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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA TEORIA GERAL DO PROCESSO II Turno Matutino Prof. Vallisney Oliveira. Tema 1 HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

TEORIA GERAL DO PROCESSO II

Turno Matutino

Prof. Vallisney Oliveira

Tema 1

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Integrantes do Grupo:

Pedro Henrique Rezende

13/0129496

Klébert R. Machado

13/0119059

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1. Acórdão

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 2.267 - EX (2007⁄0097309-7)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS

REQUERENTE: VIFERCO BUSS S⁄A

REQUERENTE: EDGAR GILBERTO ALFARO MUÑOZ ADVOGADO : MIGUEL TEIXEIRA FILHO E OUTRO REQUERIDO : BUSSCAR ÔNIBUS S⁄A

ADVOGADOS : ELEMAR BUETTGEN E OUTRO(S)

GUSTAVO BUETTGEN

GABRIELA WENTZ VIEIRA

DEMÉTRIO FREDERICO RIFFEL JORGE

EMENTA

DIREITO INTERNACIONAL. PROCESSUAL CIVIL. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. INDENIZAÇÃO. RESCISÃO DE CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. SALDO A PAGAR. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO ADVOGADO DA AÇÃO ORIGINAL. BUSCA DE HONORÁRIOS. EXISTÊNCIA. PRECEDENTE. CONSULARIZAÇÃO. LEGALIZAÇÃO NOS TERMOS DO MANUAL DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE DEBATE SOBRE O MÉRITO E JUSTEZA DO TÍTULO ESTRANGEIRO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RES. STJ N. 9⁄2005. REQUISITOS. ATENDIDOS. HOMOLOGABILIDADE.

1. Cuida-se de pedido de homologação de sentença proferida no estrangeiro, derivada de ação de indenização, referente à rescisão de contrato de representação comercial. O título foi parcialmente executado no país de origem, tendo sido levantado depósito judicial, remanescendo, todavia, restos a pagar.

2. São suscitadas duas preliminares para objetar a homologação: a primeira de que um dos requerentes, advogado que atuou na causa original, não teria legitimidade passiva ad causam; a segunda, de que os documentos juntados não estariam devidamente consularizados nos termos da Resolução STJ n. 9⁄2005. Também se combate o mérito e é alegado que o valor indicado como devido não estaria previsto no título judicial estrangeiro.

3. Tendo sido juntada a procuração da causa original, com sua tradução juramentada e chancela consular, não há como negar que o advogado estrangeiro possui legitimidade para postular o recebimento de honorários, previstos no título judicial. Precedente: SEC 4.460⁄EX, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe 25.10.2013.

4. Os documentos juntados atendem aos ditames da Resolução STJ n. 9⁄2005, uma vez que "(...) a sentença estrangeira recebeu ato formal de 'legalização' do Consulado brasileiro mediante o reconhecimento da assinatura da autoridade estrangeira que expediu o documento, com o que fica atendido o requisito de autenticação" (SEC 587⁄CH, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 3.3.2008).

5. O debate sobre o mérito, justeza ou correção dos valores fixados na sentença estrangeira não pode ser realizado no momento de delibação, uma vez que é típico da fase de execução do julgado, posterior à homologação. Precedentes: SEC 9.502⁄EX, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial, DJe 5.8.2014; SEC 9.880⁄EX, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial, DJe 27.5.2014; SEC 6.761⁄EX, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, DJe 16.10.2013; e SEC 6.760⁄EX, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Corte Especial, DJe 22.5.2013.

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6. Estão atendidos os ditames do art. 5º e não há algum dos óbices previstos no art. 6º, ambos da Resolução STJ n. 9⁄2005 e, por conseguinte, o título judicial estrangeiro deve ser homologado.

Pedido de homologação deferido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da CORTE Especial do Superior Tribunal de Justiça "A Corte Especial, por unanimidade, deferiu o pedido de homologação de sentença, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Maria Thereza de Assis Moura, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi, Og Fernandes, Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Raul Araújo, Felix Fischer e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nancy Andrighi, João Otávio de Noronha e Herman Benjamin.

Brasília (DF), 05 de novembro de 2014(Data do Julgamento).

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO Presidente

MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator

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2. Introdução

A homologação de sentença estrangeira é um ato judicial necessário para conferir eficácia no Brasil a decisão judicial ou arbitral proferida por tribunal estrangeiro.

Esse procedimento está amparado pelo Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942, in

verbis:

“Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.”

Observa-se que, por força do Decreto-Lei n. 4.657, até o ano de 2004, a competência de processar pedidos de homologação de sentenças estrangeiras era do Supremo Tribunal Federal. Nesse ano, a Emenda Constitucional n. 45/2004 transferiu essa competência ao Superior Tribunal de Justiça, por meio de alteração no artigo 105 da Constituição Federal.

“Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias” (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

À época, o processo de homologação de sentença pelo STJ era regulamentado pela Resolução/STJ n. 9, de 4 de maio de 2005, que estabelecia os requisitos para o processamento da homologação1:

“Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologação de sentença estrangeira:

I - haver sido proferida por autoridade competente;

II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; III - ter transitado em julgado; e

IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil”.

O artigo 6 da referida resolução trazia mais um requisito, qual seja, o respeito à soberania e à ordem pública:

1A Resolução/STJ n. 9, de 4 de maio de 2005 foi revogada pela Emenda Regimental n. 18, de

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“Art. 6º Não será homologada sentença estrangeira ou concedido exequatur a carta rogatória que ofendam a soberania ou a ordem pública”.

No Superior Tribunal de Justiça, existem dois ritos possíveis para esse processo. Quando a homologação é consensual entre as partes interessadas, o processo segue diretamente ao Presidente do tribunal. Havendo contestação, porém, a homologação é decidida pela Corte Especial, sob relatoria de um dos Ministros do Tribunal, que é precisamente a hipótese do caso em análise.

3. Apresentação do Acórdão

Inicialmente, o eminente Ministro relator Humberto Martins definiu a competência do Superior Tribunal de Justiça para homologar sentença proferida no exterior, nos termos da Emenda Constitucional n. 45/2004, condicionando a homologação às formalidades exigidas pela Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.

Logo após, enunciou os requisitos estabelecidos pelo art. 5º da Resolução/STJ n. 9/2005, bem como os óbices listados no art. 6º da mesma resolução. Portanto, foram devidamente delimitadas as normas aplicáveis ao caso.

Passou o eminente Ministro relator, então, a analisar a preliminar de ausência de legitimidade ativa ad causam de um dos requerentes - Edgar Gilberto Alfaro Munõz -, rejeitando-a de plrejeitando-ano, em conformidrejeitando-ade com o prejeitando-arecer do Ministério Público Federrejeitando-al, umrejeitando-a vez que o pedido de homologação estava regularmente instruído com a procuração que lhe outorgava poderes, chancelada pelo Cônsul brasileiro na Costa Rica.

Face ao devido processo de legalização dos documentos produzidos no exterior, ou seja, a autenticação dos documentos alienígenas por autoridade consular, rejeitou-se a segunda preliminar levantada, que dizia respeito à violação ao inciso IV, do art. 5º, da Resolução/STJ n. 9/2005.

Quanto ao mérito, o relator, em respeito à jurisdição costarriquenha, consignou que “no

presente momento, somente pode ser afirmado que o argumento [...] não configura um óbice à homologação da sentença estrangeira”. De fato, o mérito é impenetrável na fase de homologação,

tanto que “na homologação de sentença estrangeira e na carta rogatória, a defesa somente poderá

versar sobre autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e observância dos requisitos desta Resolução” (art. 9º ).

Além disso, afirmou que o pedido de homologação de sentença estrangeira cumprira os requisitos enunciados pelo art. 5º da Resolução n. 9/2005. Veja:

“Foi juntada a cópia da sentença estrangeira que se busca homologar (fls. 82-182, e-STJ).

Também, foi juntada tradução juramentada (fls. 184-254, STJ; fls. 158-287, e-STJ).

Como mencionado no julgamento da preliminar, a referida sentença foi devidamente consularizada, ou seja, foi 'legalizada' pela ação dos servidores do Ministério

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das Relações Exteriores segundo os procedimentos daquele órgão do Governo da República Federal da Brasil.

Ainda, está comprovado o trânsito em julgado, bem como está evidenciado que a parte requerida litigou no feito originário”.

Por último, concluiu que “não há nenhum dos óbices previstos no art. 6º, [...] da Resolução

STJ n. 9/2005”.

Portanto, atendidos os art. 5º e 6º da Resolução/STJ n. 9/2005, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça acordou, por unanimidade, em deferir o pedido de homologação de sentença, nos termos do voto do Ministro relator.

4. Conclusão

Ao examinar o voto do Ministro Relator e a ementa, não se verifica qualquer menção das partes, do tribunal nem do Ministério Público acerca da competência do tribunal de origem para julgar a causa em questão, mesmo sendo esse o primeiro requisito instituído pela Resolução n. 9/2005. Observe-se que o Ministro Relator chegou a ser bastante minucioso em outros pontos, ainda que igualmente incontroversos. Por exemplo, em cinco ocasiões ao longo da ementa e do voto, menciona que os documentos exarados em língua estrangeira estavam acompanhados da tradução juramentada correspondente.

Claro que a averiguação de competência do tribunal não é uma das tarefas mais fáceis. Se no direito interno brasileiro o tema já é complexo o suficiente para suscitar numerosas discussões, nos tribunais e na doutrina, mais difícil ainda seria debater a competência de tribunais estrangeiros em processos de homologação no Brasil. O tribunal teria que se debruçar, a cada processo, a conhecer todo o funcionamento dos ordenamentos jurídicos internacionais para que pudesse precisar, com exatidão, se o tribunal originador da sentença era competente ou não.

Diante dessa flagrante dificuldade, quiçá impossibilidade de se manifestar sobre competência de tribunal estrangeiro, melhor seria eliminar essa verificação do rol dos “requisitos indispensáveis” para se alcançar a homologação, em vez de simplesmente ignorar esse requisito, como ocorreu neste processo.

O silêncio do tribunal se mostra ainda mais problemático, se consideradas as suas consequências. Competência é matéria preliminar que o juiz pode conhecer de ofício (no caso de incompetência absoluta), pois pode levar à nulidade do ato em discussão nos autos.

A esse respeito, o Código de Processo Civil de 1973 diz:i

Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.

§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas.

§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos,

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A Constituição Federal, em seu artigo 50, LIII, determina que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”; desse modo, o princípio do juiz constitucionalmente competente vem integrar as garantias do devido processo legal, podendo considerar-se inexistente o processo conduzido pelo juiz desprovido de competência constitucional”.ii

No restante, o tribunal verificou acertadamente a regularidade dos documentos e argumentos apresentados pela parte autora e rejeitou os da parte ré.

5. Referências Bibliográficas

i Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil.

ii CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel.

Teoria Geral do Processo. 25ª Edição. Malheiros Editores.

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