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O LUGAR DA CRIATIVIDADE NA PESQUISA EM HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE RESUMO ABSTRACT

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Academic year: 2021

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O LUGAR DA CRIATIVIDADE NA PESQUISA EM HISTÓRIA DA

MATEMÁTICA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE

Cristiane Borges Angelo, UFPB, cristianeangelo@dce.ufpb.br Iran Abreu Mendes, UFRN, iamendes@ccet.ufrn.br

RESUMO

O presente texto traz algumas reflexões sobre uma pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo geral é analisar a produção acadêmica gerada nos programas de pós-graduação strictu sensu do país, especificamente os trabalhos que versam sobre a História da Matemática como recurso pedagógico, produzidos no período de 1990 a 2010, a luz da do conceito da criatividade. Nesse texto, iremos apresentar os pressupostos metodológicos da referida pesquisa e discorrer sobre o a relação que estamos estabelecendo entre o fenômeno da criatividade e sua implicação na pesquisa em história da Matemática.

Palavras chaves: história da matemática, criatividade, uso da história como recurso pedagógico.

ABSTRACT

This paper reflects on a PhD research in progress, whose general objective is to analyze the scientific production generated in the graduate programs in the strict sense of the country, specifically the works about the history of mathematics as a teaching resource, produced in period 1990 to 2010, the light of the concept of creativity. In this text we will present the methodological assumptions of this research and discuss the the relationship we are forging between the phenomenon of creativity and its implication for research in the history of mathematics.

Keywords: history of mathematics, creativity, using history as a pedagogical resource.

1 Primeiras considerações acerca da temática

Este artigo trata de uma pesquisa de doutorado que se encontra em andamento, vinculada ao Projeto “Cartografias da produção em História da Matemática no Brasil: um estudo centrado nas dissertações e teses defendidas entre 1990-2010”, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ e realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Interessa-nos particularmente refletir sobre as pesquisas que têm como objeto de estudo propostas de utilização da História da Matemática como recurso pedagógico.

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pesquisa sobre história da matemática, é o mais delicado e o que possui maior dificuldade de viabilização. Segundo os autores, do ponto de vista metodológico, a comunidade científica internacional busca discutir a viabilização de propostas que venham a servir como parâmetros para a possível atuação em sala de aula (BARONI; NOBRE, 1999).

Ao refletirmos sobre a temática supracitada, não podemos deixar de levar em consideração que o pesquisador, no processo de construção do objeto de pesquisa, no uso de pressupostos teórico-metodológicos que subsidiam a pesquisa e no processo de validação dos resultados obtidos, por uma comunidade, constrói um discurso elaborando respostas às questões prévias formuladas de pesquisa.

Nesse sentido, o ato de pesquisa é, por sua natureza, um ato criativo que dinamiza os diversos domínios do saber, tantas vezes alargando e embaralhando suas fronteiras.

Assim, partindo do pressuposto de que “criatividade implica emergência de um produto novo, seja uma ideia ou invenção original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes” (ALENCAR, 1993, p. 15) nos questionamos sobre o lugar da criatividade nas pesquisas cujo objeto de estudo é a utilização da História da Matemática como recurso pedagógico.

2 Pressupostos metodológicos

A pesquisa que estamos realizando tem como objetivo geral analisar a produção acadêmica gerada nos programas de pós-graduação strictu sensu do país, no campo da História da Matemática, especificamente os trabalhos que versam sobre a História da Matemática como recurso pedagógico, a luz do conceito de criatividade.

Definimos como a questão de pesquisa: qual o lugar da criatividade nas pesquisas cujo objeto de estudo é a história da matemática como recurso pedagógico?

O corpus de nossa pesquisa é a produção científica em História da Matemática, especificamente os trabalhos que tem como objeto de estudo a História da Matemática como recurso pedagógico, geradas nos programas de pós-graduação strictu sensu do país, na área da Educação Matemática, no período de 1990 a 2010. O recorte temporal proposto deve-se ao fato de que a partir da década

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de 1990 inicia-se, efetivamente, a produção científica, em programas de pós-graduação, na temática objeto deste estudo.

Para operacionalização da pesquisa, estamos realizando uma investigação documental no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior - CAPES, bem como junto às bibliotecas dos programas de pós-graduação existentes no país, que focam seus estudos na temática supracitada. Até o momento catalogamos cento e cinqüenta trabalhos, entre dissertações e teses, vinculados a três programas de pós-graduação em educação, ligados à área da Educação Matemática. Em um segundo momento, iremos separar os trabalhos que tem como objeto de estudo a História da Matemática como recurso pedagógico, tendo como foco de análise os resumos dos referidos trabalhos. Após, iremos identificar os pressupostos teóricos-metodológicos das teses e dissertações objetos do estudo, identificando: a) os conteúdos ou problemáticas das pesquisas; b) os objetos e sujeitos das pesquisas referidas; c) os autores e escolas de pensamento indicados na produção científica; d) o lócus onde foram desenvolvidas.

Consoante à catalogação supracitada estamos realizando um estudo acerca do fenômeno criatividade, a fim de elaborar categorias de análise que subsidiem a análise das propostas metodológicas que embasaram a produção acadêmica, a luz desse conceito.

3 Concepções atuais sobre a criatividade e sua implicação na pesquisa em

história da matemática

Em nossos estudos, evidenciamos que o tema criatividade tem despertado o interesse de pesquisadores em diversas áreas do conhecimento. Particularmente no campo educacional busca-se compreender a criatividade dos atores envolvidos nesse contexto a fim de contribuir e ressignificar os processos de ensino e aprendizagem.

Segundo Money (1963 apud Casqueira, 2007), o fenômeno da criatividade está atrelado a quatro facetas, quais sejam: o contexto no qual surge e se observa a criatividade (situação criativa), considerando-se os elementos que constituem uma situação (complexa) na qual se dão os processos criativos; o produto da criação

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(produto da criatividade), que tanto pode ser um objeto, como uma ideia, uma teoria ou soluções distintas para um problema; o processo de criação (a criatividade como processo), isto é, as operações mentais que compõem o chamado “pensamento criativo”; a pessoa criativa, ou seja, as características psicológicas que tornam uma pessoa criativa em termos absolutos ou relativos.

Alencar (1993, p. 15) sintetiza o conceito de criatividade afirmando que “uma das principais dimensões presentes nas mais diversas definições de criatividade propostas até o momento diz respeito ao fato de que criatividade implica emergência de um produto novo, seja uma ideia ou invenção original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes.”

Csikszentmihalyi (1996, p.6) ressalta o aspecto da complexidade no estudo da criatividade, que “resulta da interação de um sistema composto de três elementos: uma cultura que contém regras simbólicas; uma pessoa que traz novidade no domínio simbólico e um campo de especialistas que reconhecem e validam a inovação”. Não é somente a personalidade do indivíduo criativo que é considerada complexa por Csikszentmihalyi (1996), mas também o ambiente. Esse pesquisador define a criatividade como “qualquer ato, ideia ou produto que muda um domínio

existente, ou que transforma um domínio existente em um novo”

(CSIKSZENTMIHALYI, 1996, p. 139).

Nesse sentido, quando falamos em pesquisa, nos referimos à ideia de investigação, ou seja, a pesquisa remete-nos ao mergulho na busca de explicações. D’ambrosio (1996) defende que a pesquisa é o elo entre a teoria e a prática. Para o autor, “todos exercem uma prática – isto é, fazem - e isso com suporte em alguma teorização - isto é - sabem” (D’AMBROSIO, 1996, p. 94).

Ao refletir sobre a pesquisa na área da educação, não podemos deixar de nos remeter a figura do pesquisador, que é compreendido como um sujeito que está permanentemente na busca de novos conhecimentos e na procura de conhecer e compreender o seu objeto de investigação. A busca pelo conhecer, a indagação dos “porquês” e dos “comos”, a inquietação frente à realidade, a postura crítica, a leitura da realidade, são inerentes à realidade do pesquisador. Assim, a pesquisa possibilita ao pesquisador uma compreensão da realidade à qual está inserido, com vistas a sua transformação.

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interpretativas na forma pela qual os pesquisadores tratam as informações bibliográficas disponíveis, tanto na construção de referentes teóricos, como nas análises e interpretações. Gatti (2002) constata que nas pesquisas em geral, não se processa uma revisão bibliográfica como uma "reconstrução" ativa, com uma perspectiva pessoal interpretativo-crítica sobre o tema.

No que se refere à produção científica no campo da História da Matemática, em particular as pesquisas que investigam a História da Matemática como recurso pedagógico, percebemos que elas, de uma maneira geral, objetivam fornecer subsídios aos professores no sentido de fornecerem uma oportunidade para entender os problemas que motivaram a construção de conceitos matemáticos, enriquecendo, dessa forma, a visão de mundo do professor. Nesse sentido, é papel do pesquisador em História da Matemática estabelecer a relação entre fatos, dados e informações, formular conjecturas, estabelecer conclusões, o que sabemos que não é tarefa simples. De acordo com Sad e Silva (2008, p. 40) essa “habilidade se adquire com a experiência e certa dose de irreverência, necessária para um trabalho criativo”.

O processo de pesquisa parte sempre de uma problemática, de uma questão a responder. As estratégias que permitirão ao pesquisador buscar as respostas, a formulação de alternativas variadas a partir do contexto de pesquisa, a procura de diferentes soluções para o problema estão vinculados à criatividade na busca para a solução de problemas. Dependendo do nível de criatividade da pesquisa obtemos respostas e alternativas diferentes para um mesmo problema.

Nessa direção, consideramos que o fenômeno da criatividade está estreitamente ligado à relação entre a produção científica na área da história da Matemática e as formas de apropriação dessa produção nas práticas pedagógicas escolares.

4 Consideração finais

Ao traçarmos o percurso histórico da produção acadêmica no campo da História da Matemática, percebemos que nas últimas duas décadas o aumento dessa produção foi bastante significativo. Se por um lado, essa realidade configura-se em um avanço, haja vista que a história da matemática, enquanto área de

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pesquisa é um campo relativamente novo que carece de produções e que essas produções, sobremaneira, deverão repercutir positivamente nas práticas escolares e, consequentemente, na melhoria do ensino de matemática, por outro devemos analisar criticamente esse panorama.

Partindo desse pressuposto é que pretendemos colher os resultados deste estudo em torno do ato de pesquisa, a fim de trazer contribuições para o campo de pesquisa em História da Matemática e a materialização dos resultados dessas pesquisas no contexto da Educação Básica.

Finalizando, espera-se que o presente estudo possa evidenciar a necessidade de uma especial atenção sobre o lugar da criatividade na produção científica inerente ao campo da História da Matemática como recurso pedagógico, no qual tem um caráter inédito, a fim de que se ampliem os conhecimentos sobre a temática e se forneça subsídios para o desenvolvimento de pesquisas nessa área que se aproximem mais do campo educacional, particularmente das salas de aula de Matemática.

5 Referências

ALENCAR, E.M.L.S. Criatividade. Brasília: EdUNB, 1993.

AMABILE, T. M. Creativity in context. HarperCollins: Oxford, 1996.

BARONI, R.; NOBRE, S. A pesquisa em história da matemática e suas relações com a educação matemática. In: BICUDO, M. A. V. (org). Pesquisa em Educação Matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999.

CASQUEIRA, J. M. de S. Criatividade. In: http://www.psicologia.com.pt. Acesso em maio/2011.

CSIKSZENTMIHALYI, M. Creativity: Flow and the psychology of discovery and invention. New York: HarperCollins, 1996

D’AMBROSIO, U. História da matemática e educação. In: FERREIRA, E. S. (org). Cadernos CEDES 40. Campinas:Papirus, 1996.

GATTI, B.A. A construção da pesquisa em educação no Brasil, Editora Plano, 2002. SAD L. A.; SILVA, C. M. S. Reflexões teórico-metodológicas para investigações em História da Matemática. Revista Bolema, ano 21, nº 30, 2008.

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