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Resumo. Responsabilidade civil (continuação):

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Academic year: 2021

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Resumo

Responsabilidade civil (continuação):

Responsabilidade civil: questões importantes

a) Súmula 492, STF: A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.

Locadora de veículos. Esta súmula tem fundamento na teoria do risco.

b) Súmula 132, STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado.

Esta súmula lembra que, mesmo que não tenha havido registro no DETRAN, a responsabilidade é do novo proprietário, uma vez que já houve tradição.

c) Súmula 145, STJ: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.

Com relação à responsabilidade civil do transportador, aplicável somente no transporte desinteressado.

d) Transporte aeronáutico: problema com extravio de bagagem. O STJ está firmando jurisprudência no sentido de que a Convenção de Varsóvia não se aplica em face do CDC (ver jurisprudência no material de apoio).

O overbooking, que ocorre quando a agência disponibiliza mais bilhetes que número de poltronas, é ato ilícito e gera responsabilidade de acordo com o STJ.

e) Responsabilidade civil do construtor: é objetiva, na forma do CDC, em algumas situações. É regulada pelo artigo 618, CC.

Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.

O empreiteiro responderá pelo prazo de 5 anos pela solidez e segurança da obra. Logo, ocorrendo qualquer dano, responderá em face dos materiais empregados e do solo em cima do qual se construiu.

Este prazo não é prescricional, mas legal de garantia da obra.

Ocorrendo fato dentro do prazo de garantia, o dono da obra tinha prazo prescricional de 20 anos para ingressar contra a construtora, nos termos da Súmula 194 do STJ. Ocorre que esta súmula não está mais valendo e este prazo não existe mais.

Súmula 194 do STJ: Prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos da obra.

Artigo 618, parágrafo único, CC: o prazo aqui regulado é o prazo que o adquirente tem para exercer direito potestativo de reclamar por vícios de qualidade da obra e não para formular

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pretensão indenizatória, que não decai, mas prescreve. O prazo prescricional para ajuizar a ação de indenização depende:

- se a vítima é consumidora, o prazo é de 05 anos, nos termos do artigo 27 do CDC;

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Parágrafo único. (Vetado).

- se a vítima não é consumidora, o prazo é de 03 anos, conforme disposto no artigo 206 do CC/2002.

Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano:

I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:

a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;

V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. § 3o Em três anos:

I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil;

VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;

VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;

b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;

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VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;

IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5o Em cinco anos:

I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

E se o fato ocorre depois dos 05 anos? Se o vício se manifesta após esse prazo, ainda há responsabilidade, a menos que se prove culpa exclusiva da vítima, segundo o STJ.

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

1. Histórico:

Não se pode delimitar ou indicar, na linha do tempo, a origem do contrato, porque, com a evolução da sociedade, saindo do estágio de barbárie, o contrato se faz presente ainda que de forma rudimentar. Orlando Gomes afirma que, embora o contrato houvesse experimentado desenvolvimento na Roma Clássica, é na modernidade que seus contornos se tornam mais definidos.

A doutrina clássica tinha por dogmas a igualdade entre as partes e o pacta sunt servanda, mas o século XX mudou o trato jurídico do contrato, já que neste momento se conclui que a igualdade entre as partes é “hipocrisia”. Em 1901, Raymond Saleilles já previa o contrato de adesão.

O século XX é o século do contrato de adesão, colocando por terra a igualdade entre as partes. Hoje, a teoria do contrato ainda tem como limite o princípio constitucional da função social.

2. Natureza jurídica:

A natureza jurídica do contrato é de negócio jurídico, em regra, bilateral.

Em regra, os contratos no Brasil têm forma livre, vigorando o princípio da liberdade da forma (ver a classificação no material de apoio).

3. Formação dos contratos: também acompanhar material de apoio.

4. Conceito: o contrato é o negócio jurídico por meio do qual as partes convergem os seus interesses patrimoniais, segundo a autonomia das suas vontades, limitada pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva.

5. Principiologia contratual:

a) Princípio da autonomia privada: todo contrato tem por núcleo essa liberdade negocial. Sem a autonomia da vontade, não há contrato. É a liberdade de contratar e liberdade contratual. Mesmo no

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contrato de adesão, há liberdade, em sua aderência ou não. Essa autonomia privada, no entanto, não é absoluta, pois está limitada à socialidade. Daí Judite Martins Costa tê-la denominado autonomia solidária, o que é corroborado pelo Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil.

Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil:

Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.

b) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: sustenta que o contrato, em regra, só gera efeitos obrigacionais entre as próprias partes. Contudo, essa regra comporta exceções, como acontece, por exemplo, com o seguro de vida.

Este princípio, hoje, é mitigado pelo reconhecimento ético da transsubjetividade da relação contratual (ver Enunciado 21 da I Jornada de Direito Civil).

Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil:

Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito.

c) Princípio da força obrigatória do contrato (ou princípio do pacta sunt servanda): princípio que hoje também foi relativizado. Sustenta que o contrato faz lei entre as partes. Traduzia perfeitamente o vínculo contratual.

No século XX, referido princípio foi relativizado pela teoria da imprevisão (cláusula rebus sic stantibus). Por esta cláusula, um contrato poderia ser modificado se a condição do tempo da sua execução não fosse a mesma do tempo da sua conclusão; é cláusula de eqüidade.

Foi graças à jurisprudência da França que se editou a primeira lei escrita no mundo admitindo a revisão dos contratos – chamada Lei Falliot, de 1918 – desenvolvendo-se, a partir daí, a teoria da imprevisão.

Conceito de teoria da imprevisão: esta teoria admite a revisão ou a resolução com contrato, caso acontecimento superveniente e imprevisível desequilibre a base econômica do negócio, impondo prestação excessivamente onerosa a uma das partes.

A teoria da imprevisão não se confunde com lesão, mas a lesão é defeito que nasce com o contrato invalidado; já, a teoria da imprevisão pressupõe contrato válido na origem, que se desequilibra depois.

Elementos da teoria da imprevisão:

- superveniência de acontecimento imprevisível; - alteração da base econômica objetiva do negócio; - onerosidade excessiva imposta a uma das partes.

Ruy Rosado, Regina Beatriz Papa dos Santos e outros sustentam que nem sempre há vantagem excessiva da outra parte. Correto é o Enunciado 365 da IV Jornada de Direito Civil, que sustenta a natureza acidental da extrema vantagem experimentada pela parte que não sofreu a incidência do acontecimento imprevisível.

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Art. 478: a extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena.

O CC/2002, contra a melhor doutrina, ao regular a matéria, exige a vantagem excessiva da outra parte, em seu artigo 478, CC.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Na relação de consumo, a teoria da imprevisão encontra-se prevista no artigo 6º, V, CDC, mas tem outra roupagem naquela órbita: teoria da onerosidade excessiva, não precisando o consumidor provar a imprevisibilidade.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

d) Princípio da função social: lembra Gustavo Tepedino que os institutos de direito privado passam por um processo de funcionalização. A liberdade de contratar passou a sofrer uma contenção principiológica baseada na socialidade. O princípio da função social é tido como cláusula geral do direito privado, previsto no artigo 421, CC/2002.

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.

Cláusula geral é uma disposição normativa a ser observada pelo juiz na regulamentação em concreto de determinada relação de direito privado.

O princípio da função social, segundo Paulo Roberto Nalin, projeta-se em dois níveis: intrínseco e extrínseco.

No plano interno (ou intrínseco) determina lealdade recíproca e respeito a direitos da personalidade. Já, no plano extrínseco (ou externo), o princípio da função social determina o respeito aos valores sociais objetivados.

Diante do princípio da função social, pergunta-se: como o STJ, em sua jurisprudência sumulada, tem aplicado esse princípio? Ver súmulas 302 e 308.

Súmula 302 do STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.

Súmula 308 do STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.

Outra aplicação do princípio é o reconhecimento do adimplemento substancial no plano extrínseco em defesa dos consumidores em geral (ver REsp 469577-SC).

e) Princípio da boa-fé objetiva: tem raiz histórica no direito romano. Traduzia mais uma ética comportamental subjetiva. Mas foram os alemães que desenvolveram a boa-fé objetiva como um princípio normativo de conduta, ao consagrarem a regra do treu un glauben.

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INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

GAGLIANO e FILHO, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil (volume III) e Contratos (volume IV). São Paulo: Saraiva, 8ª ed., 2006.

Referências

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