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Informativos do TST - Parte 2

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Informativos do TST - Parte 2

Atualizado em 21 de Março de 2021

Informativo 232, TST:

Recurso ordinário em mandado de segurança. Ação de natureza constitucional. Legislação específica. Ausência de disposições acerca da justiça gratuita à pessoa natural. Declaração de hipossuficiência. Matéria disciplinada pela legislação processual civil.

O silêncio na legislação específica que trata do mandado de segurança, a respeito de parâmetros para concessão da gratuidade da justiça, impõe a adoção supletiva da legislação processual comum (CPC, art. 1.046, § 2o), não se cogitando, por conseguinte, de aplicação de disposições da legislação processual do trabalho, notadamente da Lei 13.467/2017, ainda mais quando a matéria discutida no writ for administrativa. Assim, o deferimento do benefício da justiça gratuita à pessoa natural, em mandado de segurança, demanda apenas que o interessado declare, sob as penas da lei, a impossibilidade de pagar as custas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família (art. 99, § 3o, do CPC de 2015).

Ação anulatória. Nulidade de cláusula de acordo coletivo de trabalho celebrado por sindicato ilegítimo. Fixação de piso salarial inferior ao previsto em convenção coletiva de categoria diferenciada. Compensação de diferenças salariais com vantagens estabelecidas em acordo coletivo. Natureza declaratória da ação anulatória. Teoria do conglobamento. Impossibilidade. Princípio da unidade sindical.

A SDC, por maioria, em recurso ordinário em ação anulatória, negou à entidade patronal o direito à compensação de diferenças salariais decorrentes da inobservância de piso salarial de categoria diferenciada, estabelecido em convenção coletiva, com vantagens decorrentes de acordo coletivo genérico celebrado por sindicato ilegítimo. No caso, o Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares em Radiologia, Diagnóstico por Imagem e Terapia no Estado de São Paulo -SINTARESP propôs ação anulatória em que requereu a declaração de nulidade da cláusula do ACT firmado entre a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santo André e o Sindicato dos Auxiliares de Enfermagem, Técnicos de Enfermagem e

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Demais Empregados em Estabelecimentos Privados e Filantrópicos de Saúde e em Empresas que Prestam Serviços de Saúde – SINDABCDMRPRGS, que fixou o piso salarial dos técnicos em radiologia em patamar inferior ao estabelecido em CCT celebrada pelo sindicato autor com o Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo – SINDHOSFIL.

Ação rescisória. Pensão. Vinculação ao salário mínimo. Ofensa ao art. 7o, IV, da Constituição Federal. Não ocorrência.

Com base na interpretação do art. 7o, IV, da CF e da Súmula Vinculante no 4 do STF, esta Corte reconhece a impossibilidade de vinculação do salário mínimo como fator de correção do pensionamento, apenas sendo admitida a fixação do montante inicial da pensão em múltiplos ou fração do salário mínimo. Ocorre que, consoante o entendimento do STF (a exemplo: RE 140940; RE 603496 AgR; ARE 927235 AgR), a utilização do salário mínimo como base de cálculo e atualização de pensão deferida a título de indenização por ato ilícito, constatado no feito originário, não viola o art. 7o, IV, da CF. Na espécie, conforme decisão rescindenda de primeiro grau, foi determinada a utilização do salário mínimo como fator de correção dos valores devidos a título de pensionamento vitalício, a ser pago em parcela única. Recurso ordinário em ação rescisória. Responsabilidade civil do empregador. Acidente do trabalho. Não observância das normas de segurança do trabalho. Configuração de culpa. Art. 7o, XXVIII, da CF.

Esta Corte tem entendimento predominante no sentido de que a inobservância das normas de segurança do trabalho configura culpa para efeitos de responsabilização civil subjetiva. No caso, conforme registrado no acórdão rescindendo, restou evidenciada a culpa da empresa por não ter observado as normas de segurança do trabalho. Destarte, não se trata de hipótese de responsabilização objetiva, mas sim subjetiva. Incólume, portanto, o art. 7°, XXVIII, da Constituição Federal.

Recurso ordinário em agravo regimental em mandado de segurança da litisconsorte passiva necessária. Suspensão da Carteira Nacional de Habilitação – CNH. Retenção de passaporte. Artigos. 8o e 139, IV, do CPC de 2015. Ofensa a direito líquido e certo.

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Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato que determinou a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do passaporte do executado, pois não foram encontrados meios para a satisfação do crédito exequendo. O artigo 139, IV, do CPC de 2015 tem aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho, nos termos da Instrução Normativa no 39/2016 do TST. Contudo, a sua aplicação exige cautela, porque implica em restrição ao direito fundamental de ir e vir do executado. No caso, a medida é desproporcional e sem afinidade com a obrigação do pagamento de créditos trabalhistas, pois não há garantia de que a restrição dos direitos, determinada pela autoridade coatora, viabilizará de forma eficiente a probabilidade de adimplemento do débito trabalhista. Portanto, não se percebe a relação de causa e efeito entre a aplicação da medida coercitiva pleiteada pela reclamante e o pagamento da dívida.

Mandado de segurança. Não cabimento. Execução. Decisão que rejeita o pedido de remição de dívida apresentado pela executada após a assinatura do auto de arrematação do bem imóvel. Existência de medidas processuais idôneas para ataque da decisão. Orientação Jurisprudencial no 92 da SBDI-II do TST.

Não é cabível o manejo de mandado de segurança para impugnar decisão que rejeita o pedido de remição de dívida apresentado pela executada após a assinatura do auto de arrematação do bem imóvel. O direito subjetivo à remição apenas se convalida se exercido antes da alienação dos bens penhorados (art. 926 do CPC), revelando-se preclusos os requerimentos formulados após a assinatura do auto de arrematação, salvo se vinculados à existência de vício processual para o próprio exercício do direito à remição (art. 903, caput e § 1o, I, do CPC). De outro lado, a alegação de excesso de execução deve ser deduzida nos momentos processuais adequados, seja no prazo previsto para o contraditório contábil prévio (art. 879, § 2o, da CLT), seja naquele indicado para ataque à sentença de liquidação (art. 884, § 3o, da CLT). Portanto, havendo no ordenamento jurídico medidas processuais idôneas para corrigir a suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada como coatora, revela-se incabível a impetração do mandamus.

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Dissídio coletivo de greve. Petrobras. Greve de cunho eminentemente político. Abusividade. Descumprimento da liminar. Aplicação de multa.

É possível reconhecer a abusividade da greve quando a motivação explicitamente revelada é de natureza política, e não trabalhista. No presente caso, os motivos elencados para o movimento paredista foram a “redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha”, a “manutenção dos empregos e retomada da produção interna de combustível”, o “fim das importações da gasolina e outros derivados do petróleo” e a “demissão do Sr. Pedro Parente da Presidência da Empresa”, o que bem denota o caráter eminentemente político do movimento grevista.

Conflito negativo de competência. Competência territorial. Modificação do foro requerida pelo reclamante, com aquiescência da reclamada. Ausência de oposição de exceção de incompetência. Inadmissibilidade.

É incabível a modificação da competência territorial, ainda que com a aquiescência expressa das partes, ante a não oposição da exceção de incompetência em momento oportuno. Opera-se a preclusão consumativa para o reclamante, com a eleição do foro para o ajuizamento da ação, e a preclusão lógica e temporal para a reclamada, ante o decurso do prazo para oposição de exceção. Trata-se de critério objetivo de perpetuação da jurisdição (art. 43 do CPC), que decorre do postulado do juiz natural (art. 5o, LIII, da CF), visto não se admite a transação processual prevista no art. 190 do CPC no processo do trabalho (art. 2o, II, da IN/TST 39/2015).

“[...] DISPENSA DE EMPREGADOS QUE NÃO PARTICIPARAM DA GREVE. VALIDADE. No caso concreto, os empregados dispensados não aderiram ao movimento grevista. Não houve dispensa de empregados grevistas e sequer de dirigentes sindicais. Não há no ordenamento jurídico disposição expressa de que o empregador não possa demitir empregados que trabalharam no período de greve, não aderindo ao movimento paredista. A Lei no 7.783/1989 assegura garantia de emprego somente aos grevistas durante a greve, que, nos termos do art. 2o do referido diploma, caracteriza-se como a “suspensão coletiva, temporária e pacífica,

total ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador”. Diante da

ausência de vedação legal ao ato de dispensar empregados que não participaram de greve, bem assim de não ocorrência de atitude antissindical ou discriminatória no caso concreto, é certo afirmar que as demissões realizadas são válidas e se

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encontram dentro do direito potestativo do empregador de resilir os contratos de trabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e não provido.” (TST-RR-1002152-11.2016.5.02.0083, 8a Turma, rel. Dora Maria da Costa, julgado em 9/12/2020.

Informativo 230, TST:

Dano moral coletivo. Atraso reiterado no pagamento de salários e FGTS. Indenização devida.

A sistemática e reiterada ausência de recolhimento de FGTS e o atraso reiterado no pagamento de salários implicam em lesão significativa que ofende (in re ipsa) a ordem jurídica, ultrapassando a esfera individual. As empresas que se lançam no mercado, assumindo o ônus financeiro de cumprir a legislação trabalhista, perdem competitividade em relação àquelas que reduzem seus custos de produção à custa dos direitos mínimos assegurados aos empregados. Estas empresas prejudicam seus empregados e tencionam, para pior, as condições de vida de todos os trabalhadores que atuam naquele ramo da economia, além de compelir o bom empregador a sonegar direitos trabalhistas como condição para a sobrevivência no mercado, cada vez mais marcado pela competição. No caso dos autos, não consta que a inadimplência tenha se dado por crise econômica da empresa, de modo que a deliberada e reiterada desobediência à legislação trabalhista ofende a população e a Carta Magna, que tem por objetivo fundamental construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3°, I, da CF). Tratando-se de lesão que viola bens jurídicos elementares do contrato de trabalho, indiscutivelmente caros a toda a sociedade, surge o dever de indenizar, sendo cabível a reparação por dano moral coletivo (arts. 186 e 927 do CC e 3° e 13 da LACP).

Mandado de segurança. Impetrante como credor em autos de execução coletiva. Penhora no rosto dos autos. Pretensão de apreensão de eventual crédito da empresa devedora decorrente de depósito recursal efetivado em autos distintos. Possibilidade. Direito líquido e certo.

Havendo pluralidade de credores, os arts. 908, §§ 1o e 2o, e 909 do CPC dispõem que o produto da alienação do bem expropriado do patrimônio do devedor será

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distribuído entre eles, observando-se a ordem de preferência e a anterioridade das penhoras. Ressalte-se que o critério da anterioridade das penhoras ganha destaque ainda maior quando da existência de créditos de mesma hierarquia. Nesse contexto, registrar penhora em autos de execução coletiva, mas indeferir pretensão de credor de “penhora no rosto dos autos” de reclamação trabalhista em fase de conhecimento, com intuito de indicar eventual crédito do devedor decorrente de depósito recursal efetivado, configura violação a direito líquido e certo, ainda que o objeto da penhora seja relativo a direito presente ou futuro do devedor. Não se pode negar a formalização da penhora ao credor diligente que, oportunamente, postula a respectiva apreensão no rosto dos autos, nos termos do art. 860 do CPC.

Agravo de instrumento em recurso ordinário. Irregularidade de representação processual. Ausência de procuração do advogado subscritor do recurso ordinário interposto eletronicamente. Impossibilidade de concessão de prazo para saneamento.

O Tribunal Regional negou seguimento a recurso ordinário interposto pela agravante por irregularidade de representação processual. Com efeito, trata-se de pressuposto recursal indispensável, cuja inobservância inviabiliza o conhecimento do recurso. Apesar de o advogado subscritor do recurso estar regularmente habilitado para a utilização do sistema eletrônico, esta autorização não substitui o instrumento de procuração para ingresso do advogado nos autos, assim como também não pode ser admitida como mandato tácito. Ademais, a concessão de prazo para a parte sanar o vício, conforme previsão contida no art. 76 do CPC de 2015 e na Súmula 383 do TST, somente é possível quando constatada irregularidade no instrumento de procuração ou substabelecimento já constante nos autos.

Recurso ordinário em ação rescisória. Art. 966, V, do CPC/15. Município de São Joaquim da Barra. Educadora infantil. Diferenças salariais decorrentes do descumprimento do piso salarial. Inocorrência de reenquadramento funcional ou equiparação salarial. Inexistência de contrariedade às súmulas vinculantes no 37 e 43. Precedentes do STF. Violação do art. 37, II, X, XIII e § 2o, da CF/88 afastada.

A SBDI-II, por maioria, concluiu que a decisão que julga procedente a pretensão de diferenças salariais decorrentes da aplicação do piso salarial imposto pela lei do magistério do município de São Joaquim da Barra-SP (Lei Municipal no144/2009), que incluiu o cargo de educadora infantil no Plano de Carreira do Magistério Público

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Municipal, não viola o disposto no art. 37, II, X, XIII e § 2o, da CF/88 nem contraria o disposto nas súmulas vinculantes nos37 e 43 do STF. Consignou-se não ser o caso de transposição de regime jurídico nem de provimento derivado de cargo sem préviaaprovação em concurso público, pois houve somente a alteração do nome do cargo de “babá” para “educadora infantil”, pela Lei Municipal no 56/2008, registrando-se que a reclamante foi aprovada em concurso público para o cargo de “babá”, sob o regime celetista, e que já era exigido como requisito para a ocupação do aludido cargo a formação em pedagogia. Além disso, salientou-se que não houve ofensa à regra do concurso público, visto que não ocorreu a transformação do cargo de educadora infantil (“babá”) em cargo diverso (professora). Destacou-se também não se tratar de hipótese de concessão de aumento ou equiparação salarial com base no princípio da isonomia, mas de pagamento de diferenças salariais decorrentes da inobservância do piso salarial. Além disso, consignou-se que o STF, em diversas Reclamações Constitucionais propostas pelo município de São Joaquim da Barra, tem afastado a alegação de contrariedade às súmulas vinculantes nos37 e 43.

Mandado de segurança. Auxílio-doença acidentário. Dispensa por justa causa. Efeitos. Rescisão imediata do contrato de trabalho.

O empregado que comete falta grave pode ser demitido no curso da fruição do benefício previdenciário, concretizando-se imediatamente os efeitos da dispensa por justa causa, ainda que o contrato de trabalho esteja suspenso. No caso, impetrou-se mandado de segurança contra decisão que, em antecipação de tutela, determinou o restabelecimento de plano de saúde e o pagamento de complemento do benefício previdenciário de empregado que foi dispensado por justa causa no gozo de auxílio-doença acidentário.

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Mandado de segurança. Concurso público. Pessoa portadora de deficiência física. Deficiência auditiva unilateral total. Vaga reservada para portadores de necessidades especiais. Caracterização. Direito líquido e certo.

O art. 4o, II, do Decreto no 3.298/1999 estabelece que a deficiência auditiva, para efeito de enquadramento nas disposições da Lei n.o 7.853/89, seja a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis ou mais. Contudo, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada ao ordenamento jurídico com

status de emenda constitucional pelo Decreto no 6.949/2009, define as pessoas

portadoras de deficiência como sendo “aquelas que têm impedimentos de longo

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. No caso, a

Impetrante, portadora de anacusia unilateral (deficiência auditiva unilateral), enquadra-se no conceito de deficiência trazido pela convenção, pois é inegável que sua disfunção auditiva constitui elemento de obstrução quanto à sua participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade com os demais. Nesse diapasão, o art. 4o, II, do Decreto no 3.298/1999 estabelece restrição que colide com a norma de equivalência constitucional, não sendo recepcionada pela ordem constitucional estabelecida por meio do Decreto no 6.949/2009. Desse modo, a Impetrante possui direito líquido e certo ao empossamento no cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária, em vaga destinada aos portadores de necessidades especiais.

Ação rescisória. Contrato de cessão de direitos com cláusula de permanência e penal. Garantia de emprego. Natureza trabalhista. Dispensa antes do período de permanência estipulado no contrato de cessão de direitos. Descumprimento do pactuado. Execução de cláusula penal. Competência da Justiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pretensão de pagamento de multa estipulada em cláusula penal decorrente de descumprimento de cláusula de permanência no emprego, ambas previstas em contrato de cessão de direitos de natureza civil.

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Recurso ordinário em ação rescisória. Defensoria Pública. Justiça do Trabalho. Substituição processual. Defensoria Pública do Estado do Amazonas. Ilegitimidade ativa ad causam.

A Defensoria Pública é composta pela Defensoria Pública da União, Defensoria Pública dos Estados e Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios, cada qual com seu rol específico de atribuições. Nos termos do art. 14 da Lei Complementar n.o 80, a legitimação para atuar na Justiça do Trabalho, como substituto processual, é da Defensoria Pública da União. Há a possibilidade, autorizada pelo § 1o do citado dispositivo legal, de as Defensorias Públicas dos Estados atuarem em nome da Defensoria Pública da União nos órgãos de primeiro e segundo graus de jurisdição, desde que haja convênios específicos para esta finalidade. Dessa forma, conclui-se que a Defensoria Pública do Estado do Amazonas, ora autora, não possui legitimação extraordinária para postular, em nome próprio, direitos pertencentes a trabalhadores atingidos pelos efeitos da decisão rescindenda, seja porque sua atuação neste feito não se deu no âmbito da jurisdição estadual, seja porque não consta dos autos registro de convênio celebrado entre a autora e a Defensoria Pública da União, de modo a autorizá-la a atuar na Justiça do Trabalho.

Recurso Ordinário. Agravo Interno. Deserção. Regimento Interno de Tribunal Regional que impõe recolhimento de custas processuais. Inexigibilidade. O Agravo Interno tem por escopo submeter ao colegiado o exame de decisão unipessoal do relator, tratando-se de apelo interposto no âmbito do próprio tribunal, que não gera qualquer custo extra ao Estado de forma a justificar a exigência de recolhimento de custas processuais. Ademais, o Regimento Interno de Tribunal Regional do Trabalho, ao estabelecer como pressuposto de admissibilidade recursal o recolhimento das custas processuais, acaba por impor exigência que não encontra amparo legal.

Informativo 228, TST:

Agravo. Embargos. Recolhimento da multa do art. 1.021, §4o, do CPC. Requisito objetivo para admissibilidade do recurso de embargos. Ausência de comprovação tempestiva. Deserção.

O recolhimento da multa do art. 1.021, § 4o, do CPC é requisito objetivo de admissibilidade do recurso de embargos e a inobservância do prazo para sua comprovação implica deserção. Assim, o recolhimento da multa, com a respectiva

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comprovação, deve-se dar no prazo estipulado para a interposição do recurso. No caso, o recolhimento da multa imposta pela Turma julgadora foi realizado dentro do prazo para interposição do recurso de embargos, contudo, sua comprovação deu-se apenas quando da interposição do agravo interno. O princípio da primazia da resolução do mérito e o da instrumentalidade das formas não autorizam que todo e qualquer vício sejam sanados, sob pena de se causar insegurança jurídica e de se subverter a natureza dos atos processuais. Ademais, há de se observar a natureza sancionatória da multa em comento, que tem o intuito de coibir a interposição de recursos protelatórios e a quebra do dever de cooperação e boa-fé processual, não se admitindo qualquer flexibilização. Aplica-se, por analogia, o disposto no art. 7o da Lei no 5.584/70, bem como o entendimento da Súmula no 245 do TST.

Fichas financeiras. Comprovação de pagamento do salário. Idoneidade como meio de prova.

É válida, como meio probante de pagamento do salário, a apresentação de fichas financeiras da empresa. A despeito do que prevê a CLT no caput do art. 464, segundo o qual, o pagamento do salário deve ser feito mediante recibo, sabe-se que o empregador, comumente, realiza o pagamento dos salários de seus empregados por meio de depósito bancário, conforme autorizado pelos arts. 464, parágrafo único, e 465 da CLT. Assim, pode o empregador comprovar o pagamento de salários por outros meios de prova, tais como as fichas financeiras da empresa. Embargos. Recurso de revista. Dano existencial. Jornada excessiva. Ausência de prova do prejuízo. Impossibilidade de presunção do dano.

A realização de jornada excessiva habitual não enseja, por si só, o pagamento de indenização por dano existencial. Com efeito, o dano existencial não é presumível, de forma que não se pode extrair, automaticamente, da comprovação de prestação de horas extraordinárias, que as relações sociais do trabalhador foram rompidas ou que seu projeto de vida foi atingido, sendo imprescindível a demonstração inequívoca do prejuízo sofrido.

Arguição de inconstitucionalidade. Art. 896-A, § 5°, da CLT. Dispositivo que disciplina a irrecorribilidade da decisão monocrática que denega seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista por ausência de transcendência. Declaração de inconstitucionalidade. Violação dos princípios

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da colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da isonomia e da proteção da confiança. Impedimento de exame da matéria objeto do apelo pelo STF. Incongruência dos procedimentos adotados pela lei no julgamento de recursos de revista e agravos de instrumento. Não razoabilidade da interpretação literal. Possibilidade de interposição de agravo interno, no caso concreto.

É inconstitucional o § 5o do art. 896-A da CLT, que dispõe ser “irrecorrível a decisão

monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria”, admitindo-se, no caso concreto, a

interposição de agravo interno contra a decisão monocrática do relator que denegou seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, por ausência de transcendência da causa. Na espécie, declarou-se a inconstitucionalidade do referido dispositivo, por considerar que ele viola os princípios da colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da isonomia e da proteção da confiança. Além disso, destacou-se que a interpretação literal do art. 896-A, § 5 , da CLT mostra-se desarrazoada, visto que a atribuição de um caráter definitivo e terminativo à decisão unipessoal do relator, além de impedir uma análise futura da matéria controvertida pelo Supremo, de ser contrário à jurisprudência do STJ e do STF e de revelar uma incongruência entre os procedimentos adotados para análise da transcendência em sede de recursos de revistas e de agravos de instrumento – já que em relação à decisão unipessoal do relator proferida em sede de recurso de revista cabe impugnação via interposição de agravo interno –, acabaria inserindo obstáculos ao exercício da competência legal reservada às Turmas do TST e até dificultaria a fixação de precedentes pela própria Corte Especializada, ante a ausência de fixação de parâmetros objetivos para o reconhecimento da transcendência e a atribuição de elevado grau de subjetividade por cada relator. Sob esse entendimento, decidiu o Tribunal Pleno, por maioria, acolher o incidente de arguição de inconstitucionalidade do artigo 896-A, § 5o, da CLT, suscitado pela 7a Turma, admitindo, no caso concreto, a interposição de agravo interno contra a decisão unipessoal do relator, que negou provimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, por ausência de transcendência da causa; e comunicar o teor da decisão à Comissão de Regimento Interno do TST, a fim de que adote providências acerca do artigo 248 do Regimento Interno do TST, que reproduz o conteúdo daquela norma.

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Informativo 227, TST:

Ação anulatória. Cláusula de custeio de clínica médica. Contribuição patronal repassada diretamente para o sindicato representante da categoria profissional. Invalidade. Autonomia sindical.

É inválida a cláusula que estabelece, a qualquer título, contribuições a serem pagas pelo empregador diretamente ao sindicato profissional. Entende a SCD que essas cláusulas revelam intervenção patronal no sindicato, de forma direta ou indireta, afrontando o princípio da autonomia sindical, previsto no art. 8o, III, da Constituição Federal, e contrariando as disposições constantes do art. 2o da Convenção no 98 da OIT. Desse modo, deve ser mantida a decisão do Regional que declarou nula a cláusula que, objetivando subsidiar o custeio da clínica médica, estabelece contribuição a ser paga diretamente pelas empresas ao sindicato da categoria profissional.

Embargos. Recurso de Revista. Registros de atestados médicos na CTPS. Violação ao direito de personalidade. Dano moral reconhecido. Indenização devida.

A SBDI-1, por unanimidade, conheceu do recurso de Embargos e, no mérito, por maioria, vencidos os Ministros Breno Medeiros, Alexandre Luiz Ramos, João Batista Brito Pereira e Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, deu-lhe provimento para restabelecer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por dano moral decorrente de registros de atestados médicos na CTPS. Na ocasião, asseverou-se que há expressa disposição legal acerca de todas as anotações que devem constar da CTPS (arts. 29 a 34 da CLT), sendo expressamente vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua carteira de trabalho, nos termos do §4o do art. 29 da CLT. No mesmo sentido, o art. 8o da Portaria no 41 de 28 de março de 2007 do Ministério do Trabalho e Emprego dispõe ser “vedado ao empregador efetuar anotações que possam causar dano à

imagem do trabalhador, especialmente referentes a sexo ou sexualidade, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, idade, condição de autor em reclamações trabalhistas, saúde e desempenho profissional ou comportamento.” Assim,

entendeu-se que, além de não haver ordem legal exigindo a anotação na CTPS dos atestados médicos apresentados para justificar licenças e faltas ao

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emprego, a conduta da reclamada ultrapassou o seu poder diretivo, visto que esse tipo de registro gera um impacto negativo à imagem do empregado nas contratações futuras, diante da possibilidade de o trabalhador ser considerado menos saudável ou assíduo do que os demais candidatos à vaga no emprego, violando seu direito de personalidade. TST-E-RR-8-22.2013.5.20.0007, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, 15/10/2020.

Ação rescisória. Depósito prévio. Procedência parcial da reclamação trabalhista. Valor da causa. Observância do montante pecuniário correspondente à parte da decisão submetida ao corte rescisório.

O valor da causa atribuído à ação rescisória em que se pretende rescindir fração específica da coisa julgada deve ser fixado de maneira a corresponder ao exato alcance dos pedidos submetidos ao corte rescisório. Dessa forma, nas situações em que o reclamante sucumbiu em parte no julgamento da reclamação trabalhista, o valor da causa deve observar o montante pecuniário dos direitos inscritos nos capítulos da decisão que se pretende desconstituir, sob pena de se atribuir à parte ônus pecuniário excessivo e desproporcional, decorrente da ampliação indevida da base de cálculo para a realização do depósito prévio.

Mandado de segurança. Execução. Apreensão de Carteira Nacional de Habilitação - CNH. Medida atípica. Observância de pressupostos para aplicação. Análise do caso concreto. Ausência de ofensa a direito líquido e certo.

Trata-se de mandado de segurança impetrado contra decisão de primeiro grau, que determinou a suspensão e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do executado, pois não foram encontrados meios para a satisfação do crédito exequendo. A adoção de medidas coercitivas atípicas (art. 139, IV, do CPC de 2015) é admissível no processo do trabalho, conforme o art. 3o, III, da IN no 39 do TST. Contudo, a sua aplicação deve observar alguns pressupostos, como a ausência de patrimônio do devedor para quitar débitos trabalhistas, aferida após a utilização de todas as medidas típicas sem sucesso; decisão fundamentada, considerando as particularidades de cada caso, especialmente a conduta das partes; contraditório, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade e eficiência.

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infrutíferas. Ademais, o impetrante não forneceu endereço correto para ser localizado no processo de execução, mas, atuava por advogado, quando conveniente. Outrossim, o executado afirmou não possuir carro e não especificou sua atividade profissional de modo a necessitar da CNH.

Portanto, no caso concreto, a decisão foi prolatada de maneira fundamentada e a determinação de apreensão da CNH não é abusiva, tampouco fere direito líquido e certo. Não há restrição ao direito de ir e vir, estando correta a decisão Regional que denegou a segurança e manteve a ordem de suspensão e recolhimento da CNH.

Recurso ordinário em ação rescisória. Acórdão recorrido decidido por maioria. Ausência de juntada das razões de voto vencido. Art. 941, § 3o, CPC/2015. Nulidade absoluta. Desnecessidade de demonstração de prejuízo.

A ausência de juntada das razões de voto vencido no acórdão recorrido que julgou o pleito rescisório gera a nulidade absoluta do ato de publicação da referida decisão, independentemente da comprovação de prejuízo, diante do disposto no artigo 941, § 3o, do CPC de 2015.

Informativo 226, TST:

Honorários advocatícios. Assistência judiciária sindical. Dedução de honorários advocatícios do precatório expedido em favor do substituído. Impossibilidade. Ausência de vínculo contratual entre o substituído e o advogado.

Apesar de a legitimação do sindicato para a defesa de interesses da categoria ser ampla, a retenção de honorários contratuais incidentes sobre o montante da condenação só é permitida se o contrato de honorários for celebrado com cada um dos substituídos (art. 22, § 4o, da Lei no 8.906/94). Nesse contexto, não se pode deduzir honorários advocatícios do valor do precatório, quando o contrato de prestação de serviços advocatícios foi firmado apenas entre o sindicato e o

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advogado, haja vista a inexistência de vínculo contratual entre o advogado e os substituídos.

Recurso ordinário em mandado de segurança. Execução. Penhora de 50% dos proventos de aposentadoria. Ato praticado na vigência do CPC de 2015. Particularidades do caso concreto. Salário mínimo. Impossibilidade de penhora. Princípio da dignidade da pessoa humana. Segurança concedida. O TST passou a considerar possível a determinação de penhora de vencimentos, realizada na vigência do CPC de 2015, para satisfação de débitos de natureza trabalhista, desde que limitada a 50% do montante recebível. Na espécie, em sede de 1a instância, determinou-se a penhora de 50% dos proventos de aposentadoria. Impetrado mandado de segurança contra esta decisão, a Corte Regional concedeu a segurança, cassando os efeitos do ato apontado como coator. Foi interposto, então, o presente recurso ordinário pelo exequente. Ocorre que, a despeito do entendimento firmado neste Tribunal Superior, o caso concreto apresenta particularidades que, de fato, impedem a manutenção do referido ato de constrição judicial, visto que o impetrante recebe um salário mínimo de aposentadoria e possui 75 (setenta e cinco) anos de idade. Assim, em uma ponderação entre o direito da satisfação do crédito do exequente e a subsistência do executado, há de prevalecer este em detrimento daquele, com base no princípio da dignidade da pessoa humana, fundamento constitucional, não merecendo reforma a decisão regional.

Conflito negativo de competência. Ação anulatória de auto de infração proposta pelo suposto devedor. Ajuizamento posterior pela União da respectiva execução fiscal em outro foro. Competência territorial de natureza relativa. Conexão. Possibilidade de reunião de casos conexos.

Ajuizada ação anulatória de auto de infração pelo suposto devedor, a posterior propositura de correspondente ação de execução fiscal pela União, em outro foro, não tem o condão de deslocar a competência, visto que esta é fixada no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, como preconiza o art. no 43 do CPC/2015. Ademais, a competência territorial para a execução fiscal (antes no art. 578 do CPC de 1973 e agora no art. 46, §5o, do CPC de 2015) é de natureza relativa, o que implica reconhecer a possibilidade de sua alteração ou prorrogação. Dessa forma, no presente caso, cabia à União o ajuizamento da execução fiscal no

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mesmo foro em que já tramitava a ação anulatória, devendo, pois, em razão da patente conexão, ser reunidas as referidas ações para julgamento em conjunto, a fim de se evitar a prolação de decisões conflitantes.

“[...] II - RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO NOS AUTOS DA AÇÃO COLETIVA. Conforme o art. 8o, III, da Constituição Federal, os sindicatos têm ampla e irrestrita legitimidade ao tutelar direitos coletivos ou individuais dos empregados da categoria, sendo incabível a limitação imposta pela Corte Regional no sentido de que a execução ser realizada por ações individuais. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-1377-21.2017.5.08.0015, 2a Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 30/9/2020.)

Informativo 225, TST:

Mandado de segurança. Determinação de retorno dos autos para uniformização da jurisprudência do TRT. Art. 896, § 4o, da CLT. Revogação pela Lei n. 13.467/2017. Recurso de revista sobre matéria pacificada no âmbito do TST. Ineficácia da determinação. Observância dos princípios constitucionais da duração razoável do processo e do devido processo legal. Segurança concedida.

Ofende o direito líquido e certo de processamento e julgamento imediato do recurso de revista a determinação de retorno dos autos ao Tribunal Regional para uniformização da sua jurisprudência conflitante, nos termos do art. 896, § 4o, da CLT, quando o tema objeto do recurso de revista já se encontra pacificado no âmbito do TST, ainda que a aludida determinação tenha sido expedida antes da revogação do mencionado dispositivo legal pela Lei n. 13.467/2017.

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Acidente de trabalho. Motorista de caminhão. Transporte rodoviário. Atividade de risco. Responsabilidade objetiva do empregador. Art. 927, parágrafo único, do Código Civil.

Configura-se objetiva a responsabilidade da empresa por acidente automobilístico que vitimou empregado motorista profissional, inexistindo culpa exclusiva da vítima quando o risco do labor exercido pelo obreiro é inerente à atividade realizada pela empresa. No caso, o empregado, motorista profissional, dirigia caminhão de propriedade da reclamada quando sofreu o acidente que resultou em óbito. Ao realizar atividades de transporte rodoviário, a empresa assume o risco de expor a vida e a integridade física dos seus trabalhadores.

Conflito negativo de competência. Exceção de incompetência territorial. Lei no 13.467/2017. Rito previsto na nova redação do artigo 800 da CLT. Prazo preclusivo.

O artigo 800 da CLT, em sua redação dada pela Lei no 13.467, trouxe inovação quanto à exceção de incompetência territorial, ao prever a apresentação dessa defesa antes da audiência, no prazo de 5 dias a contar da notificação. Essa defesa processual relativa à exceção de incompetência territorial destacou-se da norma geral, disposta no artigo 847, caput e §1o, da CLT, para otimizar a defesa do demandado, de forma a evitar deslocamento possivelmente desnecessário e dispendioso. Desse modo, diante da existência de um rito próprio e com fins específicos, não parece concebível que a lei permita outro momento processual para a prática do mesmo ato.

Assim, entende-se que o prazo do art. 800 da CLT tem, efetivamente, natureza preclusiva, de modo que, não tendo a parte exercido seu direito de opor exceção de incompetência territorial na forma e no interregno ali previstos, prorroga-se a competência territorial do juízo em que proposta a ação.

“RECURSO ORDINÁRIO. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. ARTS. 988 DO CPC E 210 DO RITST. À luz dos arts. 988 do CPC e 210 do RITST,

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de fato, a presente reclamação constitucional se mostra incabível, tendo em vista que está amparada na alegação de inobservância de verbete sumulado de Tribunal Regional, ou seja, não se amolda às hipóteses previstas no Código de Processo Civil, tampouco no Regimento Interno desta Corte Superior Trabalhista, quais sejam garantia de observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade e garantia de observância de acórdão proferido em incidentes de assunção de competência, de resolução de demandas repetitivas e de julgamento de recursos repetitivos. Recurso ordinário conhecido e não provido. (TST-RO-587-82.2017.5.08.0000, 8a Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado em 16/9/2020.)

Informativo 224, TST:

Ente público. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Ônus da prova. Matéria infraconstitucional. Dever ordinário de fiscalização imposto à Administração Pública. Ratificação de entendimento da SDI-1 Plena.

No julgamento do RE no 760.931/DF, com repercussão geral reconhecida (Tema 246), o STF firmou a tese de que “o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1o, da Lei no 8.666/93”. A ratio decidendi da referida decisão permite concluir que a responsabilização do ente público apenas está autorizada quando comprovada a ausência sistemática de fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora. Em duas sessões, a Subseção de Dissídios Individuais I do TST, em sua composição plena, firmou entendimento de que o Supremo Tribunal Federal não emitiu tese vinculante quanto à distribuição do ônus da prova relativa à fiscalização e, nessa esteira, concluiu que incumbe à Administração Pública o ônus da prova da fiscalização dos contratos de prestação de serviços, por se tratar de fato impeditivo da responsabilização subsidiária.

Ação rescisória. Pedido de desconstituição de acórdão prolatado em Agravo de Instrumento conhecido e não provido. Decisão que não é de mérito. Hipótese não contemplada no art. 966, § 2o, do CPC/2015.

Nos termos do caput do art. 966 do CPC, a ação rescisória é cabível contra decisão de mérito transitada em julgado. O CPC de 2015, contudo, inovou ao admitir a

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rescisão da decisão que, embora não seja de mérito, impeça nova propositura da demanda ou admissibilidade do recurso correspondente, nos termos do § 2o do art. 966. Na espécie, a Turma do TST conheceu do Agravo de Instrumento e, no mérito, reafirmou a correção da decisão denegatória de seguimento do Recurso de Revista, cujo acórdão não tem efeito substitutivo da decisão proferida pela Corte de origem, esta sim voltada à solução da causa. Revela-se equivocada a compreensão de que o não provimento do Agravo de Instrumento impediu o exame do Recurso de Revista, porquanto, na verdade, atingiu a finalidade para a qual foi disciplinado, ou seja, decidiu sobre o acerto da decisão que trancou o Recurso de Revista. Não é o caso de configuração da hipótese prevista no art. 966, § 2.o, II, do CPC, uma vez que não houve decisão que impedisse a admissibilidade do recurso correspondente. Notícia importante do dia 24-09-2020

A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que um agente de disciplina prisional da Reviver Administração Prisional Privada Ltda., em Alagoas, deverá optar pelo recebimento do adicional de periculosidade ou de insalubridade. A decisão segue a tese jurídica firmada pelo TST sobre a impossibilidade de cumulação dos dois adicionais.

Informativo 223, TST

Recurso ordinário em habeas corpus. Incompetência funcional da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Arguição de ofício. Preliminar acolhida para declarar a competência da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais. Arts. 77, inciso II, “a”, e 78, inciso III, “c”, item I, do RITST.

A Seção Especializada em Dissídios Coletivos não possui competência funcional para processar e julgar recurso ordinário em habeas corpus.

Danos morais. Caracterização. Preterição de candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas. Contratação de temporários. Dano in re ipsa.

No caso, restou caracterizado o dano moral in re ipsa quando a empresa contratou trabalhadores temporários, no prazo de validade do concurso público, em

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detrimento de candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital. Desse modo, não se faz necessária a prova do abalo moral sofrido, assim como a conduta culposa da empregadora e o nexo causal entre ambos, sendo o ato em si suficiente para ensejar a reparação civil.

Habeas corpus. Cabimento. Retenção de passaporte do executado. Violação ao direito de locomoção.

É cabível a impetração de habeas corpus contra decisão que determinou retenção de passaporte, por se tratar de ato que viola diretamente o direito de locomoção. No caso, o magistrado de primeiro grau, em fase de execução de reclamação trabalhista, determinou a retenção da CNH e do passaporte dos sócios da empresa executada após frustradas outras medidas executórias. Tal ato ensejou a impetração de habeas corpus, que foi indeferido pela corte de origem, ao fundamento de que o remédio processual seria incabível na hipótese.

Mandado de segurança. Decisão contra ato de juiz do trabalho que exorbita de sua competência e decide matéria alheia à sua jurisdição. Competência da Justiça Trabalhista.

É competente a Justiça do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de juiz do trabalho que exorbita de sua competência e decide matéria alheia à sua jurisdição. Na espécie, a decisão do juiz do trabalho sobre a incidência do imposto de transmissão de bens imóveis (ITBI) em arrematação judicial exorbitou de sua competência. A matéria impugnada, portanto, é o desrespeito aos limites da jurisdição especializada, e não o mérito da relação jurídico-tributária em questão. Informativo 222, TST

Ação civil pública. Município. Implementação de políticas públicas para prevenção e erradicação do trabalho infantil. Omissão do administrador público. Competência material da Justiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar e julgar ação civil pública objetivando que o município implemente políticas públicas constitucionalmente previstas para prevenir e erradicar o trabalho infantil. Prevaleceu o entendimento de que a competência inscrita no art. 114 da Constituição da República não se limita aos casos de relação de emprego existente, abrangendo, também, o exame de

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questões relativas ao direito subjetivo das crianças ao não trabalho, tutela ora pretendida pelo Ministério Público do Trabalho.

“[...] 1. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. GRAVIDEZ NO CURSO DO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. SÚMULA No 244, III, DO TST. TEMA 497 DA REPERCUSSÃO GERAL DO STF. EFEITO VINCULANTE E EFICÁCIA ERGA OMNES. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA DA TESE ATÉ A ESTABILIZAÇÃO DA COISA JULGADA (TEMA 360 DA REPERCUSSÃO GERAL). I) Segundo o entendimento consagrado no item III da Súmula n° 244 do TST, “a empregada gestante tem direito

à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado”. Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte

Superior é no sentido de que a circunstância de ter sido a empregada admitida mediante contrato de aprendizagem, por prazo determinado, não constitui impedimento para que se reconheça a estabilidade provisória de que trata o art. 10, II, “b”, do ADCT. II) A discussão quanto ao direito à estabilidade provisória à gestante contratada por prazo determinado, na modalidade de contrato de aprendizagem, encontra-se superada em virtude da tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do RE 629.053/SP, em 10/10/2018, com a seguinte redação: A incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT,

somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. III) A

decisão do Supremo Tribunal Federal no Tema 497 é de clareza ofuscante quanto elege como pressupostos da estabilidade da gestante (1) a anterioridade do fator biológico da gravidez à terminação do contrato e (2) dispensa sem justa causa, ou seja, afastando a estabilidade das outras formas de terminação do contrato de trabalho. Resta evidente que o STF optou por proteger a empregada grávida contra a dispensa sem justa causa – como ato de vontade do empregador de rescindir o contrato sem imputação de justa causa à empregada -, excluindo outras formas de terminação do contrato, como pedido de demissão, a dispensa por justa causa, a terminação do contrato por prazo determinado, entre outras. IV) O conceito de estabilidade, tão festejado nos fundamentos do julgamento do Tema 497 da repercussão geral, diz respeito à impossibilidade de terminação do contrato de trabalho por ato imotivado do empregador, não afastando que o contrato termine por outras causas, nas quais há manifestação de vontade do empregado, como no caso do pedido de demissão (a manifestação de vontade se dá no fim do contrato) ou nos contratos por prazo determinado e no contrato de trabalho temporário (a manifestação de vontade do empregado já ocorreu no início do contrato). Assim, na

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hipótese de admissão mediante contrato por prazo determinado, não há direito à garantia provisória de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT. Superação do item III da Súmula 244 do TST pelo advento da tese do Tema 497 da repercussão geral do Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado no RE 629.053, na Sessão Plenária de 10/10/2018. V) A tese fixada pelo Plenário do STF, em sistemática de repercussão geral, deve ser aplicada pelos demais órgãos do Poder Judiciário até a estabilização da coisa julgada, sob pena de formação de coisa julgada inconstitucional (vício qualificado de inconstitucionalidade), passível de ter sua exigibilidade contestada na fase de execução (CPC, art. 525, § 1o, III), conforme Tema 360 da repercussão geral. VI) Recurso de revista de que não se conhece.” (TST-RR-1001175-75.2016.5.02.0032, 4a Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 4/8/2020.)

Informativo 221, TST

Embargos. Recurso de revista interposto sob a égide do CPC/2015. Depósito recursal. Recolhimento dentro do prazo. Comprovação em momento processual posterior. Vício insanável. Deserção configurada. Lei nº 5.584/70. Súmula nº 245 do TST. Multa por embargos protelatórios. Denegado seguimento aos Embargos quanto ao tema. Ausência de impugnação por meio de agravo. Exclusão da multa pela Seção Uniformizadora. Mero corolário. Configura-se a deserção quando o recorrente, apesar de ter feito o recolhimento das custas e do depósito recursal tempestivamente, deixa de comprová-lo dentro do prazo alusivo ao recurso. Na espécie, o reclamado, ao interpor o recurso de revista, juntou a guia referente ao depósito recursal, sem a respectiva autenticação. A comprovação do preparo, com a juntada da guia devidamente autenticada, ocorreu mais de um mês depois do término do prazo recursal. Nesse contexto, não havendo comprovação do pagamento do depósito recursal no prazo para sua interposição, o recurso mostra-se deserto, nos termos do art. 7º da Lei nº 5.584/70 e da Súmula nº 245 do TST.

Pretensão de ressarcimento de dano ao erário. Prescrição. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Diferença de quantia de caixa. Interpretação do art. 37, § 5º, da Constituição Federal. Imprescritibilidade restrita a atos dolosos tipificados na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa). Resta pacificado o entendimento de que a ECT goza dos mesmos privilégios conferidos à Fazenda Pública, nos termos do art. 12 do Decreto-lei n.º 509/69, regra

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recepcionada pela Constituição Federal, consoante entendimento firmado pelo STF (RE 220.906). Nesse contexto, aplica-se à ECT a disposição contida no parágrafo 5.º do art. 37 da Carta Política. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca do referido dispositivo constitucional, a ideia de imprescritibilidade, que se extrai da leitura de tal preceito, foi devidamente talhada para se aplicar aos casos de maior gravidade do ilícito praticado contra o Poder Público, entre eles os atos de improbidade administrativa dolosos, tipificados na Lei nº 8.429/92. No caso, a pretensão da ECT consiste em obter o ressarcimento de quantia relativa à diferença de caixa, não se tratando, portanto, de demanda que tenha por objeto a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa, razão por que não há como se entender imprescritível a referida pretensão.

Ação rescisória. Irregularidade no depósito prévio. Saneamento do vício de forma espontânea, logo após o ajuizamento da ação. Extinção do processo, sem resolução do mérito. Impossibilidade. Direito à emenda ou complementação da petição inicial previsto no CPC de 2015. Princípio da primazia da resolução do mérito.

A decisão que, antes de conceder prazo para regularização do depósito prévio, indefere a petição inicial e extingue a ação rescisória, sem resolução de mérito, está em desacordo com o princípio da primazia da resolução do mérito e com o que preceitua o art. 321 do CPC, o qual é aplicável à ação rescisória em virtude do parágrafo único do art. 318 do CPC. Na espécie, a despeito de a autora ter regularizado, espontaneamente, o depósito prévio um dia após o ajuizamento da ação rescisória, o julgador extinguiu a ação, sem qualquer concessão de prazo para que o vício fosse sanado. Ocorre que, se a ausência de recolhimento do depósito prévio reclama a concessão de prazo para saneamento do vício, antes de se cogitar do indeferimento da exordial, a sua realização espontânea pela parte, ainda que em data diversa do protocolo da petição inicial, demonstra o pleno atendimento dos pressupostos processuais para a regular tramitação do feito.

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ILEGITIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM”. “DUMPING” SOCIAL. INDENIZAÇÃO. Esta Corte Superior tem entendimento de que o reclamante não possui legitimidade ativa “ad causam” para, em reclamatória trabalhista individual, requerer indenização por dano social (dumping social), uma vez que esta é direcionada à tutela de interesses difusos e coletivos, ultrapassando a esfera pessoal do trabalhador. Recurso de

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revista conhecido e provido, no tema.” (TST-RR-1883-42.2014.5.03.0176, 1ª Turma, rel. Min. Walmir Oliveira Costa, julgado em 24/6/2020.)

“RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIORMENTE À LEI Nº 13.467/2017. 1. PROVA ILÍCITA. "E-MAIL" CORPORATIVO. ACESSO E UTILIZAÇÃO DO CONTEÚDO DAS MENSAGENS DOS EMPREGADOS PELO EMPREGADOR. POSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. I. Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, o e-mail corporativo ostenta a natureza jurídica de ferramenta de trabalho. Daí porque é permitido ao empregador monitorar e rastrear a atividade do empregado em e-mail corporativo, isto é, checar as mensagens, tanto do ponto de vista formal (quantidade, horários de expedição, destinatários etc.) quanto sob o ângulo material ou de conteúdo, não se constituindo em prova ilícita a prova assim obtida. II. Não viola os arts. 5º, X e XII, da Constituição Federal, portanto, o acesso e a utilização, pelo empregador, do conteúdo do “e-mail” corporativo. III. Acórdão regional proferido em consonância ao entendimento desta Corte Superior. IV. Recurso de revista de que não se conhece. [...]” (TST-RR-1347-42.2014.5.12.0059, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 23/6/2020.)

[...] RECURSO DE REVISTA DA VALE. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA

LEI Nº 13.015/2014. SISTEMA DE MONOCONDUÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER. No tocante à obrigação de fazer, consistente na instalação de sanitários em todas as suas composições ferroviárias, não se verifica ofensa ao art. 5º, II, da CF/88, pois esta decorre dos postulados básicos de proteção a direitos mínimos dos trabalhadores, à saúde, à dignidade e valorização do trabalho humano, ínsitos nas normas dos arts. 1º, e 7º, XXII, da Constituição Federal, e 157, I, da CLT, uma vez que a ausência de sanitários impossibilita o digno exercício da profissão e de um meio ambiente de trabalho saudável, com condições mínimas de higiene e saúde. De outro lado, não há dispositivo legal ou convencional que obrigue o empregador à contratação de auxiliar de maquinista pela adoção do sistema de dupla condução, pois a definição do sistema de condução a ser adotado está inserido no âmbito do seu poder diretivo de organizar as atividades econômicas da empresa, conforme estabelece o art. 2º da CLT, pelo que se verifica a excepcionalíssima hipótese de afronta à norma do art. 5º, II, da CF/88. Recurso conhecido e parcialmente provido.” (TST-RRAg-1776-46.2012.5.03.0021, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 17/6/2020.)

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“[...] RECEBIMENTO CUMULATIVO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (violação dos arts. 7º, XXVIII, e 201, §10, da Constituição Federal, 475-Q, §1º, e 649, IV, do CPC, 373, 402, 940 e 950 do CCB, 121 da Lei nº 8.213/91 e divergência jurisprudencial). A interpretação dos artigos 950 e 951 do CC/2002 e 1539 do CC/1916 remete ao entendimento de que, ocorrida a incapacidade para o trabalho para que se inabilitou, automaticamente o lesionado terá o direito ao pensionamento mensal e vitalício, previsto naquele artigo 950 do Código Civil, enquanto durar a sua incapacidade. Desta feita, face à constatação da incapacidade permanente para o trabalho, resta plenamente configurado o prejuízo financeiro do obreiro, passível de ressarcimento material, não sendo possível a compensação da pensão paga pelo INSS a título de aposentadoria por invalidez, mesmo que complementada pela previdência privada, com a pensão prevista nos artigo 950 do Código Civil, ante a distinção entre a natureza e o objetivo de tais institutos. Precedentes desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. [...]” (TST-ARR-8000-27.2008.5.05.0492, 7ª Turma, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, julgado em 23/6/2020.)

Dissídio coletivo de greve. Greve em atividade não essencial deflagrada na vigência de Instrumento Normativo. Art. 14 da lei nº 7.783/89. Excludente de abusividade em face da exceção relativa ao descumprimento de normais legais imperativas e cláusulas normativas obrigatórias (“exceção do contrato não cumprido”).

A greve motivada pelo descumprimento patronal de obrigações contratuais e legais permite a mitigação da necessidade de cumprimento das formalidades legais para a sua deflagração, com base na excludente de abusividade prevista no art. 14, parágrafo único, da Lei 7.783/89. Nesse sentido, entende a SDC que um descumprimento residual não enseja a aplicação da “exceção do contrato não cumprido”, sendo necessário para a configuração dessa excludente um descumprimento grave, seja por sua natureza, seja pelo acúmulo de inadimplementos. No caso, embora a greve tenha sido realizada durante a vigência do instrumento normativo heterônomo, os fatos que ensejaram a paralisação foram bastante relevantes, pois houve inadimplemento de direitos fundamentais para viabilizar o curso normal da prestação de trabalho – atraso no adimplemento dos salários, não pagamento da terceira parcela do 13º salário de 2018 e ausência no cumprimento de outras obrigações contratuais e legais referentes a férias, depósitos de FGTS, fornecimento de EPI, vale-transporte –, o que torna

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legítima a paralisação da categoria profissional, com apoio na excludente de abusividade de greve prevista no parágrafo único do art. 14 da Lei 7.783/89.

Ente público. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Culpa in vigilando. Configuração.

Conquanto o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador de serviços não atribua automaticamente ao ente público tomador de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento do respectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser responsabilizada quando se verificar a conduta culposa do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da legislação trabalhista e previdenciária na vigência do contrato administrativo. Esse foi o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADC nº 16, ao declarar a constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. No presente caso, ficou demonstrada a culpa in vigilando da tomadora de serviços, porquanto constatado o descumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho durante sua execução.

Mandado de segurança. Execução. Decisão que determinou a suspensão da execução em cumprimento a provimento cautelar do STF em matéria com repercussão geral (RMNR). Existência de recurso idôneo para ataque da decisão. Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II do TST.

Não é cabível o manejo de mandado de segurança para impugnar decisão que suspendeu a execução de título judicial em que deferidas diferenças de remuneração mínima por nível de regime – RMNR, em obediência a provimento cautelar emanado do Supremo Tribunal Federal em questão gravada de repercussão geral. Na presente hipótese, a determinação de suspensão da execução definitiva, exarada no bojo da decisão de extinção, sem resolução do mérito, dos embargos à execução, pode ser impugnada por meio da interposição de agravo de petição, não sendo adequada a utilização da via mandamental. Com efeito, havendo no ordenamento jurídico instrumento processual idôneo para corrigir a suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada como coatora (no caso, agravo de petição), revela-se incabível a impetração do mandamus. Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II.

Habeas corpus. Não cabimento. Liminar deferida em mandado de segurança interposto pela ex-empregadora. Cláusula de não concorrência. Ausência de restrição ao direito de liberdade de locomoção.

Conforme diversos julgados do STF e do STJ, o objeto de tutela do habeas corpus é a defesa do direito físico de ir e vir. Assim, é incabível habeas corpus para discutir interpretação do

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conteúdo de cláusula contratual para se extrair a garantia de exercício profissional. No caso, concedeu-se liminar no âmbito do Regional para que o trabalhador se abstenha de prestar serviços a empresas concorrentes e, portanto, cumpra o disposto em cláusula de não concorrência prevista em aditivo ao contrato de trabalho. Assim, o trabalhador não está cerceado na sua liberdade de locomoção. Ele se impôs, em razão das suas condições subjetivas, um dever de abstenção, sendo compensado por isso. A discussão está em estrita consonância com o devido processo legal perante as instâncias da Justiça do Trabalho. Portanto, a só delonga no julgamento do agravo interno não representa elemento suficiente para justificar o cabimento do habeas corpus.

“RECURSO DE REVISTA. JORNADA DE TRABALHO DAS 5H30M ÀS 21H COM INTERVALO DAS 11H ÀS 14H. NECESSIDADE DE OUTRO INTERVALO NA “SEGUNDA PEGADA”. O art. 71, caput, da CLT é claro ao estabelecer a necessidade de intervalo mínimo de uma hora “em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda a seis horas”. Registrado no acórdão que a jornada de trabalho do reclamante era das 5h30 até às 21h, com intervalo das 11 às 14h, tem-se que foi devidamente concedido o intervalo intrajornada previsto no art. 71, caput, da CLT. Mesmo no sistema de dupla pegada, para fins do intervalo intrajornada, há uma única jornada a ser considerada, de modo que atenta contra o referido dispositivo legal o entendimento que considera devido mais um período de descanso porque a segunda pegada teria ultrapassado o limite de seis horas contínuas de trabalho. Recurso de Revista conhecido e provido.” (TST-RR-144000-10.2008.5.01.0245, 1ª Turma, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em 10/6/2020.)

“AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. CAGEPA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PRIVILÉGIOS E ISENÇÕES. FORMA DE EXECUÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. A decisão agravada, aplicando a jurisprudência desta Corte, cristalizada na Súmula nº 170 do TST, foi no sentido de que a reclamada, na condição de sociedade de economia mista, não dispõe das prerrogativas concedidas à Fazenda Pública previstas no Decreto-Lei nº 779/69. No entanto, muito embora não se desconheça a firme jurisprudência desta Corte, fato é que o Supremo Tribunal Federal vem se posicionando em sentido diverso, firmando entendimento de que as empresas prestadoras de serviço público essencial em regime de monopólio sem fins lucrativos gozam das prerrogativas da fazenda pública. Julgados do STF. Assim, deve ser reformada a decisão agravada para restabelecer o v. acórdão regional, no aspecto. Agravo provido.” (TST-Ag-RR-1572-32.2017.5.13.0026, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 3/6/2020.)

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“[...] RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA CITAÇÃO. A citação é o ato processual por meio do qual se faz a comunicação do réu ou interessado para que em juízo possa se defender. Da mesma forma, a intimação das partes é o ato por meio do qual se busca dar publicidade aos atos processuais, a fim de viabilizar que as partes, querendo, a eles manifestem impugnação, e apresentem os recursos cabíveis, razão pela qual cumpre ao julgador zelar pela sua regularidade, de modo a preservar a condução íntegra do processo e a prevenir eventual alegação de nulidade. No caso dos autos, verifica-se que a reclamada já estava presa fora do país, anteriormente ao envio e recebimento da citação postal no seu endereço residencial, demonstrando que de fato não poderia tê-la recebido, tanto que fora declarada revel. Assim, porque cerceado o legítimo direito de defesa da reclamada, está configurada a violação do artigo 5°, LIV, da CF/88. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-1001366-47.2016.5.02.0024, 8ª Turma , rel. Dora Maria da Costa, julgado em 10/6/2020.)

Informativo 219, TST:

Questão de ordem. Sustentação oral. Juízo de retratação. Possibilidade.

A SBDI-I assegurou amplamente o direito à sustentação oral nos casos de juízo de retratação, seja ele positivo ou negativo. A questão de ordem foi suscitada pela Presidente, Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, durante o julgamento de um recurso de embargos que retornou ao TST para eventual exercício de juízo de retratação, na forma da Lei no 11.418/2006, que trata do instituto da Repercussão Geral. Na ocasião, destacou-se que o Regimento Interno da Corte não prevê restrição nessa hipótese e que a decisão do Supremo Tribunal Federal é fato superveniente não contemplado no julgamento original, sendo, portanto, imperioso garantir às partes o uso da palavra, sem condicionantes.

Julgamento ultra petita. Limitação da condenação aos valores líquidos constantes da petição inicial. Aplicação do artigo 492 do CPC de 2015.

Ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, o autor limita a condenação a esses parâmetros, a teor do disposto no art. 492 do CPC de 2015. Com efeito, nos termos do referido dispositivo legal, “é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. No caso concreto, extrai-se da petição inicial que o reclamante requereu o pagamento

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de horas in itinere no exato valor de R$ 3.803,00, não havendo qualquer menção de se tratar de mera estimativa ou requerimento de apuração em liquidação, como havia sido feito em outros pedidos.

Viagens para participação em cursos e treinamentos exigidos pela empresa. Tempo de espera para o embarque no aeroporto e tempo efetivo de voo. Horas extras. Devidas. Tempo à disposição do empregador. Art. 4o da CLT.

Na hipótese de viagens para participação em cursos de treinamento e capacitação exigidos pelo empregador e realizados em cidades estranhas ao local da prestação de serviços, considera-se tempo à sua disposição o período de trânsito aéreo, bem como aquele expendido no aeroporto aguardando o embarque, limitado este último a uma hora. Inteligência do art. 4o da CLT.

Conflito negativo de competência. Juízo rescisório. Sentença proferida pela Justiça Comum anteriormente à promulgação da Emenda Constitucional no 45 de 2004. Julgamento do Conflito de Competência 7.204-1/MG pelo STF. Súmula Vinculante 22 do STF. Incompetência material da Justiça do Trabalho.

Após o julgamento do Conflito de Competência 7.204-1/MG, pelo Supremo Tribunal Federal, consolidou-se o entendimento de que a Justiça do Trabalho detém a competência para julgar causas relativas à indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho. Na oportunidade, foram estabelecidos parâmetros para os efeitos da decisão no tocante aos processos em tramitação: o marco temporal da competência da Justiça Trabalhista é o advento da Emenda Constitucional no 45/2004 e as ações em curso perante a Justiça Comum, com sentença de mérito anterior à promulgação da referida Emenda Constitucional, devem lá permanecer até o trânsito em julgado e o cumprimento de sentença. In

casu, a ação foi ajuizada em 28/11/2002, em face de um acidente ocorrido em

13/7/2000, sendo julgada procedente pelo Juízo Cível, com apelo ao TJSC, que, monocraticamente, já sob à égide da EC no 45/2004, declinou da competência para a Justiça do Trabalho. O processo foi recebido pelo TRT, que, sem submissão à primeira instância, extinguiu-o com resolução de mérito, em virtude de prescrição bienal, decisão esta rescindida, por violação do art. 7o, XXIX, da CF. Nessa esteira, suscitou-se conflito negativo de competência, visto que a sentença de mérito foi prolatada pelo Juízo Cível em 9/4/2004, antes, portanto, da promulgação da EC no 45/2004, que entrou em vigor em 31/12/2004. À luz da Súmula Vinculante 22 do STF e em respeito ao decidido pelo STF no CC 7.204-1/MG, a competência para o

Referências

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