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Questão Social, Políticas Sociais e Serviço Social. Modalidade da apresentação: Comunicação oral

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Questão Social, Políticas Sociais e Serviço Social Modalidade da apresentação: Comunicação oral

O PENSAMENTO DE ANTÔNIO GRAMSCI E SUAS INFLUÊNCIAS NO SERVIÇO SOCIAL

RESUMO

O presente artigo se propõe a discutir o pensamento de Antônio Gramsci e suas influências no Serviço Social. Para isso, inicialmente será feita uma breve abordagem de sua vida e obra, a qual será seguida por uma explanação das suas principais categoriais. Por fim, serão traçadas as relações entre o autor e a profissão. Para esta pesquisa, o método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em artigos, revistas, jornais, livros e demais publicações pertinentes ao tema, os quais tiveram como objetivo a construção do arcabouço teórico. Pensar a influência e o legado de Gramsci para o Serviço Social na atualidade, para além de compreender a reverberação de suas categorias teóricas supracitadas, é também entender que, enquanto estiver em vigência o modo de produção capitalista, a sua análise da realidade, por ser de totalidade e deter uma perspectiva revolucionária, permanece atual. Diante do atual contexto de investidas do capital e de novas e reformuladas formas de exploração, que se dão até mesmo no âmbito da cultura, emergem questões que não mais se limitam a questões econômicas, como os movimentos negro e feminista. Assim, a cultura, enquanto pertencente à superestrutura, revela a sua importância, lado a lado com as questões econômicas. É nesse sentido que as ideias de Gramsci possibilitam pensar o Serviço Social de maneira mais sintonizada com a realidade.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo se propõe a discutir o pensamento de Antônio Gramsci e suas influências no Serviço Social. Para isso, inicialmente será feita uma breve abordagem de sua vida e obra, a qual será seguida por uma explanação das suas principais categoriais. Por fim, serão traçadas as relações entre o autor e a profissão.

2 VIDA E OBRA

Antônio Gramsci (1891 – 1937), grande pensador italiano, nasceu numa pequena cidade na ilha da Sardenha em 22 de janeiro de 1891, numas regiões mais paupérrimas da Itália. Possuía uma família pobre e numerosa, tendo sua infância marcada por problemas e sofrimento. Foi vítima, logo no início de sua infância, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento, a qual influenciou ainda diretamente no seu desenvolvimento. Quando atingiu a idade adulta, se encontrava abaixo da altura prevista para sua idade, sempre tendo seu estado de saúde muito frágil e debilitado (SIMIONATTO, 1999).

Aos 21 anos, foi estudar letras em Turim, onde trabalhou como jornalista de publicações de esquerda. Nesse período, militou em comissões de fábrica e contribuiu com a fundação do Partido Comunista Italiano em 1921. Posteriormente, conheceu sua futura esposa, Julia Schucht, integrante do Partido Comunista Russo, com quem teve dois filhos, Délio e Juliano. Foi para esse partido que foi enviado como representante da Internacional Comunista. Em 1926, foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Nesse período, após sua prisão, ficou célebre a frase dita pelo juiz que o condenou ao cárcere: "Temos que impedir esse cérebro de funcionar durante 20 anos". Gramsci foi condenado a prisão por 20 anos, 4 meses e 5 dias de reclusão, mas cumpriu apenas dez anos de sua pena, morrendo numa clínica de Roma em 1937. Foi na prisão o local onde Gramsci escreveu seus textos, que posteriormente foram reunidos e separados em Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere. A obra de Gramsci foi fonte de inspiração para o eurocomunismo – a linha democrática seguida pelos partidos comunistas europeus na segunda metade do século XX – e teve grande influência no Brasil nos anos 1970 e 1980. Um dos

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fundadores do Partido Comunista Italiano, Antônio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda do século XX. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar em uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar em uma tomada de poder que não fosse precedida por mudanças na consciência dos sujeitos (SIMIONATTO, 1999).

Após quase três anos após a prisão, no dia 8 de fevereiro de 1929, Gramsci começa a redigir seus Cadernos do Cárcere. Durante aproximadamente seis anos (até 1935) preencheu 33 cadernos escolares com uma letra bem pequena – equivalentes a 2.500 páginas de texto impresso. Escreveu sobre temas variados como linguística, crítica literária, história italiana, papel dos intelectuais e, principalmente, sobre teoria política (estratégia e tática no Oriente e Ocidente, concepção ampliada do Estado, hegemonia etc.). Devido à repressão e à censura da época, ele só conseguiu obter alguns livros, como as obras de Croce. Mas, não lhe foi permitido ter acesso aos livros de Marx, Engels, Lênin e aos documentos do movimento comunista internacional, pois eram considerados uma ameaça ao governo. A produção teórica de Gramsci pode ser dividida em dois conjuntos, para melhor compreendê-la historicamente: 1. O primeiro Conjunto equivale aos Escritos pré-carcerários (1914-1926), antes da prisão; 2. O segundo consiste nos Escritos do cárcere (1926-1935), durante a prisão. O primeiro conjunto, denominado historicamente como escritos pré-carcerários, ficou conhecido, também, como Escritos Políticos (EP) e é composto de textos jornalísticos, redigidos entre os anos de 1914 e 1926, ano em que foi preso em decorrência da instalação do regime fascista na Itália e da oposição que fez à nova ordem política. O segundo conjunto é o dos escritos do cárcere, ou carcerários, que compreende as Cartas do cárcere (LC), redigidas por Gramsci a familiares, amigos e colaboradores, e os apontamentos realizados em 33 cadernos escolares, que ficaram conhecidos como Cadernos do Cárcere (QC). Sua produção teórica consta, ainda, de alguns textos anteriores a 1914, como é o caso do texto escolar Oprimidos e opressores redigido em 1910 e o artigo Neutralidade ativa e operante publicado em 31 de outubro de 1914 (SIMIONATTO, 1999).

3 PRINCIPAIS CATEGORIAS

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Dentre as categorias discutidas por Antônio Gramsci, é indispensável analisar a categoria Estado, partindo do pensamento de Marx e Lênin, pois é a partir da concepção desses autores que Gramsci torna possível uma ampliação do conceito. Enquanto estes entendiam o Estado como essencialmente coercitivo, “monopólio da violência a serviço da classe economicamente dominante” (COUTINHO, 1999), Gramsci, ao contrário, concebia o Estado como “dimensão do consenso ou de legitimidade, no sentido de que, com a ‘socialização da participação política’ não seria mais possível que os governantes exercessem suas atividades sem o consenso dos governados.” (COUTINHO, 199). Esse pensamento era compartilhado por Engels, quando, em 1895, já havia se convencido de que o “Estado moderno é fruto de um contrato entre governantes e governados, e é produto de um pacto; primeiramente de uma pacto entre os príncipes entre si e, depois entre os príncipes e o povo.” (COUTINHO, 1999).

Gramsci pode ser identificado ainda hoje sobretudo no tratamento inovador do vínculo entre o socialismo e a democracia e no modo como ele foi assimilado pelo pensamento social brasileiro. Gramsci tratou de abordar conceitos sobre ideologia, dialética, hegemonia, filosofia da práxis, conceitos sobre marxismo tradicional, noções de totalidade, contradição e historicidade (COUTINHO, 1999).

Gramsci baseia-se em Karl Marx para formular um novo conceito socialista: “o fim da alienação, da heteronomia dos homens diante de suas próprias criações coletivas” (COUTINHO, 1999, p. 268). Buscou, também, em Rousseau seu pensamento sobre “vontade coletiva”, apoiando-se nos conceitos do Contrato Social. E, ainda, em Hegel o conceito sobre “sociedade civil” e a noção de “Estado ético”, com o qual identifica sua concepção de “sociedade regulada” ou comunista (COUTINHO, 1999).

Outra categoria pertinente utilizada pelo autor é a Ideologia. Ele vai defender que “a ideologia é algo que transcende o conhecimento e se liga diretamente com a ação voltada para influir no comportamento dos homens” (COUTINHO, 1999, p.112), se dividindo em dois tipos: as ideologias que são historicamente orgânicas e que aparecem conforme a necessidade que a história apresenta e as ideologias que surgem por iniciativas individuais e racionalistas (COUTINHO, 1999).

Gramsci situa dentro da sociedade civil a luta pela hegemonia, visto que, segundo ele, o grupo que controla a sociedade civil é o grupo hegemônico e a conquista da sociedade política é o “coroamento” dessa hegemonia. A sociedade se

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estrutura em classes e, para que uma classe possa se tornar dirigente de uma sociedade inteira, deve se distinguir e conquistar a direção baseada na própria ideologia, na sua organização e superioridade moral e intelectual. Uma classe só se torna dirigente quando é reconhecida pelas outras classes a sua superioridade moral, intelectual e organizacional. Com o consentimento das outras classes, formam-se alianças sociais ligadas por ideologias comuns e por uma cultura comum. Pela necessidade de consentimento, qualquer sociedade jamais poderia ser coagida a alguma coisa (COUTINHO, 1999).

Gramsci concebe sociedade civil como o complexo da superestrutura ideológica, sendo dada pela relação que os homens estabelecem em instituições como os sindicatos, os partidos, a Igreja, a escola etc. A classe que aspira à hegemonia deve começar pelas instituições da sociedade civil, visto que é onde deve difundir seus ideais, valores éticos e morais e, enfim, sua ideologia por meio de um trabalho ininterrupto e organizado, formando, assim, uma unidade moral e intelectual. O grupo que queira tornar-se hegemônico deve ser, então, dirigente antes mesmo da conquista do poder, demonstrando a capacidade que tem de resolver os problemas da vida social. Hegemonia/direção/consenso seria a base material da sociedade civil, nos aparelhos privados de hegemonia, enquanto que seria a base material do Estado, ou seja, os aparelhos burocráticos e repressivos (COUTINHO, 1999).

4 GRAMSCI E O SERVIÇO SOCIAL

Na década de 1960, as primeiras obras de Gramsci foram produzidas e publicadas no Brasil. Nesse momento o Serviço Social já possuía reconhecimento legal e, como uma profissão circunscrita nas relações sociais do país na época, estava sofrendo determinações e influências da autocracia burguesa, que demandava um profissional qualificado para lidar com as novas formas de expressão da “questão social”. É nesse contexto que também são contraditoriamente germinadas as possibilidades de desvinculação com as demandas da ordem burguesa, que se deu com o movimento de reconceituação da profissão, o qual, na sua última fase (iniciada já em fins da ditadura), possibilitou uma adesão profissional às demandas da classe trabalhadora e, enfim, à ideologia

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marxista, algo já pretendido no início dos anos 1960, mas interrompido com o golpe militar (NETTO, 1991). Foi nesse caminho da renovação da profissão, e mais especificamente no seminário de teorização de Sumaré (1978) – após uma pressão advinda do crescimento da participação dos movimentos populares e, enfim, de novas práticas urbanas aliadas à participação popular –, que a CBCISS percebeu a necessidade de ampliação do debate fenomenológico e crítico-dialético na profissão, uma vez que nos seminários anteriores ocorria apenas uma reafirmação da perspectiva modernizadora. A professora Creusa Capalbo, então, se propôs a tecer considerações sobre o pensamento dialético, lançando mão, ainda que sem grande sustentação teórica, de categorias e conceitos de Gramsci, como cultura, Estado e hegemonia. Nesse momento verifica-se também uma maior aproximação da categoria profissional com o movimento organizativo das classes subalternas e uma inserção mais qualificada no circuito universitário. Simionatto (1999, p. 183, grifo nosso), enfim, aponta que

O processo de organização do Estado, a necessidade de fortalecimento da sociedade civil e a dinâmica mesma da realidade brasileira incentivaram os profissionais a buscarem novos referenciais que possibilitassem recuperar a prática e a formação profissional. (...) A cultura que se ia gestando nos meandros da “abertura democrática” recolocou em debate diferentes tendências no âmbito do marxismo, entre elas o pensamento de Antônio Gramsci.

Simionatto (1999), em sua análise, destaca também a relevância da influência de Gramsci nos marcos da década de 1970, quando emerge como importante para se pensar o assistente social como um intelectual orgânico compromissado com as classes subalternas. Esse pensamento, segundo a autora, muitas vezes era guiado e motivado por justificativas messiânicas, as quais recaem no que Netto (1991) denomina de equívoco megalômano. Entretanto, conforme Gramsci foi adentrando cada vez mais no Serviço Social, apreensões mais adequadas foram se dando, de maneira que sua repercussão na produção da profissão foi crescendo exponencialmente (SIMIONATTO, 1999). Dentre os autores que trabalharam com

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Gramsci, pode-se citar a relevância de Alba Pinho, Faleiros e Safira Ammann (SIMIONATTO, 1999).

Para uma melhor compreensão sobre como o pensamento de Gramsci influencia o Serviço Social, é importante, primeiramente, entender que a aproximação da profissão com a cosmovisão marxista deu-se de forma paulatina, de maneira que há, em um primeiro momento, a apreensão de um marxismo ortodoxo e economicista, o qual superestima a influência da infraestrutura (relações de produção) nas relações sociais em geral. Ao se deparar com uma realidade aparentemente impenetrável e imutável, o assistente social naquele momento acabava por recair naquilo que Iamamoto (2008) denomina de abordagem fatalista. O Estado, as instituições e a política social eram, então, vistos sob uma perspectiva monolítica (SILVA, 2009), e o assistente social, como um mero instrumento a serviço do capital (MARTINELLI, 2007). Entretanto, com o passar do tempo e a ocorrência de um maior contato com Gramsci, emerge uma “abordagem que estabelece uma relação dialética entre Estado, instituição, política social e classe social” (SILVA, 2009, p. 105). Dessa maneira, Gramsci acaba por influenciar em um melhor entendimento da dimensão política da profissão, algo que era confuso no documento de BH, estabelecendo, assim, práticas equilibradas entre a militância e a profissão, uma vez que era imprescindível também não recair no extremo do militantismo messiânico (IAMAMOTO, 2008).

Em segundo lugar, para entender melhor a mudança promovida pela aproximação com as ideias desse autor, é necessário também fazer um resgate das principais categoriais gramscianas. A partir do momento em que o Estado deixa de ser compreendido, em Gramsci, apenas como um comitê executivo dos interesses da burguesia, e passa a ser visto como uma arena de disputa de poder e hegemonia (concepção de Estado ampliado) entre as classes fundamentais, – agindo por meio da coerção e do consentimento, e atendendo, por vezes, às demandas populares –, agora é ressaltado o papel ativo dos sujeitos ante às determinações sociais. Ou seja, ainda que não façam a história como querem, os assistentes sociais, juntamente com todo o resto da classe trabalhadora, possuiriam, de acordo com essa concepção, determinada autonomia para transformar as bases materiais da história. Dessa maneira, esses profissionais, ao pensar no campo de atuação em que mais se inseriam (o próprio Estado), não mais estariam fadados a recair em análises que situavam o Estado fora das relações sociais de produção, mas

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poderiam compreender o caráter histórico e contraditório desse aparelho (SILVA, 2009). Isso influencia grandemente o entendimento das políticas sociais e da “questão social”, objeto de estudo e trabalho dessa profissão, os quais são também compreendidos no seu caráter contraditório, pois trazem consigo o duelo capital versus trabalho. Esse entendimento é de suma importância e promove a reflexão da imagem e auto-imagem da profissão, de maneira que é ressaltado o caráter mediador da intervenção profissional, uma vez que eles mesmos estão inseridos nesse bojo contraditório (IAMAMOTO, 2008). Além de auxiliar em um melhor entendimento acerca do Estado, vale salientar ainda que as ideias de Gramsci também propiciam a análise de espaços ocupacionais no âmbito da sociedade civil, como em ONG’s e sindicatos, fortalecendo e promovendo, então, uma análise crítica da profissão.

Como já foi dito, é no Movimento de Reconceituação que há uma aproximação da profissão com as classes subalternas. Gramsci, por sua vez, emerge como importante também nessa questão, uma vez que dedicou-se a estudar as classes, incluindo as subalternas, entendidas por ele na perspectiva da sua exploração nas mais diversas facetas. Por constituírem historicamente a maioria dos usuários da profissão, é notória desde aquele momento a necessidade de um maior entendimento acerca das formas de produção e reprodução das classes subalternas, o que deixa clara mais uma vez a importância de Gramsci (SIMIONATTO, 1999).

É de suma importância ressaltar, nessa análise, a importância da contribuição de Gramsci ao enfatizar a relevância da cultura e, enfim, de toda a superestrutura nas dinâmicas sociais. É nesse sentido que ele traz conceitos como hegemonia e ideologia, agora entendida em uma perspectiva mais “positiva” da realidade, uma vez que abarca, em Gramsci, todas as diferentes concepções de mundo referenciadas pela ação prática, e não somente aquelas ligadas ao pensamento burguês. É nesse caminho que Gramsci também trabalha a filosofia da práxis, que é o próprio marxismo, sendo considerada por ele como uma forma superior de ideologia (COUTINHO, 1999).

Sempre tendo em mente, como marxista que foi, a perspectiva da revolução, acabou por influenciar o Serviço Social também no âmbito das categorias supracitadas. No atendimento real às demandas das classes subalternas, era necessária, segundo Gramsci, uma revolução cultural com vistas a uma hegemonia,

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que seria realizada com a adesão à ideologia dessa classe, de maneira que a filosofia da práxis emerge como necessária de ser aderida pelos intelectuais do Serviço Social no caminho para a revolução. É nesse sentido que as concepções de Gramsci de intelectuais tradicionais e orgânicos também revelam sua importância, uma vez que fica nítida a necessidade de que os assistentes sociais emerjam como intelectuais orgânicos, sendo, então, compromissados com os interesses de uma classe, e mais especificamente, nesse caso, da classe com a qual estabeleceu uma espécie de aliança a partir do movimento de reconceituação: a classe trabalhadora. Assim, percebe-se a relevância do entendimento mais ampliado do intelectual, que, com Gramsci, não era mais necessariamente usado como instrumento do capital, mas detinha a possibilidade de se alinhar com os interesses das outras classes (COUTINHO, 1999).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a influência e o legado de Gramsci para o Serviço Social na atualidade, para além de compreender a reverberação de suas categorias teóricas supracitadas, é também entender que, enquanto estiver em vigência o modo de produção capitalista, a sua análise da realidade, por ser de totalidade e deter uma perspectiva revolucionária, permanece atual. Diante do atual contexto de investidas do capital e de novas e reformuladas formas de exploração, que se dão até mesmo no âmbito da cultura, emergem questões que não mais se limitam a questões econômicas, como os movimentos negro e feminista. Assim, a cultura, enquanto pertencente à superestrutura, revela a sua importância, lado a lado com as questões econômicas. É nesse sentido que as ideias de Gramsci possibilitam pensar o Serviço Social de maneira mais sintonizada com a realidade. O autor, então, acaba por oxigenar a reflexão teórica da profissão, além de dinamizar a dimensão política da prática profissional, de maneira que, com ele, é ressaltada a importância de uma prática político-pedagógica (essa seria a função pedagógica da profissão, segundo Abreu [2004] apud Iamamoto [2008]) com vistas à conquista da hegemonia da classe trabalhadora. Nota-se, assim, a grande influência desse autor para o Projeto Ético-Político da profissão, que visa uma transformação da sociedade atual. Portanto, são de suma importância trabalhos de base no âmbito da correlação de forças. Em suma, percebe-se que Gramsci promove um melhor entendimento acerca

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de qual é o papel do Serviço Social na transformação social a que se propõe. Dessa maneira, o objetivo ao qual este artigo se propôs foi alcançado de maneira satisfatória.

REFERÊNCIAS

ACESSA.COM. A questão da ideologia em Gramsci. Disponível em: <www.gramsci.org/arquiv61.htmKonder>. Acesso em 25 out. 2015.

COUTINHO,Carlos Nelson. Gramsci. Um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. Nova edição ampliada, 1999.

COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci., Fontes do pensamento político. Ed. L&PM, RS, 1981.

IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2008.

MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. – 11 ed. – São Paulo: Cortez, 2007.

NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social. Uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Ed. Cortez, 1991.

TREVISAN. Conceitos do Pensamento de Gramsci. Disponível em:

<http://www.trevisan.edu.br/blog/index.php/conceitos-do-pensamento-de-gramsci/>. Acesso em 25 out. 2015.

SILVA, Maria Ozanira da Silva e. O Serviço Social e o popular: resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2009.

SIMIONATTO, Ivete. Gramsci: sua teoria, incidência no Brasil, influência no serviço social. 2 ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC: São Paulo: Cortez, 1999. 278 p.

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