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POSSÍVEL INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS DE PAISAGEM NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA MG NA DIETA DO LOBO GUARÁ (CHRYSOCYON BRACHYURUS)

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Anais II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Campo Grande-MS, Brasil. 2: 706-714, 2000.

POSSÍVEL INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS DE PAISAGEM NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA – MG NA DIETA

DO LOBO – GUARÁ (CHRYSOCYON BRACHYURUS)

THE POSSIBLE INFLUENCE OF LANDSCAPE CHANGES IN THE SERRA DA CANASTRA NATIONAL PARK ON THE DIET

OF THE MANED WOLF (CHRYSOCYON BRACHYURUS)

DIEGO QUEIROLO1 JOSÉ CARLOS MOTTA-JUNIOR2 RESUMO

A região onde atualmente encontra-se o Parque Nacional Serra da Canastra era uma área dominada por uma estrutura minifundiária onde se fazia criação de gado de forma tradicional, ajudada pela queima ou limpeza de grandes extensões de campos. Com a criação do Parque, vastas áreas de campo tem se desenvolvido formando campos sujos e campos cerrados que provocaram uma mudança nos hábitos alimentares do lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus) promovendo um maior consumo de outras espécies de frutos em detrimento do consumo de lobeira (Solanum lycocarpum), o item vegetal tradicionalmente mais consumido.

ABSTRACT

The region where the “Serra da Canastra” National Park is located was an area dominated by fields of limited extension structure where the livestock was made in a traditional form, helped with the burn or clean of extent grassland areas. With the creation of the Park, the grassland areas suffer a development and were transformed in “campo sujo” and “campo cerrado”, rising a change in the food habits of the maned wolf (Chrysocyon brachyurus) promoting an increment of the consumption of other fruit species in prejudice of “lobeira” (Solanum lycocarpum), a fruit item traditionally most consumed.

INTRODUÇÃO

A região onde está situado o Parque Nacional da Serra da Canastra têm na pecuária sua atividade econômica básica, em vista de serem suas terras na grande maioria pobres e pouco propícias à agricultura. Quase todas as áreas de campo e cerrados da região são utilizadas como pastagens naturais, sendo que somente em pequenas áreas esparsas são ______________________________________________________________________ 1 - Biólogo, pós-graduação Departamento Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. 2 - Biólogo, docente Departamento Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.

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utilizadas pastagens plantadas. Prevalece a estrutura minifundiária, com propriedades possuindo em geral menos de 100 hectares, onde a criação de gado é feita de maneira tradicionalista, carente de técnicas modernas para aumentar a produtividade (IBDF/FBCN, 1981). Na agricultura predominam as culturas de subsistência com um aumento crescente da tecnificação impulsionada a partir da década dos 80, predominando produtos agrícolas como o milho, o café, o arroz e o feijão (IBGE/SIDRA, 1997).

Existem também vastas áreas reflorestadas e outras em fase de reflorestamento, as espécies mais utilizadas são as dos gêneros Eucaliptus e Pinus. Quanto à extração mineral, destaca-se o município de Vargem Bonita (limite sudeste do Parque), pelas atividades de garimpagem e cata de minerais pesados, principalmente o diamante (IBDF/FBCN, 1981).

As atividades agropecuárias têm reduzido de forma drástica o tamanho das áreas de cerrado e floresta de galeria disponíveis para a fauna regional, modificando em grande escala a composição dos habitats. Os habitats modificados e simplificados que resultaram dessas atividades provavelmente favoreceram as espécies de grande potencial adaptativo e prejudicaram as formas mais especializadas.

Nesse contexto cria-se no ano 1972 o Parque Nacional da Serra da Canastra (Decreto n° 70.355, de 3 de abril de 1972) cujos limites foram descritos definitivamente no ano de 1974 (Decretos n° 74.446 e n° 74,447 de 21 de agosto de 1974) e finalmente, o levantamento feito em 1977 para fins de demarcação topográfica, delimita uma área de 71.525 ha, que equivalem a cerca de 40% da área proposta originalmente.

Prévio ao começo da expropriação em 1977 e até 1980, a Serra da Canastra era propriedade privada e era usada como área de pecuária extensiva. Os efeitos combinados de pastagem intensiva e queimas periódicas, provavelmente ajudaram a retardar a sucessão vegetal e manter a maior parte da região como campo (Shaw, 1985). Embora a importância relativa das atividades humanas na manutenção dos campos seja desconhecida, a Canastra tem sido predominantemente campo desde 1819 (Saint-Hilaire, 1975).

Durante os meses de junho até outubro uma série de incêndios ocorriam ao longo do Parque para promover a germinação das pastagens para serem utilizadas pelo gado. Estes incêndios queimavam a maior parte dos campos e cerrados e na periferia das matas, não penetrando em seu interior. Em julho e agosto, vários milhares de cabeças de gado eram conduzidas às áreas queimadas para alimentar-se da vegetação emergente. Em novembro a maioria do gado era removida para pastagens mais baixas fora do Parque a fim de evitar os efeitos da estação chuvosa nas terras altas (Dietz, 1983). Práticas similares têm sido empregadas na maior parte da Região do Cerrado (Filgueiras & Weschler, 1992). Atualmente, ocorrem quase todos os anos queimadas dentro do Parque, provocadas por descargas elétricas o por incêndios de campos vizinhos, que invadem a área do Parque (obs. pessoal).

Estudos sobre a fauna e flora do Parque são raros, dentre os quais podemos citar Andrade (1999) e Silveira (1998) para aves. Dietz (1984) em um estudo sobre a ecologia do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) desenvolvido de 1978 a 1980, coligiu dados sobre vários aspectos, como área de vida, padrão de atividades e dieta.

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Como objetivo deste trabalho, procurou-se comparar a dieta do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) utilizando os dados obtidos em dois estudos realizados em duas épocas diferentes: um entre os anos de 1978 e 1980 (Dietz, 1983; 1984), período no qual o Parque ainda não estava funcionando efetivamente e outro, entre os anos de 1998 e 2000 (Queirolo & Motta-Junior, 2000), momento em que o Parque já encontra-se efetivado desde, pelo menos, 15 anos atrás.

MATERIAIS E MÉTODOS

O Parque Nacional da Serra da Canastra está localizado na região sudoeste do Estado de Minas Gerais, à 356 km de Belo Horizonte, entre 46o15’- 47o00’W e 20o00’- 23o00’S. Possui alturas que vão desde os 800 metros até um máximo de 1493 metros, o clima da região enquadra-se nos tipos gerais Cw ou Aw, segundo Köppen, ou seja, subtropical ou tropical chuvoso, com uma estação seca e fresca definida de abril a setembro com uma temperatura média de 18°C e outra chuvosa e quente de outubro a março com 22°C de temperatura média. A precipitação total anual varia entre 1300 e 1700 mm, com um período de máximas precipitações nos meses de dezembro e janeiro (Dietz, 1984).

Grande parte da superfície do Parque esta coberta por vegetação de campo, principalmente campo limpo; campo sujo, caracterizado por formas degradadas de cerrado onde as árvores ficam reduzidas a arbustos e bem distanciadas umas das outras; e campos rupestres, com uma vegetação caracterizada por desenvolver-se em meio a afloramentos rochosos e em altitudes superiores a 800 metros. Em uma área relativamente muito pequena (não atingindo 1% da área total do Parque) surgem as florestas, geralmente às margens de cursos d’água ou em capões isolados e ocupando uma área também reduzida, encontram-se algumas manchas isoladas de cerrado, um cerrado bastante empobrecido que parece mais uma forma de campo cerrado (IBDF/FBCN, 1981).

Os dados usados neste trabalho foram obtidos de dois estudos diferentes (Dietz, 1984; Queirolo & Motta-Junior, 2000) onde em ambas situações, foram coletadas e analisadas de maneira similar fezes de lobo-guará. Logo, foram comparadas as freqüências de ocorrência de cada item (calculadas em função do total das ocorrências, cf. Dietz 1984) entre os dois estudos e, por último, foram calculados e comparados os índices de amplitude de nicho trófico padronizado de Levins (Krebs, 1989). Deve-se destacar, por fim, que ambos os estudos foram feitos na metade leste do Parque Nacional da Serra da Canastra.

RESULTADOS

Na tabela 1, estão os dados da dieta do lobo-guará referente às diferentes épocas ou situações do Parque Nacional da Serra da Canastra. Podemos notar certa similaridade entre ambas situações, onde os frutos, principalmente a lobeira (Solanum lycocarpum), e outros mamíferos (principalmente roedores) compõem a maior parte dos itens consumidos. A tendência a uma dieta onívora permanece constante (itens vegetais entre 52,1% e 49,7% e itens animais entre 47,1% e 50,3%), variando suas proporções quando consideramos as diferentes categorias em separado (figura 1) havendo dependência da

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ocorrência das presas de acordo com a situação ou momento em que se encontrava o Parque (χ2 = 550,5; g. l. = 7; p << 0,0001).

TABELA 1. Dieta do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) no Parque Nacional da Serra da Canastra em dois períodos diferentes: entre 1978-1980 e 1998-2000.

N Freq. Oc. N Freq. Oc.

Lobeira 670 0,333 133 0,106 Misc. Frutos 166 0,083 374 0,297 Gramíneas 228 0,113 118 0,094 Subtotal Vegetal 1064 0,529 625 0,497 Insetos 116 0,058 52 0,041 Aves 240 0,119 134 0,106 Répteis 6 0,003 104 0,083 Tatus 63 0,031 11 0,009 Peq. Mamíferos 524 0,260 333 0,264 Subtotal Animal 949 0,471 634 0,503 TOTAL 2013 1,000 1259 1,000 Fezes Analisadas 740 324 Levin's ** 0,115 0,277 1978-1980* 1998-2000

* Dados extraídos das tabelas 12 e 13 do trabalho de Dietz (1984).

** Foram utilizados valores extraídos das tabelas 12 e 13 do trabalho de Dietz (1984) e valores extraídos do trabalho de Queirolo & Motta-Junior (2000) adaptados segundo Dietz (1984).

Nesse sentido, devemos destacar a variação apresentada no consumo principalmente dos diferentes itens vegetais onde, a lobeira diminuiu sensivelmente sua ocorrência (de 0,333 para 0,106) ao mesmo tempo que a miscelânea de frutos aumentou (de 0,083 para 0,297), destacando-se o elevado consumo de algumas espécies que antes eram consumidas de maneira pouco significativa (por exemplo, Melancium campestre) e a aparição de outras totalmente novas na dieta e de consumo significativamente alto como é o caso da Parinari obtusifolia (tabela 2).

As espécies que compõem a miscelânea de frutos são em sua maioria espécies pertencentes ao estrato herbáceo-arbustivo de campos sujos e campos cerrados e poderiam ser espécies prejudicadas diretamente pelas atividades humanas realizadas dentro do Parque. Sabe-se que as espécies deste estrato apresentam uma imensa capacidade regenerativa após a queima, principalmente por rebrota, e que o fogo acelera a ciclagem dos nutrientes não danificando as partes vivas que se encontram em órgãos subterrâneos especializados (Coutinho, 1982). Pouco se conhece sobre os efeitos da introdução de herbívoros domésticos nos Cerrados brasileiros. Estudos realizados em áreas de savana na Argentina têm mostrado que o gado causa sérias alterações no ecossistema, como a eliminação de um clímax regulado pelo fogo, modificação na estrutura e composição florística e mudanças na fauna nativa (Nascimento & Lewinsohn, 1992). Porém, não existe informação sobre a incidência da introdução de herbívoros domésticos sobre a composição florística de áreas recentemente queimadas e suas

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conseqüências logo após anos sucessivos da mesma atividade. Pode-se supor que com a proibição ou diminuição destas atividades humanas, muitas espécies foram beneficiadas aumentando suas abundâncias e, por conseguinte, suas ocorrências na dieta devido a sua maior disponibilidade.

FIGURA 1. Comparação das freqüências de ocorrências entre os estudos realizados por Dietz (1984) e Queirolo & Motta-Junior (2000).

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 Lobe ira Misc . Fru tos Gram íneas Inse tos Aves Répt eis Tatus Peq. Mam ífero s 1978 - 1980 1998 - 2000

Também houve uma variação no consumo dos itens animais (tabela 1) onde, os répteis sofreram um incremento no seu consumo (de 0,003 para 0,083) e os tatus um decréscimo (de 0,033 para 0,009). Em referência aos demais itens destacados na tabela 1, não houve variações significativas mantendo-se relativamente constante a importância no consumo tanto de gramíneas como de insetos, aves e pequenos mamíferos.

O número de itens totais consumidos teve um aumento considerável não podendo ser comparáveis os itens de origem animal devido ao baixo nível de resolução taxonômica detalhado no estudo de Dietz (1984) mas sim, no que se refere aos itens vegetais (tabela 2) passando de 20 para 29 espécies, que sim foram identificados até o nível de espécie ou morfoespécie, em ambos estudos. Deve-se destacar ainda que, apesar de em 1998-2000 terem sido coletadas menos da metade do total de amostras de 1978-1980, ainda assim registrou-se tanto um maior número de espécies como de ocorrências (tabelas 1 e 2). A amplitude da dieta calculada a partir do agrupamento dos itens de acordo com a tabela 1, resultou numa maior amplitude observada no estudo realizado entre 1998 e 2000 em relação ao realizado entre 1978 e 1980 onde, o lobo-guará apresentou-se como uma espécie mais generalista (0,115 contra 0,277).

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TABELA 2. Comparação das freqüências de ocorrências dos itens vegetais (calculadas utilizando o número de ocorrências totais) entre os estudos realizados por Dietz (1984) e Queirolo & Motta-Junior (2000).

N Freq. Oc. N Freq. Oc.

Solanum lycocarpum 670 0,333 133 0,106 Parinari obtusifolia 163 0,129 Bromelia sp. 44 0,022 13 0,010 Melancium campestre 12 0,006 54 0,043 Psidium guayava 10 0,005 17 0,014 Psidium sp. 4 0,002 1 0,001 Campomanesia sp. 5 0,003 29 0,023 Callophylum brasiliense 6 0,003 Allagoptera sp. 32 0,026 Byrsonima sp. 2 0,001 1 0,001 Alibertia sp. 19 0,015 Pouteria sp. 3 0,002 Astrocaryum sp. 25 0,010 Eugenia sp. 1 0,001 9 0,007 Miconia sp. 3 0,001 1 0,001 Morus sp. 2 0,001 Zea mays 5 0,003 Annonaceae 7 0,004 8 0,006 Myrtaceae 17 0,009 Palmae 5 0,004 Rutaceae 2 0,001 Frutos N. Id. 21 0,011 19 0,015 Gramíneas 228 0,113 118 0,094 TOTAL 1064 0,529 625 0,497 1998 - 2000 1978 - 1980*

* Dados extraídos da tabela 13 do trabalho de Dietz (1984).

DISCUSSÃO

O estudo realizado por Dietz (1984) foi o primeiro a ser feito sobre comportamento alimentar; até então o conhecimento era escasso e as informações baseavam-se em pequenas listas de itens consumidos ou algum comentário referente aos mesmos (Langguth, 1975; Carvalho, 1976). Desde então foram publicados alguns estudos mais detalhados (Motta-Junior et al., 1996; 1997; Carvalho & Vasconcellos, 1995) que têm ajudado na melhor compreensão do comportamento alimentar do lobo-guará principalmente, no que se refere à seleção de presas e biomassa consumida.

Tanto nos estudos realizados por Queirolo & Motta-Junior (1998; 2000) como no realizado por Dietz (1984), o lobo-guará comportou-se como um onívoro generalista apresentando um oportunismo temporal (sazonalidade na dieta) no consumo de presas animais e frutos. A proporção de itens animais e vegetais assemelha-se entre ambos estudos e segue as tendências encontradas em outros (Jácomo, 1999; Juarez, 1997;

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Motta-Junior et al., 1996; 1997), onde existem pequenas variações mas todas tendem a mostrar uma proporção igual no consumo geral desses itens.

As condições existentes no Parque até o final da década de 70 (Dietz, 1984; IBDF/FBCN, 1981) provavelmente determinaram uma distribuição na proporção dos itens consumidos bem diferente à proporção encontrada na atualidade. Isto é particularmente observável se analisamos o consumo de lobeira e dos outros frutos (miscelânea de frutos), onde notamos uma inversão na proporção de seus consumos (figura 1).

A lobeira (S. lycocarpum) é uma espécie de porte arbustivo a arbóreo e de ampla distribuição no Brasil central, comportando-se como invasora em áreas perturbadas pelo homem e em pastagens (Oliveira-Filho & Oliveira, 1988). Comumente ocorrem ao longo de estradas de acesso e igualmente em pequenas superfícies de terrenos modificados e abandonados, assim como também em pastagens de gado e currais (Courtenay, 1994). Estas características pressupõem o fato de que antes de expropriar a área do Parque e transformá-lo em uma unidade de conservação efetiva, a presença do homem e de suas atividades permitia condições mais favoráveis, no terreno, para uma melhor fixação e crescimento da lobeira. O gado consome ativamente seus frutos (Hoehne, 1946; Neilton A. Farias, com. pessoal) e faz a disseminação das sementes (obs. pessoal), o que sugere mais um fator para facilitar o estabelecimento dessa planta. Logo, com a retirada dos fazendeiros e posterior construção de cercas nos limites do Parque, entre os anos de 1982 e 1983 (Neílton A. Farias, com. pessoal), as condições para a sobrevivência da lobeira diminuíram, porém, houve um aumento das condições que favoreciam o crescimento de outras espécies vegetais que anteriormente eram inibidas, principalmente, pela queima e limpeza dos campos e cerrados para permitir uma melhor germinação e brotamento de forrageiras para o gado.

Estas alterações no ambiente poderiam ser uma das causas principais das mudanças observadas na dieta do lobo-guará dentro do Parque. Isto pode ser corroborado com o índice de amplitude trófica, que indica uma maior diversidade na dieta, diminuindo a importância do item lobeira, o que poderia supor que representa um recurso substituível, pelo menos em parte, por outros (principalmente outros frutos).

Com a comparação realizada neste trabalho, põem-se em evidência a importância dos estudos a longo prazo e de monitoramento das diferentes populações animais para determinar o grau de preservação e proteção de uma determinada unidade de conservação assim como, a realização e constante atualização de planos de manejo que permitam uma apropriada proteção dos recursos naturais. É importante destacar que as comparações feitas tão distantes no tempo não são as mais recomendáveis pois poderíamos estar deixando de lado alguns fatores, como os fenômenos cíclicos que poderiam estar afetando tanto as presas como os predadores.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer aos funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) que trabalham no Parque Nacional da Serra da Canastra em especial ao seus diretores, Wagner de Lima Moreira e Neílton

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Antônio de Farias, pelas facilidades oferecidas e pela ajuda brindada sempre que foi necessária, e a todos os pesquisadores que participaram de alguma das viagens realizadas ao Parque principalmente, Adriana Bueno, Ellen Wang e Graziela Dotta, pela dedicação e apoio nos trabalhos de campo. Também gostaríamos de manifestar nosso agradecimento ao apoio fornecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Programa de Pós-graduação do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e ao Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), através dos diferentes programas de auxílio à pesquisa sem os quais, este trabalho não teria sido possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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