• Nenhum resultado encontrado

O nosso vinho. O vinho dos outros. Escolhas O que os enólogos bebem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O nosso vinho. O vinho dos outros. Escolhas O que os enólogos bebem"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 5

ID: 45012902

01-12-2012 | Fugas

Escolhas

O que os enólogos bebem

O vinho

dos outros

Desafi ámos sete enólogos/

produtores a esquecerem os

seus vinhos e a partilharem as

suas preferências relativamente

a outras regiões. Pedimos, por

exemplo, ao responsável pelo

Barca Velha que nos falasse sobre

o seu vinho preferido do Alentejo;

e ao mais renomado enólogo do

vinho Madeira solicitámos que

destacasse um vinho do Porto

da sua admiração. Confi ra as

respostas. Pedro Garcias

O

nosso vinho é sempre o melhor. O do vizinho é diferente. Se perguntarmos a um produtor do Douro se gosta mais dos vinhos da sua região ou dos da Bairrada, por exemplo, já sabemos

qual é a resposta. O contrário tam-bém é válido. E não estamos a falar de bairrismo. Na formação do gosto há uma forte componente cultural, ligada à tradição e à experiência. Por alguma razão os alentejanos gostam mais de coentros e os transmonta-nos de salsa. Os primeiros nascem habituados a comer coentros e os segundos a comer salsa.

Um bairradino é capaz de se quei-xar do volume alcoólico dos vinhos

do Douro e um duriense é capaz de fazer cara feia a um bom Verde tinto. Não será a regra, claro. Em certas ocasiões, mesmo para um duriense convicto, um Verde tinto pode ser mais apetecível do que um grande vinho da sua região. Do mesmo modo, um consumidor habitual de vinhos ásperos e ácidos do Minho é capaz, de vez em quando, de ir ao céu com um vinho encorpado e con-centrado do Douro ou do Alentejo.

Seja como for, em condições nor-mais, optamos quase sempre pelos vinhos que nos são familiares. É por isso que no Alentejo, no Douro, na Bairrada, nos Vinhos Verdes e no Dão, por exemplo, os vinhos mais consumidos têm origem nas respec-tivas regiões. Mas não há nada mais redutor e triste do que olharmos só para o nosso vinho, como se não houvesse mais opção possível. Há inúmeros vinhos no mundo que são

Não há nada mais

redutor e triste

do que olharmos

só para o nosso

vinho, como se

não houvesse

mais opção

(2)

País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Informação Geral

Cores: Cor

Área: 26,39 x 28,01 cm² Corte: 2 de 5

ID: 45012902

01-12-2012 | Fugas

tão bons ou melhores do que os nos-sos. E, se não forem melhores, pelo menos serão diferentes. Ignorar o que se produz à nossa volta, tanto no país como no mundo, é passar ao lado do essencial, é desperdiçar a oportunidade de viver novas expe-riências, de alargar os nossos termos de comparação, de abrirmos novos horizontes.

Foi a partir desta certeza que lan-çámos um desafi o a sete enólogos/

produtores portugueses, para que nos falassem sobre os vinhos dos ou-tros e partilhassem as suas preferên-cias. A Dirk Niepoort, um dos mais renomados produtores de vinhos do Douro e Porto, pedimos que nos dissesse qual é o seu vinho Madei-ra preferido; a Luís Sottomayor, o responsável pelo Barca Velha e por todos os outros vinhos da Casa Fer-reirinha, solicitámos que nos confes-sasse qual é a sua predilecção

alen-tejana; Luís Pato, o mais renomado produtor da Bairrada, foi desafi ado a escolher o “seu” vinho do Dão; ao madeirense Francisco Albuquerque, enólogo da Madeira Wine Company, pedimos que elegesse um vinho do Porto; ao minhoto Luís Cerdeira, produtor dos brancos Soalheiro, foi sugerido que destacasse um vinho do Douro; o alentejano Júlio Bastos, produtor dos vinhos Dona Maria, foi desafi ado a escolher um Bairra-da; e, fi nalmente, Nuno Cancela de Abreu, produtor, entre outros, dos vinhos Quinta da Fonte do Ouro e Boas Quintas, no Dão, respondeu ao repto de partilhar a sua preferência em relação à região dos Vinhos Ver-des. Veja as respostas.

A componente cultural tem uma forte influência na formação do gosto. Os aromas e sabores com que crescemos são muitas vezes aqueles com que mais nos identificamos ao longo da vida. O vinho não é excepção.

F O T O S: NUNO FERREIRA S ANT O S

(3)

Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 5

ID: 45012902

01-12-2012 | Fugas

Escolhas

O que os enólogos bebem

Luís Pato, Bairrada

Quinta dos Roques

Tinto 1996 (Dão)

“É fácil escolher. O meu vinho do Dão é o Quinta dos Roques Tinto 1996, um grande vinho ainda hoje. Nos melhores anos, a Quinta dos Roques consegue produzir vinhos de Touriga Nacional de grande qua-lidade, de qualidade internacional. Vinhos clássicos, com mais taninos e que precisam de tempo. Foram os tintos dos Roques e os do Álva-ro de CastÁlva-ro que fi zeram renascer a Touriga Nacional. Os vinhos do Centro de Estudos de Nelas não eram conhecidos. O Dão, quando a casta é bem trabalhada na vinha e na adega, produz a Touriga Nacional naturalmente mais equilibrada, com o melhor balanço álcool/acidez, do país. Ou seja, do mundo!”.

N. Cancela de Abreu, Dão

Anselmo Mendes

Parcela Única 2011

(Vinhos Verdes)

“Os Alvarinhos foram, entre os vi-nhos brancos portugueses, os que mais me impressionaram quando despertei para a enologia. Achei-os sempre vinhos elegantes mas plenos de carácter. O Anselmo é o grande mestre dos Alvarinhos e criou esta obra-prima do Parcela Única. Com

De norte a sul,

as preferências

de quem faz vinho

a tecnologia que adoptou, que tem muito de inovadora, desde o contac-to pelicular, à fermentação em barri-cas usadas e a batonage durante um longo período de tempo, conseguiu inventar um vinho magnífi co que toca a perfeição. O que mais gosto neste Alvarinho é a complexidade na boca, porque no aroma é discreto e elegantíssimo. À mesa é soberbo com uma mineralidade invulgar, volumoso, frescura q.b. e um fi m de prova envolvente e muito com-pleto que deixa saudades quando a garrafa chega ao fi m. Dá muito gozo beber um vinho branco tão espesso e agradável como este”.

Luís Sottomayor, Douro

Herdade da Mingorra

Vinhas da Ira Tinto

2009 (Alentejo)

“O meu vinho do Alentejo é o tinto Vinhas da Ira, da Herdade da Min-gorra. É um vinho que sempre me cativou! Das várias vezes que por lá passei à caça fi quei sempre encanta-do com aquelas vinhas! Não sei se foi pelas perdizes que lá andavam, ou pela paisagem que as envolvia, mas a verdade é que o vinho me mar-cou! Destacaria a colheita de 2009. É um vinho cheio de personalidade e carácter, subtil, insinuante e que vai demonstrando intensidade. Um tinto perfeito para acompanhar o almoço no fi m de uma caçada”.

Dirk Niepoort, Douro

Barbeito Malvasia 30

anos (Madeira)

“Há vinhos e vinhos. Até há bem pouco tempo pensava / achava que um Madeira para ser bom teria que ser anterior a 1920. Na verdade um grande Madeira precisa de calma e tempo. No entanto, existe uma casa que tem feito um trabalho notável nos últimos 25 anos: a Barbeito. Ricardo Barbeito teve a coragem de, com a ajuda de alguns amigos, fazer vinhos da Madeira autênti-cos, simples, frescos e sem estufa induzida. Começaram a aparecer os engarrafamentos de Madeira single cask e mais tarde o Malvazia 30 anos, o meu vinho preferido. A Barbeito sempre teve vinhos fantás-ticos. Lembro-me do 1795 que bebi recentemente em Barcelona. Mas são os novos vinhos com estilo novo que quero realçar. Este Malvazia 30 anos é sem dúvida um vinho muito perto da perfeição. Intenso mas fres-co e leve. Extremamente aromátifres-co mas fi no e delicado. Doce mas sem-pre em harmonia com a marcante acidez”.

Júlio Bastos, Alentejo

Nossa Calcário Branco

2011 (Bairrada)

“Apesar de haver poucos produto-res na Bairrada, e sendo uma região que eu admiro, a escolha não é fácil. Optei por falar numa enóloga-pro-dutora jovem, a Filipa Pato, que está a fazer vinhos de muito boa qualida-de. Neste caso, o “Nossa” Calcário Branco 2011, produzido com uvas da casta Bical. É um vinho com um aroma exótico, num registo muito delicado; na boca os tostados da madeira estão em equilíbrio com o vinho, muito fi no e com uma exce-lente mineralidade, sendo de res-saltar a perfeita e domada acidez, que dá ao vinho um fi o condutor e muito bom comprimento.

Não posso deixar de falar também sobre a casta de referência da re-gião, a Baga. Lembrei-me que tinha ainda guardadas umas garrafas de Luís Pato de 1985, senti uma enorme curiosidade e fui abrir uma dessas garrafas. Sobre este vinho tenho a dizer que foi uma enorme surpresa o seu estado de conservação, que ainda admite maior longevidade. Aroma com certa evolução lógica da idade, chocolate, bosque e fru-tos maduros. Na boca, o que mais fascina é ser tão redondo e ter tanta doçura, cheio de sabor a bosque e com uma elegância exemplar. Acaba com óptimos taninos, que me dão a entender que ainda o vou poder be-ber até daqui a uns anos. Um grande vinho do antigamente!”

Luís Cerdeira,

Vinhos Verdes

Niepoort Charme Tinto

2008 (Douro)

“O Douro para mim espelha o muito potencial que Portugal tem no mun-do mun-dos vinhos e que se consegue jun-tado a terra e a invenção do Homem. O meu vinho do Douro, aquele que me ocorre de imediato, é o Charme da Niepoort, em especial o 2008,

por transmitir essa invenção e pro-porcionar de uma forma quase sim-ples o que a terra dá em elegância e complexidade numa colheita mais fresca que o habitual, mas que teima em deixar boas memórias”.

Francisco Albuquerque,

Madeira

Warre`s Porto Vintage

2007

“Normalmente, e pelo facto de tra-balhar com licorosos “oxidados”, sou um grande fã dos Vintages do Porto de meia-idade ou com bom estágio de garrafa. Tenho grandes afinidades com o Douro dado a minha “escola” ter sido a família Symington. Quando entrei para o grupo da família Blandy, a Madeira Wine Company era também Syming-ton. Em 1990, fi z a minha primei-ra vindima “a sério” na Quinta do Bonfi m, com o António Serôdio, o David Baversotck e o Peter Sy-mington. Foi uma grande vindima. Quase não dormíamos. Marcou-me uma prova vertical evolutiva com o Dominic Symington em Itália, com oito grandes vintages da Warre’s, Graham´s e Dow’s. Ficou-me o há-bito da marmelada com o queijo Serra da Estrela, frutos secos e claro os vintages do Porto. Poderei dizer que, ultimamente, um dos que me marcou foi o Warre’s Vintage 2007. Pelas afi nidades com alguns Madei-ras Velhos, devo referir também al-guns vinhos do Porto do Século XIX que tive a honra de provar com o David Guimaraes, o Dirk Niepoort e o Charles Symington”.

(4)

País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Informação Geral

Cores: Cor Área: 5,65 x 2,76 cm² Corte: 4 de 5

ID: 45012902

01-12-2012 | Fugas

Sete enólogos

escolhem vinhos

dos “outros”

(5)

Âmbito: Informação Geral Corte: 5 de 5

ID: 45012902

01-12-2012 | Fugas

SETE ENÓLOGOS

ESCOLHEM VINHOS

DOS “OUTROS”

Referências

Documentos relacionados

Concluem que a decisão impugnada, além de incompatível com a natureza do recolhimento compulsório, acaba por impedir que o Banco Central empregue imediatamente um dos mecanismos

candidatos à matrícula no primeiro período, no ano de 2021, dos cursos de Odontologia e Medicina e consistirá na avaliação de conhecimentos (habilidades e

Santos registrou o que segue: “O servidor Mário Frenhe Junior foi convidado pela Caixa Federal 28.. unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Av. A Professora Dra Maria

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

Este artigo irá esclarecer sobre a construção da Antena Delta Loop de onda completa para todas as faixas de operação. Fala-se muito desta antena, existem várias técnicas

E Jesus conclui: se alguém que não é tão amigo quanto isso é capaz de nos ajudar se nós insistirmos, muito mais nos ajudará o nosso Pai do Céu, não só pela nossa

• Cocción bajo vacío – la nueva técnologia en culinaria para casas de banquetes, la culinaria dietética y la cocina abierta las 24 horas del día.. Los alimentos envasados al

Com este estudo buscou-se avaliar a expressão gênica de TNF-α, IFN-γ e IL-10, pesquisar a presença de mórulas no baço e avaliar o imunofenótipo das células esplênicas