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PERFIS DE CONTRATAÇÃO DOCENTE NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE SÃO PAULO: REVELAÇÕES

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Academic year: 2021

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ESTADUAL DE SÃO PAULO: REVELAÇÕES

SILVA, Roselaine Batalha1 - UNICID/SP

Grupo de Trabalho – Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Agência Financiadora: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Resumo

Esta pesquisa trata do arcabouço legal que normatiza a contratação de professores no estado de São Paulo, com o propósito de caracterizar os aportes legais em que se assenta a contratação docente e o perfil do professor a partir dos direitos, deveres e responsabilidades. Apresenta os três tipos de vínculo empregatício vigentes, indicando as peculiaridades de cada uma dessas formas de empregar o professor, bem como revelações sobre as excepcionalidades de contratação docente aplicadas pela Secretaria da Educação. Configura o perfil do quadro de professores de uma diretoria de ensino da região metropolitana de São Paulo nos anos letivos de 2012 e 2013, o que permite ilustrar a aplicação desses critérios e seus efeitos no acolhimento de profissionais não licenciados para o exercício da docência.

Palavras-chave: contratação de professor, perfil docente, contrato por tempo determinado.

Introdução

A presente pesquisa tem sua relevância ancorada às discussões e reflexões a respeito do perfil de professores que atuam em salas de aulas da educação básica do Brasil, destacando-se neste debate razões que realçam sua importância para a eficiência da aprendizagem no âmbito interno das escolas. (Gatti e Barreto, 2009). Este cenário motiva a realização desta pesquisa que busca identificar características do perfil do professor que trabalha nas escolas da rede pública estadual de São Paulo.

Apresentam-se neste texto resultados de estudo que trata do arcabouço legal que normatiza a contratação de professores no estado de São Paulo, desenvolvido com o propósito de caracterizar os aportes legais em que se assentam os encaminhamentos relativos à

1 Mestranda em Políticas Públicas em Educação: UNICID – São Paulo. Supervisora de Ensino do estado de São

Paulo (SEESP). E-mail:roselainebatalha@gmail.com, orientadora Profª Dra. Sandra M. Zákia L. Sousa FE-USP/UNICID.

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contratação docente e o perfil do professor, a partir dos direitos, deveres, responsabilidades e obrigações traçados pelas legislações paulistas, sendo ainda analisados dados de contratação de uma diretoria de ensino da região metropolitana de São Paulo.

Procedeu-se um levantamento das leis, decretos e resoluções que tratam das formas de contratação de professores para atuar nas escolas públicas estaduais de São Paulo, todos em vigência. As informações coletadas possibilitaram caracterizar cada um dos tipos de vínculo empregatício vigentes com as especificações aplicadas para o trabalho docente e descrever as características peculiares a cada uma dessas formas de empregar o professor, aplicadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), ligadas diretamente ao perfil que este profissional deve apresentar, estabelecido por requisitos legais e excepcionais.

O estado de São Paulo apresenta três tipos de vínculos empregatícios com relação aos funcionários públicos em geral, que atuam em suas secretarias, neste quesito enquadra-se a contratação de funcionários pela SEE, incluindo-se os professores, sendo eles: o titular de cargo, temporário ocupante de função atividade e contratado por tempo determinado.

A partir da Lei nº 10.261/68 e da Resolução SEE nº 70/2010 desenha-se o perfil do docente titular de cargo conforme esperado pelo governo paulista, um profissional habilitado em licenciatura plena, aprovado em concurso público.

Os dois outros vínculos empregatícios: docente ocupante de função atividade e contratado por tempo determinado estão subordinados aos critérios de inscrição, processo seletivo, classificação, em conformidade com a legislação de Atribuição de Classes e Aulas, do ano letivo em vigência. Para uma visão sintética, destacam-se no Quadro 01, os tipos de contratação vigentes e suas características.

Tipos de contrato Características DOCENTE EFETIVO DOCENTE TEMPORÁRIO O.F.A. DOCENTE CONTRATADO POR TEMPO DETERMINADO Lei nº 10.261/68 L.C. nº 444/85 L.C. nº 500/74 L.C. nº 1.093/2009

Formas de Ingresso Concurso Público Processo Seletivo Simplificado obrigatório até

obter a primeira aprovação, após aprovação torna-se

opcional.

Processo Seletivo Simplificado obrigatório em

todos os anos.

Habilitação Exigida Licenciatura Plena Licenciatura Plena, mas em algumas diretorias é possível

Licenciatura Plena; Qualificação: Graduação de

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haver estudantes de último ano.

nível superior diversa; estudantes em geral.

Jornada de Trabalho Garantia da jornada de sua opção: reduzida, inicial,

básica ou integral.

Garantia de carga horária mínima de 09 aulas para

recebimento.

Não há garantia.

Faltas abonadas 06 ao ano 06 ao ano 02 durante o contrato.

Licença Casamento 08 dias 08 dias 02 dias

Licença Falecimento 08 dias 08 dias 02 dias

Faltas justificadas 20 faltas consecutivas ou 45 interpoladas.

15 faltas consecutivas ou 30 interpoladas.

02 faltas

Faltas injustificadas 20 faltas consecutivas ou 45 interpoladas 15 faltas consecutivas ou 30 interpoladas. 01 falta na vigência do contrato. Afastamento para estudos Podem participar de congressos, simpósios

Não pode. Não pode afastar

Licença Prêmio de 90 dias com remuneração

Garantida cada 05 anos, sem exceder 30 faltas no período.

Garantida cada 05 anos sem exceder 30 faltas no período.

Não Possui.

Sede de exercício (vínculo com a escola)

Escola sede quando de sua efetivação.

Escola sede é a última em que trabalhou no último ano.

Não possui, seu vínculo é com a diretoria de ensino,

Férias Recebimento de acordo com a jornada.

Recebimento de acordo com a média das aulas dadas.

Recebimento de acordo com a média das aulas dadas.

13º salário Recebimento de acordo com a jornada.

Recebimento de acordo com a média das aulas dadas.

Recebimento de acordo com a média das aulas dadas.

Progressão pela Av. do Mérito

Tem direito Não tem direito Não tem direito

Bonificação Tem direito Tem direito Tem direito

Vínculo empregatício Contínuo, com a escola. Contínuo, com a escola. Por de 01 ano, com a diretoria de ensino.

Quadro 01: Tipos de Contratação vigentes na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e suas características

A análise das informações registradas no quadro permite detectar, nos diferentes perfis de docentes traçados pela legislação do estado de São Paulo, especificidades na regulamentação de direitos trabalhistas de um tipo de contratação para outro, mas, no entanto, mantêm-se os mesmos deveres, proibições e obrigações. Revela, ainda, que é possível assumir a docência “não professores”, ou seja, estudante com formação incompleta em licenciatura ou iniciando seu curso de licenciatura, bem como profissionais com graduação em áreas diversas, que não educação, os quais são caracterizados na legislação como professores qualificados,

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mas não habilitados para o exercício. Esta situação, nomeada como de “excepcionalidade”, ocorre na inexistência do docente habilitado, conforme previsto legalmente.

Com o objetivo de complementar a caracterização dos aspectos legais e excepcionais da contratação de professores para as escolas estaduais de São Paulo em vigência, torna-se necessário apresentar como são executadas as contratações docentes no âmbito das diretorias regionais de ensino no estado de São Paulo.

A classificação hierárquica dos professores, normatizada pela Resolução SEE nº. 89/2011 e pela Resolução SEE nº. 08/2010, bem como outras legislações dispostas anteriormente no Quadro 01 e, aplicadas cada qual ao perfil de contratação a que se remete, dispõe que primeiro há o atendimento às jornadas de trabalho dos professores efetivos, em segundo há o atendimento do professor ocupante de função atividade aprovado e, em um terceiro momento e, excepcionalmente, serão atendidos os professores candidatos a contratação, habilitados e aprovados no processo seletivo e, posteriormente, docentes qualificados (estudantes) aprovados. Em um quarto momento é que são atribuídas as aulas e classes remanescentes aos professores ocupantes de função atividade e candidatos a contratação, habilitados e não aprovados e, depois aos candidatos a contratação qualificados, não aprovados.

É preciso registrar que todos os docentes inscritos são chamados, mas nem todos têm aulas ou classes atribuídas, porque o docente ocupante de função atividade tem a obrigatoriedade de ter atribuídas nove aulas, um total maior de aulas ele assume se desejar, enquanto que ao candidato à contratação não existe qualquer obrigatoriedade.

Não ocorrendo a atribuição completa de classe e/ou de aulas das escolas ocorre outra excepcionalidade legal, que trata da atribuição de aulas e classes remanescentes, que é a abertura do Cadastro Emergencial aos profissionais que atenderem os requisitos de inscrição, mas estes não realizam o processo seletivo, pois se trata de uma contratação emergencial. O Cadastro Emergencial vem sendo aberto no estado de São Paulo desde o ano de 2010.

No Quadro 02 há informações sobre a ordem atribuição de classes e aulas aos professores formados, aos professores habilitados em outras graduações, aos estudantes, também de acordo com sua classificação de aprovação no processo seletivo, atendendo primeiro os aprovados e, após, os não aprovados. Essas informações foram coletadas no âmbito de uma Diretoria de Ensino, refletindo a configuração de perfis existentes nos anos de 2012 e 2013.

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Quadro 02 – Quantidade de professores por perfil de formação e situação em processo seletivo em uma diretoria regional de ensino, anos de 2012 e 2013.

Fonte: www.gdae.sp.gov.br

Identifica-se, por meio dos dados constantes do Quadro 02, que no ano de 2012 a diretoria de ensino possuía inscritos um total de 5.189 docentes, desses 2.193(42,27%) cumprem todos os requisitos para atuar como professor e 2.996 (57,73%) são contratações em caráter de excepcionalidade, tratando-se de pessoas não concursadas, não habilitadas e não aprovadas em processo seletivo.

Professores Classificados para Atribuição de classes/aulas Total no Ano Letivo De 2012 Total no Ano Letivo De 2013

1º Total Habilitados Efetivos 2.193 (42,27%) 2.086 (38,17%)

2º Total Habilitados (OFA/Contratado)

Aprovados Aprovados

1379 (26,57%) 1877 (34,35%)

Qualificados Aprovados Aprovados

3º Estudante de último/ licenciatura 053 042

4º Bacharel formado 010 015

5º Estudante 50% 032 029

6º Estudante de último/ bacharel 007 003 7º Estudante 1º, 2º e 3º semestre 068 081

Total Geral Aprovados 3.732 (71,92%) 4.133 ( 75,64%)

8º Total Habilitados (OFA/Contratado)

Reprovados Reprovados

676 (12,37%) 1057 (19,34%)

Qualificados Reprovados Reprovados

9º Estudante de último/ licenciatura 032 057

10º Bacharel formado 020 043

11º Estudante 50% 021 025

12º Estudante de último/ bacharel 003 014 13º Estudante 1º, 2º e 3º semestre 030 135

Total de Geral Reprovados 782 (15,07%) 1466 (26,83%)

Total Geral de Professores 5.189 (100%) 5.464 (100%)

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No ano de 2013, na mesma diretoria, há um total de 5.464 docentes, desses 2.086 cumprem os requisitos e 3.378 (61,82%) são contratações excepcionais, ou seja, pessoas licenciadas não concursadas, não licenciadas e não aprovadas em processo seletivo.

A análise desses dados permite constatar, ainda, que pessoas qualificadas aprovadas são classificadas para atribuição, antes de profissionais habilitados, mas não aprovados no processo seletivo.

Contudo, há outro desdobramento das excepcionalidades de contratação para o exercício da docência no estado de São Paulo: o Cadastro Emergencial.

O cadastro emergencial trata, excepcionalmente, da inscrição de pessoas para exercício docente, com cumprimento das mesmas legislações apresentadas, mas com o diferencial de não realizarem processo seletivo, para atender às classes e aulas da rede de ensino ainda não atribuídas nas escolas no início ou decorrer do ano letivo, bem como eventuais substituições de professores em licença saúde ou em ausências esporádicas ao trabalho.

Desde o ano letivo de 2010 até os dias atuais a Secretaria da Educação do estado de São Paulo realiza o cadastramento emergencial de professores, atualmente regido pela resolução SE nº 23/2012.

Tal procedimento se fez necessário porque há a falta de professores na rede pública estadual. São vários os motivos que têm influenciado na atratividade da carreira docente; podem-se mencionar os levantados por Gatti e Barreto (2009) que registram:

Salários pouco atraentes, como expostos no capítulo IX, e planos de carreira estruturados de modo a não oferecer horizontes claros, promissores e recompensadores no exercício da docência interferem nas escolhas profissionais dos jovens e na representação e valorização social da profissão de professor (p. 256).

É possível reconhecer nas determinações da legislação vigente, relativa ao perfil de formação docente admitido pelo estado de São Paulo, uma diversidade de exigências, que se expressa em um perfil docente desejado e vários perfis docentes excepcionais, todos legais, mas onde em uma dada diretoria regional de ensino a contratação excepcional pode alcançar 61,82% dos inscritos para atuarem como professores.

Os resultados da presente pesquisa revelam a contratação de professores não aprovados em processo seletivo, bem como de estudantes e profissionais não licenciados e não aprovados no processo seletivo para atuarem em docência na educação básica estadual paulista como prática usual.

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As possibilidades docentes contempladas pela legislação de flexibilização nas formas de contratação docente e os dados de uma diretoria de ensino, aqui apresentados, evidenciam a abertura para o exercício da docência por pessoas não habilitadas. Essas constatações põem em xeque o reiterado destaque do professor, no âmbito das políticas educacionais, considerado como essencial para a melhora da qualidade de ensino.

REFERÊNCIAS

Gatti, B. A.; Barreto, E. S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009, p. 12 e p. 256. Disponível em: <www.unesco.com.br> acesso em: 12 mai. 2012. SÃO PAULO (Estado). Lei nº. 500, de 13 de novembro de 1974. São Paulo, 1974. Disponível em: <www.crmariocovas.sp.gov.br.> acesso em: 22 out. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968. São Paulo, 1968. Disponível em: <www.crmariocovas.sp.gov.br.> acesso em: 22 out. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Lei Complementar nº 444, de 27 de dezembro de 1985. São Paulo, 1985. Disponível em: <www.crmariocovas.sp.gov.br.> acesso em: 22 out. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Lei Complementar nº 1.093, de 16 de julho de 2009. São Paulo, 2009. Disponível em:<www.al.sp.gov.br> acesso em: 22 nov. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Listas de classificação de professores inscritos para o ano letivo de 2012. Disponível em: <www.gdae.sp.gov.br> acesso em 26 nov. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Resolução nº 08, de 22 de janeiro de 2010. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.imprensaoficial.com.br.> acesso em: 09 abr. 2013.

SÃO PAULO (Estado). Resolução SE nº 23, de fevereiro de 2012, de 20 de janeiro de 2012. São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.profdomingos.com.br.> acesso em: 23 jan. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Resolução SE nº 68, de 01 de outubro de 2009. São Paulo, 2009. Disponível em:<www.dersv.com> acesso em: 02 fev. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Resolução SE nº 70, de 27 de outubro de 2010. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.profdomingos.com.br.> acesso em: 19 maio 2013.

SÃO PAULO (Estado). Resolução SE nº 89, de 29 de dezembro de 2011. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.profdomingos.com.br.> acesso em: 23 jan. 2012.

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