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Investindo em um gigante em expansão

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Academic year: 2021

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ÁSIA

Investindo em um gigante

em expansão

Valter Shimidu,

diretor da KPMG no Brasil na área de Tax – ASPAC

Marienne Shiota Coutinho, sócia da

KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax

Grace Xie, sócia da

KPMG na China na área de Tax

Revolução econômica transforma a China no

grande motor do crescimento mundial

Depois de décadas sofrendo violentas convulsões políticas e sociais, nos últimos 30 anos a China vem experimentando uma verdadeira revolução, completamente diferente das anteriores. Essa revolução transformou um país agrário, de economia planejada, fechada ao capital externo e estagnada, num dos motores da economia global, ao lado dos Estados Unidos. A China já superou a Alemanha e, neste segundo semestre de 2010, acaba de desbancar o Japão da condição de segunda economia mais poderosa do planeta. As reformas começaram no final da década de 1970 quando Deng Xiaoping implantou as “quatro modernizações”

onde empresas estrangeiras poderiam investir e se instalar em parceria com empresas chinesas. Com isso, obteve-se liberalização gradual dos preços, descentralização fiscal, autonomia das empresas estatais, um sistema bancário e um mercado de ações – que formaram as bases para o futuro crescimento acelerado do país. Na prática, começava a desaparecer a economia totalmente estatizada. Seduzidos pela baixa carga tributária e pela mão de obra extremamente barata, investidores estrangeiros viram a oportunidade para instalar indústrias e produzir mercadorias de baixo custo. Desde então, a economia chinesa vem

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seu superávit comercial (quase US$ 300 bilhões em 2008) lhe permitiu acumular reservas em moedas estrangeiras no valor de US$ 2,2 trilhões. Com isso, o governo mantém a moeda chinesa desvalorizada, barateando ainda mais as exportações. Assim, mesmo abalado com a crise financeira mundial de 2008, o PIB chinês cresceu 9% naquele ano.

Considerações importantes

para investimentos

O governo chinês tem reduzido cada vez mais as restrições aos investimentos estrangeiros. Em geral, eles têm que ser aprovados por órgãos centrais, como o Ministério do Comércio. Mas os investimentos abaixo de US$ 30 milhões podem ser

limite de US$ 30 milhões, mas que não requerem controle estatal e, portanto, também podem ser aprovados localmente.

Seguindo as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China tem estendido gradualmente às empresas estrangeiras o mesmo tratamento dado às companhias nacionais. Alguns setores, contudo, permanecem vedados aos investidores estrangeiros, como a indústria de defesa. Existem ainda restrições quanto à parcela de participação de estrangeiros nos setores de transporte e energia.

Setores-chave para

investimentos

O ingresso da China na OMC fez com que o país ampliasse seu mercado à participação do capital externo, com redução das restrições existentes nos segmentos terceirizados, como o bancário, financeiro, contábil e jurídico. A abertura vem se estendendo até a setores tradicionalmente fechados ao investimento externo, como o das telecomunicações e serviços de internet. O investidor estrangeiro deve estar atento ao mercado consumidor chinês. As vendas no varejo atingiram o valor de RMB 10,9 trilhões (US$ 1,6 trilhão) em 2008. Essa cifra fez da China o segundo maior mercado mundial de varejo, atrás apenas dos EUA. O aumento nas vendas no varejo reflete tanto uma ampliação quanto um aprofundamento do mercado de bens de consumo na China. Em termos médios, os rendimentos dos trabalhadores rurais (770 milhões de pessoas) vêm aumentando

constantemente nos últimos anos. Nas áreas urbanas, o crescimento da renda levou ao surgimento de um número ÁSIA

digitais. A China se tornou um grande mercado para uma ampla gama de bens de consumo.

Modelos de investimento

estrangeiro

Existem diversas formas de se fazer investimento estrangeiro na China. As principais são: joint ventures, empresas controladas exclusivamente por estrangeiros e escritórios de representação. As joint ventures são formadas com capital conjunto de empresas chinesas e estrangeiras, organizações econômicas ou indivíduos, e normalmente adotam a forma de sociedade limitada. O capital estrangeiro não deve ser menor que 25% do total. Já as empresas controladas

exclusivamente por estrangeiros devem atender aos requisitos do Guia de

Investimentos Estrangeiros emitido pelo

Ministério do Comércio. Essas empresas normalmente assumem a forma de sociedades de responsabilidade limitada. Os investidores estrangeiros também podem estabelecer escritórios de representação na China, mas seu leque de atividades é limitado.

Tributação das empresas

estrangeiras

As principais leis fiscais da China são aprovadas pela Assembleia Nacional Popular (Parlamento) e a execução dos regulamentos é feita pelo Conselho do Estado (Executivo). O Ministério das Finanças e a Administração Tributária do Estado (SAT, na sigla em inglês) têm por função fornecer a interpretação e aplicação das leis e regulamentos fiscais. A SAT também é responsável pela supervisão da cobrança dos impostos em nível local. Resumimos a seguir alguns dos principais impostos na China a partir

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como pequenas e com margem reduzida de lucro (alíquota de 20%) e para aquelas qualificadas como empresas novas/de alta tecnologia (alíquota de 15%). Isenções de impostos por prazo determinado e reduções tributárias estão disponíveis para companhias envolvidas na agricultura, silvicultura, pecuária, pesca, infraestrutura, proteção do ambiente, transferência tecnológica e para investimentos em capital de risco relevante. Há também a dedução na forma de bônus sobre as despesas com pesquisa e desenvolvimento e para o emprego de pessoas com deficiência.

de transferência (transfer pricing) e têm amplos poderes para desconsiderar, alterar ou fazer ajustes nas operações entre partes relacionadas que reduzirem o lucro tributável da empresa. As regras de subcapitalização foram introduzidas para limitar a dedutibilidade de juros gerados por empréstimos entre partes ligadas. A proporção aceita de endividamento sobre o patrimônio líquido para empresas do setor financeiro é de 5:1 e para empresas de outras indústrias, é de 2:1. Entretanto, se houver provas suficientes para comprovar que as operações são implementadas de acordo com o princípio do arms’ length, esses juros poderão ser totalmente

ligadas às atividades de importação, produção, distribuição ou varejo de bens tangíveis e alguns serviços. De forma semelhante ao que ocorre no Brasil, na China o VAT é um imposto não-cumulativo. A alíquota geral do VAT é de 17%; no entanto, para alguns produtos ela é reduzida a 13%. Outros produtos são isentos.

As empresas consideradas pequenas (com vendas anuais abaixo de RMB 500 mil ou de RMB 800 mil, de acordo com o setor de atuação) estão sujeitas à alíquota de 3%. Ao contrário das demais, as pequenas empresas não podem tomar créditos a partir

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Valter Shimidu é diretor da KPMG no Marienne Shiota Coutinho é sócia da KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax

do VAT pago nas suas compras. A exportação de bens da China pode gerar o reembolso do VAT na compra de insumos no mercado interno. Os percentuais de reembolso vão de 0% a 17%.

Business Tax (BT) - Este imposto incide

sobre a prestação de determinados serviços por pessoas jurídicas quando o prestador e o tomador estiverem na China. Além disso, a transferência de bens imóveis e ativos intangíveis na China são passíveis de tributação pelo BT. Estão excluídos do imposto os serviços predeterminados sobre os quais incidem o VAT. A alíquota do BT varia de 3% a 20%, sendo que as mais comuns estão entre 3% e 5%. Além da exclusão acima mencionada, se cumpridos determinados requisitos, alguns serviços podem ser isentos do BT.

Impostos Aduaneiros - Em geral, os

impostos aduaneiros são cobrados de acordo com regras específicas ou ad

mercadorias – por exemplo, RMB 100 por unidade ou por quilo. Já o imposto ad valorem é cobrado com base no valor aduaneiro da mercadoria. Neste caso, o imposto aduaneiro resulta da aplicação da alíquota do imposto sobre o valor do custo aduaneiro. Esta alíquota geralmente é determinada com base na origem das mercadorias, que também influencia outras práticas, como quotas, tarifas preferenciais, ações antidumping etc. Para mercadorias oriundas de países filiados à OMC, a alíquota aplicada é menor, a não ser que o produto importado seja influenciado pelas práticas já mencionadas.

Há isenção de impostos aduaneiros para bens de capital (máquinas e equipamentos) até o montante do investimento estrangeiro, desde que utilizados para o uso próprio e desde que o bem esteja previamente classificado como produto isento.

investimento, detalhadas em um guia para investidores.

Conclusão

Segunda maior economia do mundo e com um mercado consumidor crescente, a China é um dos destinos mais atraentes ao investimento externo. Somado a um crescimento constante, tem-se na China um regime fiscal que fornece incentivos aos mais diversos setores industriais. Entretanto, as leis e regulamentos ainda são complicados e de difícil entendimento devido à existência de diversos órgãos reguladores. Portanto, para quem deseja investir na China, é imperativo analisar todos os aspectos normativos, políticos e fiscais relevantes na hora de realizar o investimento.

Referências

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