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¹ Engenharia Florestal, UEPA, pamelas.ferreira2@gmail.com ² Engenharia Florestal, UEPA, danielaleal.dcl@gmail.com ³ Engenharia Florestal, UEPA, nixon.teodoro@gmail.com

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Engenharia Florestal, UEPA, natalialopesmedeiros@hotmail.com

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Dr. em Ciência e Tecnologia da Madeira, UEPA, luizeduardo.limamelo@gmail.com

IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE ESPÉCIES MADEIREIRAS UTILIZADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM MARABÁ-PA.

ANATOMICAL IDENTIFICATION OF WOOD SPECIES USED IN CIVIL CONSTRUCTION IN MARABÁ-PA.

Apresentação: Comunicação Oral

Pâmela da S. FERREIRA¹; Daniela C. LEAL²; Nixon T. de OLIVEIRA³; Natália L. MEDEIROS4; Luiz E. de L. MELO5.

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00140 Resumo:

A exploração madeireira é uma das três principais bases econômicas do Município de Marabá-PA. Esta matéria prima é empregada nas mais diversas funções e é agrupada regionalmente por nomes vernaculares, afetando a biodiversidade e a conservação das espécies. Sabendo-se que a identificação anatômica das espécies é fundamental para o seu uso adequado, o presente trabalho visa caracterizar anatomicamente os indivíduos utilizados no setor madeireiro de construção civil em Marabá, Pará. Isto se dá pela necessidade de capacitação e reconhecimento de profissionais e populares, a respeito das propriedades físicas, mecânicas e anatômicas peculiares de cada espécie, que quando usada de maneira errônea gera danos estruturais e desperdício de matéria prima. Para este fim, foram aplicados questionários e coletadas amostras nas estâncias dos principais núcleos da cidade, seguida de identificação anatômica de cada indivíduo, de acordo com o IPT e confirmada no acervo da EMBRAPA, posteriormente caracterizadas de acordo com a IAWA. Para densidade básica, se confeccionou corpos de prova nas dimensões 2 cm radial e tangencial e 3 cm no eixo longitudinal segundo a ABNT. Observou-se que todos os estabelecimentos são de pequeno porte; não há programas ou estruturas de secagem, e que as madeiras comercializadas no município são provenientes de outras cidades. Detectou-se o comércio ilegal de espécies protegidas e empilhamento de indivíduos com o mesmo nome vernacular. Todas as madeiras apresentaram média densidade; o comprimento de fibra varou de médio a longo, enquanto o comprimento dos elementos de vaso variaram de pequenos a grandes. Foi possível apresentar as características anatômicas macroscópicas para a identificação e distinção das espécies, e possibilitou caracterizar o mercado madeireiro de Marabá.

Palavras-Chave: Características anatômicas, descrição macroscópica, mercado madeireiro, construção civil.

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Logging is one of the three main economic bases of the Municipality of Marabá-PA. This raw material is used in the most diverse functions and is grouped regionally by popular names, affecting the biodiversity and the conservation of the species. Knowing that the anatomical identification of the species is fundamental for its proper use, the present work aims to anatomically characterize the individuals used in the wood construction sector in Marabá, Pará. This is due to the need for training and recognition of professionals and popular , regarding the peculiar physical, mechanical and anatomical properties of each species, that when used in an erroneous way generates structural damages and waste of raw material. For this purpose, questionnaires were collected and samples were taken at the estancias of the main nuclei of the city, followed by anatomical identification of each individual, according to the IPT and confirmed in the EMBRAPA collection, later characterized according to the IAWA. For basic density, test specimens were made in 2 cm radial and tangential dimensions and 3 cm in the longitudinal axis according to ABNT. It was observed that all establishments are small; there are no drying programs or structures, and the woods traded in the municipality come from other cities. Illegal trade in protected species and stacking of individuals with the same popular name was detected. All wood presented medium density; the fiber length varied from medium to long, while the length of the vessel elements ranged from small to large. It was possible to present the macroscopic anatomical characteristics for the identification and distinction of the species, and made it possible to characterize the Marabá timber market.

Keywords: Anatomical characteristics, macroscopic description, timber market, civil construction.

Introdução

O Estado do Pará possui economia baseada na exploração e no processamento da madeira, juntamente com a mineração e a agropecuária. Isso se deve pelas atividades de incentivo que ocorreram a partir da década de 70 para a popularização da Amazônia. Assim, foram se formando empresas madeireiras ao longo das rodovias, além do incentivo à pecuária e sondagem mineral (VERÍSSIMO et al, 2006).

Em 2009, empresas madeireiras localizadas na Amazônia Legal extraíram aproximadamente 14,2 milhões de m³ de madeira de tora nativa. Cerca de 47% desta teve origem no Pará; a receita bruta estimada foi de R$ 4,94 bilhões, onde o estado teve 44% de contribuição. Em torno de 72% dessa produção madeireira foi classificada como de baixo valor agregado, ou seja, ripas, caibros, tábuas e similares, a serem usados na construção civil (SFB e IMAZON, 2010).

Coutinho (1999) afirma que as estruturas de madeira são usadas desde a antiguidade. Sendo leve, resistente, fácil de talhar e em diferentes comprimentos, permitiu ao ser humano

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produzir estruturas de simples à complexas. Também atualmente peças de madeira são frequentemente utilizadas de diferentes modos em edificações.

A identificação botânica concede informações sobre o uso e a aplicabilidade deste material. No que concerne ao comércio de madeira serrada, a anatomia da matéria-prima tem sido ferramenta essencial na identificação, pois características morfológicas do vegetal como um todo são eliminadas no corte. Na análise, é fundamental dispor de literatura e coleção de madeiras amostras-padrão anteriormente identificadas. Este sistema de referência é necessário, porque uma espécie pode, em um mesmo ou em diferentes locais/regiões, ter vários nomes vernaculares; ou distintas espécies, possuindo caracteres externos semelhantes, serem tratadas pelo mesmo nome popular (ZENID; CERCANTINI, 2007).

Prática esta que afeta não somente o campo da biodiversidade e conservação de espécies, como também, substancialmente, o ramo da construção civil, que faz uso direto de peças de madeira, como caibros, vigas, tábuas, pranchas, escoras e outros que, conforme funcionalidade e capacidade da matéria apresentam características de resistência mecânicas diferentes. Dessa forma, o presente trabalho tem como principal objetivo realizar a caracterização anatômica de espécies florestais utilizadas no setor madeireiro de construção civil no município de Marabá, Pará.

Fundamentação Teórica

Vários autores da área de industrialização e produção florestal, concordam que, para que a madeira desempenhe adequadamente o seu potencial, deve-se primeiro fazer a correta identificação da espécie e conhecer suas características físico-mecânicas (ALVES et al., 2012), pois o desconhecimento das espécies, suas características tecnológicas, fisiológicas e morfológicas, tem se tornado um gargalo na utilização e aproveitamento das madeiras Amazônicas (FERREIRA et al., 2004).

Ferreira et al. (2004) ressalta que, no Pará, é muito comum a comercialização de madeiras pelo seu nome vernacular, ou seja, denominações criadas pela população e que divergem de acordo com a região, a língua e a época em que a identificação é feita pelas características sensoriais, como cor, peso e odor, agrupando assim diferentes espécies em um único nome popular.

No trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (NAHUZ et al, 2013), é evidenciado que a exaustão florestal da Região Sul e Sudeste do país transferiu a carga de fontes de suprimentos de madeira para a Região Amazônica, consumindo muitas vezes espécies desconhecidas e inadequadas para o uso a que se pretende.

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Segundo Burger & Richter (1991), uma das grandes limitações na aplicação prática da madeira é a sua heterogeneidade, anisotropia e variabilidade, que se intensificam quando usadas de maneira inadequada, causando empenamentos, rachaduras, lacunas, entre outros defeitos que comprometem a estrutura como um todo.

Metodologia

Primeiramente, foram realizadas visitas e coletas de amostras de madeiras em cinco empresas madeireiras da cidade, especificamente aquelas que abastecem o setor de construção civil, distribuídas nos dois principais distritos urbanos de Marabá (PA): Cidade Nova e Nova Marabá. O formulário aplicado continha perguntas como: qual o nome popular das madeiras mais comercializadas; qual a cidade de procedência da madeira serrada comercializada; qual o tratamento dado na secagem e estocagem da madeira antes da comercialização e quais as principais peças estruturais comercializadas.

Foi obtido, junto aos proprietários dos estabelecimentos visitados, o nome popular pelo qual as madeiras são comercializadas, para verificar possíveis erros de identificação das espécies. Para a identificação das espécies e para o seu posterior registro foram cortadas – com serrote e formão – 15 a 20 amostras de madeira para cada nome popular fornecido pelo proprietário, retiradas dos lotes armazenados no pátio dos estabelecimentos. A partir dos corpos de prova coletados, foi feita a identificação das espécies utilizando chave de identificação anatômica do Manual de Identificação de Madeiras Comerciais do IPT, Mainieri (1983) e Zenide & Ceccantini (2007). Posteriormente, fez-se a confirmação da identificação das espécies a partir da comparação com amostras-padrão da Xiloteca do Instituto Agronômico do Norte (IAN) - EMBRAPA Amazônia Oriental (PA). A nomenclatura científica foi adotada de acordo com a “Lista de Espécies da Flora do Brasil 2018”. A caracterização anatômica microscópica da madeira seguiu as recomendações da IAWA (1989).

Além dos materiais já mencionados, foram também coletados corpos de prova com dimensão de 2 cm (radial) x 2 cm (tangencial) x 3 cm (longitudinal) para determinar a densidade básica, NBR 11.941 da ABNT (2002).

Resultados e Discussão

A partir da avaliação dos formulários, constatou-se que os cinco estabelecimentos visitados: (A) são de pequeno porte, pois obtém a receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00; (B) não há forno de secagem, as peças são secas ao ar livre e também não há um programa de secagem particular para cada espécie de acordo com suas propriedades; (C) o

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armazenamento da madeira é feito na própria empresa, com empilhamento das peças, muitas vezes, recém cortadas, o que dificulta ainda mais o processo de secagem; (D) os resíduos originados são, em sua maioria, vendidos para empresas de cerâmica e padarias, para produção de energia; (E) não há processamento primário de toras de madeira na cidade de Marabá, ou seja, toda a madeira já processada mecanicamente comercializada nos estabelecimentos visitados é oriunda de municípios vizinhos: Tucuruí, Goianésia, Novo repartimento, Altamira, Maracajá; (F) as principais peças produzidas e comercializadas são de baixo valor agregado como: caibros, ripas, tábuas, vigotas e tábuas para caixa e forro.

Observou-se que a madeira comercializada pelos estabelecimentos não tem desdobro primário (processamento inicial das toras) realizado na cidade de Marabá, talvez devido ao maior grau de fiscalização sobre o comércio de madeiras na cidade, que representa o centro econômico e político do sudeste do estado. Entretanto, alguns municípios mencionados como fonte principal de madeira serrada para as estâncias visitadas encontram-se entre os que mais desmatam no estado do Pará, como Altamira, município onde a usina hidrelétrica de Belo Monte foi construída; São Félix do Xingu, com o maior rebanho bovino do Brasil; e Novo Repartimento, área de influência da usina hidrelétrica de Tucuruí.

Até 2016, São Félix do Xingu era o município com o maior desmatamento acumulado do Estado, seguido por Paragominas, Marabá, Altamira e Novo Repartimento. Juntos, eles representam cerca de 20% de toda a área desmatada ao longo da história no Pará até 2016 (INPE, 2018). O que indica fortemente que muitas das madeiras comercializadas nos comércios visitados podem ser oriundas de extração ilegal de madeira na Amazônia.

Consequentemente, ocorre o agrupamento de diferentes espécies, até mesmo de diferentes famílias botânicas, mas cujas madeiras são comercializadas pelo mesmo nome popular (Tabela 1). Dentre os taxa identificados, chama-se atenção para a Bertholletia excelsa Bonpl. (castanha-do-brasil ou castanheira). Espécie madeireira presente na "Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção" do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2014) considerada vulnerável na avaliação de risco de extinção e é protegida por lei de modo integral, inclusive proibida de ser comercializada (Decreto 6.472/2008; Lei Nº 9.605/1998 - Crimes Contra o Meio Ambiente; Art. 46. - Pena - detenção de seis meses a um ano e multa).

Tabela 1: Lista das espécies madeireiras identificadas com nome científico correspondente para cada nome “popular” fornecido para as madeiras coletadas. * = indica espécie presente na "Lista Nacional Oficial de

Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção" (MMA, 2014). Fonte: Própria Nome Popular fornecido Família Espécie Identificada

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Fabaceae Alexa grandiflora Ducke

Cedroarana Fabaceae Cedrelinga cateniformis (Ducke) Lecythidaceae *Bertholletia excelsa Bonpl.

Jatobá

Fabaceae Hymenolobium spp.

Fabaceae Hymenaea spp.

Goupiaceae Goupia glabra Aubl.

Melancieiro Fabaceae Alexa grandiflora Ducke

Burseraceae Tetragastris cf. panamensis (Engl.) Kuntze

Tatajuba Moraceae Bagassa guianensis Aubl.

Observa-se que três espécies foram encontradas sendo comercializadas pelo mesmo nome popular, como é o caso do jatobá, incluindo espécies de famílias botânicas distintas. Procópio & Secco (2008), afirmam que uma única espécie pode chegar a ter até 10 nomes vernaculares, fator este responsável por provocar prejuízos econômicos referentes ao processo de beneficiamento e a aplicação final, além de danos à biodiversidade vegetal, no que diz respeito ao esgotamento de determinadas espécies.

Para todas as espécies identificadas, determinou-se a dimensão das fibras e dos elementos de vaso; as propriedades físicas de densidade básica; a caracterização anatômica qualitativa das madeiras (Tabela 2). Na Figura 1, 2, 3 e 4 são apresentadas as imagens macroscópicas do plano transversal das espécies que são agrupadas erroneamente pelo mesmo nome popular nos estabelecimentos visitados.

Tabela 2: Principais características anatômicas das espécies madeireiras identificadas. AN = anéis de crescimento. A = Distintos, os canais axiais traumáticos são presentes em séries tangenciais, com camadas de

crescimento distintas. B = Distintos, individualizadas por parênquima marginal. C = Limites dos anéis de crescimento distintos, individualizados por zonas fibrosas tangencias mais escuras. - = Indistinto ou ausente. PR = obstrução dos vasos/poros. A. tilos. B. outros depósitos. - C= ausente. RE = estratitificados. + = presentes. - =

ausentes. TX = textura. A. fina. B. média. C. grossa. RC = resistência ao corte transversal. A. macia. B. moderadamente dura. C. dura. Cor = A. cerne amarronzado ou amarelado. B. cerne amarronzado. C. cerne amarronzado ou rosado. D. cerne amarronzado ou arroxeado. E. Cerne amarelado. F. cerne acinzentado DB = densidade básica g.cm-3. CV = comprimento dos elementos de vaso. A. ≤ 350 µm. B. 350-800 µm. C. ≥ 800 µm.

CF = comprimento das fibras. A. ≤ 900 µm. B. 900-1600 µm. C. ≥ 1600 µm. EPF = Espessura da parede das fibras. A. paredes muito fina. B. paredes finas a espessas. C. paredes muito espessas. Fonte: Própria. Espécie AN Tipo parênquima

axial PR RE TX RC Cor DB CV CF EPF

A. grandiflora - Alifome; aliforme losangular; com confluência; em faixas marginais ou aparentemente marginais; visível a olho nu B - C B A 0,62 A B B A. leiocarpa - Aliforme losangular; com confluência; forma faixas onduladas; visível à olho nu B + B B A 0,66 A B B

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B. guianensis - Paratraqueal escasso; vasicêntrico; aliforme losangular A - C C A 0,69 A B B B. excelsa A Em linhas regularmente espaçadas; visível a olho nu, A - B B B 0,55 B C B Hymenaea spp. B Faixas de parênquima marginal associadas ao paratraqueal vasicêntrico ou aliforme; visível a olho nu B - B C D 0,79 B C B G. glabra - Apotraqueal difuso em agregados; visível

apenas sob lente;

B - B C C 0,75 C C B

T. cf.

panamensis -

Paratraqueal escasso, às vezes vasicêntrico; visível somente sob

lente 10x A - A C E 0,64 B C C Hymenolobium spp. C Paratraqueal ou em faixas; Paratraqueal aliforme losangular ou confluente em trechos curtos oblíquos; ou confluente em trechos longos tendendo a formar faixas largas;

visível a olho nu B + C B A 0,61 B C B C. cateniformis - Paratraqueal vasicêntrico e aliforme losangular de expansões curtas; visível apenas sob

lente

- - C A F * A B B

* Indica ausência do valor de densidade básica para a espécie C. cateniformis por não apresentar amostras com tamanho e orientação adequada disponíveis nos estabelecimentos visitados.

Figura 1: Imagem comparativa das espécies A. grandiflora (a) e A. leiocarpa (b) ambas agrupadas erroneamente e comercializadas com nome popular de “amarelão”. Microscopia aumento de 10x, barra de escala 1 mm. Fonte:

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Figura 2: Imagem comparativa das madeiras de Hymenaea spp. (a), Hymenolobium spp. (b) G. glabra todas agrupadas erroneamente e comercializadas com nome popular de “jatobá”. Microscopia aumento de 10x, barra

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Figura 3: Imagem comparativa das madeiras de Hymenaea spp. (a), Hymenolobium spp. (b) ambas agrupadas erroneamente e comercializadas com nome popular de “jatobá”. Microscopia aumento de 10x, barra de escala 1

mm. Fonte: Própria.

Figura 4: Imagem comparativa das madeiras de Cedrelinga cateniformis (a) e Bertholletia excelsa (b) todas agrupadas erroneamente e comercializadas com nome popular de “cedroarana”. Microscopia aumento de 10x,

barra de escala 1 mm. Fonte: Própria.

A partir da análise da tabela 2, observou-se que todos os valores de densidade básica das madeiras encontram-se dentro da classificação da IAWA (Comitê IAWA, 1989) como madeiras de média densidade (0,40 – 0,75 g.cm-3). Mais de 63% das espécies apresentaram fibras consideradas longas e somente 36,36% fibras de comprimento médio, enquanto 4 das espécies possuíram elementos de vaso de comprimento pequeno, 6 de comprimento médio e apenas 1 espécie apresentou vasos de grande comprimento de acordo com a IAWA (Comitê IAWA, 1989).

Pela caracterização anatômica (Tabela 2 e Figuras 1, 2, 3 e 4), visualizou-se todas as características úteis para diferenciação anatômica macroscópica das madeiras das espécies agrupadas erroneamente na cidade (Tabela 1). Observou-se que as agrupadas pelo mesmo nome popular (Tabela 1) podem ser distinguidas macroscopicamente com simples auxílio de lupa com 10x de aumento, principalmente por apresentarem marcantes diferenças anatômicas, como tipo de parênquima axial e estratificação dos raios (Tabela 2).

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Os nomes populares aplicados às madeiras para facilitar o comércio, quase sempre desconsideram as diferenças particulares entre espécies, que apresentam características externas como cor, cheiro, textura e massa semelhantes. Estas espécies então são agrupadas com o mesmo nome popular, causando dúvidas na correta identificação da matéria-prima e a troca de madeiras, comprometendo a comercialização, a conservação da biodiversidade e a utilização do material.

Nahuz et al. (2013), ressalta que, conhecer as características físicas e anatômicas distintas em cada espécie é imprescindível para a correta determinação do uso e para que o material apresente desempenho satisfatório, principalmente por se tratar de um país rico em biodiversidade. No que concerne a este potencial, Nascimento et. al. (1997) afirma que utilizamos comercialmente as mesmas espécies que a 15 - 20 anos atrás, sendo que existem outras espécies com propriedades equivalentes.

Araújo & Matos Filho (1980) chamam a atenção para a capacitação da indústria madeireira em relação a identificação anatômica: não se deveria comercializar indivíduos vegetais sem a correta identificação. Bem como os responsáveis por fiscalizar os setores comerciais e os portos, defendendo que qualquer pessoa interessada possa realizar tal reconhecimento.

Conclusões

Na cidade de Marabá-PA, não há desdobro primário da madeira e o material serrado comercializado no setor de construção civil provém dos municípios vizinhos em que há pouca ou nenhuma fiscalização madeireira.

Observou-se o empilhamento de diferentes espécies sobre o mesmo nome popular, além do comércio ilegal da madeira de Bertholletia excelsa (castanheira) com nome popular de “cedroarana”.

O estudo anatômico da madeira foi útil e possibilitou a distinção madeireira entre as espécies, mostrando ser uma ferramenta eficaz para combater o comércio ilegal na região e contribuir com ações de fiscalização.

Demonstra-se também a necessidade de pesquisas voltadas para o potencial tecnológico de espécies Amazônicas, afim de evitar a sobrecarga do uso de espécies já estudadas.

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