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Artigo Original. Descritores: Microcirurgia; Capacitação; Anastomose microvascular; Cirurgia plástica.

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Brazilian Society of PlaStic Surgery SOCIEDADE BrASIlEIrA DE CIrurgIA pláStICA

Artigo Original

1 - Cirurgião Geral - Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil; Membro Aspirante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP.

2 - Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP - Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil.

3 - Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP - Cirurgião Plástico Preceptor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil.

4 - Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP - Cirurgiã Plástica Preceptora do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil.

5 - Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, Brasil - Membro da Liga de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva Dr. Germano Riquet.

Padronização técnica no treinamento em

microcirurgia do serviço de cirurgia plástica

e microcirurgia reconstrutiva do hospital

universitário Walter Cantídio da Universidade

Federal do Ceará (HUWC/UFC)

Technical standardization of the microsurgery training program of

plastic surgery and reconstructive microsurgery service of the

Walter Cantídio University Hospital of the Federal University of

Ceará (HUWC/UFC)

Instituição: Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza-CE, Brasil. Artigo submetido: 10/1/2014.

Artigo aceito: 1/6/2014.

CAIO ALCOBAÇA MARCONDES1

SALUSTIANO GOMES DE PINHO PESSOA2

BRENO BEZERRA GOMES DE PINHO PESSOA3

IANA SILVA DIAS4

MARIA GABRIELA MOTTA GUIMARÃES5

RESUMO

Intodução: A técnica microcirúrgica foi introduzida por Jacobsen e Suarez em 1960,

é definida como procedimentos aplicados na manipulação de pequenas estrutu-ras com o auxílio de lentes de aumento. A microcirurgia tem atuação em diferentes especialidades médicas, na cirurgia plástica a microcirurgia reconstrutiva, esta em continua expansão. Portanto, exige cada vez mais cirurgiões habilitados para este complexo procedimento. O artigo propõe a apresentar a padronização e os concei-tos técnicos do treinamento realizado no serviço de cirurgia plástica e microcirurgia reconstrutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará. Método: O treinamento em microcirurgia é realizado através de quatro fases com níveis crescentes de dificuldade, com uma carga horária de 120h para as três etapas iniciais. Resultado: Os residentes de cirurgia plástica do HUWC/UFC foram submetidos ao treinamento em microcirurgia, tendo sido contemplado todos os ob-jetivos propostos com resultado satisfatório. Conclusão: O Treinamento em micro-cirurgia deverá ser iniciado em laboratórios de micromicro-cirurgia reconstrutiva, somente após desenvolver habilidades necessárias, o cirurgião plástico deverá iniciar a práti-ca cirúrgipráti-ca supervisionada.

Descritores: Microcirurgia; Capacitação; Anastomose microvascular; Cirurgia

plás-tica.

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INTRODUÇÃO

As técnicas microcirúrgicas são aplicadas em muitas especialidades como ortopedia e traumatologia, cirurgia plás-tica, neurocirurgia, ginecologia, obstetrícia, urologia, cirurgia de transplante de órgãos, otorrinolaringologia, oftalmologia, cardíaca e torácica1,2. A Microcirurgia é definida como

procedi-mento cirúrgico aplicado na manipulação de pequenas estru-turas que dependem do auxílio de lentes de aumento (lupas ou microscópio)1,3.

Jacobsen e Suarez, em 1960, introduziram a técnica microcirúrgica e abriram uma nova era nos procedimentos de reconstrução e transferência de tecidos, utilizando os princí-pios de suturas vasculares definidos por Carrel1,3-8. Em 1965,

Buncke introduziu o uso do microscópio em Cirurgia Plástica a nível experimental e em 1972 realizou a primeira transferên-cia (epíplon) microcirúrgica para cobertura do couro cabeludo, tendo utilizado instrumentos adaptados daqueles utilizados por relojoeiros4,9. O primeiro retalho inguinal transplantado com

técnica microcirúrgica, com sucesso, foi descrito por Daniel em 1973. Na América do sul, a introdução da microcirurgia vascular experimental ocorreu em 1971 no Laboratório de Microcirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por Ferreira, e o primeiro reimplante microcirúrgico em humanos, com sucesso, foi um reimplante de mão realizado por Ferreira em 1972. O sucesso com reimplantes de dedos e extremida-des proporcionou um grande impulso para esta área do conhe-cimento científico1,3,5,10.

A evolução da Microcirurgia Reconstrutiva é divi-dida em três fases distintas. Na primeira, década de 1970, a microcirurgia surgiu como um recurso adicional à cirurgia reparadora, era reservada a situações nas quais alternativas convencionais já haviam falhado ou não podiam ser empre-gadas. Na década de 1980, segunda fase, a reconstrução mi-crocirúrgica incorporou significativa quantidade de conceitos e conhecimentos anatômicos, relatos com alto índice de sobre-vida dos retalhos demonstraram que a técnica era segura,

am-pliando as indicações clinicas. Na terceira fase, a partir de 1990, os retalhos microcirúrgicos deixaram de constituir-se em mais uma opção e tornaram-se a principal, em muitos casos6,11-18.

A microcirurgia reconstrutiva continua a se expandir e cada vez mais há necessidade de um maior número de ci-rurgiões treinados e capacitados para realizar procedimentos complexos1,14,15. Hoje, a microcirurgia é um recurso que deve

ser considerado como primeira opção para um melhor re-sultado funcional e estético, mesmo com a possibilidade de outros recursos menos complexos1,3,12,13,. O Treinamento em

microcirurgia deverá ser feito idealmente em laboratórios de microcirurgia reconstrutiva, somente depois de desenvol-ver habilidades e experiência no laboratório, o médico dedesenvol-verá iniciar a experiência clínica na sala de cirurgia. O domínio da técnica microcirúrgica exige alto grau de dedicação, paciência e um treinamento contínuo. No Brasil, na maioria dos estados não há centros de treinamento ou curso regular de microcirur-gia, neste contexto um dos principais obstáculos é o custo do treinamento. Portanto, a existência de um laboratório de mi-crocirurgia reconstrutiva deve ser considerada fundamental para um programa de treinamento de residentes em cirurgia plástica1,4,5,11-13,16-20.

O Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Recons-trutiva do Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universi-dade Federal do Ceará, em 2002 apresentou uma nova abor-dagem para treinamento em microanastomoses vasculares, que consistia na confecção de tubos de diâmetros variados (menor diâmetro de 0,5mm) a partir de luvas de látex, em que se realizaram microanastomoses16. Em 2009, foi desenvolvida

uma proposta de treinamento inicial em microcirurgia que con-sistia em 03 etapas, sendo 60 horas destinadas às duas eta-pas iniciais. A primeira etapa é destinada a familiarização com o microscópio e com os instrumentos utilizados na prática mi-crocirúrgica. A segunda etapa concentra-se no treinamento de suturas em luvas de látex. A terceira etapa objetiva sedimentar os conhecimentos e habilidades por meio do treinamento da técnica cirúrgica em modelo com segmentos de animais, com

ABSTRACT

Introduction: The microsurgery technique was introduced by Jacobsen and Suarez in

1960, and is defined as the procedure applied in handling small structures with the aid of magnifying glasses. Microsurgery has expanding applications in different medical specialties such as plastic surgery and reconstructive microsurgery, and this com-plex procedure requires increasingly skilled surgeons. This article aims to present the standardization and technical concepts of the training carried out at the Plastic Sur-gery and Reconstructive MicrosurSur-gery Service of Walter Cantídio University Hospital of the Federal University of Ceará (HUWC/UFC). Method: The microsurgery training consists of four phases with increasing levels of difficulty and a workload of 120 h for the first three stages. Result: Plastic surgery residents at HUWC/UFC underwent the microsurgery training. All of the proposed objectives of the training were accom-plished with satisfactory results. Conclusion: Microsurgery training should start in reconstructive microsurgery laboratories, and the plastic surgeon should begin su-pervised surgical practice only after acquiring the skills required.

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a realização de suturas vasculares4. Em 2013, a rotina de

trei-namento em microcirurgia foi aprimorada, fazendo parte do programa de residência médica de cirurgia plástica.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar os conceitos técnicos e a padronização do treinamento em microcirurgia dos residentes de cirurgia plástica no serviço de cirurgia plásti-ca e microcirurgia reconstrutiva do Hospital Universitário Wal-ter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará.

MÉTODO

O treinamento em microcirurgia do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitá-rio Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará apresenta 04 fases em níveis crescentes de dificuldade, é realizado duas vezes por semana durante 04 horas por dia, com uma carga horária de 120 horas para as três etapas iniciais (Quadro 1).

A primeira etapa do treinamento consiste na parte te-órica e na familiarização com os instrumentos ópticos (lupa e microscópio) e com o material cirúrgico usado na microcirur-gia, compreende uma carga horária de 20horas. É necessário aprender o correto posicionamento do cirurgião que é sentado confortavelmente à altura da mesa, com apoio para as mãos, antebraço e cotovelos, orientados perpendicularmente em re-lação à estrutura a ser manipulada. A cadeira deve ser do tipo ajustável. O posicionamento das mãos é outro fator impor-tante, o instrumental deve ser apoiado no 2° dedo enquanto o polegar e o 2°dedo realizam o movimento de pinça (Figura 1). Deve-se aprender a manipular adequadamente o

microscó-Os instrumentos utilizados no treinamento laborato-rial de microcirurgia foram: tesoura reta (corte de fio) e curva (dissecção); pinças retas (sutura) e curvas (auxílio nas anasto-moses termino-laterais); clampes vasculares simples e duplos com barra de aproximação; pinça posicionadora de clampes; porta-agulha; fios de nylon 8-0, 9-0, 10-0 e 11-0. (Figura 2)

A segunda etapa do treinamento planeja permitir o

Quadro 1 – Objetivos de cada etapa do Treinamento

Etapa Objetivos

1

Organização do laboratório de microcirurgia, Familiarização com o microscópio e com os instrumentos

2a Treinamento de suturas em látex – suturas simples

2b

Treinamento de suturas em látex – confecção de tubos para simulação de microanastomo-ses

3 Realização de suturas vascula-res em peças anatômicas 4 Treinamento supervisionado

pio, com todos os ajustes necessários para um treinamento apropriado e, futuramente, para uma boa visualização do cam-po operatório. Assim, o cirurgião deverá ajustar a distância in-terpupilar, com o máximo de aumento (40x), ajusta-se o foco o mais precisamente possível e, a seguir, o sistema de dioptria das oculares para obter melhor acuidade possível, iniciando pelo olho esquerdo. Foi utilizado microscópio com aumentos de 16 – 40x e lupas de aumento de 3,5 e 4x.

Figura 1. Posicionamento do cirurgião e de suas

mãos na mesa cirúrgica.

Figura 2. Instrumental cirúrgico.

aprendizado de suturas microcirúrgicas e microanastomoses. Esta etapa é dividida em duas outras, compreende uma carga horária de 40 horas. A etapa 2a é destinada ao aprendizado de suturas simples a serem realizadas em segmentos de luvas de látex. A etapa 2b foi destinada à simulação de realização de anastomoses em tubos de látex.

Na etapa 2a, monte um segmento de luva de látex na palheta de madeira, não mantenha muito tensionado. Fixe o conjunto à mesa de trabalho. Realize uma incisão reta em di-ferentes posições utilizando uma pinça reta e uma tesoura. Em seguida, realize pontos separados com três nós cada um. Fios de diferentes diâmetros devem ser utilizados de forma decres-cente, deve-se iniciar a magnificação com a lupa prosseguindo para o microscópio com magnificações crescentes. Para uma técnica mais precisa e rigorosa, deve-se evitar segurar os

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A terceira etapa do treinamento introduz ao cirurgião a capacidade de realizar suturas vasculares e nervosas, através da realização de sutura vascular e microneurorrafias em peças anatômicas de animais (sobrecoxa de frango), visando esta-belecer as bases para a aplicação em humanos, engloba uma carga horária de 60 horas.

Selecione vasos de diâmetro de 0,5mm a 2mm, oriun-dos da sobrecoxa do frango. Disseque os vasos com a pinça reta e a tesoura curva (Figura 4). Realize a incisão do vaso com bordos da sutura com pinça ou porta-agulha, bem como estar paramentado com uso de avental, máscara, gorro e luvas cirúr-gicas, como se estivesse dentro do centro cirúrgico.

Na etapa 2b, para a confecção dos tubos fixou-se re-tângulos de borracha medindo 3x1cm obtidos de luvas cirúr-gicas sobre papel milimetrado com as mesmas dimensões nos palitos de madeira. A seguir, realizou-se duas incisões parale-las variando a distância entre estas dependendo do diâmetro do tubo que se desejava obter. As duas incisões foram então unidas com sutura contínua ou pontos simples. Assim, por exemplo, para criar um cilindro de 1mm de diâmetro, a distância entre as bordas deve ser de 3,14mm; uma vez que a distância corresponde ao comprimento da secção transversal do cilindro criado, e obedece a fórmula matemática 2πr (r – é o raio da cir-cunferência e π é a constante matemática de valor 3,14). Sec-cione o tubo transversalmente. Faça uma sutura simples para simular a anastomose, a sutura inicial é feita com três pontos cardinais distando 120°entre si, dado o primeiro ponto, parti-mos para o segundo no mesmo plano de trabalho, já o terceiro ponto deverá ser dado após a rotação de 180° do clampe, no centro da área de anastomose, deveremos então, fazer a su-zer a su-tura entre cada um dos pontos dados, primeiramente na região posterior e, por último, devemos fazer a rotação do clampe, finalizando a sutura na parede anterior (Figura 3).

Figura 3. Evidencia a montagem da luva na palheta de madeira,

em seguida mostra a sutura microcirúrgica em diferentes dire-ções e a confecção de tubos de látex para a realização de

micro-anastomoses (etapa 2).

a tesoura curva, posicione os clamps vasculares de acordo com o diâmetro do vaso, resseque a camada adventícia do vaso sobre a qual será realizada a sutura e lave os cotos dos vasos com solução de soro fisiológico e heparina, visando à remoção de possíveis trombos residuais. Realize a dilatação da luz dos cotos vasculares. Realize a sutura termino-terminal, conforme técnica descrita na etapa 2b. Retire o clamp distal, em segui-da o proximal, cateterize com jelco n° 24 o coto proximal, injete soro e observe a patência da sutura.

Figura 4. O nervo, a artéria e a veia da sobrecoxa

do frango dissecados.

Selecione o nervo que passa ao lado dos grandes vasos na sobrecoxa do frango, disseque o nervo com a pinça reta e tesoura curva, seccione transversalmente o nervo com a tesoura curva. Realiza-se a aproximação dos cotos através de dois pontos no epineuro com fio 9.0 ou 10.0 diametralmen-te opostos, deixar os fios longos do nó cirúrgico para facilitar na manipulação deste nervo, complemento a sutura anterior através de dois pontos distantes 60° daqueles diametralmente opostos. Rotação de 180° do nervo, utilizando os nós opostos como reparo, sutura da face posterior com mais dois pontos (Figura 5).

Figura 5. Evidência da microneurorrafia na sobrecoxa do frango,

em seguida o passo-a-passo do preparo da artéria e a micro anastomose artérial, por último o preparo da veia da sobrecoxa

do frango com a retirada de coágulos intra-luminal e a micro anastomose venosa. Após o procedimento o vaso é cateterizado

com jelco n°24 e injetado soro fisiológico sob pressão para testar a resistência e permeabilidade da sutura.

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A quarta etapa do treinamento em microcirurgia con-siste, no treinamento contínuo e supervisionado, inicia-se o aprendizado em centro cirúrgico, onde o residente participa de cirurgias que envolva a utilização de retalhos livres para a re-construção oncológica ou pós-traumática e reconstruções de nervos periféricos. Após o aprendizado dos tempos cirúrgicos, e na segurança do médico residente, ocorre a pratica cirúrgica supervisionada, inicialmente dissecando estruturas com lupas cirúrgicas, em seguida com o preparo dos retalhos microcirúr-gicos e a realização de micro anastomoses vasculares e ner-vosas (Figura 06). Esta etapa é realizada durante os 03 anos da residência de cirurgia plástica no serviço de plástica e microci-rurgia reconstrutiva do HUWC/UFC.

RESULTADOS

Os residentes do serviço de cirurgia plástica do HUWC/ UFC foram submetidos ao treinamento em microcirurgia e consideraram satisfatório, tendo sido contemplados todos os objetivos das fases propostas. As etapas do treinamento se mostraram de baixo custo. Segue, ainda, o treinamento su-pervisionado que se estende por toda residência médica em cirurgia plástica.

DISCUSSÃO

O treinamento em microcirurgia é longo, contínuo e requer grande dedicação para seu êxito. A existência de um laboratório de microcirurgia reconstrutiva é fundamental para um programa de treinamento nesta área aos residentes de cirurgia plástica, pois este sempre deve ser iniciado em um ambiente que não envolva pacientes dada a complexidade no aprendizado desta técnica1,4,5,11,20.

O uso de luvas de látex é uma opção já bem estabele-cida, pois permite o treinamento de suturas em diferentes dire-ções, ângulos e inclinadire-ções, além de permitir o treinamento de anastomoses, embora tenha a desvantagem de não oferecer estruturas de consistência similar à dos tecidos biológicos e de não permitir o treino de técnicas de dissecção1,4,5,16.

A utilização de peças anatômicas é extremamente importante para o treinamento e são de fácil obtenção como a sobrecoxa de frango, podem ser armazenadas por dias no refrigerador sem perder sua consistência. Os vasos e nervos do frango são um excelente modelo para o treinamento das técnicas microcirúrgicas, tem características similares aos

va-Figura 6. Treinamento supervisionado (etapa 04),

microneurorrafia do nervo sensitivo radial.

sos humanos, e não requerem um estruturado laboratório, a integridade das anastomoses podem ser testadas instilando soro fisiológico sob pressão. Nesta etapa, o residente poderá aprender a manipular e sentir a delicadeza de estruturas mi-crocirúrgicas, treinar a dissecção destas estruturas bem com realizar microanastomoses vasculares e microneurorrafias4,5,12.

O treinamento com animais vivos envolve cada vez mais discussões de caráter ético relacionado à prática cirúrgi-ca em animais, além disso, manter um biotério envolve eleva-dos custos adicionais aos já necessários na organização de um centro de treinamento, relacionados ao instrumental cirúrgico, fios e equipamentos ópticos4,5,13,16.

Este modelo de treinamento em microcirurgia realiza-do no serviço de cirurgia plástica e microcirurgia reconstrutiva do HUWC/UFC exibe como vantagem evidente, a redução dos custos e uma maior facilidade na realização do treinamento, pois não utiliza o modelo animal. Seguindo uma rotina de trei-namento com uma carga horária adequada, por um período adequado, confortável e de maneira contínua é possível ob-servar a evolução da habilidade manual do residente durante o treinamento, na qual o cirurgião gradualmente se familiariza com os refinamentos existentes no procedimento até que o mesmo se torne capacitado para a prática cirúrgica supervi-sionada. A prática supervisionada é realizada durante os 03 anos da residência médica, com o objetivo de ao final da resi-dência o residente estar apto à realização de procedimentos microcirúrgicos.

CONCLUSÃO

O Treinamento microcirúrgico, com uma rotina bem de-finida, supervisão qualificada e utilizando materiais experimen-tais de baixo custo, mostrou-se efetivo, proporcionando a aqui-sição de conhecimento teórico e habilidade satisfatória. A rotina de Treinamento em microcirurgia do HUWC/UFC está de acordo com os treinamentos realizados em outros serviços. A solidifi-cação deste treinamento agora como parte da formação do re-sidente de cirurgia plástica do HUWC/UFC visa suprir a continua necessidade de um número maior de cirurgiões treinados e ca-pacitados para realizar procedimentos microcirúrgicos.

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Autor correspondente: Caio Alcobaça Marcondes

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