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PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM VÁRIAS CRIAÇÕES DE GALINHAS ORNAMENTAIS DE QUINTAL NO DISTRITO DE SANTARÉM

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BERNARDO MAGALHÃES CRESPO SALVADOR

PREVALÊNCIA DE PARASITAS

GASTROINTESTINAIS EM VÁRIAS CRIAÇÕES DE

GALINHAS ORNAMENTAIS DE QUINTAL NO

DISTRITO DE SANTARÉM

Orientadora: Professora Doutora Ana Maria Duque de Araújo Munhoz

Universidade lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Medicina Veterinária

Lisboa 2020

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2

BERNARDO MAGALHÃES CRESPO SALVADOR

PREVALÊNCIA DE PARASITAS

GASTROINTESTINAIS EM VÁRIAS CRIAÇÕES DE

GALINHAS ORNAMENTAIS DE QUINTAL NO

DISTRITO DE SANTARÉM

Dissertação defendida em provas públicas na Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias, Lisboa no dia 26 de Março de 2020, para a obtenção do grau de mestre em Medicina Veterinária conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Despacho reitoral Nº110/2020, de 18 de Março. Júri com a seguinte composição:

Presidente: Professora Doutora Laurentina Pedroso Arguente: Professor Doutor Eduardo Marcelino

Orientadora: Professora Doutora Ana Maria Duque de Araújo Munhoz

Universidade lusófona de Humanidades e Tecnologias

Faculdade de Medicina Veterinária

Lisboa 2020

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3

Agradecimentos:

A todas as pessoas do meu circulo familiar, em particular aos meus pais e à minha irmã, que sempre me motivaram para seguir este caminho e me deram todo o apoio necessário para o fazer,

À Professora Doutora Ana Maria, pela sua amizade, e orientação não só na elaboração desta tese, como em todo o meu percurso académico no curso, sempre disposta a esclarecer duvidas e a providenciar os meios necessários para poder aprender mais em Parasitologia,

Aos meus amigos, pelo apoio incondicional durante todo este percurso, tornando-o não só mais fácil, como também mais alegre e divertido. Agradeço particularmente aos meus colegas de sempre, o Tomás Grilo, João Pinto, e Gonçalo Laranjeira, a todo o grupo do League, à Maria Inês Antunes, ao Gonçalo Veloso, ao Tomás Correa, e à Mariana Malta Carvalho, entre outros, que tanto me ajudaram nos últimos tempos. A toda a equipa, familiares e amigos que trabalham na Quinta do Falcão, por todo o companheirismo e ajuda face aos vários desafios difíceis que nos têm aparecido. A toda a equipa técnica da clinica veterinária de telheiras, à Doutora Maria João, à Doutora Fátima, à Doutora Dulce, à Doutora Sofia, à Doutora Inês, e às enfermeiras Rita, Patrícia e Raquel, pela atenção e amizade que tiveram comigo, quando me deixaram estagiar e aprender mais sobre medicina de animais de exóticos e de companhia,

Ao Doutor Rui Fortunato e toda a equipa da Rações Zêzere, por me terem aceite como estagiário, dado a oportunidade de aprender mais sobre avicultura industrial, e pelos conselhos que me fizeram crescer tanto como pessoa, como profissional,

A todos os criadores de galinhas ornamentais que se mostraram disponíveis para ajudar e participar neste estudo,

A todos os professores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, que através da sua paciência e sabedoria, me

prepararam para desempenhar a função de médico veterinário com dignidade,

Ao professor Jaime Faísca, à professora Luísa Jorge, e ao Doutor Núncio Fragoso, por me terem dado as primeiras luzes sobre este mundo pelo qual eu tanto me apaixonei, A todos, ficarei para sempre extremamente grato pela diferença positiva que fizeram na minha vida.

(4)

4 Resumo

As galinhas são utilizadas desde a antiguidade para a produção de ovos e carne. As primeiras raças domesticadas são originárias do continente asiático onde a sua domesticação se deu na China em 5.400 a.C.

Desde a sua domesticação alguns criadores entusiásticos começaram a selecionar as aves não só pela sua produtividade como também pelo valor ornamental, dando origem às várias raças hoje existentes.

A criação de galinhas de quintal em Portugal tende a assumir âmbitos mais rústicos, produzindo-as sempre no intuito de tirar partido da sua aptidão natural para produção de ovos e carne. No entanto, tem crescido exponencialmente o número de criadores de galinhas que ambicionam ter aves meramente pela sua questão estética (Vieira e Brito et al., 2018).

Neste estudo foi realizada uma pesquisa parasitológica com a finalidade de estabelecer o perfil parasitário gastrointestinal em criações de galinhas ornamentais no distrito de Santarém. Foram avaliadas 360 aves e recolhidas 33 amostras em 12 explorações distribuídas pelas zonas de Tomar, Torres Novas, Ourém, Ferreira do Zêzere, Santarém, Almeirim, Santo Estevão, Benavente e Marinhais.

O diagnóstico foi realizado através de análises coprológicas qualitativas pelos métodos de Willis ou método de flutuação, método de sedimentação e pelo método quantitativo de McMaster.

A prevalência de parasitismo pelo género Eimeria spp. foi observado em 97% das explorações, seguido dos helmintes Heterakis gallinarum (58%), Ascaridia galli (24%),

Hymenoleps spp. (18%), Capillaria spp. (12%) e Choanotaenia spp. (3%).

Os resultados revelam o parasitismo em termos qualitativos e quantitativos em galinhas ornamentais de quintal ainda pouco estudado, não estando disponível na literatura informações sobre as parasitoses neste tipo de criação. Este estudo apresenta-se como uma contribuição para a investigação de futuras medidas terapêuticas, profiláticas e de maneio contribuindo para a melhoria da saúde e bem-estar das aves ornamentais de quintal.

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5 Abstract

Chickens are used since antiquity for meat and egg production. The firtst domesticated breeds have its roots from the Asiatic continent, in which its domestication happened on 5. 400 b. C.

Since its domestication, many enthusiastic breeders selected chickens breeds not only for its production, but also for its ornamental value, starting the many ornamental chicken breeds that exist today.

Backyard chicken breeding in Portugal has a very rustical way of being, raising this birds only to use their natural meat and egg production to themselves. Though there are a lot of breeders like this, nowadays there have been some which breed the animals only for the pleasure of their company and beauty. (Vieira e Brito et al., 2018)

In this study, parasitological research was made in order to establish a gastrointestinal parasite profile in ornamental chickens breeding facilities located on the Santarém district of Portugal. A total of 360 birds were evaluated and 33 samples taken from 12 different breeders in the regions of Tomar, Torres Novas, Ourém, Ferreira do Zêzere, Santarém, Almeirim, Santo Estevão, Benavente e Marinhais.

The diagnostic was made through coprological tests, such as the Willis or fluctuation method in a sacarose saturated solution, the sedimentation method, and the McMaster technique for quantification of the protozoa and helminthic infection.

In the coprological analysis, the parasite genre most found was Eimeria spp, by being present in 97% of all the the facilities studied, followed by the helminths Heterakis gallinarum (58%), Ascaridia galli (24%), Hymenoleps spp. (18%), Capillaria spp. (12%) and

Choanotaenia spp. (3%).

These results show the parasitic status of ornamental backyard chicken breeding in quantitative and qualitative terms, which is very low studied so far. This study presents himself as a contribution for the investigation of therapeutic, profilactic, and handling measures whick may improve the welfare of ornamental chickens in backyard chicken breeding facilities. key-words: Ornamental chickens, parasite, Eimeria spp, Heterakis sp, Ascaridia sp,

(6)

6 Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

% Percentagem

OPG Ovos por grama de fezes

OOPG Oocistos por grama de fezes

g Gramas

Kg Quilogramas

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7

Índice

Capítulo I ... 14

Estágio curricular: ... 14

1. Estágio nas Rações Zêzere ... 14

2. Estágio no Abu Dhabi Falcon Hospital ... 15

Capítulo II ... 16

Introdução: ... 16

Principais raças de galinhas ornamentais criadas em Portugal Erro! Marcador não definido. Araucana ... 18 Branca Portuguesa ... 19 Cream Legbar ... 20 Deutsches Buschhuhn ... 21 Faverolles ... 22 Fenix ... 23 Índio Gigante ... 24 Jersey gigante ... 25 Malaio ... 26 Malines ... 27 Orpington ... 28 Pedrês Portuguesa ... 29 Polonesas ... 30 Preta Lusitânica ... 31 Sedosa do Japão ... 32

Principais parasitas gastrointestinais que infetam as aves ... 33

1. Protozoários ... 33

Família Eimeriidae ... 33

(8)

8

Ciclo de vida ... 33

Patogenia e sinais clínicos ... 35

Diagnóstico ... 36

Epidemiologia ... 36

Tratamento e profilaxia ... 37

2. Nematodes ... 38

Género Ascaridia ... 39

Espécie Ascaridia galli ... 39

Ciclo de vida ... 40

Patogenia e sinais clínicos ... 40

Diagnóstico ... 41

Epidemiologia ... 41

Tratamento e profilaxia ... 41

Género Heterakis ... 42

Ciclo de vida ... 42

Patogenia e sinais clínicos ... 43

Epidemiologia ... 43

Tratamento e profilaxia ... 44

Espécies importantes do género Heterakis ... 44

H. gallinarum: ... 44

H. isolonche ... 44

H. díspar ... 44

Género Capillaria (= Eucoleus) ... 45

Ciclo de vida ... 45

Patogenia e sinais clinicos: ... 46

Diagnóstico ... 47

Tratamento e profilaxia ... 47

(9)

9 Género Syngamus ... 48 Syngamus trachea ... 48 Diagnóstico ... 49 Epidemiologia ... 49 Tratamento e profilaxia ... 50

3. Céstodes ... Erro! Marcador não definido. Família Hymenolepidedae ... 50

Género Hymenolepis ... 50

Ciclo de vida ... 51

Patogenia e sinais clínicos ... 51

Diagnóstico: ... 51

Epidemiologia ... 51

Tratamento e profilaxia ... 51

Hymenolepis carioca ... 51

Hymenolepis cantaniana ... 52

Espécie Hymenolepis lanceolata ... 52

Género Choanotaenia ... 52

Choanotaenia infudibulum ... 52

Ciclo de vida ... 53

Patogenia e sinais clínicos ... 53

Diagnóstico ... 53 Epidemiologia ... 53 Tratamento e profilaxia ... 53 Género Raillietina ... 53 Ciclo de vida ... 54 Patogenia ... 54 Diagnóstico ... 54 Epidemiologia ... 55

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10

Tratamento e profilaxia ... 55

Espécies importantes do género Raillietina ... 55

R. tetragona ... 55

R. echinobothrida... 55

R. cesticillus ... 56

Material e Métodos ... 57

Área geográfica do estudo ... 58

Métodos coprológicos ... 59

Outras variáveis avaliadas no sistema de produção ... 60

Barreiras físicas ... 60 Invasores ... 61 Tratamentos ... 61 Resultados ... 62 Método de Willis ... 62 Método de Sedimentação ... 63 Técnica de McMaster ... 63 Barreiras físicas ... 65 Invasores ... 65 Tratamentos ... 66 Discussão ... 67 Conclusões ... 71 Bibliografia ... 72

(11)

11 Índice de figuras:

Figura 1: Instalações da rações Zêzere em Ferreira do Zêzere………...14

Figura 2: Fotografia de grupo do autor com quase toda a equipa técnica do Abu Dhabi Falcon Hospital, e com outros estagiários………… ………...15

Figura 3: Galo selvagem asiático……….……….…….…16

Figura 4: Galinha Araucana Adulta……….…..18

Figura 5: Galo Araucana……….…….………..18

Figura 6: Casal de Branca Portuguesa de pescoço coberto……….…………..…19

Figura 7: Galo Cream Legbar……….………...20

Figura 8: Galinha Cream Legbar………..…….20

Figura 9:Galinha Deutsches Buschhuhn adulta……….…………21

Figura 10: Galo Deutsches Buschhuhn adulto……….……..21

Figura 11: Galinha Faverolles adulta……….……22

Figura 12: Galo Faverolles adulto………..22

Figura 13: Galo Onagadori………...……..23

Figura 14: Galo Fenix………...……..23

Figura 15: Galo indio Gigante Brasileiro………...24

Figura 16: Galo Jersey Gigante adulto, à escala humana……….……..25

Figura 17: Galinha Jersey Gigante adulta………..…….25

Figura 18: Galo Malaio adulto………..…..26

Figura 19: Galinha Malaio adulta………...26

Figura 20: Ilustração de um casal de galinhas malines………...27

Figura 21: Galinha Malines adulta………..27

(12)

12

Figura 23: Trio de Galinhas Pedrês Portuguesa, macho do lado esquerdo, e as duas fêmeas do

lado direito……….…29

Figura 24: Várias variedades de cor de galos Polonesa………...……….….30

Figura 25: Galo Preta Lusitânica……….…….….31

Figura 26: Duas galinhas Sedosa de cor branca e beje………..……32

Figura 27: : Diagrama do ciclo de vida de E. tenella……….33

Figura 28: Lesões de grau 4 provocadas por Eimeria spp (original do autor)………...35

Figura 29: Oocistos de Eimeria spp. em câmara de McMaster, objetiva de 40X…………..37

Figura 30: Nematodes retirados dos intestinos de uma galinha necropsiada……….…39

Figura 31: Danos provocados por nemátodes observados durante uma necropsia…...…….39

Figura 32: Ciclo de vida de A. galli………...………40

Figura 33: Ciclo de vida de H. meleagridis, e a influência de Heterakis spp no mesmo..….42

Figura 34: Ovo de Heterakis spp………43

Figura 35: Diagrama do ciclo de vida de Capilaria spp……….46

Figura 36: Ovo de Capillaria spp……….……..47

Figura 37: Ovo de Syngamus Trachea………..…………..48

Figura 38: Ciclo de vida de Syngamus trachea………...…………48

Figura 39: ovo de C. infundibulum………...….…..52

(13)

13 Índice de gráficos e tabelas:

Tabela 1: Principais características das espécies pertencentes a Eimeria spp ……….…….34

Tabela 2: Pontuação das lesões provocadas por Eimeria spp nos intestinos ………35

Tabela 3: Prevalência de nematodes em 2008 na Turquia ………...….39

Tabela 4: Principais espécies de Capillaria spp ………45

Tabela 5: Espécies importantes de Hymenolepis spp……….50

Tabela 6: Espécies importantes de Raillietina spp……….54

Gráfico 1: Número de amostras recolhidas consoante a região………...……..57

Gráfico 2: Idade das aves que participaram no estudo……….…..58

Gráfico 3: Prevalência dos vários parasitas observados durante o estudo………...…..62

Gráfico 4: Presença dos parasitas observados nas amostras através do método de Willis…62 Gráfico 5: Presença de parasitas observados em método de sedimentação……….…..63

Gráfico 6: Níveis de OOPG de Eimeria spp de acordo com o número de amostras observadas……….……..63

Gráfico 7: Valores de OPG de A. galli registados de acordo com o número de amostras onde foi identificado………..………..64

Gráfico 8: Valores de OPG de Heterakis spp registados de acordo com o número de amostras onde foi identificado……… ...64

Gráfico 9: Barreiras físicas presentes em gaiolas………....65

Gráfico 10: Invasores de acordo com o número de gaiolas inspecionadas……….65

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14 Capítulo I

Estágio curricular:

O estágio curricular foi realizado no período de a 10 de setembro a 31 de Janeiro, na Rações Zêzere. Após este estágio, realizei outro extracurricular nos Emirados Árabes Unidos, no Abu Dhabi Falcon Hospital entre 2 de Fevereiro de 2019 e 28 de Março do mesmo ano.

1. Estágio nas Rações Zêzere

Esta empresa de rações encontra-se em Ferreira do Zêzere, no Distrito de Santarém, e produz ao todo, cerca de 20 mil toneladas de ração por ano para animais de companhia, ruminantes e exóticos e foi o local onde se realizou o estágio curricular.

Durante o período de estágio, acompanhou-se o diretor técnico desta empresa durante as várias atividades que realizou dentro da área da produção industrial de ovos, como por exemplo as visitas a pavilhões de galinhas poedeiras industriais, e realizar outras atividades de apoio tais como testes de diagnósticos coprológicos, e de doenças infeciosas, necropsias, elaboração de listas de diagnósticos diferenciais, recolha de amostras de tecido, recolha de sangue, elaboração de regras de biossegurança, textos de esclarecimento de doenças infeciosas, entre outros.

Foi durante este período que se adquiriu conhecimentos essenciais acerca da produção industrial avícola em Portugal, em medicina de população aviária.

(15)

15 2. Estágio no Abu Dhabi Falcon Hospital

O Abu Dhabi Falcon Hospital foi a primeira instituição pública construída para garantir serviços veterinários de qualidade em falcões, nos Emirados Árabes Unidos. Hoje em dia, é considerado o maior hospital de aves do mundo, e este hospital propriamente dito especializa-se em medicina e cirurgia aviária, sendo que a maior parte dos seus pacientes são aves de rapina, derivado à cultura de falcoaria intensa que se vive neste país. Estima-se que sejam recebidos por ano mais de 11 mil falcões para tratamento, tirando outras aves que também são lá recebidas. Ao longo do tempo, tem vindo a destacar-se nas áreas da educação, treino, e investigação no maneio e tratamento de falcões, bem como na área de turismo onde já

receberam muitos prémios nacionais e internacionais pela qualidade de serviço que apresentam ao receber milhares de pessoas por não nas visitas ao hospital. Em 2011, abriu o centro de reprodução onde são particularmente criados falcões sacre (típicos dos Emirados Árabes Unidos), para planos de repovoamento de vida selvagem. Durante este estágio, foi realizado um acompanhamento de todo o trabalho diário realizado no hospital. No início da manhã, eram tratadas as aves que estavam nas alas de internamento, a dar comprimidos, a realizar contenções, administrar injeções, a transportar falcões, e ajudar noutras tarefas necessárias. O resto do dia era passado no hospital a acompanhar e a ajudar em cirurgias, endoscopias, a aplicar microchips, a administrar várias medicações pelas vias subcutânea, endovenosa, intramuscular e oral, a realizar contenções de aves, a realizar anestesia volátil, a recolher amostras de papo, fezes e sangue, a fazer exames de rotina, e a realizar e ajudar em tudo o que fosse maneio básico de falcões como por exemplo, transporte, alimentação, corte e aparo de unhas e bico, imping,

splinting, e coping em penas. Para além disto, houve participação em varias sessões de treino

de recolha de sangue, cirurgia de tecidos moles, contenção e anestesia em codornizes.

Figura 2: Fotografia de grupo do autor com quase toda a equipa técnica do Abu Dhabi Falcon Hospital, e com outros estagiários (Original do Autor)

(16)

16 Capítulo II

Introdução:

Estima-se que a origem da galinha doméstica (Gallus gallus domesticus) tenha ocorrido há cerca de 8 a 10 mil anos e início da domesticação possa ter ocorrido a partir da domesticação do galo selvagem asiático, o chamado Red Jungle Fowl (Gallus gallus), ainda existente no sul e sudoeste desse continente. Algumas descobertas arqueológicas na China, reforçam a data de domesticação em 5400 a. C. na China e 2500 -2100 a. C. no sul da Ásia. Os galináceos sempre fizeram parte da da cultura Harappa do Vale do Indo, sendo esta região a maior fonte de difusão mundial. Inicialmente domesticada por razões culturais de lazer, apenas muito mais tarde a galinha foi utilizada como fonte de alimentação humana. A migração na direção da Ibéria (cerca de 2000 a. C.) resulta maioritariamente de correntes Celtas, sofrendo posteriormente sucessivas influências de raças e animais trazidos pelos Gregos e Romanos e mais tarde, pelos Árabes (Vieira e Brito, et al., 2018).

Desde que as galinhas foram domesticadas, há dentro da sabedoria popular uma noção romântica de que as galinhas sabem cuidar de si próprias, esgaravatando a sua subsistência no pátio onde são criadas. Contudo, quando a dura realidade se instalou, muitos destes ingénuos pretendentes à autossuficiência verificaram ser incapazes de cobrir as necessidades alimentares e de saúde do seu bando ou de combater os predadores que as vigiavam, e desiludidos, desistiram da criação de galinhas. Entretanto, foram-se mantendo alguns criadores de galinhas que permaneceram leais à sua atividade pelo seu entusiasmo e satisfação pessoal. Todavia, muitos destes criadores não possuíam a sabedoria necessária para fazer frente às necessidades destes animais e nem sempre se verificavam as condições adequadas de maneio e alojamento destas aves (Damerow, 2007).

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17

A criação de galinhas de quintal em Portugal tende a assumir âmbitos mais rústicos, sendo produzidas sempre com o intuito de tirar partido da sua aptidão natural para produção de ovos e carne. No entanto, tem crescido exponencialmente o número de criadores de galinhas que ambicionam ter aves meramente pela questão estética (Vieira e Brito et al., 2018).

As galinhas ornamentais são utilizadas principalmente por razões estéticas, embora também possam ter outras aptidões, como por exemplo a produção de carne ou a produção de ovos em maior quantidade, havendo uma grande variedade de raças de galinhas que atendem a estas necessidades (Damerow, 2006).

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18 Raças presentes no estudo

Araucana

Segundo Roberts (2008) a raça chilena Araucana é o resultado do cruzamento entre as raças mediterrâneas levadas pelos espanhóis para a América do Sul e as raças autóctones domesticadas pelos índios habitantes dessa região. O seu nome provém da designação espanhola dada à região do Chile habitada pelo povo Mapuche.

A raça foi introduzida na Europa pelo Professor Salvador Castello na época de 1920. Os tufos de penas nas orelhas são uma característica única da raça e crescem desde o pavilhão auricular adjacente ao lóbulo. Os ovos desta raça são grandes em relação ao tamanho do corpo, têm uma casca bastante dura e a cor varia entre o verde e o azul, sendo as Araucanas uma das únicas raças a ter ovos com estas características (Vidal, 2006).

O macho Araucano é moderado em termos de tamanho e largo de ombros, tendo umas costas planas e ligeiramente inclinadas. O peito é cheio, redondo e profundo. Apresenta penas bem salientes na zona abaixo do bico que se estendem lateralmente. As asas têm envergadura média e permanecem junto do corpo. O lombo é bem desenvolvido, sendo a cauda totalmente ausente e desprovida de vértebras caudais. A cabeça é moderadamente pequena envergando um bico robusto e curvo e olhos expressivos. As fêmeas apresentam semelhanças com os machos, ainda que existam diferenças sexuais naturais. A atitude geral da raça é alerta, ativa e segura (Roberts, 2008).

Figura 5: Galinha Araucana Adulta (Fonte:

https://www.pinterest.pt/pin/5136987058291538/ ?lp=true) (2012)

Figura 4: Galo Araucana Adulto (Fonte:

https://www.backyardchickens.com/articles/araucana -golden-duckwing-silver-duckwing-black-breasted-red-aov-non-standard-colors.47530) (2012)

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19 Branca Portuguesa

Esta raça de galinhas portuguesa foi a última das quatro raças de galinha portuguesa a ser reconhecida e a obter apoio e proteção do Estado Português, e é atualmente aquela que apresenta a situação mais preocupante no que diz respeito ao perigo de extinção. Normalmente, estas galinhas são criadas juntamente com as outras raças, sendo encontradas cerca de 1 ou 2 por cada exploração. Aliando crenças tradicionais ligadas à fertilidade e à pureza, ao gosto pela beleza da galinha branca, esta população tem-se mantido estável apesar de existirem em número muito reduzido. Estes animais destacam-se das outras raças por apresentarem uma plumagem totalmente branca, viva e brilhante tanto nos galos como nas galinhas, realçando-se a coloração avermelhada do pescoço, da face nua, das cristas, aurículas e barbilhões. Em Janeiro de 2018, a raça Branca Portuguesa estava reduzida a 753 fêmeas e 232 machos, distribuídos por 72 criadores circunscritos a 38 concelhos. O efetivo médio não ultrapassava os 14 animais por exploração, com um rácio de 2:8 de machos para fêmeas. Trata-se de uma galinha elegante, altiva e vigorosa, de pernas e bico alaranjado, que atinge pesos entre 2,3 a 3,2 kg nos machos e 1,5 a 2,3 kg nas fêmeas, sendo muitas vezes utilizadas em aptidão mista, tanto para carne como para a produção de ovos. Tal como qualquer outra raça autóctone portuguesa, pode existir variedade de pescoço pelado como coberto (Brito et al., 2018).

Figura 6: Casal de Branca Portuguesa de pescoço coberto (Fonte:

(20)

20 Cream Legbar

Esta raça de galinhas tem nacionalidade Britânica e resulta do cruzamento entre Barred Plymouth Rock e Brown Leghorn, com cruzamentos de Araucana e Gold Campine. Os genes de Araucana conferem-lhe uma crista pequena muito característica e ovos de coloração azul esverdeados, contributo da raça Leghorn, permitindo serem as fêmeas excelentes poedeiras. Os seus criadores, Reginald Punnett e Michael Pease, investigadores do instituto de genética da Universidade de Cambridge, originaram esta raça porque procuravam criar uma galinha com excelente capacidade de postura de ovos e com um dimorfismo sexual bastante definido, para que fosse possível ver as diferenças de género logo no seu dia de nascimento, capacidade conhecida como sexagem automática (Roberts, 2008).

Quando adultas, estas galinhas têm traços suaves e elegantes. O pescoço dos machos assume cores claras acinzentadas, bem como o seu dorso, peito pernas e asas, enquanto as fêmeas têm corpo cinzento e peito cor de salmão. São galinhas ativas que comem menos do que as outras raças. Infelizmente, como não costumam ficar chocas, é obrigatória a reprodução artificial destas galinhas, pelo que são necessárias incubadoras para criar aves desta raça (Vidal, 2006).

Figura 8: Galo Cream Legbar (Fonte:

https://www.pinterest.pt/pin/392446555 010826454/?lp=true) (2019)

Figura 7: Galinha Cream Legbar (Fonte:

https://www.pinterest.pt/pin/348325352402075614/?lp=true) (2019)

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21 Deutsches Buschhuhn

A Deutsches Buschhuhn é uma raça rara de galinhas de pequeno porte, criada na Alemanha e França. São a única raça anã que põe ovos azuis esverdeados e tem cinco dedos. São aves de pequeno porte, elegantes com longas caudas. Tem uma disposição alegre e uma boa capacidade de postura. Esta galinha, ao contrário do que se pensa não é originária da Ásia mas sim da Alemanha durante a segunda metade do Séc. XX. A Deutsches Buschhuhn, criada na Prússia no início do Séc. XX por Alfred Muntau, tinha uma concepção um pouco diferente do que deveriam ser as galinhas. Muntau acreditava que as galinhas teriam de ser independentes no seu maneio, encontrar a sua comida, vivendo em condições semi-selvagens em jardins ou prados, e acreditava que o papel do homem era de mero apreciador e observador. De modo a criar uma ave que pudesse sobreviver sem os humanos, Muntau cruzou galinhas bantam domésticas com galinhas selvagens (Roberts, 2008).

As fêmeas Javanese bantam têm uma excelente postura, pondo ovos esverdeados com 35-40 gramas à volta de 160-180 por ano, sendo também excelentes progenitoras. A fertilidade é geralmente alta devido à atividade e vitalidade destas aves (Vidal, 2006).

Figura: 10: Galinha Deutsches Buschhuhn adulta (Fonte:

https://www.deutsches-buschhuhn.de/forum/index.php?page=Thread&thr eadID=254) (2016)

Figura 9: Galo Deutsches Buschhuhn adulto (Fonte:

https://deutsches-buschhuhn.de/forum/index.php?page=Thread&threadID=7& pageNo=1) (2019)

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22 Faverolles

Esta raça de galinhas utilitária foi desenvolvida em Faverolles, aldeia da Normandia (França) no início do século XIX e foi obtida através do cruzamento das raças Brahma, Houdan, Dorking, Conchinchina e Langshan. Foi criada e selecionada pela sua carne fina e saborosa e pela sua postura precoce. Põem cerca de 160 ovos por temporada, mantendo a postura durante o inverno. Em França são consideradas uma Iguaria, sendo a sua carne utlizada no famoso prato ‘petite poussin’ (Bassom, 2009).

É uma galinha dócil e pacata e são aves adaptadas a regiões de clima frio, possuindo densa plumagem para resistirem a neve. O galo pesa entre 3,5 kg e 4 kg e a galinha entre 2,8 kg a 3,5 kg. Existem variantes de cor escura salmonada e clara salmonada. Os seus dedos são de tamanho médio, bem separados de cor branco rosado, ligeiramente emplumados na parte exterior, com 5 dedos fortes, sendo o 4º e 5º dedo bem separados; o 5º dedo posicionado por cima do 4º que é mais largo e dirigido para cima terminando em unha de cor cinzenta. Possui polainas ao longo das pernas, plumagem à volta do bico como se de uma barba se trate, que assume cores escuras nos machos e claras nas fêmeas, e uma robustez que lhe é muito típica (Vidal, 2006).

Figura 12: Galo Faverolles adulto (Fonte:

http://www.poultryhub.org/species/fancy-chicken-breeds/faverolles/) (2019) Figura 11: Galinha Faverolles adulta (Fonte:

https://www.mypetchicken.com/catalog/Hatching-Eggs/Salmon-Faverolles-p1970.aspx) (2019)

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23 Fenix

A Fenix é uma raça de galinhas importada e selecionada na Europa, que descende de uma raça decorativa japonesa chamada Onagadori. É uma raça ligeira que pode assumir várias cores e é conhecida por ter uma cauda que nos machos adultos, pode atingir um metro e meio de comprimento, enquanto a cauda dos machos Onagadori chega aos 14 metros de comprimento. Por ter estas características, esta raça Japonesa de galinhas exige um maneio cuidadoso e exigente de forma que não haja perturbações à viabilidade da sua cauda, tanto impedindo que não se quebre, como que não se suje. Esta raça surgiu durante o período Edo, no século XVII e era mantida nos jardins dos nobres, sempre com atenção e cuidados constantes (Bassom, 2008).

Entretanto, após ser importada para a Europa, a Onagadori não conseguiu desenvolver-se devido às condições climáticas mais exigentes do que aquelas a que estava habituada, levando a que houvesse uma grande taxa de morbilidade e mortalidade. Com esta ameaça à colonia de Onagadori existente, um empreendedor entusiasta destas galinhas chamado Hugo du Roi, cruzou-as com outras raças Belgas mais robustas, como a raça Leghorn, dando origem a uma galinha mais robusta conhecida hoje como Fenix. As galinhas são conhecidas pela sua aptidão como mães, pela sua agilidade e pela sua forte personalidade (Vidal, 2006).

Figura 14: Galo Onagadori (Fonte:

https://www.tumblr.com/tagged/onagadori) (2019)

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24 Índio Gigante

A raça Índio Gigante Brasileiro é tal como o nome indica, uma raça de galinhas originária do Brasil e que resulta do cruzamento de várias raças de galos brigadores como a Shamo e a Malaio e a galinha caipira brasileira (que não é uma raça definida). A sua aptidão é ornamental e de carne, já que se caracteriza por serem galos com um mínimo de 1,05 metros de altura e com o mínimo de 4,5 kg de peso vivo, e as galinhas com 90 centímetros de altura e um mínimo de 3 kg de peso vivo. A sua musculatura é bem proeminente, destacando-se o peito e as coxas. Produzem por ano cerca de 160 ovos castanhos de tamanho médio a grande, e possuem uma crista em forma de ervilha ou bola, bem definida. As suas barbelas tanto podem estar ausentes, como só existir uma. Esta raça de galinhas ainda não é reconhecida como uma raça pura, embora se estime que daqui a 5 anos tal seja possível, dando origem à primeira raça de galinhas brasileira (Bassom, 2009 e ABRACIG (2019)).

Figura 15: Galo indio Gigante Brasileiro (Fonte:

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25 Jersey gigante

Esta raça de galinhas, tal como o nome indica foi criada nos Estados Unidos da América, mais concretamente no estado de Nova Jersey entre as décadas de 1870 e 1890 com o nome de Jersey Black Giant. Este nome surge não devido à sua cor mas devido ao nome dos seus criadores, John e Thomas Black. Para além da Java, foram também utilizadas outras raças para dar origem a esta, como por exemplo a Langshan, a Brahma e o Combatente Índio. Crê-se que mais tarde também foi utilizada a Orpington negra, para dar o seu contributo genético. A ideia por detrás de tanto trabalho foi criar uma galinha mais pesada e maior do que as raças existentes até então, capazes de substituir o peru como ave para consumo de carne. Na altura em que foi desenvolvida e aceite, havia criadores desta raça que detinham animais com mais de 7,3 kg de peso. Hoje em dia, o peso dos reprodutores é mais baixo, embora um macho reprodutor possa atingir facilmente os 6 kg de peso (Vidal, 2006).

Para além da cor negra original, há outras variedades de cor branca e azulada. As pernas nos adultos são verdes, embora as aves jovens desta raça possuam tons mais alaranjados. Normalmente estas aves são doceis e têm um bom temperamento. São fortes, resistentes e surpreendentemente activas para uma raça tão grande, e como tal são mais felizes com acesso ao exterior, onde podem viver e alimentar-se por si mesmas. São razoavelmente boas poedeiras e poem durante o Inverno (Bassom, 2009).

Figura 17: Galo Jersey Gigante adulto, à escala humana (Fonte:

https://www.pinterest.pt/pin/839499805264 65770/) (2019)

Figura 16: Galinha Jersey Gigante adulta (Fonte:

http://exhibits.mannlib.cornell.edu/backyardreviva l/pages/sectiontwo/thejerseygiant.html) (2012)

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26 Malaio

A galinha Malaio é originária da Ásia, muito provavelmente no norte do Paquistão (anteriormente parte da Índia) e é frequentemente usada em lutas de galos. Pensa-se que foram introduzidas na Europa logo após o descobrimento do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama. Tendo sido ao longo dos anos cruzadas com outras raças na Europa, sendo hoje em dia considerada uma das maiores raças de galos do mundo, chegando a medir até quase um metro de altura (Bassom, 2009).

Os galos são muito grandes, altos, magros e musculados, apresentam cabeça com olhos gananciosos e cruéis. O peito, pescoço e pernas são quase verticais, enquanto a parte de trás do pescoço é ligeiramente curvada para frente, as costas são arqueadas e descem muito pouco, a cauda levanta ligeiramente descrevendo um arco. O seu estilo de luta baseia-se em empurrões e chutos muito fortes e com golpes bem assimilados, golpeando geralmente na zona da cabeça do adversário (Vidal, 2006).

As galinhas chocam bem, mas não podem dividir o espaço com outras, dado o seu espírito muito combativo. Os frangos são um pouco sensíveis, com um amadurecer lento. Os adultos são fortes e resistentes, podendo o galo atingir cerca de 5 Kg. As galinhas são boas poedeiras, pondo cerca de 100 a 150 ovos por ano (Bassom, 2009).

Figura 19: Galo Malaio adulto (Fonte:

https://www.picbear.org/user/criatoriotole do) (2019)

Figura 18: Galinha malaio adulta (Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Malaio_(galinha))

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27 Malines

De acordo com Vidal (2006), as galinhas Maline foram originadas no século XIX a partir de uma estratégia de criação entre a galinha nativa Belga (Flemish Cuckoo), com quase qualquer outra raça de galinha de grande porte existente na Bélgica durante este período, como a Brahma, Conchichina e Langshans. O resultado foi uma galinha completamente nova com penas nas pernas e plumagem com o padrão de espinha de peixe, que no aspecto prático era conhecida pela qualidade da sua carne. A partir destes factores, a Malines foi uma raça muito famosa neste século na Bélgica (Roberts, 2008).

As galinhas Malines são grandes, sendo que os machos atingem entre 4,5 a 5 kg de peso e as fêmeas entre 3,5 a 4 kg; são muito gentis e produzem ovos castanhos de grandes dimensões e em grande quantidade. A sua carne é branca, suculenta e tem um sabor muito típico. Para além destas características, também são consideradas boas mães e boas chocadeiras (Vidal, 2006).

Figura 21: Galinha malines adulta (Fonte:

https://www.backyardchickens.com/threads/chic ken-breed-focus-maline.990483/) (2015) Figura 20: Ilustração de um casal de galinhas malines (Fonte:

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28 Orpington

Esta raça de galinhas foi criada em 1880, em Orpington (Inglaterra), povoação que ficou famosa em parte por a ter criado. A ave foi desenvolvida com um duplo objetivo, produzir carne de excelente qualidade e ovos em quantidade. São galinhas muito dóceis e ótimas mães e em média produzem, por ano cerca de 160 ovos de casca castanha (Vidal, 2006).

Quanto à produção de carne, a Orpington tem um rápido desenvolvimento. Os galos podem alcançar facilmente os 4,5 kg e as galinhas, os 3,6 kg. Como principais características fisiológicas, possuem a crista serrilhada de cor vermelho vivo, a pele branca e a plumagem nas variedades branca, preta, amarela e azul. A sua densa plumagem confere-lhe uma resistência ao frio superior quando comparada com outras aves (Bassom, 2009).

O seu grande tamanho e aparência macia junto com suas cores ricas e contornos suaves tornam-na muito atraente, e como tal a sua popularidade tem crescido como uma ave de exposição ao invés de uma raça de utilidade. Sendo um pouco pesadas, são capazes de voar distâncias pequenas mas raramente o fazem, pelo que podem ser utilizadas como aves de quintal (Roberts, 2008).

Figura 22: Galo orpington adulto (Fonte:

http://www.backyardpoultry.com/directory/the-orpington-club-of-australia-inc-251.html) (2019)

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29 Pedrês Portuguesa

A mais famosa e numerosa das 4 raças de galinhas autóctones de Portugal (Pedrês Portuguesa, Preta Lusitânica, Branca Portuguesa e Amarela Portuguesa). É a mais comum no noroeste de Portugal, onde é habitualmente criada em sistema produtivo de complementaridade com outras atividades agrícolas. Esta raça é de aptidão mista, normalmente produzida em modo tradicional. Estas aves são reconhecidas pela sua aptidão como poedeiras, pela qualidade da sua carne e velocidade de crescimento. A sua plumagem cinzenta escura é muito característica, com aspeto mosqueado matizado de cinzento-escuro em fundo branco. Apesar de ser a mais numerosa das 4 raças de galinha autóctones, é uma raça que se encontra em vias de extinção, estimando-se que haja cerca de 5800 animais no total entre quase 200 criadores distribuídos por 79 concelhos de Portugal. É uma galinha rústica, robusta, com boa postura, dando origem à expressão: “galinha pedrês, não a vendas nem a dês”. As fêmeas são mais pequenas e escuras que o macho e como qualquer raça portuguesa, tanto pode ter pescoço coberto ou pelado (Vieira e Brito et al., 2018).

Figura 23: Trio de Galinhas Pedrês Portuguesa, macho do lado esquerdo, e as duas femeas do lado direito (Original do autor)

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30 Polonesas

Reza a história que por volta do seculo XIV, na Polonia, existia uma raça de galinhas de rara beleza que teriam sido importadas da região de Pádua ou sido para lá levadas pelos peregrinos que as transportavam vivas durante as suas viagens para sua alimentação, daí a origem do seu nome “Polonesa “. Por ter uma aparência parecida com a raça Paduana é por vezes erradamente denominada de Paduana, todavia as diferenças entre as duas raças são bem visíveis. Na raça Paduana o macho não tem barbelas visíveis e apresenta barba e o corpo da fêmea é mais esguio (Bassom, 2009).

A representação mais antiga desta raça encontra-se em Itália na cidade de Pádua, num fresco datado de 1397 no Oratório de San Michele Arcangelo. Nos séculos posteriores, esta raça foi criada massivamente por toda a região de Itália, pelo seu tamanho e beleza, chegando a ficar famosa pelo facto de ter sido oferecida ao sultão Mehmed II quando conquistou Constantinopla. Atualmente é uma ave ornamental sem qualquer tipo de interesse económico ou produtivo (Roberts, 2008).

Têm um caracter confiado com os seres humanos mas necessitam de se sentirem seguras porque devido à sua falta de visibilidade provocada pelas penas da cabeça, assustam-se facilmente e ficam em ansiedade. É uma raça difícil de criar mas muito apreciada pelas suas características estranhas. A crista não se vê, tem um enorme penacho cobrindo os olhos e umas grandes barbelas vermelhas (Bassom, 2009).

São aves de porte médio, os machos podem pesar 3.5 kg e as fêmeas 2 kg. Atingem a sua maturidade sexual no primeiro ano de idade, data em que iniciam a postura, pondo cerca de 140 ovos por ano. Para não terem problemas nos olhos e de respiração estas galinhas deverão beber através de um bebedouro estreito, para que não lhes salte agua para as penas da cabeça (Vidal, 2006).

Figura 24: Várias variedades de cor de galos Polonesa (Fonte:

https://domesticanimalbreeds.com/polish-chicken-breed-everything-you-need-to-know/) (2018)

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31 Preta Lusitânica

Esta raça de galinhas autóctone é muito apreciada e estimada pela qualidade e delicadeza da sua carne, pela sua aptidão como poedeira e chocadeira, e pela beleza e elegância da plumagem totalmente negra. Embora a conservação das raças tenha como base a sua utilidade prática, a vertente cultural teve, e ainda tem um papel importante determinante na preservação das mesmas. Deste modo, a raça preta lusitânica sempre esteve ligada às práticas de bruxaria, ocultismo, e à proteção contra o mau-olhado. Por este motivo, esta raça era criada em pequenos efetivos de 2 ou 3 animais em cada exploração que serviam por superstição, para os referidos propósitos. Atualmente, a raça preta lusitânica é a segunda em termos de efetivo total, sendo a Pedrês Portuguesa a primeira, encontrando-se essencialmente na região noroeste de Portugal (distritos de Braga e Viana do Castelo). No entanto, há um criador na região de Lisboa que possui um número considerável destas aves, que representa para este distrito quase 20% do total nacional. Estima-se que esta raça seja criada em 64 concelhos de todos os distritos do país, e que a proporção de macho para fêmea seja de 3:7. Os galos são criados até á idade adulta para escolha de reprodutores e para a confeção do famoso “galo assado”. É uma galinha robusta, rústica e de crescimento rápido, com bico e pernas acinzentadas, de cara vermelha com umas barbelas e crista bem proeminentes. Esta raça tanto pode existir na variedade de pescoço coberto ou pelado (Vieira e Brito et al., 2018).

Figura 25: Galo Preta Lusitanica (Fonte: ttp://www.galinhasalverca.pt/index.php/racas-portuguesas/preta-lusitania) (2019)

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32 Sedosa do Japão

Ao documentar as suas viagens pelo oriente, Marco Polo mencionou uma raça de galinhas que segundo ele, teria pêlo como um gato. Desta forma, proporcionou pela primeira vez a primeira documentação desta raça, no ano 1298. Contudo, não há dúvida de que esta raça é muito mais antiga, já que na medicina chinesa está bem registado o uso da carne destas galinhas. Estudos recentes revelaram que possui uma proporção elevada de carnosina, que é um suplemento com fortes propriedades antioxidantes, que é muito utilizado por desportistas. Para além destas propriedades, está estudado que melhora a função cardíaca e promove a recuperação de lesões (Vidal, 2006).

A Sedosa (conhecida internacionalmente como Slkie) é uma raça de galinha japonesa que é muito famosa no mundo inteiro devido às várias particularidades que possui em relação às outras raças de galinhas. A sua carne e pele são pretas, as suas penas são mais suaves e possuem 5 dedos em vez dos 4 dedos típicos dos pés zigodáctilos das aves. A suavidade das suas penas explica-se através do facto de não terem filamentos que as façam aderir umas às outras como as penas normais. Assim, as suas penas não são impermeáveis e estas galinhas devem ser protegidas contra o mau tempo (Bassom, 2009).

Esta raça de galinhas possui penas normalmente brancas, embora possa haver galinhas desta raça de várias cores diferentes (Roberts, 2008).

Figura 26: Duas galinhas sedosa de cor branca e beje (Fonte:

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Principais parasitas gastrointestinais que infetam as aves

1. Protozoários

Família Eimeriidae Género Eimeria

A coccidiose aviária representa uma das doenças de maior importância económica na avicultura. É causada pela infeção parasitária espécie-específica por um protozoário do género

Eimeria. As coccidias são um conjunto de parasitas protozoários do filo apicomplexa, do qual

faz parte o género Eimeria spp, que é o género mais comum em galinhas. Todos os parasitas do género Eimeria invadem as paredes do intestino e cecos, e existem no total, 9 espécies diferentes (E. acervulina, E. brunetii, E. maxima, E. mitis, E. necatrix, E. praecox, E. tenella,

E. hagani, E. mivati). Contudo, há espécies que assumem uma importância superior em relação

a outras, devido à sua elevada patogenia, como é o caso da Eimeria Tenella. (Conway & Mckenzie, 2007)

Ciclo de vida

De acordo com Conway & Mckenzie (2007), a infeção começa com a ingestão de oocistos esporulados que contém 4 esporocistos, cada um com 2 esporozoítos. Quando presentes no trato digestivo, os esporozoítos são ativados pela bílis e libertam-se dos esporocistos escapando para o sistema digestivo e invadindo as células epiteliais do intestino ou cecos, de acordo com a sua espécie. 12 a 48 horas depois, os esporozoítos transformam-se em trofozoitos, que vai aumentando de tamanho e replica-se por esquizogonia. Quando chega a esta fase, denomina-se de esquizonte, formando-se dentro dele merozoitos, que são libertados quando atinge a maturidade. Muitos destes merozoitos continuam a invasão de células epiteliais para continuar a fase de desenvolvimento em trofozoitos e esquizontes. Os ciclos vão-se repetindo consoante a espécie, até se formarem gametocitos (macho) e macrogametocitos (fêmea). Os gametocitos ruturam, libertando um grande numero de microgametocitos

Figura 27: Diagrama do ciclo de vida de E. tenella, adaptado de Biomin (Fonte: https://www.biomin.net/species/poultry/coccidiosis-in-chickens/)

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flagelados, que vão fecundar o macrogameta que evoluiu do macrogametocito, dando origem a um oocisto imaturo que será posteriormente libertado nas fezes.

Tabela 1: Principais características das espécies pertencentes a Eimeria spp (adaptado de Conway & Mckenzie, 2007).

Espécie Lesões Localização Dimensões

do oocisto

E. acervulina Espessamento e lesões brancas na

mucosa intestinal

Duodeno e jejuno

17,7-20,2 13,7-16,3

E. bruneti Necrose por coagulação e enterite

hemorrágica e mucosa Cólon

20,7-30,3 18,1-24,2

E. maxima Espessamento da mucosa intestinal

com a presença de petéquias Jejuno e íleo

21,5-42,5 16,5-29,8

E. mitis Exsudado mucóide Íleo

11,7-18,7 11-18

E. necatrix

Exsudado muco sanguinolento com a presença de pequenos pontos brancos na mucosa intestinal

Jejuno e Íleo

13,2-22,7 11,3-18,3

E. praecox Exsudado mucóide Duodeno

19,8-24,7 14,7-19,8

E. tenella

Lúmen hemorrágico, espessamento e palidez da mucosa, com conteúdo cecal sanguinolento, caseoso e coagulado

Cecos

19,5-26 16,5-22,8

E. mivati Espessamento da mucosa com placas

coalescentes Duodeno

11,1-19,9 10,5-16,2

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35 Patogenia e sinais clínicos

Segundo Taylor (2016), os merontes de E. tenella desenvolvem-se profundamente nas glândulas intestinais para atingirem a sua maturidade, ruturando-as depois, provocando hemorragias e levando ao aparecimento de sinais clínicos, como o aumento do índice de conversão, letargia, e principalmente, hematoquézia.

De acordo com Taylor (2016), é possível atribuir uma pontuação à infeção por estes protozoários:

Tabela 2: Pontuação das lesões provocadas por Eimeria spp nos intestinos (adaptado de Taylor, 2016)

Pontuação Descrição

1 Poucas petéquias sem espessamento da mucosa intestinal

2 Lesões numerosas com presença de sangue no conteúdo cecal, como

espessamento evidente da sua mucosa

3 Grande quantidade de sangue com espessamento significativo da

mucosa, com pouco ou nenhum conteúdo fecal

4 Parede cecal altamente distendida com conteúdo caseoso e

sanguinolento

(36)

36 Diagnóstico

O diagnóstico de coccidiose é realizado através de análises coprológicas como o método de Willis para avaliar a presença destes protozoários, e o método de Gordon Whitlock para quantificação de oocistos. A necropsia, pode ser considerada a maneira mais específica de identificar as espécies a partir das lesões que provocam e da região do intestino afetada. Para além da necropsia, pode-se também realizar a esporulação in vitro dos oocistos isolados a partir das fezes, para posterior identificação da espécie presente (Zajac & Conboy, 2012)

Epidemiologia

Este tipo de parasita existe em todo o mundo, e ocorre mais em galinhas com idades compreendidas entre as 3 e as 7 semanas de idade. A prevalência deste parasita ao longo do tempo tem sido reduzida devido ao uso de drogas coccidiostaticas desenvolvidas especialmente para controlar este tipo de parasita. (Taylor, 2016) Segundo Cornway et al. (2007), os oocistos de Eimeria spp. são normalmente inseridos dentro de um ambiente através da entrada de equipamento, veículos contaminados, ou pessoas contaminadas. Assim que um pavilhão é infetado, é virtualmente impossível de o descontaminar totalmente. Estudos feitos com broilers demonstraram que a exposição a oocistos esporulados começa assim que estas aves são colocadas em solo. O número de oocistos no solo é relativamente baixo nas primeiras duas a três semanas, atinge o seu pico entre a quarta e a sexta semana e depois decresce outra vez entre

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a sétima e a oitava semana. E. averculina e E. maxima são as espécies mais encontradas em bandos de broilers com uma baixa incidência de E. tenella, E. mivati e E. mitis. E. brunetti e E.

necatrix não são tão observadas em bandos de broilers, possivelmente devido ao rápido

crescimento deste tipo de aves.

Tratamento e profilaxia

Para controlar as infeções por este tipo de protozoários é fundamental manter a saúde do bando, na medida em que o seu vigor e estado imunitário são factores importantíssimos na defesa contra Eimeria spp. A ocorrência de doenças respiratórias, micotoxicoses e infeções bursais podem levar a uma diminuição significativa no índice de ingestão de ração e agua, o que pode condicionar seriamente a eficácia do programa anticoccidial. Isto é especialmente importante durante o período critico de prevalência destes parasitas entre as 3 e as 5 semanas de idade. A prevenção de coccidiose depende de vários factores para além dos já falados, como por exemplo, o uso de drogas anti-coccidias, vacinas, maneio do pavilhão e controlo de qualidade do alimento administrado. O uso de meios profiláticos de largo espectro contra coccidiose, como coccidiostaticos, coccidicidas ou vacinas é essencial no combate contra este tipo de parasita. Deste modo, é recomendado que se faça um tratamento rotacional entre vacinas e anticoccidiais, de forma a minimizar o risco de resistência a estas drogas ao longo do tempo, bem como a sua tolerância. A melhor solução para este tipo de parasitas, é através do uso de vacinas anti-coccidiais, embora as aves vacinadas devem ser cuidadosamente monitorizadas para que se tenha a certeza de que desenvolveram a sua imunidade completa. O tratamento com um coccidicida (diclazuril, toltrazuril) através da água de bebida é recomendado caso seja diagnosticado um pico severo de coccidiose antes da sua imunização estar completamente desenvolvida. Contudo, as reações a E. acervulina e E. maxima presentes na vacina, comprometem a absorção de vitaminas, especialmente as vitaminas A, D, E e K, durante o período de vacinação, pelo que é recomendado a suplementação de vitaminas durante este período. A temperatura, a humidade relativa, as condições do solo, a densidade populacional, a luz, os bebedouros e os comedouros são outros fatores importantes para a saúde aviaria e para a propagação de coccídeas. Se a temperatura não for adequada, pode haver diminuição do consumo de ração, bem como de drogas coccidiostaticas. Idealmente, deve-se manter dentro do pavilhão uma temperatura de 35ºC assim que os pintos chegam ao pavilhão, e ir reduzindo 2ºC até atingirem os 21ºC. Em condições climáticas que dificultem a manutenção desta temperatura, a ventilação e o isolamento térmico do espaço assumem um papel crucial. É

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importante haver correntes de ar necessárias para remover a humidade libertada pela aves ou pelas fezes no solo, na medida em que a humidade do solo pode aumentar drasticamente caso não haja ventilação adequada. Isto é crucial devido ao facto de níveis elevados de humidade no solo aumentem a esporulação de oocistos de Eimeria spp (Conway & Mckenzie, 2007).

2. Nematodes

Os nematodes são os mais comuns e importantes helmintes que se podem encontrar nas aves. Embora muitas vezes sejam assintomáticos, há espécies que podem provocar danos sérios nas aves em que se inserem. A maior parte destes nematodes encontram-se nos intestinos, embora também se possam encontrar em outras partes do corpo, como por exemplo, o

Syngamus trachea no aparelho respiratório (Mattos et al., 2019).

Os nematodes têm normalmente dimorfismo sexual. Os machos geralmente são mais pequenos e de vida curta e morfologicamente distinguem-se das fêmeas pela extremidade posterior que se enrola em espiral ou se expande numa bolsa copuladora.

De acordo com a espécie em questão, o seu ciclo de vida tanto pode ser heteroxeno (mais do que um hospedeiro) ou monoxeno (só um hospedeiro). A infeção ocorre a partir da ingestão da forma infetante quer diretamente ou através de um hospedeiro intermediário, como um escaravelho, mosca ou minhocas. Após esta fase, a forma infetante vai-se desenvolvendo até atingir a forma adulta e produzir mais ovos, dando continuidade ao ciclo de vida (Hansen, 1998).

Os nematodes são um grupo de parasitas importante tanto em termos de número de espécies como no dano que causam. Normalmente os parasitas deste grupo tendem a afetar a

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performance destes animais de produção, causando-lhes perdas significativas direta ou indiretamente. Os produtores avícolas que usam sistemas semi-intensivos em São Paulo, concluem que o controlo helmíntico é um dos obstáculos importantes a ser ultrapassado para que haja um bom índice de produção (Silva et al, 2016). Como a sua distribuição é cosmopolita, na tabela 3 é possível observar a prevalência de algumas espécies de nematodes em galinhas poedeirias na Turquia.

Também segundo Van et al. (2019), estes parasitas em galinhas são alguns dos principais responsáveis por grandes quebras de produção em aves, por interferirem com o metabolismo digestivo do hospedeiro. Para além deste fator, podem também aumentar a suscetibilidade a outras doenças, e comprometer a resposta imunitária à vacinação (Nguyen et

al., 2019).

Género Ascaridia

Espécie Ascaridia galli

Segundo Taylor (2016) os machos desta espécie possuem entre 50 a 75 mm de comprimento, e as fêmeas entre 70 a 120 mm. A extremidade anterior caracteriza-se por ter uma boca proeminente, rodeada de 3 largos lábios trilobados. A cauda do macho possui alas pequenas com 10 pares de papilas. As espículas têm tamanhos semelhantes em ambos os géneros. Nos machos, há uma ventosa pré-cloacal com uma margem espessa cuticular. Os seus ovos são ovais, castanhos pálidos, e têm umas paredes não segmentadas em forma de barril. Medem entre 75 a 80 micrómetros de comprimento e 45 a 50 micrómetros de largura. As suas

Figura 30: Danos provocados por nemátodes observados durante uma necropsia (original do autor)

Figura 31: Nematodes retirados do intestino de uma galinha necropsiada (original do autor)

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paredes têm três camadas, sendo que a do meio e é mais proeminente do que as restantes, sendo particularmente parecidos aos ovos do género Heterakis.

Ciclo de vida

O ciclo de vida de Ascaridia galli é direto, envolvendo duas fases: a primeira, com o parasita sexualmente maduro no duodeno, e a segunda na qual se situa a forma infetante (L3), na forma de ovo embrionado. Os ovos são libertados nas fezes do hospedeiro, e desenvolvem-se no exterior, atingindo a forma infetante entre 10 a 20 dias, dependendo das condições de temperatura e humidade relativa do ambiente que o rodeia. Em temperaturas entre 12 e -8 graus Celcius, os ovos poderão morrer após 22 horas, embora os ovos possam sobreviver no inverno a processos de congelação moderados. Temperaturas acima de 43ºC são fatais para estes ovos. Ocasionalmente, as minhocas podem servir como vetores deste parasita, e transmitindo-o para galinhas durante a sua ingestão, embora esta não seja a via principal de transmissão. O seu ciclo de vida fica completo quando as suas formas infetantes são ingeridas pelo hospedeiro definitivo, a partir de comida ou água contaminada. Durante a eclosão, a larva presente no ovo acaba por emergir da sua extremidade anterior, movendo-se para o lúmen do intestino, onde entram numa fase histotrófica, cuja duração será tanto maior quanto o número de ovos ingeridos. Após esta fase, estes parasitas mantêm-se no lúmen do duodeno. O seu período prepatente dura entre 5 a 8 semanas. (Permin et al., 1998)

Patogenia e sinais clínicos

Esta espécie de nematode não é considerada altamente patogénica, sendo que os seus efeitos podem ser normalmente mais observados em aves jovens, enquanto aves adultas parecem normalmente não serem afetadas por este tipo de infeção. O seu efeito principal pode ser visto durante o período pré-patente quando as suas larvas se encontram na mucosa intestinal do duodeno. Podem causar enterites catarrais, mas em infeções graves podem até ser hemorrágicas. Deste modo, infeções moderadas podem ser assintomáticas, mas quando presente em números significativos, estes parasitas podem provocar oclusão intestinal e levar à morte do hospedeiro. Aves subnutridas têm maior predisposição a serem infetadas por este parasita. Deste modo, infeções graves podem levar ao aparecimento de sinais clínicos como anemia, diarreia intermitente, anorexia, letargia e diminuição de produção de ovos (Taylor, 2016).

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41 Diagnóstico

Segundo Permin et al. (1998), o diagnóstico de A. galli é realizado através de análises coprológicas como por exemplo o método de sedimentação. Este método é o mais indicado para a observação de ovos deste parasita, devido à sua densidade que os leva a depositar-se no fundo do tubo de ensaio. Caso a infeção seja severa, é também possível observa-los no método de Willis, ou até na técnica de McMaster com uso de câmara de McMaster.

Epidemiologia

Este parasita tem uma distribuição cosmopolita e está essencialmente presente no solo quer através de ovos, ou a partir de minhocas infetadas. Infeção é maior em aves mais jovens (Taylor 2016). De acordo com Permin et al. (1998), sabe-se que a infeção deste tipo de parasita no intestino é influenciado por vários fatores como a idade da galinha, a dimensão da dose infetante, a idade dos ovos infetantes e a dieta do hospedeiro. De acordo com Vieira (2010), num conjunto de 21 espécies de helmintes obtidas de várias partes do mundo, A. galli foi o segundo mais prevalente.

Tratamento e profilaxia

O tratamento realiza-se através do uso de anti-helmínticos da família dos benzimidazóis como o flubendazole, mebendazole, ou fenbendazole ou outros como o levamisole ou sais de piperazina (Taylor, 2016).

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O controlo destes parasitas passa por regras básicas de biossegurança, realizar vazios sanitários, e impedir a presença de aves jovens em solo onde já foram criados outros bandos. É também importante ter sistemas de abeberamento e de alimentação adequados para que não haja contaminação por fezes infetadas por este nemátode (Taylor, 2016).

Género Heterakis

De acordo com Permin et al (1998), existem 3 espécies deste género que são importantes na produção industrial avícola: H. gallinarum, H. isolonche e H. dispar.

Ciclo de vida

O seu ciclo de vida é direto, e a sua forma infetante é o ovo com uma larva L2. Minhocas e moscas podem atuar como vetores do parasita. O ciclo começa quando ovos não embrionados são libertados do hospedeiro através das fezes e desenvolvem-se na forma infetante em cerca de duas semanas, dependendo das condições de temperatura e humidade relativa do ambiente que as rodeia. Assim que os ovos são ingeridos pelo hospedeiro definitivo, estes desenvolvem-se no intestino delgado. As larvas entretanto migram para os cecos a partir do lúmen do intestino, onde irão tornar-se em larvas adultas. O seu período prépatente corresponde é entre 24 a 30 dias (Permin et al., 1998).

Figura 33: Ciclo de vida de Heterakis spp e a influência no ciclo de vida de

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43 Patogenia e sinais clínicos

Ao contrário de H. gallinarum, H. isolonche é patogénico e pode produzir tiflite nodular, diarreia e morte súbita. Isto tudo ocorre devido à atividade das larvas que eclodem dos ovos infetantes, que depois de entrarem na mucosa cecal, atingem a sua forma adulta, desenvolvendo-se dentro de nódulos formados na mucosa. Cada um destes nódulos tem uma abertura para o lúmen intestinal, a partir do qual são libertados ovos. Deste modo, provocam inflamação e espessamento severo da mucosa cecal, com a presença de petéquias hemorrágicas (Taylor, 2016).

Este género de nematode é conhecido por ser praticamente não patogénico, sendo o mais comum na produção avícola e os hospedeiros infetados são muitas vezes assintomáticos. Infeções severas podem levar a inflamação e espessamento da mucosa intestinal. Contudo, assume um papel patogénico muito importante, por servir de vetor do protozoário Histomonas

meleagridis, que é o agente principal da Histomoníase. Esta doença caracteriza-se pela necrose

da mucosa e submucosa intestinal, e do parênquima do fígado, sendo muitas vezes fatal para perus e outros galiformes. Este agente patogénico pode ser transmitido de ave para ave através do ovo de Heterakis spp., como é possível observar na figura 32 (Taylor, 2016).

Epidemiologia

De acordo com Permin et al. (1998), este tipo de infeções são normalmente comuns em gaiolas de terra, e tal como H. gallinarum, os ovos podem permanecer viáveis no solo durante cerca de um ano, podendo ter hospedeiros paraténicos como minhocas. Em locais onde

H. isolonche seja endémico, a criação de aves cinegéticas deve ser abandonada e estas aves

criadas noutro local onde o parasita não esteja presente. Os ovos embrionados podem permanecer cerca de um ano no ambiente sempre com potencial de infeção.

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44 Tratamento e profilaxia

O tratamento pode ser realizado através do uso benzimidazóis como o flubendazole, mebendazole, ou fenbendazole, ou outros como o levamisole ou sais de piperazina. Em relação ao controlo deste parasita, este só é necessário caso se queira impedir a infeção de perus por H.

meleagridis, já que o parasita por si próprio não tem significância patológica. Sendo assim, o

controlo profilático é realizado mantendo condições básicas de biossegurança, o isolamento de perus e outros galiformes, de galinhas domésticas e a eliminação adequada do estrume por elas produzido. Caso a histomonose seja um problema sério no bando, pode também administrar-se intermitentemente piperazina ou levamisole, de forma a realizar uma profilaxia química a estes nematodes (Taylor, 2016).

Espécies importantes do género Heterakis H. gallinarum

Nematodes brancos com cerca de um centímetro e meio de comprimento, com caudas alongadas e pontiagudas, localizam-se no ceco das aves. O macho tem entre 7 a 13 mm de comprimento e a fêmea 10 a 15mm, pelo que macroscopicamente é relativamente fácil identificar o género deste parasita. O seu esófago tem um grande bulbo posterior. O macho tem uma grande ventosa pré-cloacal e a fêmea possui alas caudais proeminentes. As espiculas são diferentes em largura, sendo que direita é maior que a esquerda. Os seus ovos são ovoides, espessos, com paredes quase paralelas. As suas dimensões variam entre 65-80 micrómetros de comprimento, por 35 a 46 micrómetros de largura (Taylor, 2016).

H. isolonche

De acordo com Taylor (2016), apesar de ter o mesmo ciclo de vida, morfologia, tratamento e profilaxia que a espécie H. gallinarum, este parasita infeta só aves cinegéticas como perdizes, e faisões, patos e galinhas.

H. dispar

Segundo Taylor (2016) H. dispar são maiores que as outras espécies, com machos medindo 11-18 mm e fêmeas 16-23 mm de comprimento. As espículas são curtas e têm comprimento igual (40–50 μm).Este nematode ocorre em patos, gansos e galinhas.

As diferenças morfológicas entre H. gallinarum, H. isolonche e H. dispar observados ao microscópio mostraram que são espécies diferentes. A diferenciação morfológica destes nematodes cecais não é relevante nas aves de capoeira porque o tratamento anti-helmíntico não depende da espécie Heterakis presente (Madsen, 1950).

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Género Capillaria (= Eucoleus)

A taxonomia deste género de nematode tem sido muitas vezes alterada ao longo do tempo, por haver alguma dificuldade em descrever as particularidades de cada espécie, e há muitos sinónimos neste grupo. Como consequência, há muitas espécies de Capillaria nominadas de Eucoleus, embora continue a ser mundialmente conhecida como Capillaria. (Taylor, 2016)

Dentro deste género cosmopolita, há 6 espécies que são normalmente encontradas em aves: C. annulata, C. contorta, C. caudinflata, C. bursata, C. obsignata, e C. anatis, e todas estas espécies parasitam o sistema digestivo das aves: (Permin et al., 1998).

Tabela 4: Principais especies de Capillaria spp (Adaptado de Taylor, 2016)

Espécie Localização Ciclo de vida

C. annulata Esófago e papo Indireto

C. contorta Esófago e papo Direto

C. caudinflata Intestino delgado Indireto

C. bursata Intestino delgado Indireto

C. obsignata Intestino delgado Direto

C. anatis Cecos Direto

De acordo com Taylor (2016), este género caracteriza-se por os seus machos terem 15 a 25 mm de comprimento e as fêmeas 37 a 80 mm. Os machos têm uma espicula fina, que normalmente possui uma estrutura bursal. Os seus ovos são parecidos com os de Trichuris spp, sendo bipolares, e parecidos com um pequeno barril. A sua cor varia de transparente a castanho claro. Os ovos de C. contorta têm entre 25 a 28 micrómetros de largura e 60 a 65 micrómetros de comprimento, enquanto os ovos das outras espécies são mais pequenos, medindo aproximadamente 42 micrómetros de comprimento por 25 de largura.

Ciclo de vida

Dependendo da espécie o ciclo de vida deste género de parasitas tanto pode ser direto como indireto, e começa quando os ovos não embrionados são libertados nas fezes. Após 9 a 14 dias atingem a primeira fase larvar. Depois, para C. obsignata, C. anatis e C. contorta, o ciclo de vida é direto, sendo que os ovos assumem a sua forma infetante como larvas L1 dentro de ovos embrionados. Para C. caudinflata, C. bursata e C. annulata, estes ovos não

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