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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA EBRAMEC CURSO DE FORMAÇÃO INTERNACIONAL EM ACUPUNTURA VERA LUCIA FEVEREIRO

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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE FORMAÇÃO INTERNACIONAL EM ACUPUNTURA

VERA LUCIA FEVEREIRO

MOXABUSTÃO - APLICAÇÕES NA MEDICINA

CHINESA E JAPONESA

SÃO PAULO

2015

(2)

ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE FORMAÇÃO INTERNACIONAL EM ACUPUNTURA

VERA LUCIA FEVEREIRO

MOXABUSTÃO - APLICAÇÕES NA MEDICINA

CHINESA E JAPONESA

Trabalho de Conclusão de Curso de Formação em Acupuntura Apresentado à EBRAMEC – Escola Brasileira de Medicina Chinesa, sob orientação do (a) Prof. João Carlos Felix, coorientador Dr. Reginaldo de Carvalho Silva Filho.

SÃO PAULO

2015

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VERA LUCIA FEVEREIRO

MOXABUSTÃO - APLICAÇÕES NA MEDICINA

CHINESA E JAPONESA

BANCA EXAMINADORA ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ João Carlos Felix

ORIENTADOR

Dr. Reginaldo de Carvalho Silva Filho COORIENTADOR

________________________________ Vera Lucia Fevereiro

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RESUMO

O presente trabalho discorre sobre o uso da Moxabustão e suas aplicações tanto na Medicina Tradicional Chinesa como Japonesa. Relata, ainda, os diferentes métodos de aplicação e seus resultados, bem como suas indicações, ordem de aplicação, cuidados e contra indicações. Este tema se demonstrou relevante como técnica acoplada à já tradicional técnica da Acupuntura, aumentando suas possibilidades de alívio e cura de várias síndromes e doenças. Reuniram-se brevemente os estudos realizados por diversos autores durante décadas e as mais recentes pesquisas realizadas que demonstram sua eficácia e reconhecimento, além do aprofundamento da técnica para aqueles que buscam e acreditam em suas bases medicinais. Para a conquista da excelência em seus resultados, o terapeuta deverá estar em sintonia com seu paciente, desenvolvendo sua sensibilidade e conhecimento na busca dos melhores pontos e técnicas específicas para cada ser humano, considerando sua individualidade e características próprias.

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ABSTRACT

This work discusses the use of moxibustion and its application both in Traditional Chinese Medicine as Japanese. It also describes the different application methods and results as well as their indications, application order, care and contraindications. This theme has been shown relevant as technical associated to the already traditional Acupuncture technique, increasing their chances of cure of various diseases and syndromes. We summarized briefly the studies conducted by different authors for decades, and the most recent research demonstrating their effectiveness and recognition, beyond the technical deepening for those who seek and believe in this medicinal bases. For reach the excellence in its results, the therapist must be attuned to his patient, developing their sensitivity and knowledge in search of the best spots and techniques specific to everyone, considering their individuality and characteristics.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. OBJETIVO ... 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 4

3.1. Definição, usos e propriedades: ... 4

3.2. Importância, Resultados e Relatos de Cura ... 7

3.3. Artemisia Aiye, Artemisia Vulgaris e Artemisia Argyi ... 10

3.4. Como Preparar a Moxa (AUTEROCHE, 1996) ... 13

3.5. Como Utilizar os Cones: ... 13

3.6. Tipos de Aplicação de Moxa ... 16

3.6.1.Moxa direta ... 16

3.6.2.Moxabustão indireta ... 20

3.6.3.Moxabustão com o auxílio de bastões de Artemísia... 24

3.6.4.Moxibustão tipo “passar roupa” (Yun Re Jiu) ... 26

3.7. Técnica Utilizada por AUTEROCHE na Técnica de Moxabustão Suspensa ... 26

3.7.1.Moxa em tonificação sobre um ponto determinado ... 27

3.7.2.Moxabustão em difusão ... 27

3.7.3.Cauterização dos pontos Shu das costas ... 28

3.7.4.Moxa com o auxílio de uma caixa de madeira ... 28

3.8. Moxaterapia Sem o Uso de Artemísia ... 29

3.9. Cuidados e contra indicações na aplicação da moxa ... 29

3.9.1.Conselho para a prática das moxas ... 31

3.10.Moxaterapia Aplicada no Japão ... 32

3.10.1. A moxaterapia moderna de Shimetaro Hara ... 35

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3.11.Contra-indicações para a aplicação da moxa, segundo Cunha ... 39 4. CONCLUSÃO ... 41 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ... 44

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1. INTRODUÇÃO

A moxabustão ou moxibustão é uma técnica terapêutica utilizada em vários países orientais, como China, Japão, Coréia, Mongólia, Tibete, etc. desde a mais remota antiguidade. Surgiu no início do período denominado Comunidade das Tribos, compreendido entre 100.000 e 10.000 anos atrás. É usada, principalmente, nos lugares onde o frio, o vento e a umidade são muito intensos causando muitas doenças.

Como técnica integrante da Medicina Tradicional Chinesa, a moxabustão segue seus mesmos princípios e fundamentos, exigindo um bom conhecimento de anatomia e fisiologia para sua correta aplicação, uma vez que se utiliza dos mesmos pontos de energia do tratamento com agulhas. É utilizada, também, no Japão com suas idiossincrasias e características próprias, diferindo das leis que regem o uso na China. Durante o desenvolvimento do presente trabalho, veremos algumas diferenças.

Independente de suas formas de aplicação, tanto na China como no Japão, a moxa têm demonstrado sua eficácia no tratamento de diversas síndromes e doenças. São relatados, neste trabalho, vários casos de doenças e debilidades curadas com essa técnica.

Para a aplicação da moxabustão, usaram-se diferentes materiais, como ramos, carvão, lenha em brasa e estiletes de metal. Foi só há cerca de 1.200 anos atrás, durante a dinastia Sung que se institucionalizou o uso da erva Artemísia Sinensis ou Artemísia Vulgaris que, devidamente preparada é queimada sobre a pele diretamente ou através de outros processos.

Esta erva, conhecida popularmente como erva de São João, no Brasil, possui diversas propriedades farmacológicas, sendo utilizada tanto para uso interno como externo. Já era utilizada há muito tempo, no Japão, não somente para o uso da moxabustão, mas, também, como anti-febril, adstringente, anti-hemorrágica e vermífugo. Na China ela é colhida na festa denominada “Duan Yang” no quinto dia do quinto mês lunar. Quando colhida depois desse período seu cheiro já se dissipou e seu uso medicinal fica restrito. Seu maior uso é na moxaterapia tendo sido,

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provavelmente, introduzida pelos monges budistas chineses, tornando-se prática comum no período Edo (1603-1867). É também conhecida como mogusa (erva processada).

No Japão, a planta é chamada de Yomogi e, segundo CUNHA (2006), é uma planta nativa do Japão. É uma planta vigorosa e suas folhas são aveludadas por baixo. Ela faz parte da vida dos japoneses sendo utilizada não só para propósitos terapêuticos, mas também em diversos rituais.

No Brasil, de acordo com KIKUCHI (1982), sua colheita deve ser realizada entre os meses de novembro e dezembro.

Atualmente, as pessoas que não podem usar esteroides para problemas inflamatórios crônicos utilizam yomogi em forma de chá ou em banho de imersão ofurô terapêutico (CUNHA, 2006)

Há muitas maneiras de se utilizar a moxa ou moxã lã. Pode ser utilizada em forma de bastão ou em forma de cone, direta ou indireta, com cicatriz ou sem, com bolha ou sem bolha.

O conhecimento profundo de cada paciente e a prática adquirida pelo terapeuta indicarão quais os melhores métodos para cada caso. Segundo Cunha, Fukaya, em seus cinco princípios, afirma: “Nunca acredite em fórmulas fixas de tratamento para todos”.

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2. OBJETIVO

Este trabalho tem o objetivo de agregar diversos conhecimentos e práticas realizadas através dos tempos com a moxabustão , a fim de oferecer subsídios para àqueles que querem ampliar sua visão sobre as várias técnicas utilizadas pela Medicina Tradicional Chinesa e Japonesa, bem como mostrar as diferentes possibilidades de seu uso , afirmar sua importância e incentivar sua pesquisa.

Sua comprovada eficácia demonstrada nos mais antigos e recentes estudos justifica plenamente seu uso, pois, como diz A. A. Cunha, “Reza e moxa quanto mais, melhor” (CUNHA, 2008).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Definição, usos e propriedades:

A palavra moxabustão se estrutura em japonês e em chinês sobre o ideograma 灸, cujo significado inclui o conceito de cauterização, provocado pela

queima de uma erva denominada “Artemísia Sinensis e Artemísia Vulgaris”, que, após o devido preparo, é colocada sobre a pele, promovendo sua queimadura.

Podemos encontrar nos diversos escritos sobre Moxaterapia tanto a palavra Moxabustão quanto Moxibustão. Neste trabalho, optou-se pela palavra Moxabustão, devido ao fato de ter sido mais utilizada nas referências bibliográficas, mantendo-se, no entanto, a palavra tal qual escrita nos casos de citação do texto objeto de consulta.

Segundo prof. Bartolomeu Alberto Neves (NEVES, 1987), no início, as cauterizações eram feitas com estiletes de metais e outros materiais, previamente aquecidos e tocados nos pontos de acupuntura. Só por volta de 1200 anos atrás, se institucionalizou o uso das folhas da “Artemisia Sinensis e Vulgaris” diretamente sobre a pele ou através de outros processos. O autor, ainda, afirma que foi na Dinastia Sung, do norte da China, que a técnica de cauterização por moxabustão, teve suas leis definidas. Existem determinados pontos de acupuntura onde esta técnica deve ser aplicada, tomando-se certas precauções, e outros pontos onde ela é definitivamente proibida.

Atualmente, a moxabustão tem um papel importantíssimo na terapia por Acupuntura. É usada para reforçar tratamento por punção, agulhas e, também, onde estas se mostrem insuficientes para se conseguir a cura. Existem, atualmente, na própria China, muitos médicos de Acupuntura especializados somente na prática de moxabustão.

A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa, e segue os mesmos princípios e fundamentos da mesma, buscando desobstruir os meridianos através de pontos específicos onde a energia se concentra, pontos estes também utilizados no tratamento através da Acupuntura.

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De acordo com Ye Chenggu (CHENGGU, 2006), a Moxabustão é tão antiga quanto a Acupuntura tradicional e era utilizada nas mais diversas regiões orientais, principalmente nas terras de baixas temperaturas, onde o frio, o vento e a umidade agiam no corpo como causadoras de doenças. Consiste em aquecer pontos, zonas e meridianos estimulando-os através da aplicação de calor ao invés de agulhas, sendo por isso, também conhecida por Acupuntura Térmica.

Auteroche (AUTEROCHE, 1996) reafirma o conceito de antiguidade da moxabustão ao declarar:

“A moxibustão é certamente a terapêutica chinesa mais antiga, já que a descoberta do “Tratado de Moxibustão dos onze vasos Yin Yang (yin yang shi yi mai jiu jing)”, na tumba de Ma Wang (Ma Wang Dui) dá o testemunho da experiência já adquirida no emprego de moxas, mil anos antes do Nei Jing”.

As obras clássicas existentes, através de suas referências de indicações do uso da moxa, também comprovam sua antiguidade.

Auteroche apud:

“Su Wen (cap. 12): (...) o resfriamento das vísceras traz as doenças de ‘repleção’, às quais são adequadas as moxas que vem do norte”.

“(Cap. 74): (...) frio, agora reaquecer”:

“Ling Shu (Cap. 10): Quando a energia Yang está fraca internamente, o que se pode ver no pulso fraco, o médico deve utilizar as moxas”.

“(Cap. 48) O frio bloqueia a corrente sanguínea; aquecendo-a com as moxas, pode-se eliminar o frio”.

“Para ptoses ou perdas, usar moxa”.

“Shang HanLun: Fazer sete moxas sobre Shao Yang”.

“Zheng Jiu Da Cheng (bastão 9) para conservar a saúde é necessário que San Li nunca esteja seco (ut infra: moxa com cicatriz e indicações de moxibustão)”.

“Ling Shu (Cap. 73) Quando uma doença não pode ser tratada com agulhas, deve-o ser feito com moxas”.

“Yi Xue Ru Men: Devem-se aplicar moxas ainda quando os medicamentos e as agulhas não

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Segundo Scilipoti (SCILIPOTI,1996):

“As bases nas quais se fundamentam a moxa são aquelas da acupuntura, pois a cauterização não é mais que uma técnica para estimular os pontos dos meridianos. Portanto, todos os pontos utilizados são pontos de acupuntura, lugares onde se estabelecem os percursos energéticos fundamentais e que são dotados de propriedades específicas, codificados pela tradição ou pela mais recente experimentação dos médicos acupunturistas”.

De acordo com Auteroche, “as moxas (em chinês Jiu: termo que tem o sentido de “queimar”) permitem, pela combustão de diferentes materiais, excitar os pontos de acupuntura, a fim de regularizar a atividade fisiológica do corpo”.

Num caso de debilidade de Yang com arrepios, transpiração, atordoamento, as moxas sobre Qihai (VC6) ou Guanyuan (VG4) permitem levar a energia ao Centro.

Num caso de Fogo Vazio, com tendência à subida do Yang, pode-se fazê-lo descer, novamente, aplicando-se moxa sobre Qihai (Vc6), Guanyuan (VC4) ou sobre as pernas.

Nos casos de hipertensão arterial, pode-se aplicar moxa sobre Zusanli (E36) ou sobre Fenglong (E40).

Nos casos de atordoamento por Vazio na cabeça, pode-se aplicar moxa sobre Baihui (VG20). , desde que este não seja resultado de Plenitude ou de Vento Perverso, sendo necessário, neste caso, em caráter de urgência, aplicar moxa sobre pontos situados na parte inferior do corpo.

• Sobre o umbigo, as moxas são muito eficazes para tonificar o Qi, mas seu abuso pode provocar perturbações do sono. Elas tendem a aumentar a energia na parte superior do corpo. No entanto, quando há uma tendência natural para subir, as moxas podem agravar essa tendência, sendo necessário reequilibrar o organismo aplicando-se moxa nos pontos inferiores, por exemplo: Taixi (R3) Fuliu (R7) e Yingu (R10).

Quando são aplicadas abaixo do umbigo, deve-se equilibrar a parte inferior do corpo, mas nesse caso, os pontos previamente escolhidos são somente agulhados.

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Segundo Neves, o calor produzido pela moxa tem a propriedade de aquecer profundamente e, através deste remover obstruções dos meridianos, eliminando a umidade e o frio que promovem disfunções no organismo.

Para Cheng Xinnong (XINNONG, 1985), a moxabustão tem a função de aquecer os canais de energia e expelir o frio:

“O fluxo anormal do qi e do sangue no corpo normalmente é o resultado de frio e calor. O frio causa fluxo lento ou até estagnação de qi e o calor resulta no fluxo rápido de qi O calor normal ativa a circulação sanguínea e o frio impede seu fluxo homogêneo. Desde que a estagnação do qi e do sangue é aliviada frequentemente pelo aquecimento do qi, a moxabustão é a forma correta para gerar o fluxo homogêneo do qi com a ajuda da lã de moxa acesa”.

No capítulo 48 do Miraculus Pivot, declara-se:

“Sintomas depressivos devem ser tratados exclusivamente através de moxibustão, porque a depressão ocorre devido à estagnação de sangue causada pelo frio que deve ser dispersado através da moxibustão. É fácil entender que a moxibustão funciona para aquecer os canais de energia e promover a circulação sanguínea. Então, é principalmente usada na clínica para tratar doenças causadas por frio-umidade e doenças persistentes causadas por frio patogênico, penetrando nos músculos profundos”

3.2. Importância, Resultados e Relatos de Cura

De acordo com Chenggu, os médicos da atualidade, preferem o uso de

agulhas à moxabustão. No entanto, de acordo com ele, a moxabustão oferece melhores resultados nos casos complicados, de longa duração e de difícil cura. Para ele, na insônia crônica, depressão, melancolia, distúrbios mentais maníaco-depressivos e epilepsia, resistentes no tempo, é imprescindível a moxabustão.

Segundo Chenggu, no capítulo “Guaneng” de Lingshu assinala-se: “Os casos não curados com agulhas, convêm tratar com moxabustão”.

Yixue Rumen (Introdução à Medicina) também indica:

“Em toda doença, quando os medicamentos não alcançam a cura, nem as agulhas, é necessário aplicar a moxabustão. Se não forem obtidos bons resultados, após a aplicação de

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20 a 30 sessões de acupuntura, pode-se coordenar o tratamento com a moxabustão, que pode aumentar a eficácia terapêutica”.

Neves reforça essa ideia ao afirmar: “A moxabustão atualmente, tem um papel importantíssimo na terapia por acupuntura. É usada para reforçar tratamento por punção, agulhas e, também onde estas se mostrem insuficientes para conseguir a cura”.

De acordo com kikuchi (KIKUCHI, 1982), quando a moxa é realizada durante um longo tempo, obtém-se efeitos notáveis. “Mesmo nos casos crônicos, considerados perdidos, quando aplicamos moxabustão durante um período longo, de um, dois e até três meses, verificamos uma melhora ou cura extraordinária. Nos casos agudos é também de grande eficácia”.

Neves, em seu Tratado Popular de Moxabustão, defende, entusiasticamente, a fantástica ação da moxa sobre o corpo humano, relatando diversos casos de curas “verdadeiramente milagrosas” que ocorreram em seu consultório, em sua família, alunos e familiares, tais como: cura da bronquite asmática, diarreia crônica, depressão, anemia e outras anormalidades funcionais. Relata, que em um jornal do Japão foi publicada uma reportagem sobre os funcionários e proprietários de uma fábrica, onde todos eram centenários e, apesar disso, ainda trabalhavam ativa e frequentemente. Quando questionados sobre esse fato, os funcionários e proprietários afirmaram que, desde jovens, tinham um hábito, adquirido de seus ancestrais, que consistia em fazer moxa num determinado triangulo da longevidade.

Kikuchi afirma que no Japão, conhece-se muito bem a história do Dr. Ichizaimon Moribura. Conta-se que este senhor nasceu extremamente fraco, com as mãos e os pés congelados e roxos. Tinha o coração muito fraco, a ponto de não se sentir suas pulsações. Sua expressão também estava debilitada. Seus pais, desesperados iniciaram aplicação de moxa todos os dias, durante uma semana, no ponto Kan Guen (VC4) localizado no abdome. Após três dias de aplicação, o perigo havia passado conseguindo sobreviver. Viveu quase noventa anos, realizando muitas coisas em sua vida. Relata, ainda, outro caso, onde uma criança recém-nascida não conseguia mamar e nem chorar durante os três primeiros dias, estando à beira da morte. Os pais já não sabiam o que fazer. Uma vizinha fez, então, aplicações de moxa num ponto chamado “Ti Ri Ke” (Du mai 12) debaixo da terceira

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vertebra dorsal e a criança começou a reagir. Em seguida, começou a chorar e a mamar, escapando, assim, da morte.

Há, ainda, outro caso relatado por Cunha, sobre o senhor Isaburo Fukaya, nascido em 1901, em Tóquio. Quando este estava cursando direito na Universidade de Nippon Nichidai e se preparava para tornar-se monge budista, adquiriu uma doença muito grave que o fez permanecer na cama durante cinco anos. Estava bem perto da morte, quando recebeu tratamento de moxaterapia tradicional japonesa, fortalecendo seu corpo e restabelecendo-o completamente. Interessou-se, então, pelo estudo de Acupuntura e moxaterapia, deixando vários escritos. Foi reitor da escola superior de Acupuntura e moxa de Toquio até falecer em 1974. Seu aluno mais dedicado foi Seiji Irie que escreveu o livro Fukaya Kyu Ho (Terapia de Moxabustão de Fukaya).

Em alguns tratamentos, onde o paciente encontra-se extremamente debilitado, é contra indicado o uso de agulhas e indica-se o tratamento gradual e progressivo da moxa, melhorando com isso, a atividade orgânica (Yang) e dando melhores condições de defesa orgânica. Usa-se moxa, também, em problemas relacionados com a musculatura (rigidez, dores, contraturas) a fim de liberar a energia perversa ali contida, relaxando e auxiliando o aporte sanguíneo e energético da área afetada.

Cunha ressalta sua surpresa pelo fato da moxa ser relativamente pouco conhecida, uma vez estar tão difundido o uso do calor para fins terapêuticos , bem como a aplicação de tecidos quentes sobre o corpo, as bolsas de água quente utilizadas em várias ocasiões ou, ainda, em âmbito científico, o recurso usado pela medicina atual com relação à terapia de raios infravermelhos.

Cunha ainda afirma que a moxa:

• aumenta a produção de eritrócitos no sangue após a aplicação direta, alcançando seu pico oito horas mais tarde e mantendo-se por vinte e quatro horas. O número de glóbulos brancos mantém-se elevado durante 4 a 5 dias após o tratamento.

• aumenta a produção de hemácias e hemoglobina no sangue, demonstrando um substancial aumento nos componentes sanguíneos,

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assim como a taxa de hemossedimentação, plaquetas e a velocidade de coagulação do sangue, taxa de cálcio, glicose e a capacidade de produzir anticorpos.

• aumenta a circulação sanguínea e linfática, devido à dilatação dos vasos capilares. Muitas pessoas, após receber tratamento com moxa, relatam sentirem-se aquecidos, relaxados e sonolentos.

• é mais efetiva no tratamento das doenças crônicas do que a acupuntura. Devido ao forte efeito nas taxas bioquímicas especialmente nos componentes sanguíneos e sistema imunológico, a moxa demonstrou ser mais efetiva em várias doenças crônicas.

Apesar da necessidade de ser aplicada por profissionais, a moxa é mais segura do que a Acupuntura podendo ser utilizada como recurso terapêutico caseiro.

3.3. Artemisia Aiye, Artemisia Vulgaris e Artemisia Argyi

Como relatado anteriormente, a moxabustão, significa o tratamento feito através da queima de certa erva medicinal chamada Artemísia Vulgaris e Sinensis que produz um aquecimento muito particular com efeitos profundamente benéficos e terapêuticos no corpo humano. A Artemísia, uma vez trabalhada, para seu uso terapêutico é conhecida por “Lã de Moxa” ou simplesmente Moxa ou Diu.

De acordo com Xinnong:

“A Moxabustão trata e previne doenças por intermédio da aplicação de calor em pontos ou em certas localizações do corpo humano. O material usado é principalmente “lã de moxa”, na forma de um cone ou bastão. Por séculos, a moxabustão e a Acupuntura foram combinadas na prática clínica, assim, sendo, normalmente denominadas juntas em chinês”.

Segundo ele, a Artemisia Vulgaris é uma espécie de crisântemo. A tida como melhor para a confecção da moxa é produzida em Qizhou , visto que o clima e o solo são bons para seu crescimento. As folhas da Artemísia de Qizhou são mais espessas e possuem muito mais lã. Os cones e bastões de moxa desta espécie de artemísia são considerados de melhor qualidade para uso em moxabustão. No “A New Edition of Materia Medica” aparece a seguinte descrição:

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“Folha de moxa é amarga e picante e produz aquecimento quando usada em pequenas quantidades e calor forte, quando usada em grandes quantidades. É de natureza de puro yang, tendo a habilidade de restabelecer o yang primário por ocasião do colapso. Através do percurso pelos três canais de energia yin pode regular o qi e o sangue, expelir o frio e a umidade, aquecer o útero, interromper a hemorragia, aquecer o baço e o estômago, remover estagnação, regular a menstruação e tranquilizar o feto. Quando queimada, penetra em todos os canais de energia, eliminando centenas de doenças. O yang pode ser ativado pelas folhas de Artemísia por sua natureza de aquecimento. O odor picante da folha pode percorrer os canais de energia, e sua natureza amarga resolve a umidade. Como resultado, é usada como material necessário no tratamento de moxibustão. Além disso, a lã de moxa pode produzir calor moderado, que é capaz de penetrar profundamente nos músculos. Se for trocada por outro material, uma dor ardente intolerável resultará e o efeito produzido será inferior ao da lã de moxa”.

De acordo com informações relatadas por Auteroche, a Artemísia Aiye, Artemisia Vulgaris ou Artemisia Argyi, é uma planta da família das Compositae, muito comum na França. Os chineses dizem: “Quando passamos Artemísia nos cabelos, tornamo-nos ágeis e fortes”. Esta propriedade da Artemísia fresca é igualmente conhecida pelos autores ocidentais: “Artemísia et elelisphacum alligatas qui habeat viator, negatur lassitudinem sentire”. “A Artemísia aquece os meridianos e cessa os derramamentos de sangue das funções vitais, dispersa o frio e elimina as dores; cessa a tosse, acalma a asma e torna fluídas as mucosidades”.

Segundo kikuchi, o tempo adequado para a colheita da Artemísia no Brasil inteiro é de novembro a dezembro.

“Devemos colher somente a parte nova da planta. Primeiramente, podemos deixá-la secar ao sol, para desidratar, perdendo de 20% a 30% de água. Depois, podemos deixar as folhas secando na sombra, durante um determinado tempo. É necessária uma boa secagem cuidando-se para não destruir muito as folhas e as sua fibras. Depois de seca, durante um bom tempo, soca-se a Artemísia cuidadosamente para não destruir suas fibras, peneirando-a em seguida, a fim de tirar o pó. O pilão de madeira ajusta-se perfeitamente a esse trabalho de secagem. A melhor qualidade de moxa é determinada pela cor amarelo-clara e pelas fibras macias e secas. Depois de assim preparada, guarda-se a moxa dentro de um saco plástico, a fim de não pegar umidade”.

Antigamente, a Artemísia era também usada como desinfetante e como vermífugo. É a única erva da nossa região, pelo menos pesquisada até agora, na qual se encontra a santonina, que é seu princípio ativo. Os russos possuem a

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santonina como erva, sendo encontrada nessa forma somente naquele país, onde existe uma lei nacional para controlar sua saída do país. Mas, nós, felizmente temos a Artemísia. Em forma de chá, podemos usá-la seca e tostada, sendo muito bom para os intestinos. É possível, também, usá-la verde, mas seu sabor é muito forte e amargo. A erva seca é melhor para ser guardada, pois fica mais concentrada. O material que usamos para fazer moxa pode ser encontrado, já preparado, à venda em algumas farmácias. Esse material chama-se moxa, mas costuma-se dizer também “moguça”, que é o nome em japonês, podendo ser guardado durante muito tempo. Acondicionado em sacos plásticos, bem fechados, pode durar de cinco a dez anos (KIKUCHI, 1982).

Ainda segundo Kikuchi, Zhu Dan-xi (1280-1358) resume a ação da Artemísia numa frase: “de natureza extremamente quente, ela faz circular o qi para baixo, quando empregada em medicamentos e, para cima quando empregada em moxas”. Beo Cao-Jing diz: “a Artemísia tem um sabor amargo, seu qi é leve e quente, é parte do yang no yin, cura todas as doenças quando empregadas em moxas”. “Em Moxabustão, a Artemísia permite: aquecer e fazer circular o qi e o sangue, fortificar o Rein (Yuan Yang), eliminar o vento e dispersar o frio, refrescar o calor e dissipar o veneno, vivificar o sangue e dissolver as estases”. “Seu sabor é picante e amargo, sua natureza é quente; penetra os meridianos do Pulmão, Fígado, Baço e Rins”.

É empregada, para uso interno, em casos de:

• Útero vazio e frio, esterilidade.

• Dores abdominais das menstruações. • Leucorréias.

• Lombalgias.

• Opressão toraco-abdominal. • Tosse e asma.

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3.4. Como Preparar a Moxa (AUTEROCHE, 1996)

São necessários os seguintes elementos para a preparação da moxa: a própria lã da moxa ou moguça e uma vareta de incenso, extraídas da planta chamada Artemísia.

O uso da moxa com o auxílio de cones de Artemísia.

Para se fabricar os cones de Artemísia, a erva compactada deve ser colocada sobre uma superfície plana e tomada entre o polegar, o indicador e o dedo médio e modelada em forma de pequenos cones de tamanho diferentes.

Os cones grandes têm um centímetro de altura, uma base de 0,8 cm de diâmetro e um peso de 1 grama, aproximadamente. Os cones médios são do tamanho de meia semente de jujuba e os pequenos têm o tamanho de um grão de trigo. Esses últimos são reservados à moxabustão direta.

Os cones podem ser fabricados contendo somente veludo de Artemísia ou, ainda, substâncias medicinais. Pode-se misturar 90 gramas de Artemísia velha, após vaporizá-la com álcool para umedecê-la, com três gramas de rosalgar (sulfureto natural de arsênico). Depois de misturada e amassada junta-se 0,3 gramas de almíscar formando-se os cones.

3.5. Como Utilizar os Cones:

A natureza da doença, a localização do ponto a ser tratado determinam o tamanho e o número de cones a serem utilizados.

Utilizam-se cones maiores e em maior número onde a musculatura é mais espessa: cintura, costas, abdome, ombros, coxas e menores onde a musculatura é mais reduzida e a pele mais fina: nuca e extremidades dos membros.

O menor número utilizado é de 1 a 3 cones. É clássico dizer que o maior número utilizado é de “algumas centenas”.

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Devem-se utilizar vários cones nas síndromes de Vazio e Frio.

De acordo com Kikuchi, para que a aplicação da moxa dê bons resultados, o tamanho deve ser a menor possível. “Quanto menor, melhor”. Para crianças, a moxa deve ter o tamanho de um grão de painço. A quantidade de moxa para aplicação depende das características do doente, constituição, idade, se é homem ou mulher, gordo ou magro, sensível ou insensível, yin ou yang e se a doença é aguda ou crônica, etc. Dependendo dessas diferenças, podemos estipular o tamanho da moxa e sua quantidade de cones a ser utilizada.

Quando se tratar de crianças, de pessoas com alergia, da mulher que é mais delicada ou de pessoas yin, deve-se fazer os cones de moxa bem pequenos.

Para pessoas debilitadas, nervosas ou que tenham contraído tuberculose, não devemos fazer moxas grandes e nem muitas aplicações, de início. Devemos iniciar com cones bem pequenos, repetindo-se a aplicação por três vezes e aumentando, progressivamente, para cinco e até sete aplicações, sempre usando um número ímpar de vezes.

Para que o grão de moxa se fixe na pele, podemos molhar o ponto a ser tratado com a ponta do dedo mínimo molhado em água com sal ou com um pedaço de algodão embebido. A água salgada reduz o calor, diminuindo a dor e funcionando como desinfetante. O sal é yang e reduz o calor, o fogo também é yang. Yang repele yang. Portanto, molhando o local com água salgada, facilitamos a fixação da moxa e reduzimos a sensação de dor. Antes de fazer essa aplicação, precisamos localizar o ponto e marcá-lo com tinta natural. Não é bom usar as tintas químicas das canetas. O ideal é a tinta natural ou o carvão obtido do palitinho de fósforo queimado. Molhando um pouco esse carvão, podemos marcar, com facilidade, os pontos a serem tratados.

No decorrer das aplicações, iremos verificar a aparição de pequenas bolhas de água nos locais dos pontos. Essas bolhas de água se formam, principalmente nas pessoas yin. Nas pessoas yang, não se formam bolhas. Através da aplicação de moxa, já podemos saber se a pessoa é yin ou yang. Mas, quando aparece essa

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enxugando, depois, com algodão seco. Se a bolha for furada por cima, a água umedecerá o local e dificultará a fixação e queima da moxa.

Outro problema que surge é a formação de crostas. Quando a pessoa é yang, não se formam crostas, o mesmo não acontecendo com a pessoa yin. Mas isso depende, também, de quantidade de aplicações e da capacidade do aplicador. Quando o aplicador tem bastante experiência, ele evita queimaduras e a formação de crostas. Assim, logo desaparecem as marcas da pele. No caso de se formarem crostas, será preciso tomar cuidado, evitando descascá-las. Mesmo assim, saindo a crosta, precisamos colocar a própria cinza da moxa sobre o local, antes de recomeçar a aplicação. A cinza da moxa queimada tem um rápido efeito cicatrizante. Também se utiliza, para isso, a cinza da vareta de incenso, que também é curativa. É interessante notar que tudo é “artemisiado”. Quando se machuca o dedo, a mão, ou qualquer outra parte, aplica-se um emplastro de Artemísia fresca e socada, com uma pitadinha de sal. É muito bom, pois cicatriza logo o ferimento. Mas, na pessoa yin, sempre há formação de crostas e isso é indicação de que a pessoa tem muco espalhado pelo corpo inteiro.

Quanto à posição da pessoa, no momento da aplicação, é necessário se observar alguns detalhes. Se marcarmos os pontos na pessoa sentada, deveremos fazer a aplicação nesta mesma posição. Se deitada, esta deverá receber as aplicações também deitada. Se os pontos forem marcados na pessoa deitada e, depois, aplicarmos os cones na pessoa sentada, a moxa não surtirá efeito. Isto ocorre porque, com a mudança de posição, haverá o deslocamento dos pontos. Geralmente, o doente sente-se sempre cansado e, por isso, é melhor deixá-lo na posição deitada e, nessa mesma posição, marcarmos os pontos e fazermos as aplicações.

De acordo com Neves, a moxa deve ser feita em forma de cone. O menor não passa do tamanho de um grão de trigo, o médio teria a altura aproximada

de um caroço de feijão preto e o maior não deve passar de 0,8 mm. de base por 1 cm de altura.

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3.6. Tipos de Aplicação de Moxa

A moxa pode ser aplicada direta ou indiretamente sobre a pele. Na moxa direta, a lã de moxa ou diu é colocada diretamente sobre a pele sem nenhuma substância intermediária enquanto que na indireta podem ser interpostas várias substâncias, como gengibre, alho, acônito, sal, etc. Tanto a moxa direta como a indireta deve ser acesa por sua parte superior.

3.6.1. Moxa direta

A moxa direta pode produzir ou não cicatriz.

A moxa com cicatriz está praticamente extinta, devido a razões óbvias, mas continua sendo muito usada no Japão.

Na moxa sem cicatriz o bastão de Artemísia ou cigarro é mantido sobre o ponto indicado, tendo-se o cuidado para não causar queimaduras.

De acordo com Auteroche:

Para que o cone adira ao revestimento cutâneo, utiliza-se um pouco de álcool para os cones médios e um pouco de suco de alho para os pequenos. Para fazer o suco, corta-se uma extremidade do dente de alho e esfrega-se na pele a parte cortada. Deve-se lembrar que o alho irrita a pele e, às vezes, pode provocar bolhas.

A moxabustão direta é agressiva para a pele. De acordo com o grau de agressão, distinguem-se três tipos de moxabustão:

Moxabustão sem cicatriz.

Moxabustão com bolha.

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3.6.1.1. Moxabustão sem cicatriz

Para a aplicação deste tipo de moxa deve-se utilizar um cone médio ou pequeno que, aceso, é colocado diretamente sobre a pele no local escolhido. Deve ser retirado antes que o cone queime completamente ou que o paciente sinta queimar a pele. Após sua retirada, coloca-se um novo cone, também aceso, no mesmo lugar. Não se deve queimar a pele ou deixar que apareça uma bolha. Com as moxas de tamanho médio, o paciente começa a sentir uma queimação quando o cone já queimou 1/4 ou 2/5 de seu todo, nesse momento deve-se retirá-lo. Com os cones pequenos, assim que o paciente sentir dor deve-se esmagar o cone com a unha e colocar um novo para continuar a moxabustão.

Esta técnica é empregada para tratar as doenças do tipo vazio e frio, como por exemplo, lombalgia, diarreia, dores abdominais, impotência, etc.

3.6.1.2. Moxabustão com bolhas

Para este tipo de moxabustão, utilizam-se cones pequenos. Depois de ter acendido a moxa, espera-se até que o paciente tenha uma sensação de queimação e deixa-se a moxa se consumir por 3 a 5 segundos ainda. Pode-se formar sobre a pele uma auréola amarela. Aparece uma bolha após 1 a 2 horas. Não se deve furá-la, mas sim deixar que o organismo a reabsorva sozinha, protegendo-a com um curativo. Esta moxabustão é empregada no caso de asma, tuberculose, escrófulas.

3.6.1.3. Moxabustão com cicatriz

Antes da sessão, colocar o doente numa posição em que ele fique tranquilo e na qual se mantenha. É importante localizar com precisão os pontos escolhidos. Pode-se untar o ponto com suco de alho para melhor aderência do cone de Artemísia. Acende-se e espera-se que ele seja completamente consumido para

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então substituí-lo por outro. Continuar a moxabustão até que o número de cones previsto para o tratamento tenha sido utilizado.

Habitualmente, no início da moxabustão, o paciente sente uma dor que pode ser violenta. Deve-se dar pancadinhas leves sobre a pele ao redor da moxa para atenuá-la ou, antes da sessão, fazer uma infiltração intradérmica de anestésico sob os pontos.

Quando a moxabustão terminar, o local tratado estará queimado e a pele poderá, até mesmo, ter adquirido uma cor negra. Deve-se, então, limpar com uma compressa de gaze, aplicar um pouco de vaselina ou um unguento e colocar uma proteção. (Na China, utiliza-se o qingshui: 150 a 200 grs. de mínio cozido em 500g de óleo de gergelim). Uma semana após a moxabustão, aparecerá uma supuração abacteriana de cor esbranquiçada no nível dos pontos. Esta cor deve ser observada, porque se houver infecção, ela tornar-se-á amarelada ou esverdeada. Durante o período de supuração, colocar o unguento e trocar o curativo todos os dias. A f erida deverá cicatrizar-se ao fim de 6 semanas. Se não houver a supuração, far-se-á diariamente, por 2 ou 3 dias, uma moxabustão de bastão de Artemísia de 5 a 10 minutos sobre o ponto.

Este método que provoca queimadura, supuração e cicatrização é pouco utilizado atualmente. Dá, no entanto, excelentes resultados, nos seguintes casos:

• asma: moxas sobre Fengmen (B12) feishu (B13), Gaohuang (B43), Shanzhong (Rm17).

• úlceras gastroduodenais e edemas: moxas sobre Shuifen (VC 9), Guanyuan (VC 4) Qihai (VC 6), Zusanli ( E36).

• impotências e diminuição da capacidade sexual dos homens: moxas sobre (Qihai ( VC6), Zusanli (E36).

• manutenção da saúde e com finalidade preventiva: moxas sobre Zusanli (E36), Gaohuang (B43), Qihai (VC6).

Auteroche afirma, que é muito importante a localização do ponto. Para medir as distâncias, pode-se ter a ajuda de um compasso de ponta seca ou de um fio, para medir e marcar o local do ponto sobre a pele, com um lápis dermográfico. Como

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referência da distância, toma-se a segunda falange do dedo médio da mão esquerda do homem e a da mão direita da mulher.

Durante a aplicação da moxa, o paciente deve estar confortavelmente instalado, de modo a não sentir necessidade de mudar de posição.

Deve ser advertido quanto a percepção de calor e da dor eventual. Deve-se notar que a dor é melhor tolerada pela mulheres do que pelos homens.

A moxa direta é acesa com um bastãozinho de incenso. A mão direita deve ficar bem firme, porque a moxa é pequena; deve-se ter a maior atenção quando se emprega a forma “de semente”.

A moxa queima de cima para baixo e o momento mais doloroso é aquela em que esta se torna branca, assemelhando-se a uma bola de cinzas esbranquiçadas. É nesse momento que se devem dar tapinhas ao redor do ponto, para diminuir a dor.

Para reduzir a dor, deve-se primeiramente, fazer uma moxa bem pequena, porque quando ela tiver queimado, a pele estará morta e as sensações serão menos vivas. Geralmente, a progressão no tamanho das moxas, para os homens, será: pequena, média, grande e para as mulheres: pequena, pequena, média.

Nas moxas sem cicatriz, como os cones não são inteiramente queimados, pode ser necessário aumentar o número de moxas para se obter um resultado terapêutico.

Como se utilizam sucessivamente vários cones, quando o primeiro for consumido, tira-se o excedente de cinza e, depois coloca-se o cone seguinte sobre a cinza que ficou aderida à pele e, assim por diante.

Quando a moxabustão tiver terminado e a ferida tratada, o paciente deve evitar fazer exercícios e tomar friagem. Não deve tomar banho, nos dias seguintes e nem molhar os locais onde se fez a moxabustão. Se houver bolha, não se deve furá-la.

As moxas diretas aceleram o pulso, despertam o apetite, harmonizam, dão vontade de dormir e provocam, às vezes, uma febrícula. Uma sessão anual de moxa

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direta é suficiente para um homem de 50 anos a fim de conservar sua saúde e prevenir debilidade de yang dos rins.

Nas mulheres, que não tem perturbações de menstruação ou não são tratadas por uma afecção dessa natureza, é preferível não praticar a moxabustão durante as regras.

As moxas diretas podem tonificar ou dispersar, mas são mais tonificantes que dispersantes.

O Ling Shu (cap.51) lembra que: “para tonificar, é preciso deixar a moxa consumir-se lentamente e, para dispersar, deve-se, desde que se acende a moxa, estimular a combustão para que se consuma rapidamente”.

3.6.2. Moxabustão indireta

Na moxabustão indireta, intercala-se uma substância medicamentosa entre a pele e o cone de moxa, O efeito obtido é duplicado. Por um lado, a ação do medicamento se conjuga ao da moxabustão, por outro, a propagação do calor é mais constante que na moxabustão direta. O emprego desse método é particularmente adequado às doenças crônicas e às infecções e ulcerações do revestimento cutâneo.

Em seu livro “Guia Prático de acupuntura e moxabustão” (1996) Auteroche, relata diversas modalidades de moxabustão indireta e a ação de cada uma delas. Neste trabalho, relataremos apenas algumas.

3.6.2.1. Moxa de alho (allium sativum)

Pode ser feita com pasta de alho ou com uma fatia de alho.

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Cortar de um dente de alho, uma fatia de 0,5 a 1 fen (3mm) de espessura. Fazer pequenos furos e colocá-la sobre o ponto de acupuntura ou sobre a região a ser tratada. Por cima, colocar um pequeno cone de moxa e acendê-lo.

Quando o cone tiver queimado completamente, adicionar outro cone e, assim por diante, até atingir o numero de moxa desejado (em geral de 3 a 6).

A fatia deve ser trocada quando estiver seca. No fim da moxabustão, a pele estará vermelha e úmida e o paciente terá uma sensação de descanso; não deverá haver dor e nem bolha.

Ação: refresca o calor,

elimina as toxinas, vivifica o sangue, dissolve os acúmulos, acalma a dor, faz desaparecer os inchaços.

Emprego:

Furúnculo, antraz, estágio inicial das infecções patogênicas da pele, picadas de insetos e de cobras, fase inicial das úlceras cutâneas, tuberculose óssea, escrófulas.

3.6.2.2. Moxa de pasta de alho

Quando a superfície a ser tratada é mais importante, o alho é reduzido a

pasta a fim de se fazer um emplastro do tamanho da superfície em questão e n a espessura de 3 mm. Fazem-se alguns furos nesse emplastro; recobre-se a parte a

ser tratada e sobre ele coloca-se uma moxa bastante grande. Continua-se a moxabustão até que o emplastro esteja seco.

O emplastro de alho pode ser preparado antecipadamente e posto para secar no calor. Nesse caso, antes de ser utilizado, deve-se mergulhá-lo no vinagre.

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3.6.2.3. Moxa de gengibre (Ge Jiang Jiu) Zingiber Officinale fresco:

Cortar uma fatia de gengibre fresco de 5mm. de espessura. Furá-la em vários pontos com uma agulha grossa. Colocar essa fatia sobre o ponto ou na parte a ser tratada. Por cima, colocar um cone de Artemísia e acendê-lo. Quando o paciente experimentar uma sensação de queimação, tirar o cone e substituí-lo por outro. Continuar até que a fatia esteja seca.Se a fatia secar antes que o número de cones previsto tenha sido queimado, colocar uma nova fatia sobre a primeira.

Quando a moxabustão tiver terminado, o paciente terá a sensação de descanso e a pele estará vermelha e úmida. Não deverá haver bolha.

Emprego: dispepsia, abdome doloroso, diarreia, espermatorréia, ejaculação precoce, dores reumáticas (Feng Shi Bi) que pertencem às Síndromes de Vazio-Frio.

3.6.2.4. Moxa de sal marinho sobre o umbigo

Pegar sal marinho fino, em quantidade suficiente para encher o umbigo. Passá-lo no fogo, para tirar a umidade e evitar que o calor da moxa o faça estalar.

Colocar uma gaze sobre o umbigo e enchê-lo de sal. Colocar uma moxa grande sobre o sal e acendê-la. O número de moxas depende da doença e do estado do paciente.

Ação: refresca o calor, elimina as toxinas, fortifica o estômago e os intestinos. Faz voltar o Yang, leva remédio ao sentido oposto, sustenta a base e impede a debilidade.

Indicações:

Gastroenterite aguda, desarranjos intestinais, vômitos, doenças crônicas do estômago e dos intestinos, prolapso anal, colapso devido a um Zhong Feng.

De acordo, ainda, com Auteroche, para os pacientes que têm um vazio de yang dos rins, com edemas, ascite, retenção urinária ou problemas cardíacos,

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adicionam-se ao sal diferentes medicamentos, por exemplo: pimenta branca e fatia de gengibre, cebolinha, cebolinha e almíscar; cebolinha, almíscar e fatia de gengibre (a fatia de gengibre deve ter vários furos feitos com agulha).

Quando o umbigo não é muito côncavo, é importante fazer ao seu redor uma coroa de massa (farinha e água), argila ou de massa para modelar.

O cone de moxa pode ser substituído por um pedaço de bastão grande de Artemísia (1cm equivale a 1 cone). Nesse caso, o cilindro pode ser parcialmente furado no centro, de modo a permitir que a fumaça desça e seja melhor absorvida. É este o método praticado habitualmente.

No caso de dores menstruais, podem-se aplicar moxas com erva Saussurea Lappa. É importante determinar com cuidado se as dores são do tipo Vazio ou Plenitude. Dores pré-menstruais são, geralmente, consideradas como dores de tipo Plenitude. Nesse caso, deve-se reequilibrar com agulhas. As dores pós-menstruais são comumente atribuídas a um estado de vazio, o que permite fazer moxas sem receio.

Se, depois das moxas no umbigo, o paciente tiver uma sensação grande de calor ascendente, deve-se fazer uma moxa no ponto E36 (Zusanli) para reequilibrá-lo.

Depois das moxas, pode-se dar ao paciente um copo de suco de maçã ou de cidra.

Neves, em seu livro “Tratado Popular de Moxabustão”, também, relata a moxa com gengibre:

“Corte um pedaço de gengibre de cerca de 3 a 5 mm e fure-o em cinco pontos, como o cinco de um dado. Coloque o cone de moxa sobre a rodela de gengibre e, em seguida, sobre o ponto que se quer tratar. Acenda o cone usando um fósforo. Quando o paciente começar a sentir ardência, retire a rodela de cima da pele e mantenha-a suspensa (presa pela mão) sobre o mesmo ponto até que a sensação de aquecimento suavize. Recoloque, então, o gengibre sobre o ponto. Repita o processo até que o ponto fique bastante vermelho, quente e úmido. Usamos 5 a 7 cones em cada tratamento, que pode ser repetido dia sim, dia não... Este método é mais indicado para vômitos e diarreias, artrites e também para quaisquer outras doenças que respondam bem ao método de moxabustão”.

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3.6.3. Moxabustão com o auxílio de bastões de Artemísia

Para Scilipoti (SCILIPOTI, 1996), praticar a moxabustão é simples, porém requer muita atenção e precisão. Depois de acender o bastão com um fósforo, mantendo-o a uma distância de 3 cm. do ponto a ser tratado, pratica-se a terapia até que a sensação de calor se torne insuportável para o paciente. Este momento é alcançado após cerca de 20 segundos, dependendo da sensibilidade de cada pessoa. Antes que esta possa sentir dor, é preciso afastar o bastão e diminuir a intensidade do calor, para, então, aproximá-lo novamente.

Deve-se repetir o procedimento, várias vezes, até que o ponto tratado esteja morno e avermelhado. Uma simples aplicação de moxa dura mais ou menos 3

minutos, mas, com a experiência de quem pratica a terapia, esse tempo pode diminuir pela metade. No total, o tratamento, deverá durar de dez a quinze

minutos. Uma série de tratamentos deverá constar de dez a quinze sessões, uma a cada dois dias. Depois de cada série, deverá ser mantido um período de repouso de pelo menos uma semana e, se não obtida a cura nem a diminuição dos sintomas, repetir-se-á o tratamento. Nos casos, urgentes, não havendo à mão um bastão de Artemísia, pode-se utilizar um cigarro ou um charuto.

Moxabustão com calor moderado e constante (Wen He Jiu).

Neste método de aplicação, deve-se aproximar a ponta acesa do ponto a ser tratado, a uma distância da pele de aproximadamente 1 a 2 cun. De acordo com a reação do paciente que deve sentir calor, mas não dor, é que se vai aproximar ou distanciar a extremidade incandescente da moxa.

Durante a sessão, a distância será modulada em função das sensações experimentadas pelo paciente. Em geral, aquecem-se os pontos até que a pele esteja vermelha e congestiva, mas sem a aparição de bolhas.

É necessário manter certa distância entre a moxa e a pele, pois se houver ardência e dor, o tratamento deverá ser suspenso, o que não é interessante uma vez que o objetivo é aquecer e, para isso, a operação deve durar certo tempo.

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Segundo Auteroche, o uso dos bastões, também chamados bastões ou cigarros de Artemísia iniciou-se na época Ming. O bastão de Artemísia vem dos bastões medicinais que se denominava, também, flechas de fogo. Este método de moxabustão pode ser realizado, seguindo as técnicas de “cauterização suspensa (Xuan Qi Jiu)” e da “cauterização com auxílio do bastão (Shi”na Jiu)”.

A técnica da “cauterização suspensa” é geralmente realizada com os bastões comuns, enquanto que a técnica “com o auxílio do bastão” pede o uso de bastões medicinais. Qualquer que seja a técnica empregada, este método pode ser considerado como uma moxabustão indireta.

O bastão de Artemísia pode ser fabricado por qualquer pessoa e para quem quiser produzi-lo o livro de Auteroche oferece detalhes sobre o assunto.

3.6.3.1. Moxabustão suspensa (AUTEROCHE)

Para esta técnica, utiliza-se um bastão de Artemísia comum ou com medicamentos inseridos. O terapeuta deve colocar o bastão aceso sobre um ponto de acupuntura. A pele deve sentir calor, mas não deve ser queimada. A operação deve durar de 5 a 10 minutos, em geral.

Indicações gerais:

Esta técnica pode ser empregada nos casos de deficiência do Baço(PI) e Estomago (Wei), impotência masculina, disenterias, cistites e no baixo ventre quando frio e doloroso, artrites reumáticas, parestesias e paralisias.

Para a aplicação desta técnica o bastão de Artemísia é sustentado entre o polegar, o indicador e o dedo médio, como se segurasse uma caneta. O dedo mínimo deve estar apoiado próximo ao ponto a ser cauterizado, evitando-se os tremores do pulso e o cansaço ocasionado por uma moxabustão prolongada.

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Aproximar a ponta acesa do ponto a ser tratado, a uma distancia da pele de aproximadamente de 1 a 2 cuns. Quando o calor for insuportável, subir o bastão verticalmente. O paciente deverá sentir calor, mas não dor Aguardar 5 segundos.

Repetir 4 vezes em cada ponto (máximo 4 a 5 pontos, sendo que os simétricos contam como um ponto) Nas pessoas yin costuma-se demorar mais no primeiro aquecimento. Fazer 2 a 3 aplicações semanais em dias intercalados.

Nos pontos Shu (dorsais) pode-se usar dois bastões simétricos no meridiano da bexiga (segurar tipo pauzinhos chineses). Usar a mão esquerda para controle da temperatura. Este método resgata os Jing Luo e elimina o frio ruim.

Na moxabustão suspensa, a tonificação se realiza pelo método “bicada”, fechando-se o ponto para penetrar o calor. Para a dispersão usa-se o método dos bastões suspensos, descrevendo-se um círculo numa distância constante do ponto a ser tratado, sem se fechar o ponto com a mão.

3.6.4. Moxibustão tipo “passar roupa” (Yun Re Jiu)

Colocar a parte acesa do bastão a uma distância de 1 cun da pele, aproximadamente. Fazer um movimento de vai e vem na horizontal sobre o ponto a ser cauterizado, como se se passasse uma roupa. O bastão de moxa deve ficar paralelo ao plano da pele. Duração: 5 a 10 minutos.

Indicações:

Doenças de pele, dermatoses, frieiras, Bi da Umidade e do Vento sobre uma grande superfície, paralisia e parestesia.

3.7. Técnica Utilizada por AUTEROCHE na Técnica de Moxabustão Suspensa

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3.7.1.Moxa em tonificação sobre um ponto determinado

Coloca-se a mão esquerda sobre o paciente, apoiando nele a eminência hipotênar e cobrindo toda a epiderme, deixando o dedo médio sobre o ponto a ser cauterizado. Com a mão direita, segura-se dois bastões, um ao lado do outro, colocando-se as pontas incandescentes do bastão sobre o ponto a ser cauterizado, numa distância de 1 cm., aproximadamente. Para cauterizar, deixa-se as pontas incandescentes sobre o ponto por 1 segundo; suspende-se os dois bastões, mantendo sempre, o contato com o corpo do paciente. Suspende-se os dois bastões por 1 segundo e, em seguida, recoloca-se sobre o ponto a ser tonificado. Realizar uma série de movimentos bem ritmados. A cada cauterização colocar a mão sobre o ponto aquecido a fim de resfria-lo, por 2 a 3 segundos.

Ao fim de 6 a 7 minutos, esta manobra provoca uma sensação de calor penetrante que tende a se tornar insuportável. Nesse momento, deve-se interromper o tratamento. O ponto deve estar aquecido até que esteja com uma placa vermelha, mas sem que haja queimadura.

Se houver queimadura, cobre-se a área afetada com azeite de oliva.

3.7.2. Moxabustão em difusão

Toma-se dois bastões, aquecendo a região dos pontos, ou ponto com um grande movimento circular. Coloca-se a mão esquerda não muito distante da região a ser cauterizada, enquanto que a mão direita segura os bastões de moxa, da mesma forma já descrita para a tonificação, sem perder o apoio, aquecendo a região do ponto ou pontos a cauterizar, num movimento longo e circular, começando pelo centro. Esta manobra provoca uma sensação de bem estar e relaxamento da região tratada.

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3.7.3.Cauterização dos pontos Shu das costas

Esta técnica permite a cauterização dos dois pontos idênticos do canal da Bexiga, localizados ao longo da coluna vertebral. Deve-se segurar os bastões da mesma maneira como se faz com os “pauzinhos chineses, colocando-se o dedo médio entre os dois bastões e unindo-se as extremidades frias dos bastões sobre a articulação metacarpofalangiana do indicador. O dedo polegar recobre os bastões e os mantém seguros. Assim, as pontas incandescentes são mantidas separadas uma da outra e postas nos pontos a cauterizar. A mão direita permanece sobre as costas pela eminência hipotênar abaixando e levantando os bastões, da mesma forma já descrita para a tonificação. A mão esquerda cobre toda a superfície, longitudinalmente sobre as costas do paciente, o dedo médio fica em contato com as apófises espinhosas da espinha dorsal. Para resfriar a região, periodicamente, deve-se deixar o dedo médio no local, mas flexionando-o na altura da articulação interfalangiana proximal , apoiando-o nas costas do paciente pela face dorsal da falangeta. Durante o movimento, o indicador e o anular avanças e as suas polpas se colocam, por alguns segundos, sobre os pontos aq1uecidos. Em seguida, leva-se a mão ao ponto de partida para continuar a cauterização.

3.7.4.Moxa com o auxílio de uma caixa de madeira

Esta deve ter as seguintes dimensões: 12cm. de largura, 16 cm. de comprimento, 9 cm. de altura. A 3 cm. de altura, fixa-se uma grade metálica cujas malhas são de 2 mm. Dependendo da finalidade com a qual se aplica a moxa, coloca-se duas a três porções de moxa de 2 a 3 cm. de comprimento sobre a grade, a 3 cm. de distância da pele, para um aquecimento mais rápido ou a maior distância da pele, 6 cm. para uma difusão de calor mais lenta. Acender os bastões de moxa e colocar a caixa sobre as partes do corpo que devem ser tratadas. Deixar a caixa no local por 10 a 15 minutos, controlando o grau de calor. Esta técnica é apropriada quando se pretende aquecer uma região mais extensa, vários pontos de acupuntura de uma só vez, geralmente, nas partes superior e inferior das costas, região lombar, epigástrio, abdômen, baixo ventre e coxas.

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Moxabustão “bicada” (Que Zhuo Jiu), também chamada moxabustão subida e descida. AUTEROCHE.

Colocar a ponta incandescente da moxa sobre o ponto, a 2 cun de distância da pele, aproximadamente. Com um movimento de subida e descida, como um frango que bica o grão, levantar e abaixar a extremidade incandescente do bastão. È necessário estar atento à duração da moxabustão que, em geral, dura de 1 a 2 minutos e, raramente, mais de 5 minutos e cuidar para que a extremidade incandescente não se aproxime muito da pele, a fim de evitar queimaduras.

Indicações: perda de consciência, síncope, Bi do Vento, da Umidade e do Frio.

3.8. Moxaterapia Sem o Uso de Artemísia

Ao invés da utilização da erva Artemísia Sinensis, podem-se empregar outros materiais como enxofre, cera, tabaco, madeira da amoreira ou de pessegueiro, seiva de junco e outros. São em geral, técnicas complementares.

Auteroche, em seu livro “Guia Prático de Acupuntura e Moxibustão” descreve algumas possibilidades em relação ao uso destas técnicas, bem como sobre o uso de Moxas sem a produção de calor. Não as detalharei neste trabalho, a fim de não me estender mais sobre o assunto.

3.9. Cuidados e contra indicações na aplicação da moxa

Chenggu alerta sobre a necessidade de se estar atento na aplicação de moxa, devendo-se evitar que caiam cinzas no paciente; queimaduras de pele e da roupa e incêndio.

Segundo Auteroche: Não é aconselhável a aplicação em locais próximos aos vasos sanguíneos.

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Não se deve aplicar moxa em casos de:

• doenças febris, pulso rápido e yin vazio.

• yin vazio e calor interno (Calor vazio), porque isso pode elevar o fogo e perturbar as “aberturas puras”.

• síndromes de Plenitude Calor.

• cefaleia devida a um excesso de Yang do fígado. • zhong Feng (ictus apoplético) do tipo fechado.

• quando o paciente sofre de desnutrição, sua constituição é muito frágil e se está muito alimentado ou bêbado.

Ainda, de acordo com Auteroche:

Deve-se:

• estar muito atento nos casos de grande perda de água, nas transpirações profusas, nas perdas de sangue e nos edemas generalizados.

• evitar, na gestante, fazer moxabustão sobre os pontos do baixo abdômen e da região lombo sacra.

Não se deve:

• fazer moxas diretas no rosto, arredores dos orifícios naturais, nas regiões pilosas, cicatrizes, pontos descarnados, nas articulações do pulso e tornozelo.

• fazer moxas na região do coração, ao redor dos olhos, pescoço e nuca, sobre os órgãos sexuais e proximidades de mucosa ou

• fazer moxa próximo a vasos sanguíneos importantes.

Pontos de acupuntura proibidos para a moxabustão de acordo com Zhen Jiu Da Cheng, por AUTEROCHE

“VG15, VG16, B10, VB15, E8, TA23, B2, B1, VG25, IG19, IG20, ID18, E7, E9, ID17, P3, BP20, VG15, BP16, ID9, TA4, PC9, P11, P10, P8, VB42, VG3, VG6, BP1, BP7, BP9, E38, E35, E33, E32, E31, B62, B40, B37, B36, B30, B15, em todos os 45 pontos”.

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Ainda. Segundo Auteroche, deve-se evitar o rosto, onde a moxabustão pode causar uma supuração ou deixar cicatrizes. Renyin( ) e Weizhong (B40) estão próximos de um vaso sanguíneo, por isso estão excluídos. Entretanto, nesta lista há pontos proibidos que têm demonstrado um bom efeito terapêutico. Assim, Yinbai (BP1) cura os sangramentos uterinos (Benglou) e Dubi (E35) é apropriado no caso de dores articulares do joelho. Desta forma, em certos casos, a experiência clínica vem corrigir os textos antigos.

3.9.1. Conselho para a prática das moxas

De acordo com Auteroche, no tratamento com moxa, deve-se:

• advertir o paciente da eventualidade de uma dor causada pelo calor; • acomodá-lo o mais confortavelmente possível de modo a permanecer

na mesma posição durante algum tempo;

• aplicar, primeiramente, nos membros superiores e depois nos inferiores;

• aplicar no tórax e no abdômen antes das costas e da lombar;

• aplicar em maior quantidade e por mais tempo na região lombar, costas e abdômen do que no tórax e membros e, menor ainda, na cabeça e pescoço;

• se o tratamento com moxa for realizado em conjunto com a punctura, inserir primeiro e manipular a agulha e somente depois de extraí-la, praticar a moxa.Pode-se, ainda, queimar uma moxa sobre a agulha, antes de retirá-la (método de agulha quente)

• quando a doença é de caráter agudo e o organismo ainda apresenta boa resistência, devem-se fazer muitas moxas e depois reduzir o seu número, pouco, de acordo com a melhora;

• quando a doença é crônica e o organismo se apresenta debilitado, deve-se diminuir o número de moxas e, em seguida, aumentar, quando a doença evoluir para a cura.

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• para os pacientes jovens e vigorosos pode-se aumentar o número de moxas e diminuir seu número no caso de pessoas idosas e crianças. Deve-se aumentar o número de moxas nas síndromes Vazio, Frio, durante a estação do inverno e nas regiões frias.

• parar a moxabustão quando a parte tratada está hiperêmica. É possível aplicar moxa uma ou duas vezes por dia, no mesmo local;

• se se deseja aumentar a difusão do calor, não se deve aproximar muito o bastão da pele, porque se o doente ficar com uma queimadura será necessário interromper o tratamento, sem se ter podido prolongar o aquecimento durante o tempo necessário;

• para que o calor penetre com mais intensidade, é interessante empregar-se a técnica “bicada” e pressionar o ponto com a mão esquerda. Esta técnica é muito boa para aliviar as dores causadas pelo frio;

• quando o interesse for o de aquecer toda a região, principalmente nos casos de doença de pele, é interessante aplicar o método tipo “passar roupa”, em forma de círculos, partindo-se do exterior em direção ao centro. Repetir a operação, não sendo necessário girar no sentido horário.

Após o tratamento o paciente deve beber com moderação e evitar os legumes e frutas crus, os alimentos gordurosos e o álcool. Deve abster-se de relações sexuais, manter o espírito calmo e não tomar frio.

3.10. Moxaterapia Aplicada no Japão

Diferentemente do conceito utilizado pelos chineses com relação à aplicação de moxa, onde esta é utilizada principalmente nos casos de deficiência de yang e excesso de yin e contra indicada em síndromes de calor e calor vazio, no Japão a moxaterapia é utilizada desde a antiguidade e têm demonstrado sua eficácia em todas as doenças. Neste país, a moxaterapia se desenvolveu através de seus próprios praticantes, onde muitos especialistas jamais utilizavam agulhas. Um longo tempo de experiência e aplicação clínica do uso do calor indiretamente ou difuso,

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bem como do calor direto, demonstraram que as contra indicações apontadas pela terapia chinesa não são válidas. Por exemplo, na China, na cistite, uma doença típica do padrão de calor umidade, a moxa é contra indicada, no entanto, segundo Cunha, estas podem trazer excelentes resultados quando aplicadas no baixo ventre e em pontos nas costas. É possível que esta contra indicação se dê devido ao uso de ervas fitoterápicas chinesas ingeridas em forma de chá que aumentam o calor, confundindo-se com o calor oferecido pela moxa.

De acordo com Cunha, Sawada Ken (1877-1938), o famoso moxaterapeuta japonês, ganhou sua reputação tratando tuberculose pulmonar apenas utilizando moxa direta e palpação na área para vertebral inter escapular, onde os pontos sensíveis se encontravam entre B11(Dazhu) e B17(Geshu), buscando-se sentir pontos ativos na coluna vertebral entre VG10 (Lingtai) e VG14(Dazhui). Se a temperatura do paciente fosse maior que 37,5° C adicionava P1(Zhongfu), IG11(Quchi), P5(Chize), B11(Dazhu) e VG12(Shenzhu). Estes registros sobre os tratamentos de Sawada foram descritos por Shirota Bunshi e mostravam o estilo de tratamento utilizando moxa local e sistêmica com excelente resultado.

Como estes tratamentos indicassem a possibilidade de aumento na imunidade, acabaram por despertar o interesse em trabalhos científicos que demonstraram a efetividade do uso da moxa.

Pesquisas e experimentos foram conduzidos seguindo os métodos empregados pela medicina ocidental que comprovaram a eficácia da acupuntura e da moxabustão.

Para Cunha, experimentos médicos realizados em cobaias demonstraram que a moxaterapia direta produz um efeito mais profundo e mais forte do que as mudanças fisiológicas produzidas pela agulha. Comprovou-se que a aplicação da moxa direta aumenta a produção de eritrócitos no sangue, com o aumento de glóbulos brancos imediatamente após a aplicação, alcançando sua taxa de pico oito horas mais tarde e mantendo-se por vinte e quatro horas. Se a aplicação for repetida, o efeito poderá ser ainda maior.

Comprovou-se, ainda, que há aumento, também, na produção de hemácia e da hemoglobina no sangue. Uma pessoa que apresenta taxa de hemoglobina abaixo

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dos 80% poderá ter aumentada sua taxa para 90% após a aplicação, em oito semanas. Isto demonstra um aumento importante nos componentes sanguíneos assim como na taxa de hemossedimentação, plaquetas, velocidade de coagulação do sangue, taxa de cálcio, glicose e na capacidade de produzir anticorpos.

Devido ao calor intenso produzido pela queima da moxa nos pontos aplicados, os impulsos neurais na pele causam dilatação dos vasos capilares aumentando a circulação sanguínea e linfática, causando sensação de aquecimento, relaxamento e sonolência. As pessoas que sentem frio no corpo e nos membros podem eliminar o frio através da moxa direta.

Por causa do forte efeito nas taxas bioquímicas, especialmente no que se refere aos componentes sanguíneos e sistema imunológico, a moxa direta foi mais efetiva em várias doenças crônicas que envolviam os órgãos internos do que a acupuntura, podendo ser utilizada como recurso terapêutico caseiro.

Para Kikuchi (KIKUCHI, 1982), a acupuntura e a moxaterapia devem ser praticadas por profissionais com um bom conhecimento de anatomia e fisiologia. Entretanto, a moxa é um método muito mais seguro do que a aplicação de agulhas e tem sido um remédio caseiro efetivo em toda a Ásia durante séculos.

A moxa ativa os tecidos do corpo que estão enfraquecidos (má circulação, má nutrição, etc.) e estagnados, através dos princípios ativos da Artemísia processada, que irão ativar a vitalidade intrínseca do corpo (energia Ki) e restaurar a saúde.

O estímulo através do calor é essencial para a efetividade da moxa, mas o risco de queima em alguns pontos não pode ser eliminado totalmente. Para evitá-la devemos detectar antecipadamente prováveis anormalidades e mudanças que estão ocorrendo no corpo.

Em primeiro lugar, a quantidade de umidade da pele (logo após o banho, ou untada com creme hidratante excessivo) propicia o aparecimento de bolhas após o uso da moxa. Escaras e bolhas por queimadura dependem diretamente da condição física do paciente.

De acordo com Kikuchi, dependendo da reação orgânica durante a aplicação da moxa, pode-se afirmar que o paciente tem umidade no corpo, se é yin ou yang.

Referências

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