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TIPOS DE DISCURSO NOS GÊNEROS NARRATIVOS

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Academic year: 2021

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TIPOS DE DISCURSO NOS GÊNEROS

NARRATIVOS

Nos textos pertencentes à tipologia do narrar,

muitas vezes, os narradores optam por expor a

fala das personagens. Essa estratégia visa a

revelar para o leitor algumas facetas da

personagem: características psicológicas,

intenções, etc..

Há diferentes formas de registrar a fala das

personagens.

(2)

1. Discurso direto

Leia o fragmento abaixo. Sexto mistério

— Que faz o homem, em sua necessidade?

— Vara e dilacera. Mata as onças na água, os gaviões na mata, as baleias no ar.

— Que inventa e usa, em tais impossíveis?

— Artimanha e olho, braço e baraço, trompas e cavalos, gavião, silêncio, aço, cautela, matilha e explosão.

— Não tem compaixão? — Não. Tem majestade. — Com necessidade? — É sua condição.

(3)

— E acha sempre a caça? E a pesca? Com sua rede

escura, sua flecha clara, seu anzol de fogo, seu duro arcabuz, descobre sempre o animal no voo, na sombra, no abismo?

— Não todas as vezes. E no fim lhe sucede ser executado. — Por qual maior algoz?

— A Morte, que devora, com seu frio dente, pesca e pescadores, caça e caçadores.

LINS, Osman, Retábulo de Santa Joana Carolina.Nove novena: narrativa. 4ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.84-5.

arcabuz: antiga arma de fogo, portátil, de cano curto e largo, que em sua origem era disparada quando apoiada numa forquilha; espingardão [Criada no sXV, mais tarde foi suplantada pelo

mosquete.]

(4)

O discurso direto é marcado pela fala explícita da

personagem. O travessão e as aspas são os sinais de

pontuação que geralmente destacam esse discurso.

No diálogo acima, embora as personagens não

estejam nomeadas, é possível identificá-las pela

alternância das falas e também pelos valores que essas

transmitem.

Observe o trecho:

— Não tem compaixão?

— Não. Tem majestade.

(5)

Leia outro trecho em que também se emprega o discurso direto.

(...)

Meu pai, sem dúvida, foi seduzido por aquela maneira distinta de comer ostras em um navio em curso. Achou de bom-tom, refinada, superior, e aproximou-se de minha mãe e de minha irmã perguntando:

— Vocês gostariam de comer algumas ostras? Minha mãe hesitava, por causa da despesa; mas

minhas irmãs aceitaram imediatamente. Minha mãe disse em tom contrariado:

— Tenho medo que faça mal ao estômago. Ofereça somente às crianças, mas não muito.

Depois virando em minha direção, acrescentou: — Quanto a Joseph, ele não precisa; não se deve estragar os garotos com mimos. (...)

MAUPASSANT, Guy. Meu tio Jules. In: Para gostar de ler – vol.11 – contos

(6)

No fragmento acima, além dos travessões, há outra característica do discurso direto: o emprego dos verbos

dicendi, isto é, dos verbos de dizer que introduzem a fala das personagens; no trecho, os verbos “perguntando”, “disse” e “acrescentou”.

Além dos verbos dicendi, às vezes, para melhor

reproduzir para o leitor como a frase foi pronunciada pela

personagem, o narrador acrescenta expressões que revelam ações ou emoções da personagem ao produzir a fala.

Observe o trecho do fragmento:

“Minha mãe disse em tom contrariado:

— Tenho medo que faça mal ao estômago. Ofereça somente às crianças, mas não muito.”

A contrariedade é confirmada com a observação: “ mas não muito”.

(7)

Nem sempre, contudo, o verbo dicendi e as

expressões que procuram traduzir a fala das

personagens antecedem o discurso. Às vezes,

essas marcas do narrador se mesclam à fala da

personagem.

(8)

Sempre dispensava companhia nessas expedições e as pessoas ficavam maravilhadas.

— Como faz isso? — perguntavam umas às outras. — Nunca leva cães com ele, e os cães são de grande ajuda.

— Por que você só caça ursos? — Klosh-Kwan arriscou a perguntar a ele, uma vez. Keesh deu uma resposta conveniente:

— Todos sabem que os ursos têm mais carne. Mas na aldeia falava-se em feitiçaria.

— Ele caça com os espíritos maus – algumas pessoas diziam -, e a razão pela qual sua caçada é recompensada. Que mais pode ser, senão que ele caça com os maus espíritos?

— Talvez não sejam maus, mas bons, esses espíritos — outros diziam. — Todos sabem que o pai dele era um caçador corajoso. Não poderia o pai estar caçando com o filho,

transmitindo a ele sua superioridade, sua paciência e seu conhecimento? Quem sabe?

(9)

London, Jack. A história de Keesh. In: Para gostar de ler – vol.11 – contos universais. São Paulo: Ática, 1993, p.67.

Volte ao fragmento e localize os verbos

dicendi.

(10)

2. Discurso indireto

Leia o fragmento abaixo.

(...)

— Fui um bobo em vir – disse eu ao Raimundo.

— Não diga isso — murmurou ele.

Olhei para ele; estava mais pálido. Então

lembrou-me outra vez que queria pedir-me alguma

coisa,e perguntei-lhe o que era. Raimundo

estremeceu de novo, e rápido, disse-me que

esperasse um pouco; era uma coisa particular. (...)

ASSIS, Machado. Conto de escola. In: A cartomante e outros contos. São Paulo: Moderna, 2000, p.30.

(11)

Ao empregar o discurso indireto, o narrador conta para o leitor como as personagens interagem por meio do diálogo. Para isso, emprega também os verbos dicendi e as

expressões que revelam as reações das personagens durante o diálogo.

Observe os trechos destacados do fragmento e explique a diferença entre o discurso direto e indireto.

(...) Olhei para ele; estava mais pálido. Então

lembrou-me outra vez que queria pedir-lembrou-me alguma coisa,e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de novo, e rápido,

disse-me que esperasse um pouco; era uma coisa particular.

(12)

3. Discurso indireto livre

(...) Dias e noites no quarto, sem dar um mergulho nos

igarapés, nem mesmo aos domingos, quando os manauaras saem ao sol e a cidade se concilia com o rio Negro. Zana

preocupava-se com esse bicho escondido. Por que não ia aos bailes? “Olha só, Halim, esse teu filho vive enfurnado na toca. Parece um amarelão mofando na vida.” (...)

HATOUM,Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p32.

No discurso indireto livre, a voz do narrador se confunde com a fala das personagens.

(13)

•Leia as tiras e transforme os discursos diretos em indiretos.

I

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A velha contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta,

com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da

Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

– Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe

restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

(16)

Aí quem riu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para

examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e lá só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai!

O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês

seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se

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– Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com

40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando

pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é

contrabandista.

– Mas no saco só tem areia!– insistiu a velhinha. E

já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

– Eu prometo à senhora que deixo a senhora

passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a

ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o

contrabando que a senhora está passando por aqui

todos os dias?

– O senhor promete que não “espáia”? – quis

saber a velhinha.

– Juro – respondeu o fiscal.

– É lambreta.

(18)

Ainda que o discurso direto ocupe boa parte de A velha

contrabandista,o discurso indireto também pode ser

encontrado,algumas vezes. Examinando com cuidado o texto, transcreva um segmento em que se utiliza,

na mesma oração, o discurso indireto mesclado com o direto – o chamado discurso indireto livre.

Explicite, ainda, o efeito de sentido que essa mistura provoca, nessa passagem.

(19)

Muito próxima do texto oral, a crônica é um gênero

que aproveita alguns recursos típicos da fala, como a

repetição, para estabelecer a coesão textual. No primeiro

parágrafo, por exemplo, a palavra “velhinha” repete-se

duas vezes; “lambreta”, três vezes. Pensando ainda nos

modos de relacionar as palavras, na frase, especifique

outra forma de manter a coesão, empregada também no

primeiro parágrafo do texto.

Em seguida, explique a diferença de função entre

o termo “aí”, ocorrente no terceiro parágrafo, e o mesmo

vocábulo, no sexto parágrafo.

Referências

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