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Newsletter n. 137 Julho/2020

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Academic year: 2021

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Destaques desta edição

Societário/ Mercado de Capitais

Aprovada a Lei que disciplina a realização de reuniões e assembleias digitais no exercício de 2020...

Previdência Complementar

Decreto 10.411/2020: previdência complementar e a análise de impacto regulatório...

Ministério da Economia divulga novas composições do CNPC e da CRPC...

Certificação: procedimentos para o reconhecimento de instituição autônoma certificadora para profissionais das EFPC...

Direito do trabalho

Conversão em Lei da MP que permite redução de jornada e de salário...

Tributário

Tratamento tributário sobre a variação cambial de investimento no exterior por instituições financeiras...

Secretaria de Fazenda de SP nega crédito de ICMS sobre álcool em gel, máscara de proteção e luva...

STF julga inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade...

Para maioria do STF, é possível a prestação de serviço intelectual ou personalíssimo por meio de pessoa jurídica...

Justiça Federal de MG aplica de forma retroativa lei que extinguiu voto de qualidade...

Receita Federal consolida normas referentes ao IOF...

Reforma Tributária: Proposta do Governo busca criar a CBS em substituição ao PIS e à COFINS... 01 04 09 11 13 15 19 20 23 25 26 29

(2)

1

Aprovada a Lei que disciplina a realização de

reuniões e assembleias digitais no exercício de

2020

A Lei nº 14.030, de 28 de julho deste ano (Lei 14.030/20), foi sancionada pelo Presidente da República a fim de disciplinar a realização de determinados atos societários, considerando os impactos trazidos pela pandemia da Covid-19. Nesse cenário, cabe destacar que, embora a referida lei traga uma disposição permanente, a maioria das regras são transitórias, dedicadas a disciplinar a realização de reuniões e assembleias de sociedades anônimas, de sociedades limitadas, de sociedades cooperativas e de entidades de representação do cooperativismo durante o exercício de 2020.

A alteração permanente trazida pela Lei 14.030/20 diz respeito à realização de reuniões e assembleias de forma parcial ou exclusivamente digital. Nesse cenário, as sociedades cooperativas, companhias abertas e fechadas, e sociedades limitadas poderão realizar seus respectivos conclaves de maneira digital, mediante participação e voto a distância. De forma transitória, a Lei disciplina as matérias abaixo resumidas: Prorrogação do prazo para realização de reuniões e assembleias gerais A Lei 14.030/20 prevê que as reuniões ou assembleias gerais das sociedades anônimas, sociedades limitadas, associações, fundações e demais sociedades1, cujo exercício social tenha se encerrado entre 31 de

dezembro de 2019 e 31 de março de 2020, poderão ser realizadas até 7 meses contados do encerramento do exercício. A sociedade cooperativa

1 Aquelas não abrangidas pelo disposto nos arts. 1º, 4º e 5º da Lei 14.030/20.

Societário/

Mercado de

Capitais

(3)

2 e a entidade de representação do cooperativismo poderão, excepcionalmente, realizar a assembleia geral ordinária no prazo de 9 meses contados do término do seu exercício social.

Importante ressaltar que disposições estatutárias e contratuais que exijam a realização da assembleia ou de reunião em prazo inferior ao concedido serão consideradas sem efeito no exercício de 2020.

No âmbito das sociedades anônimas, estabelece-se que, até que seja realizada a assembleia geral ordinária, o conselho de administração ou a diretoria, conforme o caso, poderão, independentemente de reforma do estatuto social, declarar dividendos, nos termos do art. 204 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei 6.404/76). Ressalvada a hipótese de previsão diversa no estatuto social, caberá ao conselho de administração deliberar, ad referendum, sobre assuntos urgentes de competência da assembleia geral, os quais serão objeto de deliberação no primeiro conclave subsequente.

Prorrogação do mandato de administradores, dirigentes e membros de órgãos de fiscalização e assessoramento

Com relação às companhias, sociedades limitadas e cooperativas, os mandatos dos administradores, dos membros do conselho fiscal e de comitês estatutários ficam prorrogados até a realização da assembleia geral ordinária ou até a ocorrência da reunião do conselho de administração, conforme o caso. Às associações, fundações e demais sociedades2, aplica-se, no que couber, a extensão do prazo de duração

do mandato de dirigentes.

Prorrogação de prazos no âmbito da CVM

(4)

3 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fica autorizada a prorrogar os prazos estabelecidos na Lei 6.404/76, para as companhias abertas no exercício de 2020, competindo à Autarquia definir a data de apresentação das demonstrações financeiras das companhias abertas.

Dilação de prazo de registro e dispensa da exigência de registro prévio perante as Juntas Comerciais de atos societários que tratem de emissão de valores mobiliários

A Lei 14.030/20 determina que o prazo de 30 dias do protocolo de atos societários, assinados a partir de 16 de fevereiro de 2020, nas Juntas Comerciais, para fins de retroatividade de seus efeitos à data de celebração, será contado da data em que as mesmas restabelecerem a prestação regular dos seus serviços.

A exigência de arquivamento prévio de ato para a realização de emissões de valores mobiliários e outros negócios jurídicos fica suspensa a partir de 1º de março de 2020, e o arquivamento deverá ser feito na Junta Comercial respectiva no prazo de 30 dias, contado da data em que a mesma restabelecer a prestação regular dos seus serviços.

Por fim, cabe ressaltar que a CVM, por meio da Instrução CVM nº 622, de 17 de abril de 20203 e da Instrução CVM nº 625, de 14 de maio de 20204,

e o Departamento de Registro de Empresas e Integração (DREI), por meio da Instrução Normativa DREI nº 79, de 14 de abril de 20205, 3 Que alterou, acrescentou e revogou dispositivos da Instrução CVM nº 481, de 17 de dezembro de 2009, que, por sua vez, trata, dentre outras disposições, da participação e votação a distância em assembleias de companhias abertas.

4 Dispõe sobre participação e votação a distância em assembleias de debenturistas e altera dispositivos da Instrução CVM nº 476, de 16 de janeiro de 2009, e da Instrução CVM nº 583, de 20 de dezembro de 2016.

5 Dispõe sobre a participação e votação a distância em reuniões e assembleias de sociedades anônimas fechadas, limitadas e cooperativas.

(5)

4 regulamentaram a participação e votação a distância em reuniões e assembleias realizadas de forma parcial ou exclusivamente digitais. A Lei 14.030/20 entrou em vigor na data de sua publicação e pode ser acessada aqui.

Jaques Wurman, sócio (jwurman@bocater.com.br)

Maurício Gobbi dos Santos, advogado (msantos@bocater.com.br) Verônica Reade, advogada (vreade@bocater.com.br)

Decreto 10.411/2020: previdência complementar e a

análise de impacto regulatório

Em 1º de julho, foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto nº 10.411, de 30 de junho, que regulamenta a Análise de Impacto Regulatório (AIR) para as propostas de edição e de alteração de atos normativos, editadas por órgão ou entidade da administração pública federal, incluídas as autarquias e as fundações públicas.

Apesar de não se tratar de conceito novo6, a AIR passou a ter aplicação

ampla e obrigatória com a publicação da Lei Geral das Agências Reguladoras (Lei nº 13.848/2019) e da Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/2019). Entretanto, a efetiva implementação da AIR na rotina dos órgãos federais dependia da edição de regulamento específico pelo Governo Federal, o que foi agora suprido com a publicação do Decreto 10.411/2020.

6 O Programa de Fortalecimento da Capacidade Institucional para Gestão e Regulação (PRO-REG), instituído em 2007 pelo Decreto Federal n.º 6.062 é um marco importante para a discussão da AIR no Brasil, muito embora não tenha previsto a obrigatoriedade do instituto.

Previdência

Complementar

(6)

5 De forma resumida, a “edição, a alteração ou a revogação de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos” deverá ser “precedida de AIR”, que conterá informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato normativo para verificar a razoabilidade do seu impacto econômico.

O parágrafo único do art. 5º da Lei nº 13.874/2019 dispõe que o “regulamento disporá (...) sobre o conteúdo, a metodologia da análise de impacto regulatório, os quesitos mínimos a serem objeto de exame, as hipóteses em que será obrigatória sua realização e as hipóteses em que poderá ser dispensada.” Em outras palavras, podem existir casos de dispensa da AIR, conforme seja estabelecido pelo decreto regulamentador (no caso, o Decreto 10.411/2020).

As entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) são agentes econômicos lato sensu e destinatárias de intensa regulação. Estamos nos referindo às regras editadas pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O Decreto 10.411/2020 trouxe três hipóteses de interesse:

(i) a regra geral de que “a edição, a alteração ou a revogação de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, por órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional será precedida de AIR” (art. 3º, caput);

(7)

6 § 2º7); e

(iii) a regra, também, excepcional em que a AIR poderá ser dispensada (art. 4º), desde que haja decisão fundamentada para a dispensa.

Dentre as possibilidades de dispensa fundamentada da AIR, destaca-se previsão específica para o segmento de previdência complementar. Confira-se:

Art. 4º A AIR poderá ser dispensada, desde que haja decisão

fundamentada do órgão ou da entidade competente, nas hipóteses de:

(...)

V - ato normativo que vise a liquidez, solvência ou higidez:

a) dos mercados de seguro, de resseguro, de capitalização e de previdência complementar;

b) dos mercados financeiros, de capitais e de câmbio; ou c) dos sistemas de pagamentos;

(...)

(Grifou-se.)

7 Confira-se o dispositivo:

Art.3º A edição, a alteração ou a revogação de atos normativos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos serviços prestados, por órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional será precedida de AIR.

(...)

§ 2º O disposto no caput não se aplica aos atos normativos:

I - de natureza administrativa, cujos efeitos sejam restritos ao âmbito interno do órgão ou da entidade;

II - de efeitos concretos, destinados a disciplinar situação específica, cujos destinatários sejam individualizados;

III - que disponham sobre execução orçamentária e financeira; IV - que disponham estritamente sobre política cambial e monetária; V - que disponham sobre segurança nacional; e

VI - que visem a consolidar outras normas sobre matérias específicas, sem alteração de mérito.

(8)

7 A previsão de faculdade de dispensa de AIR para a regulação para preservar a “liquidez, solvência ou higidez” da previdência complementar, mesmo nos casos em que não haja urgência, não nos parece ser a melhor solução. É bom lembrar que estamos no âmbito da previdência privada e facultativa, nos estritos temos contidos no art. 202 da Constituição Federal, portanto deve haver um incentivo para os agentes econômicos ingressarem nesse ambiente de seguridade sem as incertezas de uma regulação exagerada, custosa ou inadequada.

É preciso ter claro que, para a previdência complementar, o Decreto 10.411/2020 não determinou a dispensa de AIR, mas estabeleceu uma faculdade, que precisa estar fundamentada em ato administrativo vinculado (i.e., ato com cuidadosa fundamentação) e, portanto, passível de controle pelo judicial review.

Está fundamentado em firme jurisprudência e na antiga doutrina que os atos administrativos vinculados têm a sua validade subordinada à indicação clara, objetiva e impessoal dos pressupostos de fato e de direito que motivaram a decisão da Administração. Além desses requisitos, faz-se necessário, ainda, que a motivação do ato faz-se verifique na realidade, de forma que a menção a motivos falsos ou incoerentes vicia irremediavelmente o ato praticado.

Quanto ao tema, vale retomar a preciosa lição sobre atos administrativos com motivação vinculada de Diogo Figueiredo de Moreira Neto8:

O motivo poderá ser, todavia, tanto um fato, como um direito ou uma conjugação de ambos, neste caso, um motivo composto – fático e jurídico – desde que preexistentes ao ato administrativo e suficientes para sua justificação e suporte.

8 MOREIRA NETO, Diogo Figueiredo. Curso de direito administrativo. 16 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014. pg. 154.

(9)

8 A distinção ganha suma importância se a lei prevê situação de fato e de direito como determinante da ação, pois o administrador público não poderá praticar o ato administrativo previsto, constituindo um motivo vinculado; (...)

Formula-se, então, o conceito: motivo é o pressuposto de fato e de direito que determina ou possibilita a edição do ato administrativo.

Não há dúvidas de que os requisitos acima referidos devem estar, necessariamente, presentes no ato administrativo que fundamente a dispensa de realização de AIR nos termos do art. 4º, V, “a” do Decreto 10.411/2020, acima transcrito, inadmitindo-se fundamentação genérica ou insubsistente.

Deve-se ter claro que a AIR é um dos principais instrumentos voltados à melhoria da qualidade regulatória, propiciando maior eficiência e coerência em tais decisões. Ademais, o relatório da AIR poderá ser objeto de participação social, denotando maior transparência e engajamento dos agentes econômicos envolvidos (nesse caso, as EFPC, os patrocinadores, as entidades representativas de participantes etc.). Estamos certos que prevalecerão as boas práticas de gestão do CNPC, PREVIC e CMN para que utilizem da faculdade de dispensar a AIR em casos muito específicos e residuais. A regra deve ser que a AIR preceda a regulação da previdência complementar, admitindo-se, excepcionalmente, a regulação sem a análise de impacto, desde que suportada em cuidadosa motivação.

O Decreto 10.411/2020 entrou em vigor na data de sua publicação, porém a obrigatoriedade da AIR deverá ser mandatória a partir de 15 de abril de 2021 para os órgãos do Ministério da Economia e suas autarquias, que

(10)

9 incluem o CNPC, a PREVIC e o CMN.

Flavio Martins Rodrigues, sócio sênior (frodrigues@bocater.com.br) Rebecca Molina Ferreto, advogada (rferreto@bocater.com.br) Gabriel Augusto Cintra Leite, advogado (gleite@bocater.com.br)

Ministério

da

Economia

divulga

novas

composições do CNPC e da CRPC

O Ministério da Economia publicou, no Diário Oficial da União, as Portaria nº 17.553, de 22 de julho, e Portaria nº 17.594, de 23 de julho, designando, respectivamente, a composição do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e da Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC) para o exercício do mandato de 2 anos que se inicia a partir de 7 de agosto deste ano.

O CNPC tem a função de regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (EFPC). Esse órgão é composto por 8 membros, sendo 5 indicados pela Administração Pública e 3 representantes da sociedade civil.

A CRPC, por sua vez, possui a competência de julgar os recursos interpostos contra decisões da Diretoria Colegiada da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) e os lançamentos tributários da Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar (TAFIC). Esse colegiado é composto por 7 membros, sendo 4 servidores federais de cargo efetivo e 3 representes da sociedade civil.

(11)

10 CNPC:

Representantes

Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC Titular Lúcio Rodrigues Capelletto

Suplente Carlos Marne Dias Alves

Subsecretaria do Regime de Previdência Complementar da Secretaria de Previdência, da Secretaria Especial de Previdência e

Trabalho Titular Paulo Fontoura Valle

Suplente Marcia Paim Romera

Casa Civil da Presidência da República Titular Henrique Barros Pereira Ramos

Suplente Cristiano Paulo Soares Pinto

Secretaria Especial de Fazenda Titular Adolfo Sachsida

Suplente Pedro Calhman de Miranda

Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital Titular Marco Aurélio Alves da Cruz

Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados Suplente Alano Roberto Santiago Guedes

Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar - ABRAPP

Titular Edécio Ribeiro Brasil Suplente Jarbas Antonio De Biagi

Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão - ANAPAR

Titular Marcel Juviniano Barros

Suplente Luiz Felippe Leal da Fonseca Junior

Patrocinadores e Instituidores de Planos de Benefícios das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Titular Antônio Fernando Gazzoni

(12)

11 CRPC:

Representante

Servidores Federais Titulares de Cargo Efetivo Titular Adler Anaximandro de Cruz e Alves

Suplente Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho Titular Elaine Borges da Silva

Suplente José Dória Pupo Neto

Titular Maurício Tigre Valois Lundgren Suplente Paulo Nobile Diniz

Titular Thaísa Juliana de Sousa Ribeiro Suplente Victor de Ozêda Alla Bernardino

Entidades Fechadas de Previdência Complementar Titular Luiz Paulo Brasizza

Suplente José Luiz Costa Taborda Rauen

Participantes e Assistidos de Planos de Benefícios das Entidades Fechadas de Previdência Complementar

Titular João Paulo de Souza Suplente Tirza Coelho de Sousa

Representantes das Patrocinadores e Instituidores de Planos de Benefícios das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Titular Marlene de Fátima Ribeiro Silva

Suplente Cícero Rodrigues de Oliveira Gomes

Flavio Martins Rodrigues, sócio sênior (frodrigues@bocater.com.br) Larissa Katharine Vieira Bosco, advogada (lbosco@bocater.com.br) Williany Berto, estagiária (wberto@bocater.com.br)

Certificação:

procedimentos

para

o

reconhecimento

de

instituição

autônoma

certificadora para profissionais das EFPC

(13)

12 expediu Instrução Normativa, consolidando os procedimentos para o reconhecimento de instituição autônoma certificadora que serão observados pela Diretoria de Licenciamento dessa autarquia (DILIC) a partir de 1º de agosto.

A Instrução Normativa 29, de 21 de julho (IN 29/2020), alterou (e revogou) os artigos 2° ao 9° da Instrução n° 13, de 28 de junho de 2019 (IN 13/2019), com as inovações que destacamos:

(a) a exigência de que a Certificadora demonstre ter três anos de experiência na emissão de certificados ou em atividades de treinamento (art. 4°, I);

(b) a introdução de prazo semestral para o compartilhamento dos certificados emitidos (art. 4°. IV);

(c) a declaração de independência e de inexistência de conflito de interesses em relação às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) (art. 5°, III);

(d) a exigência de renovação do certificado no prazo máximo de quatro anos (art. 6° § 2°); e

(e) a previsão de que a renovação da certificação do profissional, poderá ser obtida por intermédio de outra Certificadora desde que: (i) ambas sejam reconhecidas pela PREVIC; e (ii) exista convênio entre as instituições (art. 8° parágrafo único)

Foram introduzidos a possibilidade, a forma e o prazo para recurso que indeferir o reconhecimento de capacidade técnica ou de certificado de Certificadora (art. 10).

Há um ponto que – embora não seja novidade, pois constou da IN 13/2019 – deve merecer a atenção dos profissionais das EFPC: a partir de 1º de janeiro de 2021, os certificados somente serão obtidos mediante exame

(14)

13 por provas ou por provas e títulos, não sendo mais admitidos os certificados por experiência.

Por fim, a IN 29/2020 traz, no seu anexo, o conteúdo programático para a prova, enumerando as seguintes áreas de conhecimento:

I. Previdência Social e Complementar;

II. Administração e Governança das Entidades Fechadas de Previdência Complementar; III. Atuária; IV. Auditoria; V. Contabilidade; VI. Investimentos VII. Supervisão; VIII. Jurídico.

O prazo para que as Certificadoras adaptem os seus certificados às exigências da PREVIC continua a ser 1° de janeiro de 2021, como constava da IN 13/2019.

Andréa Corrêa, advogada (acorrea@bocater.com.br)

Conversão em Lei da MP que permite redução de

jornada e de salário

Como pudemos relatar em nossa Newsletter de maio, a Medida Provisória nº 936 de 2020 foi editada pelo Poder Executivo, com o objetivo de preservar o emprego e a renda, de forma a diminuir o impacto social e econômico decorrente do estado de calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19.

Direito do

Trabalho

(15)

14 As principais medidas trazidas pela MP foram a possibilidade de redução proporcional da jornada de trabalho e salário, a suspensão temporária do contrato de trabalho e o pagamento pelo Governo do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda (BEm).

Em 7 de julho deste ano, após a tramitação no Congresso, a MP 936” foi convertida na Lei nº 14.020, merecendo destaque as seguintes alterações:

(i) Redução proporcional da jornada de trabalho e salário e suspensão temporária do contrato de trabalho.

Mediante ato do Poder Executivo, poderão ser prorrogados os prazos de duração da redução proporcional da jornada de trabalho e salário e de suspensão temporária do contrato de trabalho, antes limitadas a 90 e 60 dias, respectivamente.

Em 13 de julho, foi publicado o Decreto nº 10.422, que prorrogou o prazo para 120 dias, tanto da redução proporcional quanto da suspensão do contrato de trabalho.

(ii) Possibilidade de acordo individual com os empregados em gozo de benefício de aposentadoria

Os aposentados poderão usufruir das medidas emergências de redução proporcional ou suspensão do contrato de trabalho, caso o empregador efetue o pagamento de ajuda compensatória.

Essa ajuda compensatória deverá ser igual ou maior ao valor do BEm ao qual o empregado faria jus se não recebesse benefício de aposentadoria.

(16)

15 (iii) Gestantes

A estabilidade provisória conferida pela adoção de uma das medidas emergenciais (suspensão do contrato de trabalho ou redução proporcional) apenas terá início com o fim da estabilidade provisória decorrente da gravidez.

A regra se aplica também aos adotantes e àqueles que obtiverem guarda judicial para fins de adoção.

Destacamos ainda que a Lei 14.020 passou a prever que os instrumentos coletivos terão prevalência sobre os acordos individuais, exceto no que estes últimos forem mais favoráveis aos empregados.

A Lei 14.020 teve o início da sua vigência na data da sua publicação. Por fim, observamos que a MP nº 927, que alterava as regras trabalhistas durante o período de pandemia e previa, entre outras coisas, a adoção do teletrabalho sem necessidade de alteração no contrato, não seguiu o mesmo caminho, pois não foi convertida em lei. Com isso, perdeu a vigência no último dia 19 de julho.

Daniela Reis Ideses, advogada (dreis@bocater.com.br) Stefanie Mazza, advogada (sribeiro@bocater.com.br)

Tratamento tributário sobre a variação cambial de

investimento

no

exterior

por

instituições

financeiras

Tributário

(17)

16 No último dia 28 de julho, a Medida Provisória 930/20 foi convertida na Lei 14.031 que, dentre outros dispositivos, traz em seus arts. 1º e 2º medidas que visam eliminar um problema há muito enfrentado por instituições financeiras, mas não apenas por elas.

As instituições financeiras (e outras componentes do sistema financeiro nacional) costumam ter dependências no exterior como parte importante de suas atividades operacionais, com vistas não apenas a expansão de suas atividades transfronteiriças, mas, principalmente, para melhor atender às necessidades do próprio mercado brasileiro e/ou de brasileiros no exterior. Em um cenário internacional favorável, essas dependências no exterior são utilizadas para captar recursos a custo mais baixo do que o custo dos recursos disponíveis no mercado doméstico.

Para não correr o risco das variações cambiais desses investimentos (em moeda estrangeira), as instituições financeiras costumam contratar operações de proteção (derivativos com finalidade de hedge) que sejam capazes de manter o valor dos investimentos em Reais, anulando ganhos ou perdas decorrentes da valorização ou desvalorização da moeda brasileira frente à moeda estrangeira, conforme ilustração abaixo:

Ocorre que, do ponto de vista tributário, até então, as variações cambiais dos investimentos, parte inseparável do resultado de Equivalência

Investimentos no exterior sujeitos à variação cambial

Variação cambial neutra para fins tributários

Operações de Proteção para eliminação do risco da

oscilação da moeda estrangeira frente ao Real

Resultados considerados para fins tributários (tributável ou dedutível)

(18)

17 Patrimonial, eram neutras, ou seja, não afetavam as bases de cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Por outro lado, os resultados das operações de proteção, sempre foram considerados resultados financeiros, portanto, receitas ou despesas próprias da atividade das instituições e por isso tributados para todas as finalidades (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), o que exigia que as instituições calculassem as operações de proteção considerando o “gross up” dos efeitos tributários, o que é conhecido pelo jargão “overhedge”.

Nesse cenário, a contratação das operações de proteção acabava se tornando mais cara e a efetividade do hedge era mais desafiadora. A MP 930/20, atualmente convertida na Lei 14.031 veio com o objetivo de eliminar essa distorção, como informa a Exposição de Motivos:

As medidas contidas na proposta buscam, em especial: i) diminuir as distorções resultantes da assimetria de tratamento tributário entre as variações cambiais dos investimentos realizados por instituições financeiras e demais instituições supervisionadas pelo BCB em sociedade controlada estabelecida no exterior e sua respectiva proteção cambial.

O reconhecimento da distorção no tratamento tributário é uma novidade positiva e relevante. A forma de resolvê-la, no entanto, gera bastante dúvidas, a começar pelo fato de a Lei 14.031 não fazer qualquer referência a PIS e COFINS o que enseja a conclusão de que a questão do overhedge não terá os efeitos integralmente eliminados.

Em relação ao IRPJ e a CSLL, de acordo com a Exposição de Motivos, a proposta seria igualar a tributação sobre a variação cambial da parcela do valor do investimento coberta pelo hedge, com o da “variação cambial do respectivo hedge, eliminando assim a necessidade de proteção

(19)

18 excedente ao valor do investimento”. A proposta seria de uma implementação escalonada, iniciando no exercício de 2021, na proporção de 50%, e passando para 100% no exercício de 2022.

Importante salientar que o próprio texto legal informa (art.1º) que a lei irá dispor sobre o tratamento tributário incidente sobre a variação cambial do valor de investimento. No art. 2º, no entanto, a lei trata da variação cambial da parcela com cobertura de risco (hedge), dispondo que está deverá ser computada na determinação do lucro real e na base de cálculo da CSLL. Porém, os resultados das operações de proteção sempre foram computados. O que não era computado, até então, era a variação do valor do próprio investimento em função da variação cambial (tratado como parte do Método da Equivalência Patrimonial - MEP). Logo, é possível depreender que a intenção do legislador de igualar, em 2022, o tratamento das variações cambiais decorrentes dos investimentos e os resultados das operações de proteção correspondentes, na prática, está resultando na tributação da variação cambial dos investimentos no exterior, como se ilustra abaixo:

É certo que a redação desses dispositivos, que poderia ter sido aprimorada durante o processo de tramitação da MP 930/20 no Congresso Nacional, não permite que sejam alcançados todos os

Investimentos no exterior sujeitos à variação cambial

Variação cambial considerada para fins tributários (tributável ou

dedutível)

Operações de Proteção para eliminação do risco da

oscilação da moeda estrangeira frente ao Real

Resultados considerados para fins tributários (tributável ou dedutível)

(20)

19 detalhes necessários à sua aplicação com a segurança jurídica desejável, logo, é importante que sejam emitidos normativos infralegais que confirmem a forma de operacionalizar o disposto nos referidos artigos da Lei 14.031/20 e que minimizem a possibilidade de contencioso associado ao tema.

Nossa equipe tributária está acompanhando de perto possíveis novos posicionamentos sobre o tema e permanece à disposição dos nossos clientes em caso de eventuais dúvidas ou esclarecimentos adicionais. Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br)

Secretaria de Fazenda de SP nega crédito de ICMS

sobre álcool em gel, máscara de proteção e luva

Em meio à pandemia causada pelo novo Coronavírus, a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo (SEFAZ-SP) manifestou o entendimento, por meio da Resposta à Consulta Tributária nº 21939/2020, de que materiais como máscaras, luvas e álcool em gel não correspondem ao conceito de insumos. Dessa forma, esses produtos não constituem direito a crédito pelo ICMS pago quando de sua aquisição, tendo em vista que não integram os produtos resultantes do seu processo fabril, nem nele se consomem.

No caso analisado, a empresa que apresentou a Consulta é do setor automotivo e, em razão da obrigatoriedade de utilização dos materiais de prevenção contra a Covid-19, passou a importar máscaras de proteção, luvas de borracha e gel antisséptico para distribuição entre seus colaboradores. Nesse contexto, questionou a SEFAZ-SP se esses materiais poderiam ser considerados insumos para fins de creditamento

(21)

20 do ICMS pago na aquisição, inclusive quando os produtos forem utilizados pelos colaboradores do setor administrativo.

A SEFAZ-SP, ao analisar a Consulta, entendeu que os materiais em questão não correspondem ao conceito de insumo de que trata a Decisão Normativa CAT-1/2001, por não integrarem o processo produtivo sendo, por essa razão, classificados como materiais de uso e consumo.

E, os produtos classificados como de uso e consumo do estabelecimento, apenas ensejam direito ao crédito do ICMS quando superado o limite temporal previsto no inciso I do artigo 33 da Lei Complementar nº 87/1996 que, no caso, é apenas para mercadorias adquiridas a partir de 1º de janeiro de 2033.

Nossa equipe tributária está acompanhando de perto possíveis novos posicionamentos sobre o tema e permanece à disposição dos nossos clientes em caso de eventuais dúvidas ou esclarecimentos adicionais.

Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br) Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br)

Francisco Lisboa Moreia, sócio (fmoreira@bocater.com.br) Rachel Mira Lagos, advogada (rlagos@bocater.com.br) Beatriz Quintana Jacob, estagiária (bjacob@bocater.com.br)

STF julga inconstitucional a incidência da

contribuição previdenciária sobre o

salário-maternidade

No último dia 4 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF), em plenário virtual, finalizou o julgamento do RE nº 576.967 , que discutiu a

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21 constitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre os valores pagos à título de salário-maternidade. O Recurso Extraordinário foi interposto pelo Hospital Vita Batel S/A de Curitiba, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que considerava que o salário-maternidade possuía natureza salarial e, consequentemente, sobre ele deveria incidir a contribuição previdenciária.

Por seu turno, o Contribuinte defendeu que o salário-maternidade não poderia integrar o salário-de-contribuição para fins de incidência da contribuição previdenciária por não possuir natureza remuneratória, tendo em vista que não constitui um pagamento recebido pela funcionária em virtude da contraprestação direta pelo seu trabalho. Além disso, a própria legislação atribui ao salário-maternidade a natureza de benefício previdenciário, nos termos do artigo 18, inciso I, alínea ‘g’, da lei nº 8.213/19919, fato que corrobora o caráter não remuneratório desta verba.

O Recurso Extraordinário foi provido, por maioria dos votos (7 votos a 4), pelo Plenário do STF, no sentido de que este benefício pago a mulheres que tiveram filhos e ainda, aos pais adotantes, não devem ter incidência da contribuição previdenciária, por não possuírem natureza remuneratória.

O Ministro Relator Luís Roberto Barroso, no decorrer do seu voto favorável à tese dos Contribuintes, consignou que a incidência da contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade acaba agravando a discriminação da mulher no mercado de trabalho, uma vez que gera um

9 Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações,

devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: I - quanto ao segurado: (...) g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente;

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22 desestímulo à contratação de profissionais do gênero feminino, fato que é incompatível com o texto constitucional.

Ademais, reiterou que não há o requisito da habitualidade nos pagamentos de salário-maternidade, ponto que reforça a natureza não salarial deste benefício. O entendimento do Relator do caso, pela inconstitucionalidade, foi acompanhado também pelos Ministros Luiz Fux, Celso de Mello, Marco Aurélio, Edson Fachin, Rosa Weber e Cármen Lúcia.

A divergência a esse posicionamento foi apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes, acompanhado dos Ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que consideraram válida a incidência da contribuição. No seu entendimento, a discussão deveria ser apenas financeira, sem estar conectada a questão de gênero, pois esta incidência não afasta a contratação de mulheres. Ainda, afirma que deve ser preservada a sua natureza salarial, posto que somente mulheres empregadas recebem o valor.

Finalizado o julgamento, em sede de repercussão geral, está agora pacificada a discussão acerca da inconstitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária sobre a verba paga às funcionárias mulheres à título de salário-maternidade, que não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal, prevista no artigo 20, inciso I, da Lei nº 8.212/91.

Diante deste desfecho favorável aos contribuintes, a equipe tributária do nosso Escritório permanece à inteira disposição dos clientes para solucionar eventuais dúvidas acerca da tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal.

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23 Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br)

Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br) Francisco Lisboa Moreira, sócio (fmoreira@bocater.com.br)

Marcelo Emery de Siqueira Pinto, advogado do escritório parceiro Miguez de Mello Advogados (marcelo@miguez.com.br)

Rafaela Calabria Duchovny Grinberg, estagiária do escritório parceiro Miguez de Mello Advogados (rafaela@miguez.com.br)

Para maioria do STF, é possível a prestação de

serviço intelectual ou personalíssimo por meio de

pessoa jurídica

O Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria dos Ministros, decidiu declarar constitucional a aplicação do regime fiscal e previdenciário de pessoa jurídica a prestadores de serviços intelectuais, inclusive de natureza científica, artística ou cultural, seja em caráter personalíssimo ou não, quando exercidos por meio de sociedades. A decisão ocorreu no âmbito da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) 66, ajuizada pela Confederação Nacional da Comunicação Social (CNCOM).

O cerne da controvérsia reside no artigo 129, da Lei nº 11.196/0510, que

trata acerca da concessão de incentivos fiscais a empresas que investirem em inovação tecnológica. O artigo dispõe que, “para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais”, entre eles os de natureza científica, artística ou cultural, “se sujeita tão-somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas”. A regra não seria aplicável às 10 Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão-somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto

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24 hipóteses de desconsideração da personalidade jurídica previstas no art. 50, do Código Civil11.

Segundo a argumentação da CNCOM, a teleologia do artigo 129, da Lei nº 11.196/05 é a de permitir que prestadores de serviços intelectuais optem legitimamente pela constituição de pessoa jurídica para exercer suas atividades. Ainda segundo a CNCOM, não se trata de precarização ou “pejotização” das relações de trabalho, mas de respeitar o direito do prestador de serviço de optar pelo regime tributário e previdenciário que melhor lhe convier.

A favor da tese defendida pela CNCOM, votaram sete Ministros, sendo eles a Relatora, Cármen Lúcia, além de Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Luiz Fux. Em sentido contrário à tese, votaram os Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber. O julgamento não foi concluído pelo fato de o Ministro Dias Toffoli ter pedido vista dos autos, uma vez que o Ministro Roberto Barroso se declarou suspeito para o julgamento do caso.

Ainda que não tenha sido concluído o julgamento da ADC 66, trata-se de precedente fundamental para a pacificação da jurisprudência, judicial e administrativa, a respeito do tema.

A nossa equipe tributária continua atenta ao julgamento do recurso e se coloca desde já à disposição para maiores esclarecimentos sobre o assunto.

11“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de

finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.” (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

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25 Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br)

Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br) Francisco Lisboa Moreira, sócio (fmoreira@bocater.com.br)

Renan Prétola Silvério de Mendonça, advogado (rmendonca@bocater.com.br) Rafaela Cury Silveira, estagiária (rsilveira@bocater.com.br)

Justiça Federal de MG aplica de forma retroativa lei

que extinguiu voto de qualidade

A Justiça Federal de Minas Gerais, em precedente envolvendo o Banco Inter, proferiu decisão que reverte um julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e aplica retroativamente a denominada Lei do Contribuinte Legal (Lei nº 13.988/2020), que extinguiu o voto de qualidade nos julgamentos relativos à determinação e exigência do crédito tributário.

A decisão deferiu a tutela de urgência pleiteada pelo contribuinte em questão, sob o entendimento de que a o art. 19-E, da Lei n.º 10.522/01, introduzido pela Lei n.º 13.988/2020, alcançaria também os julgamentos administrativos ocorridos antes de sua edição. Aplicou-se, ao caso, o artigo 106, I, do Código Tributário Nacional, por entender se tratar de norma interpretativa.

No caso, a instituição financeira teve seu recurso julgado pela 3ª Turma da Câmara Superior do CARF, no qual o contribuinte sustentava que as receitas de intermediação financeiras não deveriam compor a base de cálculo da contribuição a COFINS. O débito em discussão à época do ajuizamento somava R$ 33 milhões.

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26 o Poder Judiciário entendeu pela natureza interpretativa da regra introduzida pela Lei n.º 13.988/2020.

A nossa equipe tributária segue atenta aos impactos da alteração da mencionada norma, bem como aos desdobramentos do caso em exame, colocando-se à disposição de nossos clientes para eventuais esclarecimentos.

Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br) Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br)

Francisco Lisboa Moreira, sócio (fmoreira@bocater.com.br)

Joanna Moreira de Britto Maravilha Bastos, advogada do escritório parceiro Miguez de Mello Advogados (joanna@miguez.com.br)

Receita Federal consolida normas referentes ao IOF

A Receita Federal publicou no dia 30 de julho, a Instrução Normativa nº 1.969, de 28 de julho de 2020, consolidando toda a legislação do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), em um único texto normativo.

Anteriormente, o tema relativo ao IOF estava disciplinado em duas outras normas (IN RBF n.º 907/2009 e IN RBF n.º 1.814/2018), que já haviam sido alteradas oito vezes. A elaboração e publicação desta nova IN representa a continuação do Projeto Consolidação da Receita Federal, no âmbito do Decreto n.º 10.139/19, que determinou aos órgãos do Poder Executivo a revisão e racionalização de suas normas.

Resumidamente, as disposições desta nova norma versam sobre o seguinte:

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27 (i) IOF sobre Operações de Crédito: o imposto será calculado em função do prazo pelo qual o recurso permaneceu à disposição do tomador. No caso de operações de crédito pagas em prestações, a base de cálculo do IOF será apurada de acordo com o sistema de amortização pactuado entre as partes, desde que mencionado expressamente no respectivo contrato. Nos casos em que o contrato for omisso, quanto a este último, a base de cálculo do IOF será apurada pelo regime de amortização progressiva. Já para as operações de crédito em que os recursos são liberados em parcelas, para pagamento também parcelado, o imposto deverá ser calculado levando em consideração o fato de que os valores de principal das primeiras prestações amortizam os valores de principal das primeiras liberações.

(ii) IOF sobre contrato de Mútuo: no caso das operações de crédito concedido por pessoas jurídicas não financeiras, o IOF incide somente sobre as operações de mútuo que têm por objeto recursos em dinheiro, disponibilizados sob qualquer forma.

(iii) IOF sobre operações de câmbio: nas operações de câmbio realizadas para pagamento, a arrendadora domiciliada no exterior, de contraprestação devida em decorrência de contrato de arrendamento mercantil que tem por objeto bem importado, a parcela do valor da contraprestação que corresponder à amortização do preço original do bem é isenta do IOF, porém, tal isenção não se aplica ao restante do valor da contraprestação paga, correspondente aos encargos, qualquer que seja sua natureza.

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28 privados, ou as instituições financeiras a quem estas encarregarem da cobrança do prêmio, são responsáveis pela cobrança do IOF.

(v) IOF sobre Títulos ou Valores Mobiliários: para efeito de incidência do imposto, são considerados títulos ou valores mobiliários: (a) os valores mobiliários a que se refere a Lei n.º 6.385/1976; (b) o certificado de depósito a prazo de reaplicação automática; (c) a operação compromissada com lastro em título de renda fixa; (d) o commercial paper; e (e) a export note.

(v.1) o imposto também incide nas operações cujo adquirente do título ou valor mobiliário seja: entidade fechada de previdência complementar; investidor estrangeiro, inclusive no caso de investimentos disciplinados por normas do Conselho Monetário Nacional (CMN).

(v.2) em contrapartida, a IN estabelece que o mencionado imposto não incide sobre: depósito em caderneta de poupança e depósito judicial; transferência de dívidas; empréstimo de títulos ou valores mobiliários por entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários. Além disso, incide à alíquota de 0% caso se trate de operações de mercado de renda variável, inclusive swap e contratos de futuros agropecuários.

A nossa equipe tributária seguirá atenta às novidades quanto ao tema, colocando-se à disposição para solucionar dúvidas.

Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br) Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br)

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29 Bruno Ferreira Vieira, advogado do escritório parceiro Miguez de Mello Advogados (bruno@miguez.com.br)

Alexandre Gomes Ribeiro, estagiário do escritório parceiro Miguez de Mello Advogados (alexandre@miguez.com.br)

Reforma Tributária: Proposta do Governo busca

criar a CBS em substituição ao PIS e à COFINS

No último dia 21 de julho, o Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 3.887/2020, que institui a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), tributo que substituirá a Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS/Pasep) e a Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social (COFINS), dando início à primeira parte da tão aguardada reforma do Sistema Tributário Nacional.

Em síntese, caso venha a ser aprovada, a contribuição incidirá sobre a geração de receita bruta12, com acréscimos de multas e encargos, bem

como sobre a importação de bens ou serviços, incluindo licenciamento de direitos. De acordo com os termos do PL 3.887/2020, as principais mudanças são as listadas abaixo:

• A substituição do PIS/Pasep e da COFINS por uma única contribuição federal, a CBS, nos moldes de um imposto sobre valor

12 Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977:

“Art. 12. A receita bruta compreende:

I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral;

III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e

IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III.”

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30 agregado (IVA) à cadeia produtiva, adotando-se, de forma ampla, a sistemática não-cumulativa;

• Em oposição à incidência sobre as receitas totais, a base de cálculo da CBS será o valor aduaneiro ou a receita bruta decorrente da venda de bens e serviços comercializados no país, excluídos os descontos incondicionais, bem como o ICMS, ISS e a própria CBS, os quais deverão ser destacados na nota fiscal; • A alíquota aplicável à CBS deverá ser de 12% para todos os bens

e serviços, com exceção das instituições financeiras, que permanecerão sujeitas ao regime atual da cumulatividade, sob a alíquota, no entanto, majorada de 4,65% para 5,8%;

• A extinção de regimes especiais e benefícios fiscais atualmente previstos pela legislação, salvo o Simples Nacional; o regime agrícola aplicável a pequenos produtores; o regime monofásico para alguns setores (combustíveis) e a Zona Franca de Manaus (ZFM);

• No que tange às isenções, aplica-se para as receitas das (i) cooperativas, (ii) empresas de transporte público coletivo, (iii) pessoas físicas na venda de imóveis residenciais, (iv) do SUS na prestação de serviços de saúde, (v) da venda direta ou fornecimento de energia elétrica à Itaipu Binacional, assim como dos produtos (vi) da cesta básica e (vii) in natura;

• A redução de 52 para 9 campos na Nota Fiscal e de 70% das obrigações acessórias;

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31 • A atribuição de responsabilidade tributária aos marketplaces e plataformas digitais, quando intermediarem operações locais nas quais os vendedores não tenham emitido notas fiscais eletrônicas; • No caso das importações, o importador figura como responsável pelo recolhimento da CBS, no entanto, caso as operações tenham sido realizadas por pessoas físicas, a responsabilidade tributária pelo recolhimento passará a ser dos fornecedores e/ou das plataformas digitais estrangeiras remetentes das mercadorias, devendo ser efetuado através de um cadastro simplificado, via internet, na Receita Federal.

Além disso, foram mantidas a desoneração das operações de exportação e a imunidade para determinadas pessoas jurídicas que não realizam atividades econômicas, como condomínios, instituições beneficentes, templos de qualquer culto, partidos políticos e sindicatos.

Vale destacar que, caso a instituição e a cobrança da CBS entre em vigor após 6 meses da sua publicação, os créditos acumulados à título das contribuições ao PIS e da COFINS poderão ser compensados com quaisquer tributos, inclusive, com a própria CBS ou, ainda, ressarcidos nos casos previstos em lei.

Para maiores informações, visualizar o programa “Reforma Tributária - Pílulas de Informação”13, promovido pela área tributária do escritório

Bocater, no qual se pretende abordar, detalhadamente e de forma crítica, as alterações específicas do PL, considerando o fato de que o advento da CBS, ao que tudo indica, seria um primeiro passo para a implementação do IVA federal.

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32 A nossa equipe tributária se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários a respeito do tema.

Alexandre Luiz Moraes do Rêgo Monteiro, sócio (amonteiro@bocater.com.br) Luciana I. Lira Aguiar, sócia (laguiar@bocater.com.br)

Francisco Lisboa Moreira, sócio (fmoreira@bocater.com.br) Bruna Almeida Santos, advogada (balmeida@bocater.com.br) Beatriz Trajman, estagiária (btrajman@bocater.com.br)

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