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A relação urbano-rural no distrito de Amanhece/Araguari (MG): algumas considerações 1

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A relação urbano-rural no distrito de Amanhece/Araguari (MG): algumas considerações1

Flávia Aparecida Vieira de Araújo2 Beatriz Ribeiro Soares3

Resumo: O objetivo do presente artigo é compreender a relação urbano-rural no distrito de Amanhece a partir das interações que os moradores da vila (sede do distrito) possuem com a cidade de Araguari. Para o alcance do objetivo proposto, foram adotados como procedimentos metodológicos a análise das bibliografias que abordam a relação urbano-rural e o processo de modernização agrícola, que intensificou essa relação. Também foram analisados dados estatísticos do distrito e do município de Araguari. Na perspectiva de se analisar como o urbano e o rural se interagem no viver das pessoas, realizamos entrevistas com os moradores do distrito. O trabalho está organizado em quatro partes, sendo uma delas as considerações finais. A primeira faz algumas considerações sobre as diferentes linhas de abordagem nos estudos da relação urbano-rural e os desafios e perspectivas decorrentes da complexidade desses estudos; enquanto que a segunda apresenta uma caracterização socioeconômica do distrito de Amanhece. A terceira, por sua vez, analisa a interação urbano-rural no distrito, na perspectiva de se mostrar que, apesar da presença do urbano nesse local devido à intensa relação de dependência em relação a Araguari, a dimensão rural está presente nos hábitos, costumes, valores e modo de viver dos residentes. A pesquisa possibilitou concluir que há uma coexistência do urbano e do rural no distrito e que eles podem se fundir sem que isso leve a uma homogeneização que suprime as especificidades de cada um.

Palavras-chave: Relação cidade-campo. Interação. Urbano. Rural. Amanhece/Araguari.

Introdução

A complexidade e a relevância da relação cidade-campo4 na ciência geográfica são inegáveis e decorrem do fato de que a distinção e delimitação entre a cidade e o campo tornaram-se uma tarefa mais difícil a partir da acentuação das articulações entre esses espaços. Essa maior acentuação foi condicionada pela revolução técnico-científica, iniciada a partir da segunda metade do século XX, a qual imprimiu uma nova complexidade ao estudo. Tal complexidade advém da intensificação dos processos de urbanização e industrialização; do desenvolvimento do capitalismo no campo e da conseqüente modernização da agricultura. Mesmo não tendo ocorrido

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de forma homogênea, esses fatores redefiniram os espaços rurais, imprimindo-lhes uma nova dinâmica; diversificaram os serviços urbanos; intensificaram os fluxos de transportes e comunicações e reestruturaram a interação das áreas rurais com os espaços urbanos.

Nessa perspectiva, o interesse pelo estudo da relação cidade-campo deixou de ser uma preocupação apenas da geografia e emergiu em outras ciências, podendo-se destacar a economia, a sociologia e a antropologia. Todas tentam estabelecer parâmetros para a definição, hoje, de rural e de urbano e a relação que ambos estabelecem, o que se torna, portanto, um enorme desafio, visto que houve uma ressignificação do rural e do urbano. Essa exige que as distinções e singularidades sejam valorizadas frente às relações, às articulações e às influências mútuas que se estabelecem entre a espacialidade rural e urbana.

No Brasil, as situações rural e urbana são definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que considera como população urbana as pessoas e os domicílios localizados nas cidades, nas vilas (sedes distritais) ou mesmo em áreas urbanas isoladas. A população rural é aquela que se localiza em toda a área fora dos limites urbanos, ou seja, fora do perímetro urbano, que é delimitado por uma lei municipal, sendo adotada pelo IBGE para a delimitação dos setores censitários e o processo de recenseamento. Todavia, a análise baseada na posição do domicílio no município gera enormes controvérsias, tais como o questionamento sobre o fato da população das vilas distritais ser considerada como urbana, mesmo estando localizada na área rural dos municípios. Vários estudos revelam que o rural e o urbano não podem ser interpretados como simples categorias operatórias, mas precisam ser analisados à luz dos conteúdos e significados das relações sociais, já que práticas tipicamente ligadas ao modo de vida rural podem se manifestar em áreas consideradas urbanas e vice-versa.

Assim, diante dos pressupostos de que há uma interação do urbano e do rural em um mesmo local, de que as fronteiras entre eles são cada vez mais tênues e de que o significado dessas realidades deve ser buscado nas práticas sociais dos agentes, surgiu o interesse de se estudar a interação urbano-rural no distrito de Amanhece. O objetivo geral da pesquisa foi a compreensão da relação urbano-rural no distrito de Amanhece a partir das interações que os moradores da vila do distrito possuem com a cidade de Araguari.

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Para o alcance dos objetivos propostos, a metodologia utilizada na pesquisa consistiu no levantamento bibliográfico sobre os principais estudos da relação cidade-campo. Essa etapa foi de fundamental importância para a delimitação teórica do trabalho. O levantamento de informações em fontes secundárias foi realizado no Arquivo Público Municipal de Araguari, no qual foram buscados dados históricos sobre o município de Araguari, com ênfase ao distrito de Amanhece, e no IBGE, onde foram encontrados dados censitários e estatísticos do município. Foi realizado um levantamento dos aparelhos sociais da vila distrital, o qual possibilitou o entendimento das necessidades reais de relacionamento da população com a cidade. As informações foram sistematizadas em uma planta.

Na perspectiva de analisar a interação urbano-rural em Amanhece e o modo de vida da população e compreender a importância do distrito para as pessoas, foram realizadas entrevistas com os moradores da vila distrital. É necessário deixar claro que optou-se por trabalhar com os dados de forma qualitativa e devido a isso as reflexões foram realizadas de acordo com o universo pesquisado, uma vez que sabemos do risco de se cometer equívocos a partir de generalizações. As entrevistas foram realizadas com pessoas de faixa etária variando entre 15 e 85 anos de idade, residentes no distrito há mais de dez anos. Isso é justificado pelo fato de que entendemos que essa é uma forma de analisar as semelhanças e diferenças na forma de relação com a cidade entre jovens, adultos e idosos e compreender as vivências de diferentes gerações. Nas entrevistas, procuramos conhecer o motivo de escolha do distrito para viver, o sentido que o distrito representa para o morador, a consideração das qualidades do distrito e da cidade, a freqüência de deslocamento para a cidade e a forma como é realizada esse deslocamento, o local de realização das principais compras e os tipos de produtos comprados no distrito e na cidade, os principais serviços buscados na cidade, o local de trabalho, a identificação com o modo de vida rural ou urbano, as expectativas em relação ao futuro do distrito e a opinião sobre sua emancipação.

Para uma melhor organização, o texto foi estruturado em quatro partes, sendo uma delas as considerações finais. A primeira parte faz algumas considerações sobre as diferentes linhas de abordagem nos estudos da relação urbano-rural e os desafios e perspectivas decorrentes da complexidade desses estudos; enquanto que a segunda apresenta uma caracterização socioeconômica do distrito de Amanhece. A terceira, por sua vez, analisa a interação urbano-rural no distrito, na perspectiva de

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se mostrar que, apesar da presença do urbano nesse local devido à intensa relação de dependência em relação a Araguari, a dimensão rural está presente nos hábitos, costumes, valores e modo de viver dos residentes. Assim, procuramos mostrar que há uma coexistência do urbano e do rural no distrito e que eles podem se fundir sem que isso leve a uma homogeneização que suprime as especificidades de cada um. Consideramos que este estudo poderá trazer contribuições para essa discussão no âmbito da Geografia, uma vez que as pesquisas produzidas sobre distritos são ainda bastante incipientes, apesar da “curiosidade intelectual” que despertam e de sua importância para a compreensão da dinâmica socioespacial do território.

As diferentes correntes de pensamento existentes na abordagem sobre o rural e o urbano: algumas considerações

O estudo da temática do rural e da ruralidade no Brasil recebeu fortes influências das correntes de pensamento elaboradas pela sociologia norte-americana. Todavia, dada a limitação de ambas, um novo posicionamento analítico emerge, constituindo-se, assim, uma alternativa metodológica aos estudos referentes ao rural. Nesse sentido, podem-se sintetizar três posições na abordagem do rural, que neste trabalho serão consideradas como correntes de pensamento. Marques (2002, p. 100) deixa clara a diferença entre as duas correntes de pensamento que receberam forte influência da sociologia norte-americana.

De uma maneira geral, as definições elaboradas sobre o campo e a cidade podem ser relacionadas a duas grandes abordagens: a dicotômica e a de

continuum. Na primeira, o campo é pensado como meio social distinto que

se opõe a cidade. Ou seja, a ênfase recai sobre as diferenças existentes entre os espaços. Na segunda, defende-se que o avanço do processo de urbanização é responsável por mudanças significativas na sociedade em geral, atingindo também o espaço rural e aproximando-o da realidade urbana. (grifos da autora).

É necessário deixar claro que consideramos ambas as abordagens problemáticas e limitadas, pois entendemos que elas são pautadas em uma visão que não consegue abarcar a realidade e a complexidade que marcam o campo, a cidade e suas relações no atual período técnico, sendo necessárias novas perspectivas de estudo, já apontadas por alguns autores. Refutando a visão dicotômica, consideramos que esses espaços não são completamente distintos e opostos e que o rural e o urbano não podem ser entendidos separadamente. A principal implicação teórica que

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poderia ser apontada como decorrente da abordagem dicotômica e que constitui um problema é a tradição em se estudar o rural a partir da identificação das diferenças em relação ao urbano. Esse último é considerado como o modelo ideal para o rural, que figura como o espaço subalterno e residual. Os adjetivos comumente associados ao rural, como atrasado, tradicional, agrícola, rústico, selvagem, resistente a mudanças, dentre outros, representam um legado dessa forma de abordagem do rural, que é considerado, invariavelmente, como um espaço mistificado e idílico.

É necessário considerar que as relações estabelecidas entre o campo e a cidade são estreitas e permitem a presença de elementos urbanos no campo e rurais na cidade, no entanto, sem a destruição das especificidades de cada espacialidade. Assim, o rural não pode ser reduzido ao significado de agrícola e arcaico, pois o processo de modernização possibilitou a presença de indicadores urbanos no campo, como as indústrias que constituem os modernos e diversificados complexos agroindustriais. De forma semelhante, o urbano não pode ser sinônimo de industrial e moderno, pois incorpora atividades e práticas comumente associadas ao mundo rural, uma vez que abriga uma considerável parcela de residentes provenientes do processo de modernização e expropriação do campo. Nesse sentido, concordamos com Alentejano (2003, p. 31) quando aponta a necessidade de desmistificação dessas tradicionais associações:

[...] a primeira tarefa no sentido de utilizar o par rural-urbano como elemento de interpretação da realidade é a de desmistificar as associações tradicionalmente feitas entre rural e agrícola, natural e atrasado e urbano como sinônimo de moderno, industrial e artificial.

A intensidade das relações entre a cidade e o campo e o conseqüente fim do isolamento entre esses espaços, com a significativa presença da cidade e de elementos urbanos no campo levou alguns autores a acreditarem na inexorabilidade do processo de urbanização, que poderia levar à destruição do mundo rural e de suas especificidades. Em uma visão urbanocêntrica, o urbano dominaria completamente o rural, tornando-o um espaço subordinado e residual. As fronteiras existentes entre o campo e a cidade seriam suprimidas, constituindo umcontinuum, marcado pela homogeneização desses espaços. Essa homogeneização seria resultante do processo de expansão da racionalidade urbana sobre o campo que levaria à sua dissolução, transformando as condições de vida e aproximando-as ou

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mesmo igualando-as àquelas que são praticadas na cidade. É necessário enfatizar que o conceito decontinuum foi utilizado pela primeira vez pelo antropólogo norte-americano Robert Redfield (1947). Ao realizar estudos em grupos específicos no México em meados da década de 1930, ele considerou que, com o aumento da complexidade dos grupos sociais, esse continuum caminharia para o urbano. (BLUME, 2004).

No Brasil, a vertente do continuum é compartilhada por alguns autores, que conforme Rua (2005a), defendem a idéia de “urbanização do rural”. O autor destaca como principais representantes dessa corrente de pensamento Milton Santos, Octávio Ianni e José Graziano da Silva. Esse último, conforme já apontado, promove o debate do “novo rural” brasileiro como forma de justificar a perspectiva do continuum, já que considera a urbanização do campo como um processo dotado de iminência e irreversibilidade, as quais suprimirão as especificidades do rural. Em uma perspectiva de “rurbanização”, considera que a total transformação do universo rural é somente uma questão de tempo, já que a generalização das características do mundo urbano contribuirá para que o tradicional possa ceder lugar ao “novo”. Indubitavelmente, a reprodução do capitalismo possibilitou a maior presença da cidade no campo, porém, devemos considerar que essa reprodução é combinada e desigual. Em uma reflexão bem simples, podemos considerar que, contraditoriamente, ao capital interessou encontrar um novo espaço de reprodução, ou seja, o campo. Porém, as particularidades desse espaço precisam ser mantidas, uma vez que, para o capital continuar a se reproduzir na cidade necessita de elementos peculiares do campo, que, apesar das inúmeras transformações, continua a ser o principal fornecedor de produtos alimentícios que abastecem a população das cidades. Na mesma perspectiva, isso é considerado nas reflexões de Bagli (2006, p. 82):

embora transformações apontem aparentemente para a homogeneização dos espaços, em virtude da difusão de características comuns, a intensificação das relações se estabelece justamente pela manutenção das peculiaridades. Os espaços ampliam suas inter-relações, porque as diferenças existentes em cada um deles favorecem a busca pelo outro como tentativa de suprimir possíveis ausências.

Nesse sentido, alguns autores apontam os problemas advindos da análise a partir da corrente do continuum e ressaltam a necessidade de se encarar as transformações socioespaciais no espaço rural, como a presença de equipamentos

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urbanos (lojas, supermercados, bancos, dentre outros) sob um outro prisma que não seja a habitual associação do desenvolvimento rural ao processo de urbanização. O acesso à infra-estrutura urbana, como energia elétrica, água encanada, rede de esgoto, pavimentação e telefonia e aos meios de comunicação, como televisão e rádio, dentre outros, por parte dos residentes do campo representam um direito aos bens e serviços da sociedade urbano-industrial, já que seu uso representa uma facilidade na vida de qualquer pessoa. Assim, é comum que todos queiram ter acesso a esses benefícios, que não podem ser analisados simplesmente como sinônimo do processo de “urbanização do campo”, pois a presença ou ausência de infra-estrutura em determinado espaço não pode representar um condicionante para a sua classificação em rural e urbano. Os aspectos envolvidos no reconhecimento dessas categorias são ultrapassados pela mera aparência. Abramovay (2000, p. 3) discute essa questão, fazendo a ressalva de que

é preciso definir o meio rural de maneira a levar em conta tanto a sua especificidade (isto é, sem encarar seu desenvolvimento como sinônimo de “urbanização”), como os fatores que determinam sua dinâmica (isto é, sua relação com as cidades). Os impactos políticos da resposta a esta pergunta teórica e metodológica são óbvios: se o meio rural for apenas a expressão, sempre minguada, do que vai restando das concentrações urbanas, ele se credencia, no máximo, a receber políticas sociais que compensem sua inevitável decadência e pobreza. Se, ao contrário, as regiões rurais tiverem a capacidade de preencher funções necessárias a seus próprios habitantes e também às cidades – mas que estas próprias não podem produzir – então a noção de desenvolvimento poderá ser aplicada ao meio rural. (grifo do autor).

É necessário observar que essa visão dos autores que consideram o desenvolvimento rural como sinônimo do processo de “urbanização do campo”, utilizando-a para justificar a corrente do continuum rural-urbano, pode ser dividida em duas vertentes analíticas principais, conforme nos aponta Rua (2005a). O autor esclarece que a primeira vertente corresponde a uma visão “urbano-centrada”, na qual o pólo urbano docontinuum é privilegiado e representa a fonte de progresso e dos valores dominantes que são impostos à sociedade. Já o pólo rural é visto como atrasado, apresentando a tendência de redução e desaparecimento frente à avassaladora influência do pólo urbano. Os autores que podem ser reunidos nessa primeira vertente já foram citados anteriormente.

De forma contrária, a segunda vertente considera que a aproximação e a integração entre os dois pólos são resultantes docontinuum rural-urbano. A perspectiva é de que, apesar das semelhanças entre os dois extremos e a continuidade entre o rural

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e o urbano serem ressaltadas nessa abordagem, considera-se que as particularidades, tanto do campo quanto da cidade, não são destruídas na relação que estabelecem e não representam, portanto, o fim do rural. O continuum se delineia entre o pólo urbano e o pólo rural, que apresentam distinções, as quais intensificam o processo constante de mudança que ocorre nas relações que são estabelecidas entre eles. Como adeptos dessa abordagem que enfatiza o rural, por meio da idéia de “novas ruralidades”, podemos destacar os estudos de Maria José Carneiro, Roberto José Moreira, José Eli da Veiga, Ricardo Abramovay, Sérgio Schneider e Maria de Nazareth Baudel Wanderley (RUA, 2005a). Nas palavras de Rua (2005a), há uma reflexão das dinâmicas sociais manifestadas no campo, tais como a pluriatividade e a reemergência de sociabilidades e identidades tidas como rurais, as quais representam uma forma de questionamento da idéia de supressão do rural5 que, por meio dessas dinâmicas, não sucumbe às inúmeras influências e pressões do universo urbano. Contrapondo a idéia de “urbanização do campo” a partir da expansão da racionalidade urbana sobre esse espaço, esses autores acreditam que a presença de elementos e práticas urbanas no universo rural é apenas uma manifestação do processo de globalização, que contribui para uma maior integração entre o campo e a cidade e, conseqüentemente, para a disseminação do processo de “urbanização no campo”. Todavia, esse processo não destrói as condições de vida peculiares do mundo rural.

A maior integração e aproximação entre o rural e o urbano não leva a uma homogeneização e irreversível descaracterização das identidades socioculturais dos indivíduos que vivem no mundo rural. De forma contrária, essa aproximação contribui para realçar as especificidades do rural, uma vez que há uma reestruturação das identidades e um conseqüente fortalecimento da ruralidade. Nessa perspectiva, deve-se considerar que há uma coexistência e não sobreposição entre essas duas realidades e formas de organização, já que elas se fundem sem levar a uma homogeneização que destrói as particularidades concernentes a cada uma.

Caracterização socioeconômica do distrito de Amanhece

O distrito de Amanhece compreende uma área localizada ao norte do município de Araguari, a qual inclui a área urbana (vila) e rural. Sua distância do distrito-sede é de

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12 quilômetros e o acesso é obtido por meio da rodovia MG-414. A criação oficial do distrito deu-se por intermédio da Lei 843, de 07 de setembro de 1923.

O distrito conta com ruas e avenidas asfaltadas, água encanada, coleta de lixo, energia elétrica e sistema de telefonia. A limpeza urbana no distrito é satisfatória, havendo uma varrição diária das vias públicas (ruas e praça) da área urbana do distrito. A coleta de lixo é realizada três vezes por semana, sendo o material encaminhado ao aterro público municipal.

A organização interna do distrito é simples, havendo uma carência de serviços, a qual contribui para uma maior dependência dos moradores em relação aos equipamentos urbanos presentes em Araguari. A proximidade do distrito com a cidade aumenta esse grau de dependência e contribui para o não-desenvolvimento econômico do distrito. Este distrito não conta com rede de esgoto, sendo que em todas as residências há fossas sépticas. É importante considerar que a inexistência da rede de esgoto não é um problema exclusivo do distrito de Amanhece, visto que as precárias condições de saneamento básico é uma problemática enfrentada por uma significativa parte das cidades brasileiras, especialmente aquelas localizadas nas regiões mais pobres do país.

Os equipamentos urbanos presentes na vila do distrito podem ser observados na planta 1, que traz a configuração espacial do distrito.

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Planta 1 - Distrito de Amanhece/Araguari (MG): equipamentos da vila (2008).

Além da organização interna simples do distrito, a população total também é pequena. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, o distrito possuía 2.692 habitantes, sendo 1.185 na área urbana (vila) e 1.507 na zona rural (Tabela 1).

Tabela 1 - Distrito de Amanhece/Araguari (MG): evolução da população total, urbana e rural (1991-2000) Habitantes Percentagem (%) 1991 1996 2000 Evolução 1991-1996 Evolução 1996-2000 Total 2.395 2.180 2.692 -8,97 23,48 Urbana 1.011 1.091 1.185 7,91 8,61 Rural 1.384 1.089 1.507 -21,31 38,38

Fonte: IBGE – Censo Demográfico (1991 e 2000) e Contagem Populacional (1996) Organização: ARAÚJO, F. A. V. (2009).

A análise da tabela permite constatar que, entre os anos de 1991 e 1996, houve uma diminuição de 8,97% da população total do distrito. Entretanto, nesse mesmo período ocorreu uma evolução da população considerada urbana, com um

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crescimento na ordem de 7,91%. A diminuição de 21,31% da população rural entre os anos mencionados é um fator que explica a queda no número da população total do distrito. No período de 1996-2000 houve um crescimento de 23,48% da população total, sendo que o aumento da população urbana foi de apenas 8,61%, enquanto que a rural aumentou 38,38%. O crescimento da população rural nesse período pode estar relacionado com a mudança da população da vila para o campo e também com a chegada de trabalhadores temporários provenientes, principalmente, dos estados da Bahia e do Paraná, que se dirigiram ao distrito para trabalhar nas lavouras de café. Esses trabalhadores moram na fazenda do empregador durante o período de colheita (março a agosto) e, apesar de muitos retornarem à sua terra natal, alguns optam por permanecer no distrito, contribuindo, assim, para o aumento da sua população total.

A renda da população residente no distrito, aliada à proximidade espacial com a cidade de Araguari, torna-se um fator determinante à organização espacial da vila, já que a possibilidade de consumir pode também determinar a existência ou não de estabelecimentos comerciais no distrito. Essa renda é resultante das formas de trabalho encontradas na vila e não atende a todas as necessidades básicas do trabalhador e de sua família. As principais fontes de renda em Amanhece estão ligadas ao trabalho rural, que possui uma remuneração menor em relação aos empregos urbanos. A tabela 2 permite visualizar a renda média da população residente no distrito.

Tabela 2 - Distrito de Amanhece/Araguari (MG): rendimento nominal mensal (urbano e rural) por pessoa responsável pelo domicílio (2000)

Dados de rendimento nominal mensal

Classes de rendimento nominal mensal em percentual Pessoa responsável pelo domicílio6

Renda (salários mínimos) Percentual

Até 1 22,05

Mais de 1 a 3 51,57

Mais de 3 a 5 11,94

Mais de 5 a 10 9,84

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Mais de 15 a 20 0,39

Mais de 20 0,92

Sem rendimentos 2,36

Fonte: IBGE (Censo 2000)

Organização: ARAÚJO, F. A.V. (2009).

Apesar da renda média do distrito ser de um a três salários mínimos7, uma pequena parcela da população (1,31%) possui renda superior a 15 salários mínimos. Isso demonstra que em Amanhece também existe má distribuição de renda e desigualdade social, não nos permitindo tratar o distrito como um espaço homogêneo, já que o desenvolvimento do capitalismo no local também ocorre de forma desigual e combinada. Essa renda significativa de alguns moradores pode estar ligada à presença de grandes fazendeiros na área rural do distrito.

A interação urbano-rural no distrito de Amanhece/Araguari (MG)

A partir da caracterização socioeconômica do distrito, podemos afirmar que o pequeno número de habitantes, a baixa renda média e a proximidade espacial com a cidade de Araguari tornam-se fatores condicionantes ao incipiente desenvolvimento da vila distrital. Esta não possui um comércio e estrutura de serviços que atenda a todas as necessidades da população, que é obrigada a se deslocar para a cidade, aumentando seu grau de dependência e intensificando, assim, a relação urbano-rural.

O processo de modernização agrícola no município de Araguari engendrou profundas transformações na relação cidade-campo e contribuiu para intensificar a interação urbano-rural no distrito de Amanhece. Além da proximidade espacial da vila distrital com o campo, o estreitamento das relações entre o rural e o urbano ocorreu em decorrência da migração dos produtores que foram expropriados, os quais passaram a residir no distrito, mesmo continuando a trabalhar no campo. Assim, os hábitos, costumes e valores típicos desse espaço se tornaram mais presentes na vida dos residentes da vila, da mesma forma que a presença dos valores urbanos também foi intensificada, dada a nova relação que esses residentes

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passaram a estabelecer com a cidade de Araguari. A intensidade dessa relação, conforme já apontado, decorre do fato de o distrito não possuir equipamentos e serviços que atendam a todas as necessidades de sua população, levando-a a buscar os serviços da cidade.

Nessa perspectiva, em nossas entrevistas procuramos entender a identificação do morador com o modo de vida rural ou urbano. É importante considerar que isso representa uma forma de entender a interação existente entre os modos de vida urbano e rural, bem como uma relativização da classificação do rural e do urbano. Entendemos que essas são espacialidades complexas que só podem ser apreendidas a partir do entendimento das relações que os sujeitos estabelecem no espaço em que vivem, seja ele o campo ou a cidade.

É imprescindível considerar que a diferenciação entre urbano e rural é uma tarefa complexa, já que nos distritos que se localizam próximo ao campo, como é o caso de Amanhece, o rural e o urbano se interagem no viver das pessoas, formando um espaço híbrido. A compreensão desse espaço não pode ser dada apenas pelas tradicionais concepções de urbano e rural, já que há uma combinação desigual de ambos em cada localidade, sem que essa combinação leve à destruição do rural, que é visto como o espaço residual e subalterno.

A partir das entrevistas realizadas, foi possível perceber que, apesar de serem contados como população urbana, os moradores se identificam mais com o modo de vida rural, já que há uma intensa proximidade do distrito com o campo e com seu respectivo modo de vida, especialmente em relação às relações de trabalho. Essa proximidade nos leva a refletir acerca da construção das relações cotidianas no distrito, que são baseadas em uma intensa ligação com a terra. A terra representa uma garantia de sobrevivência tanto aos moradores que possuem uma propriedade na área rural e que cultivam determinado produto para consumir ou vender quanto àqueles que trabalham na colheita desse produto. Nesse sentido, podemos refletir acerca do fato de que, apesar dos moradores serem contados como urbanos, suas relações estão fortemente atreladas aos espaços rurais, nos quais

[...] as relações cotidianas são construídas tendo como base uma intensa ligação com a terra. O sustento da família é assegurado pelo trabalho sobre ela produzido, seja por intermédio dos produtos cultivados (para venda ou consumo), seja por intermédio da criação de animais (pastagem e outras fontes de alimento). A terra não é mero chão, mas a garantia de sobrevivência. (BAGLI, 2006, p. 87).

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Contraditoriamente, nos espaços urbanos a terra possui uma outra dimensão, já que não é nela que o trabalho ocorre, mas sim sobre ela. Assim, as relações se realizam por intermédio daquilo que sobre a terra está construído, como as casas, prédios, ruas, lojas, dentre outros e pela funcionalidade que possuem. Isso nos leva a pensar na afirmação de Alentejano (2003, p. 32): [...] “enquanto a dinâmica urbana pouco depende de relações com a terra, tanto do ponto de vista econômico, como social e espacial, o rural está diretamente associado à terra, embora as formas como estas relações se dão sejam diversas e complexas”.

A afirmação do autor nos leva a pensar na dimensão rural que o distrito possui, já que nele há uma forte dependência em relação à terra, que possui para os moradores, tanto da área rural quanto da vila, uma importância econômica, social e espacial no estabelecimento de suas relações sociais. A terra funciona, assim, “como elemento que perpassa e dá unidade a todas essas relações” (ALENTEJANO, 2003, p. 32).

É importante destacar que nem todos os entrevistados se identificam com o rural e isso ficou claro na fala de uma entrevistada que afirmou se identificar com o modo de vida urbano, atribuindo-o à existência de infra-estrutura no distrito, como comércio e escola. Entendemos que a presença dessa infra-estrutura no distrito, como asfaltamento, energia, telefone, posto de saúde, escola e estabelecimentos comerciais não permite afirmar que sua população é eminentemente urbana. Se a condição de urbano é dada pela presença de infra-estrutura, os espaços que não a possuem seriam rurais? Seguindo essa lógica, as imensas áreas desprovidas de infra-estrutura situadas no interior das cidades, como as favelas, não seriam urbanas. Conforme nos aponta Bagli (2006, p. 96), “a condição de ser rural ou urbano não está dada pela presença ou ausência de infra-estrutura. Envolve outros aspectos que ultrapassam a mera aparência”. Diante dessa afirmação, entendemos a necessidade de se investigar esses aspectos que estão presentes na vida dos moradores do distrito. Os laços de vizinhança e o sentimento de pertencimento a uma comunidade são características reconhecidas como sendo típicas do rural e estão fortemente presentes em suas relações. É importante ressaltar que, em nossa pesquisa, percebemos que não são apenas os idosos que consideram importante as relações mais centradas na proximidade e na vizinhança, já que os mais jovens também reconhecem essa importância.

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A identificação que os entrevistados demonstraram possuir com o local nos leva a pensar na territorialidade, a qual pode se tornar um fator de distinção entre o rural e o urbano, já que essa territorialidade é mais intensa no modo de vida rural, conforme nos aponta Alentejano (2003, p. 31), ao afirmar que

é a intensidade da territorialidade que distingue o rural do urbano, podendo-se afirmar que o urbano reprepodendo-senta relações mais globais, mais descoladas do território, enquanto o rural reflete uma maior territorialidade, uma vinculação local mais intensa.

Assim, a territorialidade presente na vida dos moradores do distrito é um aspecto que nos permite identificar a presença de valores rurais nas relações sociais que estabelecem e, mais importante, um fator que nos permite relativizar a classificação que os considera como urbanos, levando-nos a pensar na complexidade da interação urbano-rural presente no distrito.

Nesse sentido, consideramos que, para entender a relação urbano-rural presente no distrito, é necessário abandonar a análise dicotômica campo/cidade, modo de vida rural/modo de vida urbano, ainda predominante em muitos estudos, pois, a partir do processo de modernização, as relações estabelecidas entre o campo e a cidade foram intensificadas e passaram a ter uma significativa interdependência e complementaridade. A cidade é necessária aos moradores de todo o distrito, sejam aqueles residentes na vila ou mesmo na área rural, dada a necessidade de abastecimento de certos produtos e a busca de infra-estrutura de serviços urbanos, como bancos e lojas, por exemplo. Da mesma forma, a importância do distrito para a cidade é justificada pelo oferecimento de alimentos que são consumidos pelos citadinos.

A partir das entrevistas realizadas, percebemos que há uma intensa interação entre os modos de viver urbanos e rurais na vila de Amanhece, pois os elementos urbanos estão muito presentes. Porém, apesar de ser considerada uma população urbana e conforme pôde ser percebido na fala dos entrevistados, essa existência não suprime a importância do rural para as pessoas, sejam os mais velhos ou mesmo os jovens que, apesar de buscarem a cidade, não deixam de valorizar os valores, costumes e a vida que o distrito proporciona.

Nessa perspectiva, é necessário deixar claro que a presença de elementos urbanos no distrito não o constitui como sendo um continuum da cidade, da mesma forma que o rural não é umcontinuum do urbano. Entendemos que o distrito é um espaço

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que influencia e é influenciado pela cidade, que incorpora valores urbanos, mas mantendo e valorizando os “hábitos rurais”. A presença de elementos urbanos no distrito deve ser interpretada como a manifestação de “urbanidades”, de acordo com a abordagem de Rua (2006). É importante reiterarmos que a definição do rural não deve pautar-se na idéia de que se constitui em um oposto da cidade, mas deve ser compreendido a partir de sua relação com a cidade. A manutenção de suas especificidades e suas particularidades deve ser levada em conta na análise dessa relação, que mesclam o rural e o urbano, formando um espaço híbrido, que não leva à dissolução das identidades ligadas a cada espaço (campo e cidade).

Considerações finais

A partir da pesquisa realizada no distrito de Amanhece, percebemos que há uma intensa interação entre os valores rurais e urbanos na vida dos moradores. Apesar de serem considerados urbanos pelos órgãos e instituições oficiais, observamos que os valores e práticas característicos do mundo rural, como o vínculo identitário com o lugar, as tradições, os hábitos alimentares, dentre outros, estão fortemente presentes em sua vida.

Nesse sentido, apesar de buscarem a cidade para trabalhar, estudar, realizar compras ou mesmo se divertir, os moradores não deixam de valorizar os valores, costumes e a vida que o distrito proporciona, sejam os mais velhos ou mesmo os jovens, conforme constatamos nas entrevistas. Consideramos, assim, que a presença do rural e sua interação com o urbano ocorre no viver das pessoas, revelando-nos uma complexidade na qual rural e urbano coexistem e não se sobrepõem. A intensidade da relação rural-urbano decorre do fato de o distrito não possuir equipamentos e serviços que atendam a todas as necessidades de sua população, levando-a a buscar os serviços da cidade.

A pesquisa possibilitou concluir que o rural e o urbano não podem ser interpretados como categorias respectivas exclusivamente ao campo e à cidade, pois, conforme mostramos em nossa pesquisa, o rural está presente no modo de vida dos residentes da vila do distrito, que são considerados como população urbana. Dessa forma, o rural e o urbano devem ser entendidos como representações sociais que se fazem presentes nas relações, já que o rural pode estar presente na cidade, da mesma forma que o urbano pode estar presente no campo. Assim, mais importante

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do que classificar um local como rural ou urbano é compreender como se dá a manifestação do rural e do urbano nesse local. O distrito não pode ser interpretado como uma sociedade eminentemente urbana ou mesmo rural, pois, apesar da manifestação de elementos típicos da cidade no distrito, entendidas como “urbanidades”, há a presença do rural, que se expressa nos hábitos, costumes, valores e tradições dos moradores. Entendemos que essa presença e sua interação com o urbano, que ocorre no viver das pessoas nos revela uma complexidade, na qual rural e urbano coexistem e não se sobrepõem. Apesar da importância que esse último adquiriu na sociedade contemporânea, o rural não sucumbiu à sua lógica. Assim, consideramos que eles podem se fundir sem que isso leve a uma homogeneização que suprime as especificidades concernentes a cada um.

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1

O presente artigo é parte das análises realizadas na monografia intitulada “Quando o urbano e o rural se intercruzam: discussões acerca da relação cidade-campo no distrito de Amanhece/Araguari (MG)”, orientada pela Profª. Drª. Beatriz Ribeiro Soares e defendida no Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, em junho/2008.

2

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Bolsista CNPq Brasil. E-mail: flaviaraujogeo@yahoo.com.br.

3

Professora Doutora do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). E-mail: brsoares@ufu.br

4

É importante deixar claro que utilizaremos as expressõesrelação cidade-campo e relação

urbano-rural como respectivos sinônimos de relação campo-cidade e relação urbano-rural-urbano e isso se justifica

pelo fato de que alguns autores utilizam as primeiras expressões, enquanto outros as segundas. Não obstante essa diferença nas composições, percebemos, a partir das leituras realizadas, que as expressões possuem os mesmos significados. Assim, utilizaremos as expressões relação

cidade-campo e relação urbano-rural por uma postura metodológica e por optarmos em privilegiar uma visão

de análise que é a influência da cidade sobre o campo, destacando a visão da Geografia Urbana sobre o campo. Isso se justifica pelo fato de que se percebe uma falta de análises acerca dessa temática, a relação cidade-campo, por parte de pesquisadores da Geografia Urbana, já que a maior parte dos trabalhos produzidos são realizados por pesquisadores da Geografia Agrária/Geografia Rural, Sociologia, entre outros.

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Na perspectiva de se orientar a análise para os agentes do processo e não exclusivamente para o espaço, é importante esclarecer que não é o rural que resiste a essa influência do urbano, pois não é dotado de vida própria. Essa resistência é observada entre os sujeitos sociais que, a partir de suas relações, constituem a espacialidade rural.

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Segundo dados do IBGE, o distrito de Amanhece possuía 762 imóveis, incluindo aqueles localizados na área urbana e rural.

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