ÍNDICE
MÃOS À OBRAConselhos para professores que amam ... 11
Seja bem-vindo ... 13
Há algum segredo? ... 17
PROFESSORES QUE AMAM Sete hábitos dos bons professores e dos professores fascinantes ... 25
Exigente mas apaixonado ... 27
Autoridade sem despotismos ... 31
É sempre a primeira vez ... 35
Organize-se e aproveite ... 39
Relações que perduram ... 43
ALUNOS EXTRAORDINÁRIOS Conselhos das crianças optimistas ... 51
Alunos que nunca se esquecem ... 53
Cada aluno é um ser único ... 57
Responsabilidade e desempenho ... 61
PAIS QUE EDUCAM, PROFESSORES QUE AMAM PAIS QUE EDUCAM
Conselhos para pais que educam ... 73
Pais para todos os gostos ... 75
Falar com os pais ... 79
Obstáculos do ensino ... 83
ENSINAR A APRENDER A educação de Portugal ... 91
Motivação para aprender ... 93
Conhecer os limites ... 97
Elogiar e corrigir ... 101
Dar respostas ou ensinar a responder? ... 105
Muito mais do que dar matéria ... 109
A ESCOLA CERTA Alegria de saber ... 117 Já corrigiu os testes? ... 119 Trabalhos de casa ... 123 Violência na escola ... 127 VALEU A PENA? Sobre o ensino ... 135
O que fica para trás ... 137
Em jeito de despedida ... 141
q
q
q
SEjA BEM-vINDO
A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas,
não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições
de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.
Jean Piaget
Ocorre-me, antes de mais, esclarecer o leitor — seja ele professor, pai, educador ou mero curioso — que, ao longo deste livro, não vai en-contrar as grandes teorias da educação e dos processos pedagógicos. Nem pretensões a isso existiram em qualquer momento.
A ideia é bem menos pretensiosa. Passar e dar a conhecer o meu testemunho enquanto
PAIS QUE EDUCAM, PROFESSORES QUE AMAM
professor. Partilhar a minha experiência e vi-vências que considero ricas e úteis com aqueles que, de alguma forma, estão ligados ao ensino e à educação.
Não se trata de verdades absolutas, muito longe disso, mas, acima de tudo, de histórias e alguns conselhos práticos, fáceis de aplicar, que todos poderão utilizar na sua própria expe-riência.
Dentro ou fora da sala de aula, acredito que a minha experiência poderá ser mais um pequeno contributo para professores em início de carrei-ra, mas também para professores já experientes. Na verdade, a experiência de cada um é única e podemos partilhá-la e aprender uns com os outros.
O ofício de professor é complexo e repleto de muitos aspectos positivos, mas também de alguns negativos. Não desespere! Desfrute as coisas boas e aproveite as más para evoluir
enquanto ser humano.
Com este modesto testemunho, espero po-der contribuir para isso. Apoiar, esclarecer e dar alguns conselhos a todos os que escolhe-ram não apenas serem «professores», mas tam-bém «bons professores». A estrada que percorre quem segue essa direcção, sei-o bem, é repleta
MÃOS À OBRA
de muitas incertezas, dúvidas, contrariedades, medos e ansiedades. Típicas de quem, na verda-de, se preocupa não só em fazer, mas em fazer bem. No entanto, a recompensa também chega e normalmente em dobro dos obstáculos que se ultrapassou.
À medida que for avançando no livro, nota-rá também que, ao mesmo tempo que estou a falar para colegas professores, poderia também estar a falar para pais. Quer uns quer outros têm papéis distintos na educação dos alunos/filhos mas que em muito se podem complementar.
Aos primeiros cabe a árdua tarefa de ensinar, aos segundos a de educar. Contudo, a linha que separa estes dois conceitos é tão ténue que é es-sencial que andem sempre lado a lado. A edu-cação na escola é um complemento do que se aprende em casa, e vice-versa. Naturalmente é fundamental que haja coerência entre estes dois mundos e harmonia entre as suas figuras-chave: pais e professores.
A intenção deste livro é, por esse motivo, ofe-recer palavras de apoio e incentivo nessa árdua tarefa, e tantas vezes menosprezada, que é a educação.
A educação, no sentido em que a entendo, pode ser definida como a formação, por meio
da instrução, de certos hábitos mentais e de certa perspectiva em relação à vida e ao
PAIS QUE EDUCAM, PROFESSORES QUE AMAM
hábitos mentais e que género de perspectiva se pode esperar como resultado
da instrução?
Bertrand Russell
Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou
um castigo.
Há AlguM SEgREDO?
Muito do que lhe foi ensinado já foi, um dia, a visão radical de indivíduos que tiveram a coragem de acreditar que o que a sua mente e o coração diziam era verdadeiro, ao invés de aceitar as crenças comuns da sua época. Ching-Ning Chu
Qual o segredo para se ser um bom professor? O que é um bom professor?
É aquele que consegue motivar os seus alu-nos? Ou o que conhece exemplarmente a ma-téria? O que tem capacidade para impor respei-to, sem no entanto os intimidar? Ou o que os surpreende pela forma como passa a matéria? É aquele que consegue criar com eles uma relação humana e ser também um amigo? Ou o que do-mina plenamente toda a teoria pedagógica? Ou, afinal, é um pouco de tudo isto, mas também
PAIS QUE EDUCAM, PROFESSORES QUE AMAM
nada disto é totalmente válido e depende, antes de mais, do tipo de alunos que se tem?
Confesso que não sei responder cem por cento a estas questões. Se for honesto, apenas posso dizer que me parece que é um pouco de tudo isto, mas também muito mais do que isso.
Sei que, para se ser um bom professor, envolve ter conhecimento, paixão, empenho, dedicação, fé, coragem e paciência. Implica saber ensinar, brincar, ouvir, aconselhar, repreender, elogiar, recuar, rir, chorar…
O maior segredo para se ser um bom professor é ser autêntico.
Hoje mais do que nunca, os alunos são extremamente sensíveis e notam à distância
se estamos a ser sinceros e honestos com eles ou apenas a tentar «dar-lhes a volta». Não finja. Dê o que tem. Por certo, será mais
do que suficiente.
E tudo isto não só dentro da sala da aula, mas também fora dela. Na escola, mas também nos locais públicos que se frequenta e ainda, um pouco, em casa.
Na verdade, ser professor é, em parte, um es-tado de espírito. E exige bem mais do que ape-nas ter um curso superior.
MÃOS À OBRA
Ser professor é, por isso mesmo, um desa-fio grandioso que nos obriga a dar o melhor de nós mesmos. Exige-se dedicação e atenção total, competência e valor, mas também muita prepa-ração, treino e aprendizagem.
Todos nós sabemos que há muitos que se ini-ciam na prática pedagógica sem qualquer voca-ção ou aptidão especial para dar aulas. Seguem apenas o percurso que se lhes deparou, por uma ou outra razão. Esses, se não descobrirem em si o «bichinho» que os motivarão para o ensino, terão um longo calvário pela frente. E, natural-mente, prejudicarão em menor ou maior grau o ensino global.
A escola, educadores e professores, indepen-dentemente do estado de evolução em que se encontra a sociedade — hoje em dia mais infor-matizada e tecnológica do que nunca —, ocu-pam um lugar insubstituível na vida das crianças e dos jovens. O seu futuro e a forma como vão viver a sua vida serão influenciados por aquilo que beberam dos seus professores. Encare isto não só como uma grande responsabilidade que é, mas também como um desafio e um privilégio em poder constatar que, graças a si, são e serão bons cidadãos.
Finalmente, dizer que o sucesso como profes-sor depende apenas de nós mesmos. Da aplica-ção correcta das melhores estratégias de apren-dizagem, do uso das ferramentas e das técnicas assimiladas em anos de estudo, mas sobretudo
PAIS QUE EDUCAM, PROFESSORES QUE AMAM
de muita entrega, a que se devem juntar grandes doses de intuição e sensibilidade e também a vontade férrea de se fazer um bom trabalho.
Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar
soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo
próprio, seu eu e suas circunstâncias.
Paulo Freire
O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra.
O grande professor inspira.
