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Moldando feminilidades e distribuindo branquitudes: a construção da trajetória de três mulheres de esquerda nos jornais midiáticos e militantes 1

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Moldando feminilidades e distribuindo branquitudes: a construção da trajetória de três mulheres de esquerda nos jornais midiáticos e militantes1

Roger Camacho Barrero Junior Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Resumo

Lélia Abramo (1911 - 2004), Luíza Erundina de Sousa (1934 -) e Irma Passoni (1943 -) se aproximaram ou se distanciaram a depender do momento. Da mesma maneira, a imprensa as igualou ou diferenciou, pois delegou a elas uma imagem de acordo com os seus interesses e pautada em repertórios coletivos. Tal representação diferiria de acordo com o veículo de comunicação. Se para os jornais da "grande mídia" paulista a radicalidade ou o trabalho artístico eram a tônica, para os editoriais militantes eram a atuação política/profissional, a classe e a exaltação de suas trajetórias. Lélia Abramo foi lembrada pelo seu trabalho artístico em ambos os lados, mas o primeiro suprimida sua atuação no PT. Luíza Erundina tinha sua feminilidade negada em alguns veículos e em outros era a militante preocupada com as mulheres. Já Irma Passoni foi a parlamentar mãe ou a líder de movimentos de bairro. Seja como for, cada uma aparece com uma feminilidade diferente e branquitudes distintas. Esses traços variavam igualmente de acordo com o interesse do jornal. Tais reflexões nos ajudam a analisar a relação da imprensa com mulheres inseridas na política (institucional ou partidária), bem como a refletir sobre os imaginários e estereótipos desenvolvidos em torno do gênero, da raça e da classe. Sendo assim, o objetivo desta comunicação é partir dessas experiências para discutir essas questões e contribuir com os estudos sobre a relação entre os indivíduos e a sociedade.

Palavras-chave: Gênero; Branquitude; Trajetórias de Vida; Impressos

Introdução

1 Este texto é uma versão adaptada e resumida da seção Sob o olhar de companheiras (os) e jornalistas,

localizada no capítulo E agora companheiras? O PT na construção de identidades e nas experiências de três militantes de minha tese de doutorado, ainda em construção. Essa pesquisa é orientada pelo Professor Dr. Benito Bisso Schmidt e é financiada pela CAPES.

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A imprensa usou de seus periódicos para noticiar fatos, mas também para apresentar trajetórias. Dentre políticos, artistas, jornalistas e pessoas anônimas, ela expôs seus pontos de vista e reforçou preconceitos de acordo com interesses específicos. Pautado nessa ideia, este texto se apoia em Tânia Regina de Luca (2006) para afirmar que os jornais não são entes imparciais ou meros reprodutores de fatos. Como produtos de um determinado grupo, sua narrativa é construída de acordo com as suas necessidades e os anseios de um público consumidor. No nosso caso, analisaremos como a imprensa corporativa (como a Folha, o Estado de São Paulo, dentre outros) e a militante (feministas, sindicalistas, PT, etc.) expuseram a militância e a trajetória de três mulheres que ingressaram, cada uma ao seu modo, na política institucional. São elas a atriz e sindicalista Lélia Abramo (1911 – 2004), a assistente social e prefeita, Luíza Erundina de Sousa (1934 –) e a pedagoga e deputada, Irma Passoni (1943 –).

Cada qual tem uma vida e carreira específicas e, portanto, foram representadas de maneiras distintas. Tais constructos foram amparados em imaginários sociais referentes ao gênero, à raça e à classe, o que exige que nos debrucemos sobre conceitos como feminilidade e branquitude. Sobre o primeiro, apoiamo-nos em Joan Scott (1991), a qual diz que suas relações binárias não dão conta de explicar a diversidade de representações e experiências de mulheres e homens. Para tanto, ela mostra que há diferentes

feminilidades e masculinidades modeladas por diferentes vetores. Já sobre a branquitude,

utilizamos os textos de Lourenço Cardoso (2017) e Lia Vainer Schucmann (2012). O primeiro mostra que ela é produzida em um determinado grupo e período, podendo subir

ou descer de acordo com o local de onde se fala. A partir desses imaginários, se um

português ou um italiano são vistos como brancos no Brasil, seriam menos quando observados por um germânico ou anglo-saxão. Schucmann expõe como a sociedade paulistana criou categorias para interpretar e discriminar sujeitos por sua origem regional/nacional, classe e gênero. Assim, uma pessoa com ascendência europeia e de elite seria mais branca que uma nordestina ou trabalhadora. Tais imaginários seriam constituídos ainda por meio de uma estética pautada no fenótipo branco-europeu.

Esses conceitos são pertinentes para embasarmos a análise que se segue, mas cabe ainda apontar mais algumas ideias. Primeiramente, os sujeitos não estão apartados de um meio social e, por isso, tem suas vidas atravessaras por barreiras e oportunidades. Sobre

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esta questão, o antropólogo Gilberto Velho (1999) escreve que as pessoas constroem seus

projetos de acordo com um campo de possibilidades delimitado pelo seu entorno social

e geográfico, mas que seus planos podem se metamorfosear no contato com diferentes pontos de vista. Cabe, por fim, atentarmos para a teoria dos campos, de Pierre Bourdieu (2009). De acordo com o sociólogo, estes seriam espaços nos quais os indivíduos criam suas redes de solidariedade e sociabilidade. Nessa troca de ideias e de experiências, eles podem ganhar visibilidade e ascender a partir dos capitais simbólicos ali construídos, os quais, entretanto, variam de acordo com o campo (político, cultural, religioso), pois este criaria suas próprias regras e hierarquias, apesar de não ser totalmente autônomo (na medida em que um espaço se apropria de muito do que é produzido pelos outros).

Seja como for, ao analisarmos a maneira como essas diferentes mídias analisaram Lélia, Luíza e Irma, devemos estar atentos aos imaginários sociais que as circundam e como estes influem na maneira como foram apresentadas aos leitores da mídia corporativa e aos da militante. Da mesma forma, é importante salientar como essas questões não são singulares, mas ajudam-nos a compreender como certos preconceitos e estereótipos são construídos e reforçados a nível macro em um determinado meio social.

Uma atriz para a elite ou para defender a classe? As expectativas da imprensa corporativa contra a atuação política de uma líder sindical

As três militantes deste texto ganharam holofotes os holofotes da mídia. Lélia trabalhava na televisão desde os anos 1960, mas virou notícia ao se tornar presidenta do SATED-SP no ano de 1978. Acompanhando sua eleição, o jornalista Sérgio Gomes a descreveu como alguém que estava de “Vestido novo, bem arrumada, cabelo alinhado (...). Lélia está visivelmente emocionada – ouvira o discurso de Ruthnéia de Moraes, presidente da entidade nos últimos quatro meses; acompanhara, com os olhos, o rosto e os gestos de cada um dos que compõem a sua equipe” (Folha de São Paulo, 1978).

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GOMES, Sérgio. Lélia e a esperança de sua gente. Folha de São Paulo. São Paulo: 16 de maio de 1978. Recorte de Jornal. São Paulo: Acervo pessoal de Lélia Abramo, IEB – USP.

É importante observar que a atriz começa a ser descrita pelos seus atributos estéticos (roupas e penteados), o que lhe conferia uma aura de elegância e reforçava a sua posição social. Traços como esses delineariam a feminilidade de Lélia a partir de sua branquitude e de sua classe, na medida em que ela atenderia aos padrões estéticos (brancos/europeus) almejados pela imprensa e a elite paulista (SCHUCMANN, 2012). O

Jornal de Ipanema também tratou da sua condição racial: “Que tremenda atriz é Lélia

Abramo! (...) Agora, A Globo precisa descobrir porque por um ator fazer bem determinado tipo não quer dizer que ele só sabe fazer aquele tipo. Lélia Abramo faz ótimas mães italianas? Então ela só vai fazer mãe italiana (...) embora com bons papéis, é toda italiana” (Jornal de Ipanema, 1975).

A ascendência itálica é definida como um empecilho, pois limitaria o campo de atuação da atriz. Diferente de outras profissionais, sua branquitude não aparece como fator para exaltá-la. Lourenço Cardoso escreve que há discrepâncias no modo como os europeus foram categorizados, delegando uma posição superior a alguns e inferior a outros, o que faria com que fossem mais brancos em alguns locais e menos em outros (CARDOSO, 2017). No Diário da Noite foi dito:

Além de muito estimada como ser humano, Lélia Abramo, a nova presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos do Estado de São Paulo, tem revelado um dinamismo fora do comum (...). De descendência italiana, (...) a paulista Lélia começou a fazer teatro com grupos amadores de língua italiana (...). Uma atriz de temperamento e personalidade muito fortes (...). (Diário da Noite, 1978)

Havia a ideia de que o temperamento lhe garantiria personagens marcantes. Todavia, a carreira de Lélia cresceu devido às redes de sociabilidade que construiu. Além do mais, há que se questionar o que seria uma personalidade forte feminina. A linha tênue entre ter ou não um comportamento incisivo diferiria entre o feminino e o masculino, pois se elas seriam vistas como sensíveis, enquanto eles poderiam ser enérgicos (BADINTER, 2011; BIROLI, 2018; VASCONCELOS, 2006; REZENDE, 2007; SILVA, 2004). Apesar de atender a algumas das expectativas daquele momento, Lélia rompia com outros, pois ocupava espaços políticos, não era casada e tampouco tinha filhos. Tais atributos poderiam ser incorporados por ela, mas vale lembrar como a sua imagem não deixou de ser moldada pelo gênero. Ela também teve visibilidade posteriormente ao se tornar

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assessora na Secretaria Municipal de Cultura. De acordo com o Gazetta d’Italia, um periódico organizado pela colônia italiana de São Paulo:

Lélia Abramo, uma das poucas atrizes brasileiras que acumula prêmios de teatro, televisão e cinema, está trabalhando em um projeto de sua autoria, cujo objetivo é o resgate da cidadania do idoso. Aos 81 anos de idade, ela é assessora da secretária Municipal de Cultura, Marilena Chauí (...). Lélia é filha de italianos. O pai era de Salerno e a mãe veneta. (Gazetta d’Italia, 1992)

A matéria sobre Lélia Abramo rendeu a capa daquela edição, o que provavelmente se deu pelo espaço que ela já tinha na mídia impressa, nos palcos e na televisão. Apesar de ser apresentada como filha de italianos, para aquele jornal ela seria latino-americana. Como a branquitude varia por região (CARDOSO, 2017), a mídia paulista usa o termo italiana ou ítalo-brasileira. Tais discrepâncias ajudam a perceber que uma representação é gestada por diferentes agentes, podendo convergir ou divergir de acordo com o interesse e o momento da fala. Sendo assim, o Jornal de Ipanema destoaria da Gazetta d’Itália não apenas pelo enfoque, mas devido à nacionalidade de quem o escreve.

Se Lélia ganhava holofotes na mídia corporativa pela sua atuação nos palcos e nos sindicatos, nos impressos feministas e de esquerda a questão também teve centralidade, mesmo que amparada por outras necessidades. O jornal feminista Mulherio, por exemplo, apresentava Lélia da seguinte maneira:

O PT lançou um grande número de candidatas no Estado, algumas delas com militância no movimento de mulheres (...) a atual deputada estadual Irma Passoni e a atriz Bete Mendes [concorrem] a deputada federal (...). Entre elas, estão a assistente social Luiza Erundina (a vereadora), a atriz Lélia Abramo (suplente de senadora) e a operária Janete [Pietá], de Guarulhos (deputada federal). (Mulherio, nº 7, 1982, p. 10)

Parte expressiva das redatoras desse jornal militava no PT, o que explicaria o destaque para a candidatura de Lélia ao Senado. Assim como nossas outras personagens, não há um detalhamento maior sobre suas propostas, porém o interesse de quem escreve, neste caso, é de apresentar nomes e estimular que outras mulheres votem neles para o legislativo. A mídia operária também citou Abramo, mas da seguinte maneira:

Os dois, o homem e a mulher, devem estar juntos discutindo e participando em todos os momentos: em casa, na fábrica, no sindicato (...). Um exemplo disso é Lélia Abramo, atriz e dirigente sindical. Há um ano ela é presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversão do Estado de São Paulo (...) [Lélia] logo de cara foi defendendo uma maior participação da mulher nas atividades sindicais: “Não se pode dividir em sexo a luta pela defesa dos direitos. A presença da mulher é absolutamente necessária (...). (Jornal do Metalúrgico, nº 4, 1978)

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Ao entrevistar Lélia, o jornal apresenta suas expectativas em relação ao arrocho salarial, ao aumento do custo de vida e parte da pauta comum para defender que as relações de gênero não deveriam dividir o operariado. Sobre essa abordagem, Paola Capellin Giuliani (2009, p. 645) escreve que o chamado Novo Sindicalismo se abriu para demandas distintas, mas que seus líderes ainda viam com estranheza aquilo que até pouco tempo tinha tanto destaque. Entretanto, devemos lembrar que aquilo que se convencionou chamar de novo ainda tinha traços do velho, o que, portanto, faria com que reproduzissem muito daquilo que criticavam (SANTANA, 1998). Com olhar semelhante, os trotskistas da Democracia Socialista também divulgaram a sua candidatura ao Senado (1982):

(...) a maioria dos delegados entendeu que esta composição finalmente aprovada, com o sindicalista e Secretário Geral do partido, Jacó Bittar, no senado, o jurista Hélio Bicudo na vice-governança, a atriz e dirigente sindical de sua categoria, Lélia Abramo, na suplência era a que melhor armaria o PT para a batalha de 82. (Em Tempo, nº 143, 1982, p. 3)

S/A. Eles não usam Black-tie (Debate). Em Tempo. Ano 3, nº 140, de 12 de novembro a 2 de dezembro de 1981. p. 13. São Paulo: Fundo DS, Fundação Perseu Abramo.

O texto se volta para a campanha de Luiz Inácio da Silva. Mesmo assim, vale salientar as diferenças entre a fotografia da Folha de São Paulo e a do Em Tempo. Se a primeira passa uma sensação de glamour e finesse por se tratar de uma atriz de renome, esta se foca na militância e expõe Lélia com seus companheiros diante da bandeira do PT. Seguindo essa mesma linha retórica, o jornal Unidade tratou anos mais tarde do boicote midiático: “A greve foi vitoriosa, mas ao mesmo tempo sua personagem na novela Pai Herói foi morta pela direção da Globo. Isso lhe causou um infarto (...). Superou mais três (...). Às vezes, era chamada para trabalhar em minisséries e casos especiais” (Unidade, 1997). Se a imprensa corporativa se volta para as artes cênicas e suprime a atividade política de Lélia, os periódicos militantes reforçavam a sua atuação sem deixar de lado a sua profissão.

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Radical ou engajada? As disputas em torno da imagem de uma mulher nordestina em São Paulo

Luíza passou ganhou a atenção da imprensa corporativa nas eleições de 1988. Ela já havia sido vereadora e deputada estadual, mas aquele pleito chamava a atenção de diferentes pessoas. No dia da votação, o jornalista João Batista Natali, da Folha de São

Paulo, disse:

A vizinhança, ainda desinformada sobre o resultado das pesquisas de boca de urna, limitava-se a receber com indisfarçável afeto essa senhora de 53 anos, a assistente social do apartamento 32 do único prédio de uma rua dominada por sobradinhos. Vinte minutos depois, banho tomado e uma blusa estampada substituindo o vestido de seda javanesa de cor pérola que vestia desde as 6h30, (...). Prevendo que seu pequeno apartamento de dois quartos estaria em ebulição pela chegada de assessores e jornalistas, abriu a mesinha de fórmica da cozinha (...). Como candidata, Erundina poderia ter votado em qualquer lugar (...). Mas declara ter escolhido aquele bairro da zona leste porque ele possui a maior concentração de nordestinos, “o meu povo”. Foi essa uma das raríssimas ocasiões em que ela enfatizou a sua condição de nordestina. (Folha de São Paulo, 1988)

A matéria se volta para a roupa de Luíza e para as características do seu apartamento. O gênero e a branquitude são igualmente constituintes da sua representação. No caso acima, o texto ressalta que Luíza tratou apenas uma vez da sua nordestinidade, o que poderia ser uma crítica sutil por ela ter reforçado suas identidades regionais em sua campanha (PENNA, 1992). A revista Veja também acompanhou a eleição de Erundina. Apesar de observarem (e criticarem) a sua feminilidade, o periódico usou de um tom pejorativo para se referir a prefeita recém-eleita:

(...) para que não desse Maluf, Luíza Erundina, uma paraibana de 53 anos com as formas de um Fusca, teve antes de vencer os líderes do PT (...). Carregada pelas formigas, mas levíssima devido à gravidade da irritação contra tudo isso que está aí, tudo aquilo que antes parecia um peso incrível na candidatura de Erundina se transformou no seu contrário. Primeiro, ser mulher virou um trunfo (...). Depois foi a vez do nordestinismo (...). Durante a campanha eleitoral, mudou minimamente a sua imagem. Trocou suas calças jeans habituais por saias e blusas que disfarçaram um pouco seus problemas com a balança (...), usou um tanto de maquilagem e deu um trato no penteado e, pelo menos depois de eleita, revelou-se algo vaidosa. (Veja, 23 de novembro de 1988, pp. 34 – 39)

O texto é intitulado A vitória da fera radical. Vale salientar que a revista buscou explorar a origem regional e o gênero da prefeita para criticá-la. Objetificando-a, eles associam o seu corpo a um fusca, delegando-lhe uma posição estética inferior em relação a um padrão corporal branco e elitista. Além do mais, um conjunto de fotografias

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conversa com o texto e reforça que Erundina estava se tornando mais feminina, pois se

tornara vaidosa após sua vitória (Veja, 23 de novembro de 1988, p. 39). A feminilidade de Luíza ainda é composta por suas posições políticas, pois ao ser radical não se enquadraria na solicitude e sensibilidade desejadas (BADINTER, 2011).

S/A. A vitória da fera Radical. Veja. Ano 21, nº 47, São Paulo: Editora Abril, 23 de novembro de 1988. p. 39.

A negação da feminilidade de Luíza não se restringia aos jornais e revistas. Em uma biografia escrita pelo jornalista José Nêumanne Pinto (1989) foi dito:

Ao contrário da mãe, que tinha altos pendores culinários, não lhe apetece cozinhar e seus pratos preferidos são degustados em restaurantes como o Andrade, especializado em cozinha nordestina (...). Na verdade, a sua paixão é o arrubacão, ou baião de dois, um feijão sertanejo cozinhado junto com arroz e queijo de coalho. (PINTO, 1989, p. 141)

O jornalista interpreta as posturas de Luíza ao partir de estereótipos e distanciando-a da dona de casa ideal (BIROLI, 2018, pp. 117 – 118). Seus atributos físicos também foram utilizados para descrevê-la: “Desprovida dos encantos físicos que ornaram o corpo da mãe e se fazem presentes na irmã caçula (...) Erundina, solteira como a irmã Lourdinha, define o celibato como uma opção consciente. “Beleza não me faz falta””(PINTO, 1989, pp. 50 – 51). Se levarmos em consideração a fala recortada de Erundina, esta contrasta com o tom machista do jornalista. No calor dos eventos de 1988, uma imagem masculinizada passa a aparecer por meio de charges. Em sua volta para a Paraíba, por exemplo, Luíza foi desenhada em cima de um palanque, de óculos escuros e séria. O público que a observa é magro e está com as mãos em posição de súplica. O texto que compõe a imagem também foi escrito por José Nêumanne Pinto e tem como título:

De volta ao sertão carente, reforçando a imagem de um Nordeste seco e oprimido

(ALBUQUERQUE JUNIOR, 2011). Em outro desenho, ela aparece em seu gabinete enquanto um jardineiro poda uma árvore. Com traços igualmente masculinizados, ela esboça omissão em relação ao trabalho daquele que esculpe uma estrela.

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Primeira imagem: PINTO, José Nêumanne. De volta ao sertão carente. O Estado de São Paulo. 26 de novembro de 1988. p. 3. Segunda imagem: S/A. Canal 3. O Estado de São Paulo. 29 de novembro de

1988. p. 3.

Contudo, Luíza não deixou de ser apresentada como alguém instável. Em 1996, a

Folha de São Paulo expôs um comentário do Ministro das Comunicações, Sérgio Motta,

que dizia: “Eu só lamentei que ela é prepotente, né? Deve ser a idade, a menopausa...” (Folha de São Paulo, 15 de novembro de 1996). O comentário partia da ideia de que as mulheres seriam naturalmente sensíveis, o que seria agravado pelas mudanças hormonais trazidas pelo tempo. Se por um lado os estereótipos abundavam para criticar Luíza, por outro, a imprensa militante utiliza-se de um tom distinto para apresentá-la:

Para Tereza [Lajolo], a presença das mulheres na Câmara Municipal, neste momento, reflete muito a proposta do seu partido (...). Mas quem faz questão de reforçar essa ideia é Luíza Erundina de Sousa, a segunda mais votada (...), também do PT. Erundina, como Tereza, sente certa dificuldade em se colocar como feminista; Como assistente social do Estado, tem sido uma figura muito importante no Movimento por Creches, dentro da área do funcionalismo público e acredita que “o movimento de mulheres avançou, porque se encontra no bojo dos movimentos populares”. (...) (Mulherio, nº 11, 1983, pp. 4 – 5)

A ideia do texto era expor quem das eleitas se aproximava ou não do feminismo. Além da preocupação com a representatividade, ele buscou se voltar para aquelas que tinham proximidade com movimentos populares. Comparando-a com nossas outras personagens, notamos diferenças. Se Lélia foi apresentada como a atriz candidata do PT, Luíza surge como a líder popular avessa ao feminismo. De toda maneira, a equipe do

Mulherio tinha a preocupação de dar visibilidade às mulheres que atuavam pela política

institucional e pelas ruas. Entretanto, não eram apenas as feministas que falavam de Erundina. Anos antes, o jornal Em Tempo havia publicado a seguinte epígrafe:

No dia 17 de junho último, o prefeito substituto de São Paulo (...) transformava o COBES (...) em Secretaria (...). Trata-se de um plano de controle de natalidade gestado nos corredores palacianos do Maluf e cuja implantação será um passo para planos semelhantes a nível nacional. Aqui, Luíza Erundina, ex-presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais e candidata a vereadora pelo PT da capital fala sobre o Pró-família, defendendo o planejamento familiar consciente como o direito de nós, mulheres, decidirmos

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sobre o nosso próprio corpo, como o direito de decidirmos nossas vidas. (Em Tempo, nº 155, 1982, p. 14)

O texto foi produzido por Maria do Carmo Godinho Delgado. Identificando-se com a candidata, ela diz: “Em 1970, Leila Diniz mostrava a barriga grávida em Ipanema, quebrando um dos tabus que cercam a maternidade, que Luíza considera uma opção”. (Em Tempo, nº 155, 1982, p. 14). Entre os interesses de uma autora feminista e os da redação, a questão de gênero ganhou destaque. Posteriormente, o Em Tempo tratou de sua eleição para a prefeitura de São Paulo, mas para refletir sobre as posições da nova prefeita frente à organização partidária: “a companheira Luíza Erundina apresenta uma visão indiscutivelmente mais à esquerda. Sua ideia central para o PT no governo é “acumular forças para a construção de uma alternativa socialista”” (Em Tempo, nº 227, 1988, p. 5).

GODINHO, Tatau. O significado da vitória de Luíza Erundina. Em Tempo. Ano 11, nº 227, junho 1988. p. 5. São Paulo: Fundo DS, Fundação Perseu Abramo.

Se para a imprensa corporativa Luíza era radical, para esta ela era mais à esquerda. Mesmo assim, há de se lembrar que os redatores do Em Tempo não trataram da feminilidade de Luíza na campanha à Prefeitura. Tais divergências auxiliam-nos a mapear as relações de certos grupos com as mulheres aqui citadas, pois conseguimos observar quem tratava das suas atividades e qual o espaço dado a elas.

Mãe religiosa ou militante política? A imagem de uma deputada entre a elite e as esquerdas

Com uma feminilidade diferente de nossas outras personagens, Irma Passoni atraiu os olhares na imprensa corporativa ao se tornar deputada estadual (1979 – 1983). O Estado de São Paulo publicou uma charge após ela reivindicar um berçário na ALESP após o nascimento de sua filha, Moara Passoni (1979 -). Os traços da caricatura reforçam arquétipos de feminilidade, pois ela é representada de vestido, sapatos de salto e cabelos longos, além de sorridente ao ver que sua filha estava amparada. Tais imagens lembram

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o público de que se trata de uma mãe e que Irma atendia a certos padrões sociais por expor sentimentos vistos como inatos. (O Estado de São Paulo, 19 de maio de 1979, p. 5)

S/A. Irma discursa e Moara descansa. O Estado de São Paulo. São Paulo: 19 de maio de 1979. p. 5. Acervo digital.

A maternidade seria valorizada por uma parcela da sociedade, o que interferiria modo como o jornal a via, contribuindo inclusive com a construção da autoimagem de Irma, na medida em que ela se via como representante das mães trabalhadoras. O texto em questão diz:

Depois de ameaçar deixar sua filha recém-nascida no gabinete da presidência, a deputada Irma Passoni (MDB) conseguiu que o chefe do legislativo paulista, deputado Robson Marinho (MDB), determinasse a instalação de um berçário no Palácio Nove de Julho, inaugurado ontem por Moara, que ali descansou durante toda a tarde, enquanto a mãe, Irma, permanecia em plenário (...). Parlamentares arenistas ironizaram, veladamente, a iniciativa (...). (O Estado de São Paulo, 19 de maio de 1979, p. 5)

Se para alguns a iniciativa da deputada poderia ser vista como a manifestação de

instintos maternos naturais, outros acreditavam que aquilo era desnecessário. Essa

percepção estaria amparada na ideia de que as casas legislativas (e a política) seriam masculinas e que não deveriam atender às necessidades das mulheres que ali circulavam. Mesmo assim, Irma (como outras mães) seria cobrada pelo tempo que dedicava aos filhos (BADINTER, 2011). Vale salientar que apesar da iniciativa de Passoni, o texto atribui ao presidente da ALESP o crédito pela instalação da creche, entendendo o homem como a liderança e silenciando o trabalho da parlamentar. Em outros momentos a atuação de Irma serviu para reforçar sua feminilidade. O jornal Última Hora, por exemplo, escreveu:

A aprovação pelo Plenário da Câmara, do projeto que cria o Conselho da Mulher, motivou uma inédita e ruidosamente feminina comemoração, de um grupo diretamente envolvido na mobilização em torno da matéria. Junto ao plenário foram servidas duas garrafas de champanha, uma das quais só a muito custo foi aberta. A vice-líder do PT, Irma Passoni, não conseguiu retirar a rolha. Várias das presentes sugeriram que “chamassem um homem”. (Última Hora, 15 de agosto de 1985)

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A ideia de que elas não poderiam abrir uma garrafa reforça estereótipos. Entendendo que era um evento feminino, o jornal diz que elas tiveram dificuldade, pois era uma tarefa masculina. Como vimos anteriormente, a feminilidade de Irma seria reforçada ainda pelo seu status de mãe e casada, o que poderia ser acrescido da sua religiosidade. Para a imprensa, Irma seria mais feminina que outras mulheres, mas sua militância romperia em parte com essa imagem na medida em que teria uma agenda para além dos cuidados domésticos, o que não diferia de outras mulheres (BIROLI, 2018, pp. 47 – 48), mas era mesmo assim visto como um diferencial. Diferente de Lélia e Luíza, seu corpo não é analisado, o que talvez seria decorrente da sua atuação religiosa, aqual poderia conferir-lhe uma aura de sacralidade em muito associada à figura de Maria, ícone maior de um ideal de feminilidade surgido na Europa (VASCONCELOS, 2006, pp. 29 – 30). Todavia, se Irma representa a mulher casada, de classe média e mãe, também é a militante e, assim, se tornaria menos branca aos olhos de uma parcela da sociedade paulista por romper com o esperado de sua posição racial (SCHUCMANN, 2012). Tal imaginário não deixou de aparecer em outros momentos. O jornal O Estado de São Paulo, por exemplo, denunciou em 1984 que:

Os jornais e as emissoras de rádio e televisão de São Paulo receberam, há dias, telefonema da sra. Deputada Irma Passoni (...) informando-os de que aproximadamente mil trabalhadores tinham invadido a Secretaria Municipal de Transportes e que só a deixariam depois que o titular da pasta (...) atendesse a uma reivindicação constante da criação de uma linha de ônibus (...). Por estranho que pareça, a sra. Deputada simplesmente mentia. Ao seu lado estavam cerca de 30 moradores de alguns bairros periféricos e nenhuma secretaria municipal tinha sido invadida. (...) (O Estado de São Paulo, 5 de setembro de 1984, p. 12)

O Estado de São Paulo via com desconfiança a proximidade de parlamentares com movimentos sociais. Dessa maneira, se para algumas pessoas ela era a mãe religiosa, para outras, sua imagem seria desqualificada a partir da sua militância. Além do mais, essa representação a faria perder posições nas hierarquias sociais de feminilidade (ao sair de sua casa) e de branquitude (por se afastar de padrões de classe e estética europeias). De qualquer forma, Irma foi pautada pela sua maternidade e militância, o que não deixou de ser apropriado por ela ao se colocar como mãe, trabalhadora e moradora da periferia. Ela seria moldada por padrões de gênero (como o celibato religioso e a gravidez), mas ocuparia espaços de poder. Ela igualmente atende a uma estética europeia (pele clara e

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olhos azuis), mas não está próxima dos círculos onde esse fenótipo é majoritário (a elite). Mas vejamos como ela foi citada pela imprensa militante.

Na primeira vez em que foi mencionada pelo jornal Mulherio, Irma foi questionada se “política é coisa de mulher” (Mulherio, nº 3, 1981, p. 16). A ideia das redatoras era de apresentar a posição de diferentes militantes sobre o tema. Nesse texto, ela é apresentada como uma defensora da inserção de mulheres na política institucional e fala de como esta interfere no cotidiano daquelas que precisavam cuidam de casa. Assim, tanto a militância do PT quanto as redatoras do Mulherio poderiam ver com bons olhos a atividade de Irma na medida em que reconheciam e valorizavam sua trajetória. Seguindo a edição:

Irma Passoni, candidata a deputada federal pelo PT-SP.

Pedagoga, Irma foi eleita deputada estadual pelo MDB, em São Paulo, em 1978, depois de ter-se destacado por sua atuação no Movimento Contra a Carestia. Durante seu mandato, continuou sempre presente nas lutas populares por reivindicações salariais, por água, luz e moradia. Atua junto aos clubes de mães da periferia da cidade. (Mulherio, nº 9, 1982, p. 9)

S/A. Irma Passoni, candidata a deputada federal pelo PT – SP. Mulherio. Ano 2, nº 9, setembro – outubro 1982. p. 9. São Paulo: Coleção Mulherio, CEDEM – UNESP.

O Movimento Contra a Carestia surge para distinguir a atuação de Irma, tornando-se constituinte da sua imagem. Sua formação acadêmica e profissional pode ter sido utilizada para reforçar seu vínculo com alguns setores profissionais. Esses dados são complementados pela sua atuação na periferia e as demandas por infra-estrutura e mobilidade. Apesar do tom elogioso das matérias e da fotografia sorridente, as desconfianças não deixam de surgir em outros momentos. Em uma matéria sobre a Constituinte, por exemplo, foi dito:

Para Irede Cardoso, nenhuma mulher com propostas feministas foi eleita por São Paulo para o Congresso Constituinte. “Tutu Quadros é herdeira da máfia janista”, afirma, “Bete Mendes não passa de uma artista da Globo e a Irma Passoni só agora está se sensibilizando para a questão”. (...) Irma mostra-se acessível, a despeito de suas ligações com a Igreja – uma entidade de um machismo cruel (...) (Mulherio, nº 27, 1986, p. 12)

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A despeito do trabalho junto aos movimentos de mães, o passado religioso de Irma causava desconforto para o jornal. Apesar das tensões, Fabíola Rohden (1997) escreve que as religiosas também vinham conversando com as feministas. Assim, elas não eram totalmente antagônicas, mas convergiam ou divergiam de acordo com a pauta. Para os trotskistas do Em Tempo, ela foi apresentada em uma matéria de página inteira para falar dos movimentos da periferia(Em Tempo, nº 109, 1980. p. 6). Mesmo com a preocupação em apresentar demandas de gênero (KAREPOVS, 2007), o Em Tempo e a Democracia Socialista não estavam isentos de invisibilizar aquelas que levantavam essas bandeiras, pois a imprensa militante não deixou de reproduzir opressões como as que e vimos nos jornais de grande circulação (BARRERO JUNIOR, 2015, pp. 86 – 87). Entretanto, os interesses eram distantes e aquilo que para uns seria um problema, para outros era uma virtude.

Considerações Finais

De uma forma ou de outra, Lélia, Luíza e Irma foram apresentadas ao público de maneiras distintas. Se a imprensa corporativa tinha seus interesses, a militante não era diferente. Abramo foi representada para a primeira como a filha de italianos que se tornou uma estrela (trazendo para si uma série de imaginários acerca desse trabalho). Luíza foi mais de uma vez masculinizada e satirizada, exposta como radical e avessa à feminilidade. Irma, por sua vez, era lembrada pela sua maternidade e pelo passado em uma ordem religiosa. Já os impressos militantes destacaram a militância dessas três mulheres em movimentos sociais e no PT, valorizando suas trajetórias profissionais e políticas e apresentando-as ao seu eleitorado.

Vale ressaltar também as diferenças nos enquadramentos fotográficos. Lélia era vista pela estética e pela finesse de suas roupas e penteados de um lado e como a companheira de partido do outro. Luíza aparece séria e enrijecida para a imprensa corporativa e sorridente e carismática para a militância. Já Irma é a mãe zelosa e barulhenta para uns e a deputada representante das mulheres e dos movimentos da periferia para outros. As expressões faciais escolhidas para compor os textos desses jornais também não foram escolhidas por acaso, mas servem para passar uma mensagem a quem as vê (LUCA, 2006). Assim, um rosto sério pode servir para afastar as pessoas da

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mesma forma que um sorriso as aproximaria, bem como um enquadramento no vestuário poderia atrair (ou distanciar) as elites enquanto uma imagem de simplicidade chamaria a atenção da militância. Seja como for, certos imaginários coletivos serviram para compor essas três pessoas e reforçar estereótipos, os quais poderiam servir tanto para criticá-las quanto para exaltá-las.

Fontes:

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S/A. Política é assunto de mulher? Mulherio. Ano 1, nº 3, setembro – outubro 1981. S/A. Tentando participar da gestão do poder. Mulherio. nº 7, julho – agosto 1982. p. 10. S/A. Irma Passoni, candidata a deputada federal pelo PT – SP. Mulherio. Ano 2, nº 9, setembro – outubro 1982.

SILVEIRA, Santamaria. A nova cara da Constituinte. Mulherio. Ano 7, nº 27, dezembro 1986 – fevereiro 1987.

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FONTA, Sérgio. Mercado. Jornal de Ipanema. Rio de Janeiro: janeiro de 1975. Recorte de Jornal, Acervo pessoal de Lélia Abramo.

S/A. Lélia Abramo: a atriz e líder sindical. Diário da Noite. São Paulo: 2 de junho de 1978. Recorte de Jornal, Acervo pessoal de Lélia Abramo.

NAIM, Maria Cecília. Projeto de Lélia defende idoso. Gazetta d’Italia. São Paulo: fevereiro de 1992. Recorte de Jornal, Acervo pessoal de Lélia Abramo.

S/A. O país depende dos trabalhadores. Jornal do Metalúrgico. n º 4, novembro – dezembro 1978. Recorte de Jornal, Acervo Pessoal de Lélia Abramo.

MIRANDA, Jorge de Sá. Lélia Abramo, uma crítica contundente. Unidade. 1997. Recorte de Jornal. p. 10. Recorte de Jornal, Acervo Pessoal de Lélia Abramo.

Fundação Perseu Abramo:

BAVA. Silvio Caccia. O PT e as lutas populares. Em Tempo. Ano 3, nº 109, 3 a 16 de julho de 1980.

GODINHO, Tatau. O direito de decidirmos nossas vidas. Em Tempo. Ano 6, nº 155, de 29 de julho a 11 de agosto de 1982.

GODINHO, Tatau. O significado da vitória de Luíza Erundina. Em Tempo. Ano 11, nº 227, junho 1988.

S/A. Lula 82. Em Tempo. Ano 4, nº 143, de 28 de janeiro a 11 de fevereiro de 1982.

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S/A. Comemoração. Última Hora. Brasília: 15 de agosto de 1985. São Paulo: Acervo Pessoal de Irma Passoni.

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S/A. Irma discursa e Moara descansa. O Estado de São Paulo. São Paulo: 19 de maio de 1979. p. 5.

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Referências

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