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Boletim. O AMARELÃO na mira da genômica. Campanha incentiva USO CORRETO de acervo bibliográfico. N o Ano Página 3.

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Anúncio com diálogo imaginário entre Monteiro Lobato e Jeca Tatu, no início do século 20, já revelava preocupação com os efeitos do amarelão

N

o

1.705 - Ano 36 - 9.8.2010

Boletim

Centro de

Comunicação

CEDECOM

CEDECOM UFMG

Centro de

Comunicação

O AMARELÃO na mira da genômica

Com participação da professora Élida Rabelo, do Instituto de Ciências Biológicas, estudo genético coordenado pela Universidade de Melbourne, da Austrália, identificou 18 proteínas do verme Necator americanus, causador da ancilostomíase, a doença do amarelão que imortalizou o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato.

A descoberta pode levar ao desenvolvimento de drogas capazes de inibir a ação do Necator sem agredir o organismo hospedeiro. Além disso, as drogas atuais tendem a perder sua eficácia com o crescimento das populações de parasitos geneticamente imunes a elas.

Página 5

Campanha incentiva

USO CORRETO de

acervo bibliográfico

Página 3

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Esta página é reservada a manifestações da comunidade universitária, através de artigos ou cartas. Para ser publicado, o texto deverá versar sobre assunto que envolva a Universidade e a comunidade, mas de enfoque não particularizado. Deverá ter de 4.800 a 5.200 caracteres (com espaços) ou de 57 a 64 linhas de 70 toques e indicar o nome completo do autor, telefone ou correio eletrônico de contato. A publicação de réplicas ou tréplicas ficará a critério da redação. São de responsabilidade exclusiva de seus autores as opiniões expressas nos textos. Na falta destes, o BOLETIM encomenda textos ou reproduz artigos que possam estimular o debate sobre a universidade e a educação brasileira.

Medicina DESVIRTUADA*

Opinião

M

edicina é a profissão cuja so-brevivência está mais ameaçada pelo rolo compressor da tecno-logia. Desfigura-se a olhos vistos. Perde substância. Deixa-se impregnar pela onda de automação avassaladora. Não resiste ao fascínio da era digital. Virtualiza-se. Sucumbe ao esquartejamento científico. Fragmenta-se. Esvazia-se na essência. Desintegra-se na prática.

O exercício da medicina verdadeira é indissociável de uma relação humana benfazeja entre o profissional e o paciente. Sem ela não há lugar para a recuperação plena da saúde. Tudo o mais é comple-mentar. Não bastam equipamentos com-plexos, remédios miraculosos ou cirurgias fantásticas.

Muito mais do que isso, importa lidar bem com um ente fragilizado pela doença. Interagir com uma pessoa, alguém que não é apenas um amontoado de órgãos e vísceras. Um ser que sofre mais por dentro que por fora, sente a morbidez por inteiro, não em pedaços, pensa deprimido, racio-cina em condições adversas.

O atendimento médico está em rota de extinção nos tempos modernos. Abandonou, por completo, a natureza relacional que o distinguia. Tomou o rumo da mecanização em detrimento da sabedoria humanista que lhe dava con-sistência. Distanciou-se do fundamento conceitual de origem.

Com efeito, atendimento é o ato de atender, verbo oriundo de attendere, do latim, que significa acolher, receber com atenção ou cortesia, segundo o Aurélio. Já não se atende assim em medicina. A lógica da linha de montagem impôs-se progressivamente, apequenando a arte de curar. Mudou conteúdos, desrespeitou originalidades, uniformizou padrões.

O cenário da produção em série tor-nou-se único. Subordinou procedimentos diagnósticos e homogeneizou condutas terapêuticas. O valor quantitativo pre-valeceu sobre o qualitativo. A ciência reina soberana, ignora a consciência. Embora o paciente continue o mesmo,

Dioclécio Campos Júnior** o ambiente é outro. O atendimento é nenhum, substituiu-se pelo direito de acesso às trapizongas e parafernálias de última geração, entendidas como medi-cina de ponta.

descrever minuciosamente a maioria das doenças que afetam a espécie humana. O volumoso conteúdo dos tratados de medicina não é mérito das máquinas, nem dos computadores.

Resultou de cabeças médicas obser-vadoras no sentir, meticulosas no fazer, brilhantes no transmitir experiência, perseverantes na ininterrupta linha de investigação científica que não decom-põe o corpo humano em fatias, muito menos atribui à alma a condição de ente extracorpóreo. Síntese e análise convi-viam em profícuo equilíbrio produtivo. Tecnologia só era importante quando servia ao homem. Visando converter-se em ciência exata, a medicina colocou o homem a serviço da tecnologia. Inverteu os papéis no momento crítico de trans-formação da sociedade.

O preparo das novas gerações de mé-dicos passou a ingressar num atalho sem saída. Rompeu os alicerces da formação em benefício da informação. Desmere-ceu o saber científico integral em favor do procedimento técnico especializado. Banalizou o acervo de sólidos valores pro-fissionais, construído ao longo de séculos, abrindo caminho para o mito de uma exatidão fria e despersonalizada.

As faculdades de medicina repro-duzem a nova mentalidade. Viraram a página dos nobres tempos, entregando-a à voracidade das traças cibernéticas feitas para deletar o passado em nome de um presente ilusório que não tem futuro. O impasse está posto. Para não ser extinta, a medicina deve retomar a natureza hu-manista de ciência não exata. Se não o fizer, terminará desvirtuada por arremedo científico mutante, impreciso na forma e pseudoexato no conteúdo.

*Artigo publicado no Correio Braziliense, de 22 de julho de 2010

** Médico, professor titular de pediatria da Universidade de Brasília (UnB) e ex-presi-dente da Sociedade Brasileira de Pediatria

Tecnologia só era

importante quando servia

ao homem. Visando

converter-se em ciência

exata, a medicina colocou

o homem a serviço da

tecnologia. Inverteu os

papéis no momento

crítico de transformação

da sociedade

Salvo raras exceções, desaparece a figura daquele médico comprometido com o bem-estar físico, mental e social do indivíduo, o profissional que busca, acima de tudo, acumular patrimônio de confiança adquirida no envolvimento responsável com a saúde das pessoas. Fenece o cuidador que ouve o paciente, o examina à luz de conhecimentos semio-lógicos baseados na concepção do ser humano íntegro, não segmentado. Que o apalpa com mãos sensitivas, percute com dedos suavemente rítmicos, ausculta com ouvidos atentos e refinados.

Perece o médico que pensa, reflete, dialoga com o doente, diagnostica, prescreve e orienta; que não dá primazia ao exame laboratorial nem à imagem radiológica ou ecográfica; que valoriza a linguagem do organismo, tão bem ex-pressa nos sinais e sintomas nascidos na subjetividade da exteriorização singular para compor a objetividade das síndro-mes clínicas conhecidas. Foi essa maneira de ser médico que permitiu identificar e

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O

papel é uma matéria orgânica que tem longevidade medida pelo desgaste natural e pelas condições ambientais de armazenamento e manu-seio. Por isso, o livro, que tem o papel como insumo básico, pode durar muitos anos caso submetido a condições adequadas de conservação. Em compensação, se usado de forma incorreta, deteriora mais rapida-mente e pode ter sua vida útil abreviada.

Esse segundo cenário se aplica todos os anos a cerca de 1,4 mil livros do acervo do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Nos últimos quatro anos, 5,6 mil livros foram descartados por má utilização, o que significou prejuízo de cerca de R$ 120 mil para os cofres públicos. “O livro sofre um envelhecimento natural desde que é gerado, mas temos descartado exemplares precocemente com capas fragi-lizadas, faltando páginas, sujos e até com manchas de alimentos”, revela a diretora da Biblioteca Universitária, Maria Elizabeth de Oliveira Costa.

Para mudar essa realidade, a Biblioteca Universitária realiza todo ano campanhas de preservação com o objetivo de conscien-tizar a comunidade acadêmica da neces-sidade de utilizar o acervo corretamente. Nas unidades do Sistema, estão sendo distribuídos, durante o mês de agosto, fôlderes e marcadores de livro com as atitu-des a serem evitadas pelos usuários, como retirar o livro da estante pela lombada, apoiar os cotovelos sobre a obra, passar páginas com o auxílio de saliva, dobrar,

SABER USAR para não faltar

Biblioteca Universitária reedita campanha para incentivar a correta

utilização do acervo biblográfico

Mayara Caldeira*

*Jornalista da Biblioteca Universitária grifar e cortar. Para a vice-diretora da Biblioteca Universitária, Rosemary Tofani Motta, trata-se de atitudes simples, mas que muitas vezes não são respeitadas pelos usuários. “Vemos livros sendo usados como guarda-chuva e jogados em porta-malas. Precisamos promover uma mudança de comportamento,” ressalta.

Durante a Semana de Recepção aos Calouros, além da distribuição de fôlderes e marcadores de livro, os alunos foram alertados pelos bibliotecários sobre essa necessária mudança de atitude e visitaram exposição de livros danificados no saguão da Reitoria. Rafael Fernandes, César Caixeta e Jonathan da Rocha, calouros do curso de Engenharia Aeroespacial, ficaram impressionados com a quantidade de obras rasgadas. “Cada usuário deve ter muito cuidado no manuseio do livro, que é de uso coletivo”, opinou Rafael.

Prejuízos

Além das baixas no acervo, o manuseio incorreto gera outro problema: o dispêndio com a encadernação dos livros danificados. No último semestre, ICB e ICEx desembolsaram cerca de R$ 8 mil para encadernar cerca de 200 livros da Biblioteca Central. Outro prejuízo é o tempo gasto para o reparo do material: pode durar até meses dependendo da danifi-cação e do volume de livros a ser recuperado. Além disso, o livro fica fora de circulação,

resultando em perdas para os usuários, pois geralmente os exemplares mais danificados são também os mais solicitados.

CDs, DVDs, jornais, fotos, mapas, partituras e filmes são outros materiais do acervo que sofrem com a falta de cuidado. “Infelizmente, o homem, que é o maior beneficiário do acervo, é também o seu principal agente deteriorador. Os usuários precisam compreender que as obras fazem parte da memória da humanidade e são representativas de uma época. Estamos cui-dando de um patrimônio público,” ressalta Rosemary Tofani Motta.

Um sistema com 1 milhão de exemplares e 70 mil usuários

Composto por 27 unidades, o Sistema de Bibliotecas da UFMG possui acervo de um milhão de exemplares de diversas áreas do conhecimento. Por ano, empresta 500 mil exemplares para cerca de 70 mil usuários.

Além das obras que compõem o acervo básico de cada curso, o Sistema dispo-nibiliza documentos considerados raros e/ou preciosos devido à sua importância histórica, literária, cultural e patrimonial. O acervo é composto por exemplares do século 16 ao 20, sendo que alguns são únicos.

As bibliotecas das faculdades de Ciências Econômicas (Face) e de Letras (Fale) funcionam em regime de 24 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados – exceto Sexta-Feira da Paixão, Natal e Ano Novo –, para consulta ao acervo e acesso aos terminais de computadores.

Livro exposto na mostra sobre obras danificadas

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P

aisagens revelam histórias – de lugares, pessoas e grupos sociais. Mas sem um olhar treinado e o domínio de técnicas adequadas de inter-pretação nem sempre é possível decifrar a riqueza dos signos mais instrutivos contidos em cada ambiente. Uma série de três manuais, com informações sobre o patrimônio histórico, cultural e geo-gráfico do município de Catas Altas, em Minas Gerais, apresenta proposta inédita para o ensino de questões ambientais e para dar suporte técnico a empresas que atuam com turismo ecopedagógico.

“Com o Manual de Turismo Peda-gógico em mãos, todo professor, de qualquer nível de ensino, terá condições de formatar uma aula de campo, para comunicar conhecimentos fundamentais sobre as características geoambientais de uma das regiões mais importantes do estado”, diz o autor do trabalho, professor Alloua Saadi, do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IGC), da UFMG.

A reedição do material, produzido originalmente para distribuição no muni-cípio de Catas Altas, está sob análise no Núcleo Caraça da Rede Organizada para o Turismo Autossustentável na Estrada Real, que tem o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Segundo o professor, a

distri-Aprendendo com a

PAISAGEM

Professor do IGC lança manuais que mapeiam

a riqueza geoambiental e cultural da região de Catas Altas

Ana Rita Araújo buição dos manuais na estrutura da rede tem por objetivo viabilizar o processo de ensino e aprendizagem dos profissionais e das instituições que atuam na região, em especial as empresas ligadas à rede de turismo local.

“Na nova edição, a dimensão pe-dagógica dos manuais será ampliada”, antecipa Alloua. “Para isso é necessário um conhecimento íntimo da região e o domínio de técnicas apuradas de iden-tificação e interpretação dos signos da paisagem mais pertinentes e portadores de informações importantes, em meio aos milhares que carregam o campo da visão”, ensina. Segundo ele, o Centro de Pesquisa-Ação em Planejamento Turístico, do IGC, tem capacidade para atender outras demandas semelhantes. Professor convidado da Universidade da Córsega, na França, onde ministra anualmente disciplina sobre turismo, Alloua comen-ta que a experiência brasileira inspirou agências públicas daquele país a produzir manuais similares.

Identidade ambiental

O foco no ensino de questões ambien-tais ganha destaque ao se considerar que “o indivíduo que vivencia e experimenta uma localidade desenvolve uma identi-dade com o ambiente em questão”, diz Alloua. Com a experiência de 30 anos de atuação na produção de conhecimento e no ensino das questões ambientais, o pesquisador explica que a comunidade científica se conecta à paisagem ao rea-lizar análises da sua estrutura, funciona-mento e dinâmica. “A questão é traçar estratégias para usufruir determinadas

paisagens, dando ênfase ao que é mais adequado para cada uma, e harmonizar a ocupação com as especificidades da área”, destaca.

No caso de Catas Altas do Mato Dentro – município localizado a 120 quilômetros de Belo Horizonte, ao pé da Serra do Caraça –, os manuais trazem informações com três abordagens do local: história da mineração; da arte e da cultura; e do Santuário do Caraça. O primeiro explica que o lugar onde está situada Catas Altas foi descoberto por volta de 1695, sendo a mineração a base histórica do desenvolvimento do município durante quase todo o século 18. Seguem-se textos didáticos sobre a história da mineração e o minério de fer-ro – pfer-rocesso pfer-rodutivo, com extração, beneficiamento, fluxo internacional. O material também inclui o perfil geoló-gico da Serra do Caraça, com mapas, ilustrações, fotografias e roteiros.

No manual sobre história da arte e da cultura há informações sobre artesanato, eventos, o sítio arqueológico da Pedra Pintada e o tradicional vinho de jabu-ticaba, responsável pelo complemento de renda de mais de 30 famílias na cidade. O terceiro é específico sobre o Santuário do Caraça, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), berço de colégio de formação religiosa fundado em 1774 e transformado em hotel, de-pois de incêndio ocorrido em 1968. A cartilha traz ainda informações sobre a biodiversidade da região e texto sobre responsabilidade ambiental.

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Novos alvos contra o

AMARELÃO

Transcriptoma do verme causador da ancilostomíase identifica

proteínas com potencial aplicação terapêutica

Ana Maria Vieira

A

identificação de 18 proteínas sem grandes semelhanças com as de humanos é uma das mais expressivas contribuições de trabalho recente envolvendo o se-quenciamento paralelo em massa e a análise do transcriptoma do verme Necator

americanus. Causador da ancilostomíase, ou amarelão, a doença do personagem Jeca

Tatu, o parasito havia sido pouco vasculhado pela genômica, até então.

“Trabalho anterior permitiu conhecer 200 sequências do Necator. Mas apenas agora, com o uso de tecnologias mais potentes, aumentamos em 27 vezes o número de sequências identificadas”, relata a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Élida Rabelo, integrante do grupo responsável pelo estudo, liderado pela Universidade de Melbourne, da Austrália, e que contou com participação de institui-ções norte-americanas. Artigo sobre os resultados foi publicado em maio pela revista científica PLoS Neglected Tropical Diseases.

O provável benefício na identificação de proteínas não homólogas às de humanos é que elas podem tornar-se alvos para novas drogas, capazes de inibir a ação do

Ne-cator sem agredir o organismo hospedeiro. O achado também é importante porque

as drogas atuais, se usadas excessivamente, tendem a perder seu poder de fogo face ao aumento de populações de parasitos geneticamente imunes a elas. Medicamentos sintetizados para desativar proteínas específicas desses vermes podem constituir im-portante recurso terapêutico.

“Não se pode esperar que a ‘resistência’ surja para depois pensarmos em uma nova droga”, observa Élida Rabelo. O problema é real, pois já foi identificada, segundo os autores da pesquisa, resistência entre nematódeos parasitos de animais, especialmente os ruminantes.

Especialização

Doença negligenciada, a ancilostomíase ocorre pela penetração da larva através da pele. Ao cair na circulação sanguínea, ela passa por diversos órgãos até atingir o intestino, em cujas paredes se fixa pelos dentes, em forma de lâminas – no caso do

Necator –, sugando sangue e liberando substância anticoagulante. Após a cópula com

o macho, a fêmea libera os ovos, que, eliminados com as fezes, contaminam solos e se transformam em larvas, fechando assim o ciclo.

Para sobreviver dentro do organismo, o verme produz diversas enzimas que inibem proteases (enzimas humanas que

pode-riam atuar sobre o verme, matando-o). A extensão do fenômeno era desconhecida. “Encontramos grande número de inibi-dores de proteases no parasito”, relata Élida Rabelo, ao citar um dos aspectos associados à fase adulta do verme que a pesquisa ajudou a elucidar.

De acordo com o estudo, há, em todo o mundo, cerca de 740 milhões de pessoas afetadas por ancilostomídeos – Necator

americanus, prevalente no Brasil, e o Ancylostoma duodenale e o A. ceylani-cum. A doença provoca anemia entre os

infectados e, em crianças, chega a causar retardo físico e mental.

Transcrever, etiquetar

e comparar

Diferentemente do genoma, em que são sequenciadas regiões contendo genes e regiões não codificantes, o transcriptoma é um processo que permite desvendar informações apenas sobre genes que se encontram em atividade, em determinado tecido ou estágio de vida de um organismo. Isso ocorre por meio da transcrição do RNA mensageiro, material que leva as informa-ções existentes nos genes até o citoplasma, onde as proteínas “programadas” pelo DNA são produzidas. “O RNA mensageiro no citoplasma é o que será traduzido. Ou seja, é como se fosse uma forma compacta do genoma”, sintetiza a pesquisadora. O procedimento é muito usado para identificar genes de interesse específico.

O estudo também recorreu à análise de fragmentos de genes, como resultado do sequenciamento paralelo em massa do Necator. O método, já antigo, consiste em obter sequências parciais dos genes – denominadas Etiquetas de Sequências Transcritas (ESTs) –, que são suficientes para identificá-los. Por meio delas, é pos-sível realizar buscas de homologias em bancos de dados públicos de DNA, que contêm sequências já descritas para outros organismos. Encontrada a homologia, é feita a identificação do gene.

No caso do Necator, a comparação ocorreu principalmente com o A. cani-num – da mesma família Ancylostomati-dae – e com o nematódeo de vida livre, o Caenorhabditis elegans.

Élida Rabelo: estudo pode levar ao desenvolvimento de drogas para combater o causador do amarelão

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O país

MUDA

,

Minas, NÃO

Estudo da Face projeta cenários para a economia nacional até 2025

Ana Maria Vieira

Artigo: Cenário macroeconômico para a economia brasileira 2010-2025: repercussões no estado de Minas Gerais e seus municípios

Autores: Edson Domingues, Marco Flavio

da Cunha Resende (professores), Aline Souza Magalhães e Admir Antonio Betarelli Junior (doutorandos), do Cedeplar/Face

M

inas estará onde sempre esteve seria uma paráfrase quase perfeita, emprestada do escritor Otto Lara Resende, sobre a performance da economia mineira nos próximos 15 anos, apresentada em estudo recente da UFMG. Os resultados são claros: aumento da participação do setor de metalurgia e siderurgia no PIB estadu-al, redução do crescimento em relação a taxas nacionais e aumento da desigualdade intrarregional.

“Os resultados decorrem do cenário macroeconômico e da atual estrutura produtiva da economia do estado, que tende a se concentrar no setor extrativo e mínero-metalúr-gico”, explica Edson Domingues, professor da Faculdade de Ciências Econômicas e um dos autores da pesquisa. As projeções foram produzidas por meio de duas ferramentas econômicas de simulação, a metodologia conhecida como Equilíbrio Geral Computável (EGC) e o modelo de consistência macroeconômcia.

Formado por cerca de 300 mil equações e indicadores macroeconômicos – PIB, con-sumo das famílias e do governo, investimento e exportações –, o estudo decompôs um cenário macroeconômico para o país nos seus setores e regiões (estados e municípios) no período de 2010 a 2025. Além desses dados, informações sobre impactos de alterações tecnológicas e tendências regionais e setoriais de deslocamento do investimento foram inseridas no modelo.

O país muda, mostram os indicadores projetados. A partir de 2012 e até o final do período analisado, inicia-se fase de crescimento sustentado do PIB a uma taxa de 4,5%. A grande alteração, no entanto, é expressa pelo consumo interno, que vai impulsionar a economia, representando mais de 60% de toda a renda nacional e com taxas de cres-cimento bastante expressivas.

O fenômeno poderá propiciar ao país maior independência em relação ao mercado externo, pois seu desenvolvimento estará menos atrelado ao comportamento das expor-tações – que tendem a crescer menos a partir de 2015, ainda que iniciem a atual década extremamente aquecidas, com aumento de 11,53% em 2010.

Outra novidade apresentada pela pesquisa advém de mudança na participação das regiões Norte e Centro-Oeste na composição do PIB nacional. “A região Norte apresenta o maior crescimento médio no período (5,05% ao ano) e ganho de participação (0,6 pontos percentuais) no PIB nacional. Também a região Centro-Oeste cresce acima da média nacional e obtém ganho ao final do cenário (1,1 pontos percentuais)”, registram os autores. De acordo com eles, os resultados refletem a expansão de infraestrutura no Norte (hidrelétricas) e da fronteira agrícola no Centro-Oeste.

Outras duas regiões, Sul e Nordeste, devem crescer abaixo da média nacional, com perda na participação do PIB (-0,9 e -1,1 pontos percentuais, respectivamente). Quanto ao Sudeste, projeta-se pequeno ganho na composição do PIB (0,3 pontos percentuais). A se confirmarem esses indicadores, o Brasil verá ligeiramente reduzida a desigualdade entre suas macrorregiões.

Segundo Edson Domingues, o fenômeno também decorreria do cenário macroe-conômico, com o menor dinamismo das exportações no final do período de projeção. Assim, regiões mais dependentes de saldos de exportações reduziriam sua participação no crescimento do país, abrindo espaço a outras baseadas em dinâmicas diversas.

Do contra

É o caso de Minas Gerais. “O estado reduz sua participação de 9,1% para 8,5% na economia nacional, recuo de 0,6 ponto percentual no PIB”, projetam os pesquisadores. Além disso, após 2015, com a desaceleração das exportações, o peso da demanda interna torna-se maior, o que produz redução do seu crescimento (3,75% ao ano). Apesar do resultado, tudo indica que o estado “decidirá” aprofundar sua especialização no setor extrativo e mínero-metalúrgico, tomando como referência os investimentos

recentes na expansão dessas atividades em Minas Gerais

Dados apresentados no estudo mos-tram, de fato, que entre 2010 e 2025 a participação no PIB mineiro do setor agropecuário subirá de 6,6% para 7,5%; na indústria, a variação registrará cresci-mento de 46,7% para 59,4% (sendo que siderurgia e metalurgia passarão de 16,3% para 22%). Os setores de serviços, por sua vez, perderão participação relativa na economia mineira.

Má notícia é a ampliação da desigual-dade intrarregional no estado. Para os estudiosos, ela é confirmada com o ganho da microrregião de Belo Horizonte no PIB es-tadual (55%, em 2007, e 57,4%, em 2025) e a perda de participação de regiões do Vale do Jequitinhonha (0,8% e 0,7%, no mesmo período), Norte e Noroeste de Minas. Devido à queda das exportações, a tendência de maior crescimento é observada na região do Triângulo, cuja economia é mais diversifica-da e voltadiversifica-da ao mercado interno.

De acordo com Edson Domingues, a projeção desse cenário pode contribuir para o planejamento de políticas públicas e desenvolvimento regional. Segundo ele, há duas direções claras indicadas pelos dados: dinamizar a economia do Norte de Minas e do Jequitinhonha e promover diversificação da estrutura produtiva do estado para atrair investimentos em outros setores.

Edson Domingues: projeções para os próximos 15 anos

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Boletim UFMG 9.8.2010

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Acontece

Plano de CARREIRA

A Comissão Interna de Supervisão (CIS) do plano de carreira dos cargos técnicos e administrativos está prestando atendimento na sala 207 da Unidade Administrativa III, no campus Pampulha. O objetivo é orientar, fiscalizar e avaliar a implantação do plano nas Ifes.

Os funcionários que tiverem dúvidas sobre questões como enquadramento, tabela salarial, qualificação, avaliação de desempenho e progressões podem agen-dar consulta com a CIS pelo telefone (31) 3409-6485 ou e-mail: cis@prorh.ufmg. br. A comissão também recebe sugestões destinadas ao aprimoramento da carrei-ra. O coordenador é o servidor Arthur Schlunder Valle.

SENTIMENTOS do Mundo

A economista e professora da Uni-camp Maria da Conceição Tavares é a per-sonalidade convidada para abrir, na UFMG, a edição 2010 do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo. Com 80 anos completados em abril, a professora formou diversas gerações de economistas – como José Serra e Clélio Campolina – e se des-tacou na militância política, sob a égide do socialismo utópico.

Sua conferência na UFMG será no dia 24 de agosto, às 10h30, no auditório da Reitoria, campus Pampulha. A progra-mação inclui ainda lançamento do livro

Leituras críticas sobre Maria da Concei-ção Tavares, da coleConcei-ção Intelectuais do

Brasil, organizado por Juarez Guimarães (Editora UFMG e Editora Fundação Perseu Abramo). A entrada é gratuita.

LABLITA

A Faculdade de Letras (Fale) da UFMG sedia, de 23 a 25 de agosto, o V Lablita Workshop and II Brazilian Seminar on Pragmatics and Prosody: illocution, mo-dality, attitude, information patterning and speech annotation. O Lablita é o Laboratório de Linguística da Universi-dade de Florença dedicado ao estudo da língua falada em italiano, com base na oralidade espontânea. Nele são de-senvolvidas pesquisas de entonação. As inscrições são gratuitas. Leia mais nos sites http://lablita.dit.unifi.it e http://

www.c-oral-brasil.org.

Prêmio Brasil de ESPORTE e LAZER

Estão abertas até 30 de agosto as inscrições no 2o Prêmio Brasil de Esporte e Lazer de Inclusão Social, promovido pelo Ministério do Esporte. O objetivo é incentivar iniciativas científicas, tecnológicas, pedagógicas e jornalísticas que apresentem subsídios para po-líticas públicas na área. Podem concorrer pesquisadores, estudantes, gestores, agentes sociais, jornalistas, fotógrafos e outros profissionais, cujas atividades e estudos tenham afinidade com o tema. Serão premiadas dissertações, teses, pesquisas independentes, monografias de graduação e especialização, relatos de experiências, ensaios e mídias. Os trabalhos contemplados com o primeiro, segundo e terceiro lugares receberão os valores brutos de R$ 8 mil, R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente. Mais informações pelos telefones (61) 3429-6870/6824 ou no endereço http://portal.esporte.gov.br/

premiobrasil/default.jsp.

Estudantes-CONVÊNIO

Encerra-se em 4 de outubro o prazo de submissão de candidaturas a bolsas de mestrado e doutorado, no Brasil, no âmbito do programa Estudantes-Convênio de Pós-graduação, promovido pelo CNPq, Capes e Ministério das Relações Exteriores. O programa constitui atividade de cooperação envolvendo países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo e permite a realização de mestrado e doutorado em instituição de ensino superior brasileira. Pode se candidatar cidadão estrangeiro, não portador de visto de permanência no Brasil. Saiba mais pelo edital: http://www.

cnpq.br/editais/ct/2010/pec_pg.htm .

DESTAQUE para a Editora UFMG

Enquete realizada pelo jornal Valor Econômico com críticos literários e professores colocou a Editora UFMG como a melhor no segmento das editoras universitárias do país. “A pesquisa não teve a intenção de medir a eficiência empresarial, mas indicar as editoras que mais se destacam culturalmente”, explicou o jornal, ao afirmar que “a votação se encaminhou naturalmente para a ênfase nas áreas artístico-literária e das ciências huma-nas”. Na votação, que inclui editoras universitárias e comerciais de grande porte, como Companhia das Letras e Cosac Naify, a Editora UFMG ficou em quarto lugar.

Ainda segundo o jornal, muitos votantes mencionaram a capacidade de interferir na vida cultural e de formar leitores como critérios para medir a qualidade de uma editora. Saiba mais sobre a Editora UFMG no site www.editoraufmg.com.br.

ELSA procura VOLUNTÁRIOS

O Projeto ELSA (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) procura, entre os servidores da UFMG, voluntários para participarem da pesquisa. Os perfis desejados são de homens, de 35 a 74 anos, e mulheres, entre 55 e 74 anos, especialmente aqueles envolvidos com atividades de apoio e de nível médio.

O objetivo do projeto é verificar, na popu-lação brasileira, os fatores de risco de doenças crônicas, com destaque para as cardiovasculares e a diabetes. O voluntário participará do ELSA por 10 anos, sendo contatado anualmente, por telefone, para atualizar informações sobre sua saúde e comparecendo, a cada três anos, ao Centro de Pesquisa do projeto para novas entrevistas e exames.

Mais informações pelo telefone, 3409-9140, ou pelo site do projeto www.elsa.org.br.

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IMPRESSO

Boletim

EXPEDIENTE

Reitor: Clélio Campolina Diniz – Vice-reitora: Rocksane de Carvalho Norton – Diretor de Divulgação e Comunicação Social: Marcelo Freitas – Edi-tor: Flávio de Almeida (Reg. Prof. 5.076/MG) – Projeto e editoração gráfica: Rita da Glória Corrêa – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 8 mil exem-plares Circulação semanal – Endereço: Diretoria de Divulgação e Comunicação Social, campus Pampulha, Av. Antônio Carlos, 6.627, CEP 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefones: (31) 3409-4184 – Fax: (31) 3409-4188 – Internet: http://www.ufmg.br e boletim@cedecom.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Centro de Comunicação CEDECOM CEDECOM UFMG Centro de 9.8.2010 Boletim UFMG

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A

questão ambiental ganhou des-taque na agenda pública nas últimas duas décadas. Capítulo específico sobre o tema na Constituição de 1988 e a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 – a Eco 92 – são fatos que revelam a evolução do debate.

No entanto, ainda permanece a ten-são entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. A existência de conflitos de diversas naturezas e a neces-sidade de um olhar mais crítico sobre eles levaram à produção do livro

Desenvolvi-mento e conflitos ambientais, organizado

pelos professores da Fafich Andréa Zhouri e Klemens Laschefski, e publicado pela Editora UFMG. A obra será lançada na próxima segunda-feira, dia 16.

A obra reúne pesquisas realizadas por antropólogos, geógrafos, sociólogos, engenheiros e economistas apresentadas no I Seminário Nacional Desenvolvimento e Conflitos Ambientais, realizado pelo Gru-po de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta) da UFMG em 2008. Na avaliação

Esse CONFLITO tem solução?

Livro da Editora UFMG propõe novo olhar sobre a

tensão entre desenvolvimento e meio ambiente

Vicente Cardoso Jr. dos organizadores, o conjunto das discussões do livro apresenta visão alternativa ao paradigma da modernização ecológica, que, segundo eles, pressupõe que todos os conflitos ambientais podem ser resolvidos por soluções tecnológicas e consensos políti-cos. “A partir dos estudos, observamos que a solução para os conflitos ambientais tem limites definidos pelas relações de poder dos atores envolvidos”, afirma Klemens.

Para Andréa Zhouri, a institucionalização da questão ambiental nas últimas dé-cadas, com avanços na legislação e em outros mecanismos políticos, teve também seus impactos negativos, levando ao empobrecimento do debate. “Muitos grupos da sociedade não são reconhecidos como interlocutores legítimos. Dessa forma, o tema é debatido dentro de um determinado enquadramento, o que gera exclusão e define relações de poder”, afirma Andréa.

Nesse sentido, indígenas, quilombolas, camponeses, povos vazanteiros e diversos outros grupos estão à margem desse debate, o que ameaça seus modos de organização social, econômica e cultural.“O fato de uma população se deslocar para outra região em função da construção de uma hidrelétrica mostra que essa decisão não considera que as relações sociais e culturais podem estar vinculadas àquele espaço”, exemplifica Klemens.

Luz sobre as contradições

Para os organizadores do livro, o enquadramento dado à temática do meio ambiente é pouco plural e contaminou a pesquisa na área. “A academia incorporou a ideia de que a consciência e o engajamento pela preservação ambiental são sentimentos universais, e os conflitos agora são apenas de interesses ou técnicos e podem ser solucionados”, avalia Andréa. Para ela, é preciso lançar luz sobre as contradições existentes. “Devemos enxergar que há projetos de sociedade distintos, defendidos por atores sociais em posições diferentes, alguns em vantagem, outros em desvantagem”, ressalta.

Uma tipologia de análise é proposta pelos organizadores da obra no primeiro capítulo, para possibilitar uma leitura mais complexa dos conflitos ambientais. Os casos de maior evidência seriam aqueles em que há disputa pela ocupação de um espaço. Além dos conflitos de ordem territorial, existiriam ainda dois tipos: os espaciais, quando os atores atingidos não são bem delimitados – como os casos de poluição –, e os distributivos, que implicam concentração e escassez de recursos. “Claro que essa tipologia não restringe um conflito a uma categoria. Ela permite enxergar novas facetas e entrelaçamentos que compõem tais situações, pois até pouco tempo atrás apenas a questão territorial era enfocada”, conclui Andréa.

Livro: Desenvolvimento e conflitos ambientais Organizadores: Andréa Zhouri e Klemens Laschefski Editora UFMG

484 páginas / R$ 55

Lançamento: 16 de agosto, a partir das 19h, na Quixote Livraria e Café (rua Fernandes Tourinho, 274, Funcionários, Belo Horizonte)

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