rede de organizações dedicadas à promoção de estratégias de produção mais limpa e a ecoeficiência (será discutida nos próximos capítulos);

c) ampliar as possibilidades de melhoria ambiental das empresas mediante a capacitação e a educação;

d) apoiar projetos que sirvam de modelo e referência;

e) fornecer assistência técnica.

Segundo Seiffert (2007), o irracional no processo de manejo de poluentes é que, enquanto por um lado ele significa consumo de recursos naturais (o resultado de desperdício de matérias- primas e insumos de produção), por outro significa a geração de poluentes cujo processo de transporte, tratamento e disposição também implica em custos para a organização. Esta abordagem gera muitas barreiras institucionais que limitam as soluções da administração enxuta e limpa.

3. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

O principal objetivo é encontrar medidas de intervenção no processo, cuja abordagem preventiva possa resolver o problema na fonte geradora (Nível 1), conforme observado na Figura 1. Caso tenha sido inevitável a geração de poluentes, deve-se buscar de alguma forma reintegrá-los ao processo de produção, na própria indústria (Nível 2). Somente caso seja impossível o reaproveitamento interno dos poluentes gerados considera-se o processo de reaproveitamento por outro empreendimento (SEIFFERT, 2007).

Esse tipo de abordagem é crucial, uma vez que tende a eliminar o transporte desnecessário, particularmente de resíduos perigosos, e conseqüentemente dos riscos ambientais a ele associado, uma vez que esses resíduos estão sendo aproveitados na própria planta de geração.

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Figura 1. Fluxo da lógica do processo de implantação da P + L

Minimizar resíduos e emissões também significa aumentar o grau de emprego de insumos e energia usados na produção, isto é, produzir produtos e não resíduos, garantindo processos mis eficientes. Para a empresa, a minimização de resíduos não é somente uma meta ambiental, mas, principalmente, um programa, orientado para aumentar o grau de utilização dos materiais, com vantagens técnicas e econômicas.

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onerosos e insuficientes tratamentos convencionais de fim de tubo, isto é, do tratamento dos poluentes após a sua geração, ao final da produção. Com o menor desperdício, consequentemente, haverá maior lucro. Um bom exemplo está no complexo sucroalcooleiro no Brasil, com a utilização do bagaço da cana como fonte de energia, que, além de reduzir o problema dos resíduos sólidos, ainda provocou um ganho com a produção de energia, e estimulou a economia local por meio do artesanato feito com o bagaço.

Além disso, devido a uma intensa avaliação do processo de produção, a minimização de resíduos e emissões geralmente induz a um processo de inovação dentro da empresa (DONAIRE, 1999).

A transformação que vem ocorrendo nas empresas que buscam uma produção mais sustentável está associada às pressões existentes no mercado. Há uma tendência mundial para a adoção de medidas ambientais, em que a competitividade estará atrelada àquele produto que for mais “limpo” ou “poupador”. Mas vale lembrar que nem sempre a melhoria da qualidade ambiental gerará uma redução de custos. Além disso, não adianta penalizar aquelas empresas que atuam de forma ambientalmente inadequada, é necessário criar mecanismos para que o empresário modifique a sua ação (BAKONYI, 2010).

Segundo Berle (1992), quase tudo pode ser reaproveitado de alguma forma e com pouco trabalho se um dos ingredientes for a engenhosidade humana. As empresas AnheuserBusch possuem grandes cervejarias em Jacksonville (Flórida) e em Fort Collins (Colorado). As sobras do processo de produção de cerveja (sedimentos de grãos, lúpulo, malte e outros subprodutos) geralmente são consideradas lixo. Entretanto, a companhia descobriu que esses restos podem ser processados e transformados em nutrientes líquidos e vendidos como fertilizantes. Assim, devem-se buscar novas técnicas de reutilização e reciclagem, bem como prorrogar a vida útil dos produtos, que, muitas vezes, são desperdiçados ainda em condições de uso.

A implantação de P + L a processos produtivos permitirá a obtenção de soluções qe contribuam efetivamente para a solução definitiva dos problemas ambientais, já que a prioridade da metodologia está baseada na identificação de opções de não-geração dos resíduos produzidos nestes processos produtivos. Portanto, a diferença essencial está no fato de que a Produção Mais Limpa não trata simplesmente da identificação, quantificação, tratamento e disposição final de resíduos,mas de buscar evitar sua geração (SEIFFERT, 2007).

Tanto os processos de implantação de SGAs (Sistemas de Gestão Ambiental) ISO 14001 como P + L necessitam, para um monitoramento de sua implantação, da definição de programas de auditorias ambientais periódicos.

4. BENEFÍCIOS E BARREIRAS PARA INVESTIR EM PRODUÇÃO MAIS LIMPA Como qualquer investimento, a decisão de investir em produção mais limpa depende da relação custo-benefício. Sem dúvida, ao comparar as mudanças que são geradas na estrutura dos custos totais, quando se decide investir em produção mais limpa, têm-se que, com o tempo, os custos diminuem significativamente, devido aos benefícios gerados a partir do aumento da eficiência dos processos e dos ganhos, no consumo de matérias-primas e energia e na diminuição de resíduos e emissões contaminantes (MELLO, 2002).

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Os maiores obstáculos ocorrem em função da resistência à mudança; da concepção errônea (falta de informação sobre o programa e a importância dada ao meio ambiente); a não existência de políticas nacionais que dêem suporte às atividades de produção limpa; barreiras econômicas (alocação incorreta dos custos ambientais e investimentos) e barreiras técnicas (novas tecnologias) (MELLO, 2002).

Segundo a UNIDO/UNEP, as empresas ainda acreditam que sempre necessitariam de novas tecnologias para a implantação de produção mais limpa, quando na realidade, em aproximadamente 50% da poluição gerada em vários países, poderia ser evitada com a melhoria em práticas de operação e mudanças simples em processos. Também já foi verificado que toda vez que houve uma legislação obrigando as empresas a mudarem seus processos de produção ou serviços, houve uma maior eficiência e menor custo de produção.

De acordo com o IBPS (Instituto Brasileiro de Produção Sustentável), por exemplo, “a Natura atingiu, em 1 ano, 50% de redução no consumo de água e 90% de reutilização dos efluentes tratados. A nova iniciativa da empresa também incentivou a redução da geração de lixo orgânico e industrial, através da conscientização e colaboração dos funcionários. Já a Renault do Brasil, em 5 anos, conseguiu 90% de reaproveitamento de efluentes, diminuição de 5% no consumo de energia ao ano e 10% no consumo de água”.

5. DEFINIÇÃO DE ECOEFICIÊNCIA E LEGISLAÇÕES

O termo Ecoeficiência significa o trabalho direcionado para diminuir impactos ambientais devido ao uso minimizado de matérias-primas: produzir mais com menos.

Dentro dessa mentalidade ecologicamente mais correta, surgiu a ISO 14000 que é uma série de normas desenvolvidas pela Internacional Organization for Standardization (ISO) e que estabelece diretrizes sobre a área de gestão ambiental nas empresas; é um certificado que as empresas recebem ao realizarem um eficiente controle ambiental.

Normalmente, as empresas que possuem esse certificado acabam por ter mais espaço no mercado e, conseqüentemente, aumento do consumo de seus produtos, sobretudo entre os consumidores verdes. Se os consumidores boicotassem os produtos considerados agressivos ao ambiente, o mercado reagiria e as empresas se obrigariam a adotar maior controle e eficiência ambientais na sua produção (SEIFFERT, 2007).

Dentro desse novo paradigma surgiu a ecoempresa, que é aquela que adota modelos ambientais de gestão e desenvolve ações de defesa e manutenção da qualidade ambiental. De acordo com Ottman (1993), uma ecoempresa pode distinguir-se pela sua postura pró-ativa em vez de reativa, que compreende bem as interdependências socioeconômicas dos intervenientes do mercado, está orientada para o longo prazo, e não está orientada apenas na maximização dos lucros, mas procura também alcançar resultados sociais.

As ecoempresas possuem responsabilidade ambiental e adotam ações de defesa da qualidade do ambiente. Os fatores que justificam essa nova demanda no mercado são: o aquecimento global, as mudanças climáticas já registradas e previstas, a redução nos custos da produção energética e a limitação pela escassez dos recursos naturais.

6. CONCLUSÕES

A conscientização ambiental tem levado, portanto, a uma sistematização das atividades de

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justiça social.

Não há como desenvolver o mercado sem levar em consideração as variáveis ambientais.

Assim, muitas empresas têm adotado Programas de Produção mais Limpa e Tecnologias Limpas em suas organizações, fato que tem contribuído para minimizar desperdícios e custos e, conseqüentemente, tornar o produto mais competitivo no mercado.

A produção mais limpa, geralmente, oferece redução nos custos e melhora a eficiência das operações, facilitando às organizações alcançar suas metas econômicas, ao mesmo tempo em que melhora o ambiente, gerando inovações e vantagens competitivas.

As experiências na implantação do programa no Brasil, assim como em outras partes do mundo, em diversos segmentos de atuação, tais como indústria de manufatura, de alimentos, agricultura, transporte, turismo e saúde, estão demonstrando que essa nova abordagem produz ganhos ambientais, promove inovações, reduz custos e gera vantagens competitivas para as empresas.

Assim, para as organizações que se propõe a competir no mercado e também promover o desenvolvimento sustentável, a Produção Mais Limpa pode ser considerada como um impulso para a inovação e a obtenção de vantagens competitivas.

Referências

BAKONYI, S. Tecnologias Limpas. Curitiba: EAD Uninter, 2010.

BERLE, G. O empreendedor verde: oportunidade de negócios em que você pode salvar a Terra e ainda ganhar dinheiro. São Paulo: Makron; McGraw-Hill, 1992.

DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.

DONAIRE, D. Gestão Ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

MELLO, M. Produção mais limpa: um impulso para a inovação e a obtenção de vantagens competitivas.

Curitiba: ENEGEP, 2002.

OTTMAN, Jacqueline A. Marketing Verde. São Paulo: Makron Books, 1993.

SEIFFERT. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.

SENAI. Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL). Disponível em:

http://srvprod.sistemafiergs.org.br/portal/page/portal/sfiergs_senai_uos/senairs_uo697. Acesso em: 13 nov. 2006.

UNIDO. Cleaner production toolkit. Introduction into cleaner production. Volume 1. 2001.

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