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Teoria Antropológica Do Imaginário

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Academic year: 2021

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A Teoria Antropológica do Imaginário e a

A Teoria Antropológica do Imaginário e a revalorização dos mitos e dasrevalorização dos mitos e das imagens noturnas

imagens noturnas

Adilson Marques – doutor em Educação pela USP. Adilson Marques – doutor em Educação pela USP. Contato: asamar_sc@hotmail.com Contato: asamar_sc@hotmail.com

"A história não explica o conteúdo "A história não explica o conteúdo mental arquetípico, pertencendo a própria mental arquetípico, pertencendo a própria história ao domínio do imaginário. E  história ao domínio do imaginário. E   sobretudo em cada fase histórica a imaginação  sobretudo em cada fase histórica a imaginação encontra-se presente inteira, numa dupla e encontra-se presente inteira, numa dupla e antagonista motivação: pedagogia da antagonista motivação: pedagogia da imitação, do imperialismo das imagens e dos imitação, do imperialismo das imagens e dos arquétipos tolerados pela ambiência social, arquétipos tolerados pela ambiência social, mas também fantasias adversas da revolta mas também fantasias adversas da revolta devidas ao recalcamento deste ou daquele devidas ao recalcamento deste ou daquele regime de imagem pelo meio e o momento regime de imagem pelo meio e o momento histórico." 

histórico." 

Gilbert Durand. As Estruturas Antropológicas Gilbert Durand. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. São Paulo: Martins Fontes, do Imaginário. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 390.

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As formulações para uma Antropologia do Imaginário podem ser encontradas na As formulações para uma Antropologia do Imaginário podem ser encontradas na chamada Escola de Grenoble, cujo mais significativo representante é Gilbert DURAND, chamada Escola de Grenoble, cujo mais significativo representante é Gilbert DURAND, autor, entre outros, dos livros:

autor, entre outros, dos livros: A Imaginação Simbólica A Imaginação Simbólica;; Mito e Sociedade: a mitanálise e aMito e Sociedade: a mitanálise e a  sociologia das profundezas

 sociologia das profundezase, o hoje clássico,e, o hoje clássico, As Estruturas Antropológicas do Imaginário As Estruturas Antropológicas do Imaginário..

O enfoque proposto por G. DURAND para o estudo do imaginário se constitui em O enfoque proposto por G. DURAND para o estudo do imaginário se constitui em uma inovadora apreciação arquetípica da imaginação criadora. Se esse enfoque já vem uma inovadora apreciação arquetípica da imaginação criadora. Se esse enfoque já vem sendo utilizado em estudos no campo da estética e da crítica literária, sua contribuição sendo utilizado em estudos no campo da estética e da crítica literária, sua contribuição começou, recentemente, a conquistar novos espaços. Alguns estudos na área da Educação, começou, recentemente, a conquistar novos espaços. Alguns estudos na área da Educação, sobretudo na compreensão e crítica das organizações escolares, começam a adotá-la como sobretudo na compreensão e crítica das organizações escolares, começam a adotá-la como  ponto de partida. No Brasil, os estudos da Escola de Grenoble começaram a ser difundidos  ponto de partida. No Brasil, os estudos da Escola de Grenoble começaram a ser difundidos em Recife e em São Paulo. Podemos destacar as reflexões do educador José Carlos de em Recife e em São Paulo. Podemos destacar as reflexões do educador José Carlos de PAULA CARVALHO

PAULA CARVALHO2222, da Faculdade de Educação da USP, e da antropóloga Danielle, da Faculdade de Educação da USP, e da antropóloga Danielle Perin ROCHA PITTA, na UFPe e também de José TEIXEIRA COELHO Neto, na Escola Perin ROCHA PITTA, na UFPe e também de José TEIXEIRA COELHO Neto, na Escola de Comunicação e Artes da USP.

de Comunicação e Artes da USP.

Para Gilbert DURAND o ser humano é dotado de uma significativa faculdade Para Gilbert DURAND o ser humano é dotado de uma significativa faculdade simbolizadora em sua vida sócio-cultural. E para que possamos interpretar os símbolos e as simbolizadora em sua vida sócio-cultural. E para que possamos interpretar os símbolos e as imagens que se configuram nas profundezas do inconsciente coletivo (projeções imagens que se configuram nas profundezas do inconsciente coletivo (projeções inconscientes dos arquétipos em interação com as solicitações do meio) propôs uma inconscientes dos arquétipos em interação com as solicitações do meio) propôs uma abrangente classificação taxionômica das imagens do sistema antropológico, criando uma abrangente classificação taxionômica das imagens do sistema antropológico, criando uma espécie de “atlas” arquetipológico da imaginação humana.

espécie de “atlas” arquetipológico da imaginação humana.

Os fundamentos da “produção” do imaginário vão ser compreendidos a partir da Os fundamentos da “produção” do imaginário vão ser compreendidos a partir da emergência existencial da angústia originária

emergência existencial da angústia originária2323 (a consciência da morte e do tempo que(a consciência da morte e do tempo que

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22 Na bibliografia apresentamos alguns textos de José Carlos de PAULA CARVALHO que se utiliza desseNa bibliografia apresentamos alguns textos de José Carlos de PAULA CARVALHO que se utiliza desse

referencial teórico. É importante salientar que, juntamente com outros educadores, entre eles, a profa. Dra. referencial teórico. É importante salientar que, juntamente com outros educadores, entre eles, a profa. Dra. Maria Cecília SANCHEZ TEIXEIR

Maria Cecília SANCHEZ TEIXEIRA, foi o A, foi o criador do CICE (Centro de criador do CICE (Centro de Estudos do Imaginário, CulturanáliseEstudos do Imaginário, Culturanálise de Grupos e Educação), na Faculdade de Educação da USP, um centro pioneiro no Brasil nos estudos sobre de Grupos e Educação), na Faculdade de Educação da USP, um centro pioneiro no Brasil nos estudos sobre Imaginário e Educação, na vertente da Escola de

Imaginário e Educação, na vertente da Escola de Grenoble.Grenoble.

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23 Para DURAND (1997), a capacidade doPara DURAND (1997), a capacidade do sapiens sapiens para imaginar está relacionada diretamente à angustiapara imaginar está relacionada diretamente à angustia

originária, ou seja, a angústia originada com a consciência da morte e do tempo que passa, a temporalidade. originária, ou seja, a angústia originada com a consciência da morte e do tempo que passa, a temporalidade.

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 passa) e dos dinamismos de eufemização tanto da morte, como do tempo. Esse processo é  passa) e dos dinamismos de eufemização tanto da morte, como do tempo. Esse processo é

necessário ao

necessário ao homohomo sapiens sapiens para que possa viver uma relativapara que possa viver uma relativa equilibração antropológicaequilibração antropológica..

  Nesse contexto, os regimes de imagens e suas configurações imagético-simbólicas   Nesse contexto, os regimes de imagens e suas configurações imagético-simbólicas apresentam um papel de mediação importante, manifestando-se no psiquismo humano e apresentam um papel de mediação importante, manifestando-se no psiquismo humano e interferindo tanto na percepção imediata como nas idéias racionais.

interferindo tanto na percepção imediata como nas idéias racionais.

Essa questão se torna mais compreensiva se retomarmos o enfoque da hermenêutica Essa questão se torna mais compreensiva se retomarmos o enfoque da hermenêutica existencial fenomenológica

existencial fenomenológica2424 sobre a percepção dosobre a percepção do mundomundo pelopelo sujeito sujeito. Nessa perspectiva,. Nessa perspectiva,

o sujeito também é considerado parte integrante do

o sujeito também é considerado parte integrante do mundomundo, o que significa que este é, o que significa que este é

apreendido pelo sujeito enquanto

apreendido pelo sujeito enquanto manifestaçãomanifestação ou, em outras palavras, é oou, em outras palavras, é o  sapiens sapiens oo

criador do mundo. criador do mundo.

Voltando, então, para a noção de “angústia originária” em Gilbert DURAND, este Voltando, então, para a noção de “angústia originária” em Gilbert DURAND, este sugere a seguinte reflexão. Sua origem estaria relacionada diretamente ao conflito vivido sugere a seguinte reflexão. Sua origem estaria relacionada diretamente ao conflito vivido  pelo

 pelo sapiens sapiens, no interior do seu próprio processo de vida, ou seja na tensão que estabelece, no interior do seu próprio processo de vida, ou seja na tensão que estabelece

entre “sujeito” e “mundo”, processo necessário para que o primeiro consiga adquirir uma entre “sujeito” e “mundo”, processo necessário para que o primeiro consiga adquirir uma

consciência de si

consciência de si e umae uma consciência do mundoconsciência do mundo e, e, consequentemente, consequentemente, a a consciência consciência dada

morte e do tempo que passa. morte e do tempo que passa.

Para a construção desse mundo (que como já vimos inclui o homem, mas, Para a construção desse mundo (que como já vimos inclui o homem, mas,  paradoxalmente, são separados para que haja a consciência) há a produção significante que  paradoxalmente, são separados para que haja a consciência) há a produção significante que se expressa na forma de mitos e símbolos (modalidades de explicitação do mundo) que se expressa na forma de mitos e símbolos (modalidades de explicitação do mundo) que realizam a mediação – ou talvez uma “remediação” – entre “sujeito” e “mundo” para que realizam a mediação – ou talvez uma “remediação” – entre “sujeito” e “mundo” para que haja no

haja no  sapiens sapiens o fenômeno denominado por Gilbert Durand de “equilibraçãoo fenômeno denominado por Gilbert Durand de “equilibração

antropológica”. antropológica”.

A “linguagem” do imaginário, nesse contexto, revelará, interpretará e manipulará as A “linguagem” do imaginário, nesse contexto, revelará, interpretará e manipulará as modalidades de atuação e compreensão do

modalidades de atuação e compreensão do  ser no mundo  ser no mundo. O que nos faz concordar com. O que nos faz concordar com

RICOEUR (s/d) para quem compreender não é apenas um instrumento de apreensão do RICOEUR (s/d) para quem compreender não é apenas um instrumento de apreensão do mundo, mas uma dimensão da existência.

mundo, mas uma dimensão da existência.

Ou como nos diz FERREIRA SANTOS (1998) está relacionada à “

Ou como nos diz FERREIRA SANTOS (1998) está relacionada à “aventura de dominar as areias daaventura de dominar as areias da ampulheta e a inevitabilidade da ‘velha da

ampulheta e a inevitabilidade da ‘velha da foice’.”foice’.”

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Dessa forma, podemos dizer que o imaginário é o principal instaurador das Dessa forma, podemos dizer que o imaginário é o principal instaurador das diferentes formas de pensar, sentir e agir. Em suma, o canal das relações do

diferentes formas de pensar, sentir e agir. Em suma, o canal das relações do sapiens sapiens com ocom o

mundo e consigo mesmo. Para DURAND (1997), portanto, é através da troca incessante mundo e consigo mesmo. Para DURAND (1997), portanto, é através da troca incessante entre as pulsões subjetivas (bio-psíquicas) e as intimações objetivas entre as pulsões subjetivas (bio-psíquicas) e as intimações objetivas (cósmico-sócio-culturais) que se processa o “trajeto antropológico”, ou seja, o dinamismo equilibrador que culturais) que se processa o “trajeto antropológico”, ou seja, o dinamismo equilibrador que  possibilita ao

 possibilita ao sapiens, sapiens, como já salientamos, enfrentar ou eufemizar a angústia relacionada àcomo já salientamos, enfrentar ou eufemizar a angústia relacionada à

consciência do tempo que passa e da morte. consciência do tempo que passa e da morte.

A

A imaginaçãoimaginação comocomo função simbólicafunção simbólica vai se expressar a partir dos três esquemasvai se expressar a partir dos três esquemas

de ação (postural, digestiva e copulativa), que DURAND foi buscar na escola de de ação (postural, digestiva e copulativa), que DURAND foi buscar na escola de Leningrado (1997). Tais esquemas de ação, responsáveis pela manifestação da energia Leningrado (1997). Tais esquemas de ação, responsáveis pela manifestação da energia bio- psíquica, engendram três "estruturas" imaginantes: a heróica, a mística e a dramática, que  psíquica, engendram três "estruturas" imaginantes: a heróica, a mística e a dramática, que

estaremos aprofundando no decorrer deste trabalho. Para DURAND (1997: 54 e 55), estaremos aprofundando no decorrer deste trabalho. Para DURAND (1997: 54 e 55),

... o primeiro gesto, a dominante postural, exige matérias luminosas, ... o primeiro gesto, a dominante postural, exige matérias luminosas, visuais e as técnicas de separação, de purificação, de que as armas, as visuais e as técnicas de separação, de purificação, de que as armas, as   flechas, os gládios são símbolos freqüentes. O segundo gesto, ligado à   flechas, os gládios são símbolos freqüentes. O segundo gesto, ligado à descida digestiva, implica as matérias da profundidade; a água ou a descida digestiva, implica as matérias da profundidade; a água ou a terra cavernosa suscita os utensílios continentes, as taças e os cofres, e terra cavernosa suscita os utensílios continentes, as taças e os cofres, e   faz tender para devaneios técnicos da bebida e do alimento. Enfim, os   faz tender para devaneios técnicos da bebida e do alimento. Enfim, os   gestos rítmicos, de que a sexualidade é o modelo natural acabado,   gestos rítmicos, de que a sexualidade é o modelo natural acabado,  projetam-se nos ritmos sazonais e no seu cortejo astral, anexando todos  projetam-se nos ritmos sazonais e no seu cortejo astral, anexando todos os substitutos técnicos do ciclo: a roda e a roda de fiar, a vasilha onde se os substitutos técnicos do ciclo: a roda e a roda de fiar, a vasilha onde se bate a manteiga e o isqueiro, e, por fim, sobredeterminam toda a fricção bate a manteiga e o isqueiro, e, por fim, sobredeterminam toda a fricção tecnológica pela rítmica sexual.

tecnológica pela rítmica sexual.

Esta convergência entre a reflexologia, a tecnologia e a sociologia, como acabamos Esta convergência entre a reflexologia, a tecnologia e a sociologia, como acabamos de ler, define uma classificação empírica tripartida. DURAND, porém, irá fundamentá-la de ler, define uma classificação empírica tripartida. DURAND, porém, irá fundamentá-la sobre uma vasta bipartição: os dois regimes do simbolismo que chamou de

sobre uma vasta bipartição: os dois regimes do simbolismo que chamou de diurnodiurno ee noturno

noturno. Baseando-se na Psicanálise, afirma que as pulsões digestivas e as sexuais são. Baseando-se na Psicanálise, afirma que as pulsões digestivas e as sexuais são

valorizadas e ligadas afetivamente na evolução genética da libido. Assim, admite, pelo valorizadas e ligadas afetivamente na evolução genética da libido. Assim, admite, pelo

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menos metodologicamente, um parentesco entre a dominante digestiva e a dominante menos metodologicamente, um parentesco entre a dominante digestiva e a dominante sexual, classificando as imagens relacionadas com tais pu

sexual, classificando as imagens relacionadas com tais pulsões no regime noturno.lsões no regime noturno.

Essa relação entre os regimes de imagens e as dominantes reflexas se torna mais Essa relação entre os regimes de imagens e as dominantes reflexas se torna mais evidente no seguinte parágrafo escrito por DURAND (1997:58):

evidente no seguinte parágrafo escrito por DURAND (1997:58):

O regime diurno tem a ver com a dominante postural, a O regime diurno tem a ver com a dominante postural, a tecnologia das armas, a sociologia do soberano mago e guerreiro, os tecnologia das armas, a sociologia do soberano mago e guerreiro, os rituais de elevação e da purificação; o regime noturno subdivide-se nas rituais de elevação e da purificação; o regime noturno subdivide-se nas dominantes digestiva e cíclica, a primeira subsumindo as técnicas do dominantes digestiva e cíclica, a primeira subsumindo as técnicas do continente e do habitat, os valores alimentares e digestivos, a sociologia continente e do habitat, os valores alimentares e digestivos, a sociologia matriarcal e alimentadora, a segunda agrupando as técnicas do ciclo, do matriarcal e alimentadora, a segunda agrupando as técnicas do ciclo, do calendário agrícola e da indústria téxtil, os símbolos naturais e calendário agrícola e da indústria téxtil, os símbolos naturais e artificiais do retorno, os mitos e os dramas astrobiológicos.

artificiais do retorno, os mitos e os dramas astrobiológicos.

Mas poderíamos nos questionar sobre a passagem dos gestos inconscientes da Mas poderíamos nos questionar sobre a passagem dos gestos inconscientes da sensório-motricidade (as dominantes reflexas) para o domínio das representações. Como sensório-motricidade (as dominantes reflexas) para o domínio das representações. Como isso se processaria? Para DURAND, fundamentando-se em SARTRE, entre outros autores, isso se processaria? Para DURAND, fundamentando-se em SARTRE, entre outros autores, esse processo é função do

esse processo é função do  schème schème, ou seja, “, ou seja, “a generalização dinâmica e afetiva daa generalização dinâmica e afetiva da imagem

imagem” (1997:60). Aproximando-se do que PIAGET havia chamado de “símbolo” (1997:60). Aproximando-se do que PIAGET havia chamado de “símbolo

funcional” e BACHELARD de “símbolo motor”, o

funcional” e BACHELARD de “símbolo motor”, o schème schème seria a “seria a “  factividade e a não-  factividade e a não-  substantividade geral do imaginário (...) que forma o esqueleto dinâmico, o esboço   substantividade geral do imaginário (...) que forma o esqueleto dinâmico, o esboço  funcional da imaginação

 funcional da imaginação.” (1997:60).” (1997:60)

Portanto, é o

Portanto, é o schème schème o “presentificador” dos gestos e das pulsões inconscientes.o “presentificador” dos gestos e das pulsões inconscientes.

Como representações concretas, encontramos os

Como representações concretas, encontramos os schèmes schèmes da “verticalização ascendente” eda “verticalização ascendente” e

o da “divisão visual ou manual” correspondendo ao gesto postural; os

o da “divisão visual ou manual” correspondendo ao gesto postural; os schèmes schèmesda “descida”da “descida”

e da “intimi

e da “intimidade” correspondem dade” correspondem aos gesto do engolimento e, aos gesto do engolimento e, por fim, a por fim, a relação cíclicarelação cíclica entre eles, correspondendo aos gestos rítmicos.

entre eles, correspondendo aos gestos rítmicos.

Esse "esqueleto dinâmico" é de fundamental importância para se entender a noção Esse "esqueleto dinâmico" é de fundamental importância para se entender a noção de arquétipos

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natural e social que os arquétipos se constituirão. Portanto, serão nos arquétipos que iremos natural e social que os arquétipos se constituirão. Portanto, serão nos arquétipos que iremos encontrar as substantificações dos

encontrar as substantificações dos schèmes. schèmes. Em outras palavras, cada arquétipo passa a ser Em outras palavras, cada arquétipo passa a ser 

um intermediário - sempre dinâmico e ativo - entre os

um intermediário - sempre dinâmico e ativo - entre os schèmes schèmes (subjetivos) e as imagens(subjetivos) e as imagens

fornecidas pelo ambiente

fornecidas pelo ambiente perceptivo. Em suma, perceptivo. Em suma, os arquétipos os arquétipos são “imagens são “imagens primordiais”primordiais” oriundas do contato dos

oriundas do contato dos schèmes schèmes com o ambiente natural e social.com o ambiente natural e social.

Como frutos da relação entre certos processos perceptíveis do ambiente Como frutos da relação entre certos processos perceptíveis do ambiente (natural/social) com certas condições interiores da vida da psique coletiva, os arquétipos (natural/social) com certas condições interiores da vida da psique coletiva, os arquétipos também foram a zona matricial das idéias. Podemos dizer, na trilha de DURAND (1997), também foram a zona matricial das idéias. Podemos dizer, na trilha de DURAND (1997), que as idéias são o comprometimento pragmático de um arquétipo imaginário em um que as idéias são o comprometimento pragmático de um arquétipo imaginário em um contexto histórico e epis

contexto histórico e epistemológico temológico dado. Assim, o mdado. Assim, o motivo arquetípico se torna otivo arquetípico se torna o “moldeo “molde afetivo-representativo” em que, tanto o racionalismo - e o esforço pragmático da ciência -, afetivo-representativo” em que, tanto o racionalismo - e o esforço pragmático da ciência -, como os contos e lendas, irão buscar suas “inspirações”. Ou seja, nessa perspectiva as como os contos e lendas, irão buscar suas “inspirações”. Ou seja, nessa perspectiva as idéias não possuem primazia sobre as imagens, como a nossa ciência iconoclasta defende. idéias não possuem primazia sobre as imagens, como a nossa ciência iconoclasta defende. Ao contrário, e aqui prefiro citar DURAND (1997:61), pode-se dizer que:

Ao contrário, e aqui prefiro citar DURAND (1997:61), pode-se dizer que:

... a idéia seria tão-somente o comprometimento pragmático do ... a idéia seria tão-somente o comprometimento pragmático do arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado (...) arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado (...) O que seria então dado ante rem na idéia seria o seu molde O que seria então dado ante rem na idéia seria o seu molde afetivo-representativo, o seu motivo arquetipal, e é isso que explica igualmente representativo, o seu motivo arquetipal, e é isso que explica igualmente que os racionalismos e os esforços pragmáticos das ciências nunca se que os racionalismos e os esforços pragmáticos das ciências nunca se libertem completamente do halo imaginário, e que todo o racionalismo, libertem completamente do halo imaginário, e que todo o racionalismo, todo o sistema de razões traga nele os seus fantasmas próprios.

todo o sistema de razões traga nele os seus fantasmas próprios.

Acredito que essas linhas de DURAND nos auxiliam na compreensão das Acredito que essas linhas de DURAND nos auxiliam na compreensão das diferenças entre o arquétipo e o símbolo, e também entre esse último e o signo. O arquétipo diferenças entre o arquétipo e o símbolo, e também entre esse último e o signo. O arquétipo sempre possuirá um caráter universal e nunca poderá ser ambivalente. Podemos citar como sempre possuirá um caráter universal e nunca poderá ser ambivalente. Podemos citar como exemplo a

exemplo a roda que roda que sempre será sempre será um arquétipo um arquétipo do cíclico. do cíclico. O símbolo O símbolo possui umapossui uma   polivalência característica que, ao se perder, pode se transformar em um simples sinal   polivalência característica que, ao se perder, pode se transformar em um simples sinal arbitrário. Sobre essas passagens do arquétipo até o signo, as seguintes palavras de arbitrário. Sobre essas passagens do arquétipo até o signo, as seguintes palavras de DURAND (1997:62) são elucidativas:

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... enquanto o arquétipo está no caminho da idéia e da substantificação, ... enquanto o arquétipo está no caminho da idéia e da substantificação, o símbolo está simplesmente no caminho do substantivo, do nome, e o símbolo está simplesmente no caminho do substantivo, do nome, e mesmo algumas vezes do nome próprio. (...) Enquanto o schème mesmo algumas vezes do nome próprio. (...) Enquanto o schème ascencional e o arquétipo do céu permanecem imutáveis, o simbolismo ascencional e o arquétipo do céu permanecem imutáveis, o simbolismo que os demarca transforma-se de escada em flecha voadora, em avião que os demarca transforma-se de escada em flecha voadora, em avião  supersônico ou em campeão de salto. Pode-se mesmo dizer que perdendo  supersônico ou em campeão de salto. Pode-se mesmo dizer que perdendo   polivalência, despojando-se, o símbolo tende a tornar-se um simples   polivalência, despojando-se, o símbolo tende a tornar-se um simples  signo, tendo a emigrar do semantismo para o semiologismo: o arquétipo  signo, tendo a emigrar do semantismo para o semiologismo: o arquétipo da roda dá o simbolismo da cruz que, ele próprio, se transforma no da roda dá o simbolismo da cruz que, ele próprio, se transforma no   simples sinal da cruz utilizado na adição e na multiplicação, simples   simples sinal da cruz utilizado na adição e na multiplicação, simples   sigla ou simples algoritmo perdido entre os signos arbitrários dos   sigla ou simples algoritmo perdido entre os signos arbitrários dos

alfabetos. alfabetos.

Porém, nessa trama que estamos tecendo, falta ainda fazer referência ao mito, Porém, nessa trama que estamos tecendo, falta ainda fazer referência ao mito, importantíssimo para compreendermos toda a Antropologia do Imaginário de Gilbert importantíssimo para compreendermos toda a Antropologia do Imaginário de Gilbert DURAND. Assim, no prolongamento dos

DURAND. Assim, no prolongamento dos  schèmes schèmes, arquétipos e símbolos, chegamos,, arquétipos e símbolos, chegamos,

finalmente, à presença do mito. Este não é pensado no sentido estrito dos etnólogos, mas, finalmente, à presença do mito. Este não é pensado no sentido estrito dos etnólogos, mas, sobretudo, como um sistema dinâmico (de símbolos, arquétipos e

sobretudo, como um sistema dinâmico (de símbolos, arquétipos e schèmes) schèmes) que tende aque tende a

compor-se em narrativa. E como já salientou DURAND (1997:63),

compor-se em narrativa. E como já salientou DURAND (1997:63), “o mito já é um esboço“o mito já é um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em  palavras e os arquétipos em idéias. O mito explicita um schème ou um grupo de schèmes”.  palavras e os arquétipos em idéias. O mito explicita um schème ou um grupo de schèmes”.

  Nesse sentido, nas profundezas das doutrinas religiosas, sistemas filosóficos,   Nesse sentido, nas profundezas das doutrinas religiosas, sistemas filosóficos, narrativas históricas e, porque não, dos paradigmas científicos, encontraremos mitos que os narrativas históricas e, porque não, dos paradigmas científicos, encontraremos mitos que os  promovem e os acomodam nas três estruturas do imaginário (a estrutura heróica, a estrutura  promovem e os acomodam nas três estruturas do imaginário (a estrutura heróica, a estrutura mística e a estrutura dramática que os reúne no tempo) e nos dois regimes de imagens (o mística e a estrutura dramática que os reúne no tempo) e nos dois regimes de imagens (o diurno e o noturno).

diurno e o noturno).

Para exemplificar, resumidamente, esse raciocínio, podemos dizer que a estrutura Para exemplificar, resumidamente, esse raciocínio, podemos dizer que a estrutura

heróica

heróica (regime diurno) presentifica os(regime diurno) presentifica os schèmes schèmes da ascensão e da separação, instituindo,da ascensão e da separação, instituindo,

entre outras, a lógica da exclusão, da contradição e da identidade. Esta estrutura e seus entre outras, a lógica da exclusão, da contradição e da identidade. Esta estrutura e seus

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mitos estão na “base” da ciência clássica - cartesiana-positivista - e das abordagens mitos estão na “base” da ciência clássica - cartesiana-positivista - e das abordagens multidisciplinares. Por sua vez, a estrutura

multidisciplinares. Por sua vez, a estrutura místicamística (regime noturno), está relacionada aos(regime noturno), está relacionada aos  schèmes

 schèmes da descida e da intimidade, induzindo nossa imaginação para o paradigmada descida e da intimidade, induzindo nossa imaginação para o paradigma

holístico e para as abordagens interdisciplinares. E, por fim, a estrutura

holístico e para as abordagens interdisciplinares. E, por fim, a estrutura dramáticadramática (regime(regime

noturno também), capaz de “re-ligar” de forma cíclica as duas estruturas anteriores, noturno também), capaz de “re-ligar” de forma cíclica as duas estruturas anteriores,  promove o princípio da similitude e da analogia, tornando-se a força-motriz do paradigma  promove o princípio da similitude e da analogia, tornando-se a força-motriz do paradigma

holonômico, da lógica recursiva e das abordagens transdisciplinares. holonômico, da lógica recursiva e das abordagens transdisciplinares.

  Nesse sentido, não é mais possível pensar o imaginário como oposição ao “real”,   Nesse sentido, não é mais possível pensar o imaginário como oposição ao “real”, nem como sinônimo de “quimérico”. O imaginário é um sistema dinâmico, organizador de nem como sinônimo de “quimérico”. O imaginário é um sistema dinâmico, organizador de todas as imagens produzidas pelo

todas as imagens produzidas pelo sapiens sapiens que, como nos apercebemos, manifestam-se deque, como nos apercebemos, manifestam-se de

três formas distintas, ora estimulando a luta e a discriminação, ora procurando a harmonia e três formas distintas, ora estimulando a luta e a discriminação, ora procurando a harmonia e ora re-ligando esses dois pólos.

ora re-ligando esses dois pólos.

Em relação aos símbolos, DURAND (1997) estudou profundamente alguns Em relação aos símbolos, DURAND (1997) estudou profundamente alguns conjuntos (os teriomórficos, os nictomórficos, os catamórficos, os ascensionais, os conjuntos (os teriomórficos, os nictomórficos, os catamórficos, os ascensionais, os espetaculares e os diairéticos) e elaborou a seguinte hipótese: os três primeiros conjuntos espetaculares e os diairéticos) e elaborou a seguinte hipótese: os três primeiros conjuntos apresentam a angústia do

apresentam a angústia do sapiens sapiens em relação ao devir e, os demais conjuntos, representamem relação ao devir e, os demais conjuntos, representam

as “armas”

as “armas” do regime dido regime diurno para enfrentar urno para enfrentar a morte. a morte. Sua conclusão é Sua conclusão é a seguinte: a seguinte: Os trêsOs três  primeiros conjuntos são valorizados negativamente no imaginário diurno, no qual o tempo  primeiros conjuntos são valorizados negativamente no imaginário diurno, no qual o tempo se reveste na agressividade do ogro, sob os signos das trevas ou da queda. Porém, no se reveste na agressividade do ogro, sob os signos das trevas ou da queda. Porém, no imaginário noturno, no qual a tensão polêmica e a constante vigília se desfaz, uma outra imaginário noturno, no qual a tensão polêmica e a constante vigília se desfaz, uma outra “lógica” se forma e o “antídoto para o tempo” (os ídolos mortíferos de Cronos) não é mais “lógica” se forma e o “antídoto para o tempo” (os ídolos mortíferos de Cronos) não é mais  procurado no sobre-humano da transcendência e da pureza das essências.

 procurado no sobre-humano da transcendência e da pureza das essências.

Em relação as “armas” do regime diurno para enfrentar a morte, particularmente, os Em relação as “armas” do regime diurno para enfrentar a morte, particularmente, os símbolos ascensionais, a seguinte reflexão de DURAND (1997:145) nos permite símbolos ascensionais, a seguinte reflexão de DURAND (1997:145) nos permite compreender como as imagens heróicas

compreender como as imagens heróicas se manifestam:se manifestam:

Os símbolos ascensionais aparecem-nos marcados pela Os símbolos ascensionais aparecem-nos marcados pela   preocupação da reconquista de uma potência perdida, de um tônus   preocupação da reconquista de uma potência perdida, de um tônus degradado pela queda. Essa reconquista pode manifestar-se de três degradado pela queda. Essa reconquista pode manifestar-se de três maneiras muito próximas, ligadas por numerosos símbolos ambíguos e maneiras muito próximas, ligadas por numerosos símbolos ambíguos e

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intermediários: pode ser ascensão ou ereção rumo a um espaço intermediários: pode ser ascensão ou ereção rumo a um espaço metafísico, para além do tempo, de que a verticalidade da escada, dos metafísico, para além do tempo, de que a verticalidade da escada, dos bétilos e das montanhas sagradas é o símbolo mais corrente. Poder-se-ia bétilos e das montanhas sagradas é o símbolo mais corrente. Poder-se-ia dizer que neste estádio há conquista de uma segurança metafísica e dizer que neste estádio há conquista de uma segurança metafísica e olímpica. Pode

olímpica. Pode manifestar-se, por manifestar-se, por outro outro lado, em lado, em imagens fulgurantes,imagens fulgurantes,   sustentadas pelo símbolo da asa e da flecha, e a imaginação tinge-se,   sustentadas pelo símbolo da asa e da flecha, e a imaginação tinge-se, então, de um matiz ascético que faz do esquema do vôo rápido o então, de um matiz ascético que faz do esquema do vôo rápido o  protótipo de uma sublimação da carne e o elemento fundamental de uma  protótipo de uma sublimação da carne e o elemento fundamental de uma meditação da pureza. O anjo é o eufemismo extremo, quase a antífrase meditação da pureza. O anjo é o eufemismo extremo, quase a antífrase da sexualidade. Enfim, o poderio reconquistado vem orientar essas da sexualidade. Enfim, o poderio reconquistado vem orientar essas imagens mais viris: realeza celeste ou terrestre do rei jurista, padre ou imagens mais viris: realeza celeste ou terrestre do rei jurista, padre ou   guerreiro, ou ainda cabeças e chifres fálicos, símbolos cujo papel    guerreiro, ou ainda cabeças e chifres fálicos, símbolos cujo papel 

mágico esclarece os processos formadores dos signos e das palavras. mágico esclarece os processos formadores dos signos e das palavras.

Os símbolos ascensionais costumam aparecer relacionados com os símbolos Os símbolos ascensionais costumam aparecer relacionados com os símbolos espetaculares, com as imagens da iluminação. Assim, é possível encontrarmos um espetaculares, com as imagens da iluminação. Assim, é possível encontrarmos um isomorfismo que unirá o Sol, o Leste, o Zênite, as cores da Aurora, o pássaro e o herói isomorfismo que unirá o Sol, o Leste, o Zênite, as cores da Aurora, o pássaro e o herói guerreiro que se levanta contra as potências noturnas. Toda essa simbologia está guerreiro que se levanta contra as potências noturnas. Toda essa simbologia está relacionada à transcendência e subentende a visão. Por conseguinte, também a distância e a relacionada à transcendência e subentende a visão. Por conseguinte, também a distância e a separação.

separação.

Essa "clareza" que podemos associar à imagem do cetro será reforçada também pela Essa "clareza" que podemos associar à imagem do cetro será reforçada também pela do gládio. Ou seja, os

do gládio. Ou seja, os schèmes schèmes diairéticos consolidam osdiairéticos consolidam os schèmes schèmes da verticalidade, pois, ada verticalidade, pois, a

luz tende a se tornar raio ou gládio no dogmatismo da representação belicosa solar. Em luz tende a se tornar raio ou gládio no dogmatismo da representação belicosa solar. Em outras palavras, como bem resumiu DURAND (1997:158):

outras palavras, como bem resumiu DURAND (1997:158):

  Poder-se-ia dizer que a transcendência exige este   Poder-se-ia dizer que a transcendência exige este descontentamento primitivo, este movimento de mau humor que a descontentamento primitivo, este movimento de mau humor que a audácia do gesto ou a temeridade da empresa traduzem. A audácia do gesto ou a temeridade da empresa traduzem. A transcendência está sempre, portanto, armada, e já encontramos esta transcendência está sempre, portanto, armada, e já encontramos esta arma transcendente por excelência que é a flecha, e já tínhamos arma transcendente por excelência que é a flecha, e já tínhamos

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reconhecido que o cetro de justiça traz a fulgurância dos raios e o reconhecido que o cetro de justiça traz a fulgurância dos raios e o executivo do gládio ou do machado.

executivo do gládio ou do machado.

Porém, quando as representações não se confinam exclusivamente no regime Porém, quando as representações não se confinam exclusivamente no regime diurno, o “antídoto para o tempo” não será mais procurado no sobre-humano da diurno, o “antídoto para o tempo” não será mais procurado no sobre-humano da transcendência

transcendência e e da da pureza pureza das das essências, essências, mas mas ““na segura e quente intimidade dana segura e quente intimidade da   substância ou nas constantes rítmicas que escondem fenômenos e acidentes

  substância ou nas constantes rítmicas que escondem fenômenos e acidentes” (DURAND,” (DURAND,

1997:194). O regime noturno é o regime pleno do eufemismo e, ao invés das técnicas 1997:194). O regime noturno é o regime pleno do eufemismo e, ao invés das técnicas ascensionais, são as técnicas de escavação que passam a predominar e a definir uma outra ascensionais, são as técnicas de escavação que passam a predominar e a definir uma outra relação com o tempo, pois é a lentidão que caracteriza a descida.

relação com o tempo, pois é a lentidão que caracteriza a descida. E, a

E, a essa lentidão, sessa lentidão, soma-se uma nova oma-se uma nova qualidade térmica. Não qualidade térmica. Não é mais é mais o fulgor o fulgor  ardente diurno, mas o calor suave, apetecível. Na "descida" são os arquétipos da inversão e ardente diurno, mas o calor suave, apetecível. Na "descida" são os arquétipos da inversão e do continente e do conteúdo (em que seqüências de “engolimentos” vão se alternando, do continente e do conteúdo (em que seqüências de “engolimentos” vão se alternando, como nas inúmeras lendas no qual o menor dos peixes é engolido por um maior, e assim como nas inúmeras lendas no qual o menor dos peixes é engolido por um maior, e assim sucessivamente, conservando os engolidos miraculosamente intactos) e os símbolos da sucessivamente, conservando os engolidos miraculosamente intactos) e os símbolos da gulliverização

gulliverização2525 (a minimização inversora da potência viril) que iremos encontrar.(a minimização inversora da potência viril) que iremos encontrar.

Em suma, a descida representa a inversão dos valores diurnos (ostentação, Em suma, a descida representa a inversão dos valores diurnos (ostentação, separação, desmembramento analítico) para valorizar as imagens da segurança fechada e da separação, desmembramento analítico) para valorizar as imagens da segurança fechada e da intimidade.

intimidade.

Com já salientamos, porém, o regime noturno comporta duas estruturas: a mística e Com já salientamos, porém, o regime noturno comporta duas estruturas: a mística e a dramática. No caso das estruturas místicas do imaginário, DURAND (1997) identificou a dramática. No caso das estruturas místicas do imaginário, DURAND (1997) identificou quatro sub-estruturas. A primeira seria a do “redobramento e perseverança”, na qual há uma quatro sub-estruturas. A primeira seria a do “redobramento e perseverança”, na qual há uma recusa em sair das imagens familiares e aconchegantes. Ou como nos diz o próprio recusa em sair das imagens familiares e aconchegantes. Ou como nos diz o próprio DURAND (1997:271):

DURAND (1997:271):

25

25 DURAND (1997:214) lembra que “DURAND (1997:214) lembra que “

o folclore insiste no papel caseiro, doméstico, de todo este ‘pequeno o folclore insiste no papel caseiro, doméstico, de todo este ‘pequeno mundo’: os anões lendários fazem

mundo’: os anões lendários fazem a comida, cultivam a horta, a comida, cultivam a horta, atiçam o fogo, etc. essas atiçam o fogo, etc. essas ‘figurinhas reduzidas,‘figurinhas reduzidas, cheias de gentileza e graça’, apesar das valorizações negativas que o cristianismo tenta lhes dar, cheias de gentileza e graça’, apesar das valorizações negativas que o cristianismo tenta lhes dar,  permanecem na consciência popular como

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... a perenidade substancial da própria ação faz negligenciar as ... a perenidade substancial da própria ação faz negligenciar as qualificações substantivas ou adjetivas. Esta estrutura da perseverança qualificações substantivas ou adjetivas. Esta estrutura da perseverança dá forma a todo esse jogo no qual continentes e conteúdos se confundem dá forma a todo esse jogo no qual continentes e conteúdos se confundem numa espécie de integração ao infinito do sentido verbal do numa espécie de integração ao infinito do sentido verbal do encaixamento. Materialmente, esta emocionante ligação à pátria encaixamento. Materialmente, esta emocionante ligação à pátria materna, à morada e à capital traduz-se pela freqüência das imagens da materna, à morada e à capital traduz-se pela freqüência das imagens da terra, da profundidade e da casa.

terra, da profundidade e da casa.

A segunda estrutura “mística”, corolário da primeira, caracteriza-se pela viscosidade A segunda estrutura “mística”, corolário da primeira, caracteriza-se pela viscosidade e/ou adesividade da representação. Tal viscosidade manifesta-se em todos os domínios e/ou adesividade da representação. Tal viscosidade manifesta-se em todos os domínios (social, afetivo, perceptivo etc.) e, nessa estrutura, tudo se liga, se confunde e se aglutina e, (social, afetivo, perceptivo etc.) e, nessa estrutura, tudo se liga, se confunde e se aglutina e,   por conseguinte, “

  por conseguinte, “encontra um prolongamento natural para o cósmicoencontra um prolongamento natural para o cósmico” (DURAND,” (DURAND,

(1997:272). (1997:272).

 Nas expressões escritas, essa sub-estrutura do imaginário se manifesta na constante  Nas expressões escritas, essa sub-estrutura do imaginário se manifesta na constante freqüência dos verbos prender, atar, soldar, ligar, aproximar, pendurar, abraçar, entre freqüência dos verbos prender, atar, soldar, ligar, aproximar, pendurar, abraçar, entre outros. É possível também encontrar nela uma sobreabundância do verbo para a precisão do outros. É possível também encontrar nela uma sobreabundância do verbo para a precisão do detalhe.

detalhe.

A terceira sub-estrutura recebeu de DURAND (1997) o nome de "realismo A terceira sub-estrutura recebeu de DURAND (1997) o nome de "realismo sensorial". Nela, as representações associam-se à vivacidade das imagens. Se as duas sensorial". Nela, as representações associam-se à vivacidade das imagens. Se as duas estruturas anteriores apresentam traços introspectivos, esta estrutura, também antifrásica, estruturas anteriores apresentam traços introspectivos, esta estrutura, também antifrásica, ““vive no concretovive no concreto", até mesmo no hiperconcreto, não conseguindo desligar-se dele. Sobre", até mesmo no hiperconcreto, não conseguindo desligar-se dele. Sobre

essa estrutura, DURAND (1997:274) escreve: "

essa estrutura, DURAND (1997:274) escreve: "  sua intuição não acaricia as coisas do  sua intuição não acaricia as coisas do exterior, não as descreve, mas, reabilitando a animação, penetra nas coisas, anima-as."  exterior, não as descreve, mas, reabilitando a animação, penetra nas coisas, anima-as." 

Por fim, a quarta sub-estrutura, consiste na propensão à miniaturização, Por fim, a quarta sub-estrutura, consiste na propensão à miniaturização, agarrando-se ao detalhe. Nessa estrutura encontramos um forte receio em deixar que algum detalhe se ao detalhe. Nessa estrutura encontramos um forte receio em deixar que algum detalhe escape. Tal minúcia descritiva integra num elemento perceptível ou representativo restrito escape. Tal minúcia descritiva integra num elemento perceptível ou representativo restrito um semantismo mais vasto. Como afirmou DURAND (1997:276): “

um semantismo mais vasto. Como afirmou DURAND (1997:276): “é o detalhe que seé o detalhe que se torna representativo do conjunto

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Em relação às sub-estruturas dramáticas, DURAND (1997) concluiu que elas são as Em relação às sub-estruturas dramáticas, DURAND (1997) concluiu que elas são as mais difíceis de interpretar, já que integram as outras duas

mais difíceis de interpretar, já que integram as outras duas intençõesintenções do imaginário: ado imaginário: a

heróica e a mística. heróica e a mística.

A primeira sub-estrutura dramática que identificou foi a da “harmonização dos A primeira sub-estrutura dramática que identificou foi a da “harmonização dos contrários”. Esta, apesar de noturna, não procura um certo repouso na própria contrários”. Esta, apesar de noturna, não procura um certo repouso na própria adaptabilidade, mas em uma energia móvel em que a adaptação e a assimilação adaptabilidade, mas em uma energia móvel em que a adaptação e a assimilação apresentam-se como em um harmonioso concerto. Esta estrutura manifesta-se pela apresentam-se como em um harmonioso concerto. Esta estrutura manifesta-se pela tendência em totalizar, organizando, o conteúdo do saber. Pode ser encontrada por  tendência em totalizar, organizando, o conteúdo do saber. Pode ser encontrada por  exemplo,

exemplo, na na astrobiologia, astrobiologia, na na astronomia, astronomia, nas nas teorias teorias médicas médicas tradicionais tradicionais ee macrocósmicas.

macrocósmicas.

A segunda sub-estrutura reside no caráter dialético ou contrastante da mentalidade A segunda sub-estrutura reside no caráter dialético ou contrastante da mentalidade dramática. Aqui não se procura uma “síntese” unificadora, como nas estruturas místicas, dramática. Aqui não se procura uma “síntese” unificadora, como nas estruturas místicas, nem visa a confusão dos termos, mas a coerência, salvaguardando as distinções. Esta, nem visa a confusão dos termos, mas a coerência, salvaguardando as distinções. Esta,   porém, vai originar a terceira sub-estrutura, chamada também de estrutura histórica. Em   porém, vai originar a terceira sub-estrutura, chamada também de estrutura histórica. Em

relação à essa , DURAND (1997:351) escreveu que: relação à essa , DURAND (1997:351) escreveu que:

... historiadores do progresso como Hegel ou Marx, historiadores do ... historiadores do progresso como Hegel ou Marx, historiadores do declínio como Spengler procedem todos da mesma maneira, que consiste declínio como Spengler procedem todos da mesma maneira, que consiste   simultaneamente em repetir fases temporais que constituem um ciclo, e   simultaneamente em repetir fases temporais que constituem um ciclo, e   por outro lado em contrastar dialeticamente as fases do ciclo assim   por outro lado em contrastar dialeticamente as fases do ciclo assim constituído. Para Hegel como para Marx a história apresenta fases de constituído. Para Hegel como para Marx a história apresenta fases de teses e antíteses bem delimitadas, para Spengler – indo buscar  teses e antíteses bem delimitadas, para Spengler – indo buscar  inconscientemente o seu vocabulário classificador à astrobiologia – a inconscientemente o seu vocabulário classificador à astrobiologia – a história oferece à meditação ‘estações’ de vida e morte, primaveras e história oferece à meditação ‘estações’ de vida e morte, primaveras e invernos bem caracterizados. Para todos, esses contrastes têm o poder  invernos bem caracterizados. Para todos, esses contrastes têm o poder  de se repetir, de se cristalizar em verdadeiras constantes históricas. O de se repetir, de se cristalizar em verdadeiras constantes históricas. O modo do pensamento histórico é o do sempre possível presente da modo do pensamento histórico é o do sempre possível presente da narração, da hipotipose do passado.

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Por trás dessa estrutura totalizante da imaginação histórica, DURAND identificou Por trás dessa estrutura totalizante da imaginação histórica, DURAND identificou uma quarta sub-estrutura: a progressista e messiânica, na qual o futuro é presentificado e uma quarta sub-estrutura: a progressista e messiânica, na qual o futuro é presentificado e dominado pela imaginação.

dominado pela imaginação.

Resumindo todas as estruturas dramáticas aqui identificadas, DURAND (1997:354) Resumindo todas as estruturas dramáticas aqui identificadas, DURAND (1997:354) escreveu que:

escreveu que:

esta segunda fase do regime noturno do imaginário, que agrupa esta segunda fase do regime noturno do imaginário, que agrupa as imagens em torno dos arquétipos do ‘denário’ e do ‘pau’, revela-nos, as imagens em torno dos arquétipos do ‘denário’ e do ‘pau’, revela-nos, apesar da complexidade inerente à própria tentativa sintética, quatro apesar da complexidade inerente à própria tentativa sintética, quatro estruturas bem demarcadas: a primeira, estrutura de harmonização, de estruturas bem demarcadas: a primeira, estrutura de harmonização, de que o gesto erótico é a dominante psicofisiológica, organiza as imagens que o gesto erótico é a dominante psicofisiológica, organiza as imagens quer em grande universo musical, quer um Universo simplesmente, quer em grande universo musical, quer um Universo simplesmente, apoiando-se na grande rítmica da astrobiologia, raiz de todos os apoiando-se na grande rítmica da astrobiologia, raiz de todos os  sistemas cosmológicos. A segunda, estrutura dialética, tende a conservar   sistemas cosmológicos. A segunda, estrutura dialética, tende a conservar  a todo custo os contrários no seio da harmonia cósmica. Por isso, graças a todo custo os contrários no seio da harmonia cósmica. Por isso, graças a ela, o sistema toma a forma de um drama, de que a paixão e as paixões a ela, o sistema toma a forma de um drama, de que a paixão e as paixões amorosas do Filho mítico são o modelo. A terceira constitui a estrutura amorosas do Filho mítico são o modelo. A terceira constitui a estrutura histórica, quer dizer, uma estrutura que já não tenta – como a música ou histórica, quer dizer, uma estrutura que já não tenta – como a música ou a cosmologia – esquecer o tempo, mas que, pelo contrário, utiliza a cosmologia – esquecer o tempo, mas que, pelo contrário, utiliza conscientemente a hipotipose que aniquila a fatalidade da cronologia. conscientemente a hipotipose que aniquila a fatalidade da cronologia.   Esta estrutura histórica está no centro da noção de síntese, porque a   Esta estrutura histórica está no centro da noção de síntese, porque a  síntese só se pensa em relação a um devir. Por fim, a história, podendo  síntese só se pensa em relação a um devir. Por fim, a história, podendo assumir diferentes estilos, o estilo revolucionário que põe um ponto final  assumir diferentes estilos, o estilo revolucionário que põe um ponto final  ideal à história, inaugura a estrutura progressista e instala na ideal à história, inaugura a estrutura progressista e instala na consciência o ‘complexo de Jessé’. História épica dos celtas e romanos, consciência o ‘complexo de Jessé’. História épica dos celtas e romanos,   progressismo heróico dos maias e messianismo judeu não passam de   progressismo heróico dos maias e messianismo judeu não passam de variantes do mesmo estilo, de que a alquimia nos revela o segredo variantes do mesmo estilo, de que a alquimia nos revela o segredo íntimo: a vontade de acelerar a história e o tempo a fim de perfazer e íntimo: a vontade de acelerar a história e o tempo a fim de perfazer e dominar.

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Como apresentamos, o imaginário pode ser classificado em dois regimes: o diurno e Como apresentamos, o imaginário pode ser classificado em dois regimes: o diurno e noturno. Essa classificação, porém, não pretende definir tipos comportamentais. Ao noturno. Essa classificação, porém, não pretende definir tipos comportamentais. Ao contrário, é a partir da noção de fator, que admite a concomitância e o plural no seio de um contrário, é a partir da noção de fator, que admite a concomitância e o plural no seio de um mesmo fenômeno, que DURAND (1997) sugere que pensemos.

mesmo fenômeno, que DURAND (1997) sugere que pensemos.

  Nesse sentido, sempre haverá a “predominância relativa” de um fator sobre os   Nesse sentido, sempre haverá a “predominância relativa” de um fator sobre os outros, e a consciência normal é constituída por todos esses "fatores". Por isso, essa outros, e a consciência normal é constituída por todos esses "fatores". Por isso, essa classificação é adequada para se estudar as imagens criadas e não necessariamente o criador  classificação é adequada para se estudar as imagens criadas e não necessariamente o criador  ou o seu comportamento. Esses fatores têm realidade metodológica pois, no campo da ou o seu comportamento. Esses fatores têm realidade metodológica pois, no campo da consciência, fornecem uma coerência imagética, motivando constelações de mitos, consciência, fornecem uma coerência imagética, motivando constelações de mitos, símbolos e arquétipos. Porém, não são determinismos absolutos para o estudo do símbolos e arquétipos. Porém, não são determinismos absolutos para o estudo do comportamento. Uma consciência normal pode (e deve) converter-se de um regime para o comportamento. Uma consciência normal pode (e deve) converter-se de um regime para o outro.

outro. Por não Por não se tratar se tratar de uma de uma orientação tipológica orientação tipológica de caráter, de caráter, pode-se concluir pode-se concluir que oque o regime de imagens é, sobretudo, influenciado por fatores ocorrenciais, históricos e sociais. regime de imagens é, sobretudo, influenciado por fatores ocorrenciais, históricos e sociais. Ou seja, fatores exteriores suscitam uma ou outra constelação e encadeamento de Ou seja, fatores exteriores suscitam uma ou outra constelação e encadeamento de arquétipos, sempre de forma recursiva.

arquétipos, sempre de forma recursiva.

Está colocação é importante para que se possa compreender que o regime da Está colocação é importante para que se possa compreender que o regime da imaginação não necessariamente coincide com o comportamento ou com o papel imaginação não necessariamente coincide com o comportamento ou com o papel psico-social de uma pessoa. A Psicanálise, de diferentes maneiras, já evidenciou vários social de uma pessoa. A Psicanálise, de diferentes maneiras, já evidenciou vários fenômenos de “compensação” em que a imagem representada tem por missão suprir, fenômenos de “compensação” em que a imagem representada tem por missão suprir, contrabalançar ou substituir uma atitude pragmática. Porém, a função da imaginação não contrabalançar ou substituir uma atitude pragmática. Porém, a função da imaginação não necessariamente é a de compensar, ser uma “posição de virada” para o interior em caso de necessariamente é a de compensar, ser uma “posição de virada” para o interior em caso de impossibilidade física ou de “interdição moral”. A imaginação também pode ter como impossibilidade física ou de “interdição moral”. A imaginação também pode ter como função a eufemização. Como disse DURAND (1988:99):

função a eufemização. Como disse DURAND (1988:99):

 Baseando-nos não na biologia, como Bergson, ou na psicologia,  Baseando-nos não na biologia, como Bergson, ou na psicologia, como Lacroze, mas no balanço antropológico, conseguíamos estabelecer  como Lacroze, mas no balanço antropológico, conseguíamos estabelecer  que a função de imaginação é, acima de tudo, uma função de que a função de imaginação é, acima de tudo, uma função de ‘eufemização’, mas não simplesmente ópio negativo, máscara que a ‘eufemização’, mas não simplesmente ópio negativo, máscara que a consciência ergue diante da hedionda figura da morte, mas, pelo consciência ergue diante da hedionda figura da morte, mas, pelo contrário, dinamismo prospectivo que através de todas as estruturas do contrário, dinamismo prospectivo que através de todas as estruturas do

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trajeto imaginário, tenta melhorar a situação do homem no mundo. (...) trajeto imaginário, tenta melhorar a situação do homem no mundo. (...) todavia, esta eufemização verga-se também ao antagonismo dos regimes todavia, esta eufemização verga-se também ao antagonismo dos regimes do imaginário. Tentamos mostrar como o eufemismo se diversifica, às do imaginário. Tentamos mostrar como o eufemismo se diversifica, às   portas da retórica, em antítese declarada quando funciona no regime   portas da retórica, em antítese declarada quando funciona no regime diurno ou, pelo contrário, através da dupla negação, em antífrase diurno ou, pelo contrário, através da dupla negação, em antífrase quando depende do regime noturno da imagem.

quando depende do regime noturno da imagem.

Encerrando esse artigo, pode-se dizer que a proposta de Gilbert DURAND é uma Encerrando esse artigo, pode-se dizer que a proposta de Gilbert DURAND é uma das mais importantes contribuições para o estudo do imaginário na segunda metade do séc. das mais importantes contribuições para o estudo do imaginário na segunda metade do séc. XX, além de ser uma reação à desvalorização ontológica da imagem e do imaginário no XX, além de ser uma reação à desvalorização ontológica da imagem e do imaginário no Ocidente e aos excessos formais do Estruturalismo das décadas de 1960 e 70. Porém, como Ocidente e aos excessos formais do Estruturalismo das décadas de 1960 e 70. Porém, como afirmou TEIXEIRA COELHO (2000: 57):

afirmou TEIXEIRA COELHO (2000: 57):

  Esta não era uma concepção de aceitação pacífica à época da   Esta não era uma concepção de aceitação pacífica à época da  primeira edição de seu livro (As estruturas ...), 1960. O momento estava  primeira edição de seu livro (As estruturas ...), 1960. O momento estava marcado pela idéia de que o ser humano era fundamentalmente um ser  marcado pela idéia de que o ser humano era fundamentalmente um ser  cultural em contexto ou, em palavras mais materialistas como propunha cultural em contexto ou, em palavras mais materialistas como propunha o pensamento marxista, um ser histórico. A sociologia "dura", o pensamento marxista, um ser histórico. A sociologia "dura", materialista-histórica, fornecia o paradigma de conhecimento que, ainda materialista-histórica, fornecia o paradigma de conhecimento que, ainda recorrendo a Sartre, parecia então o "horizonte insuperável" do homem. recorrendo a Sartre, parecia então o "horizonte insuperável" do homem. [...] Em outras palavras, Durand era um escândalo inaceitável, uma [...] Em outras palavras, Durand era um escândalo inaceitável, uma coisa não séria, um reacionário. o imaginário epistemológico do início coisa não séria, um reacionário. o imaginário epistemológico do início dos anos 60, que perdurou até a revolta jovem de 68, tinha um superego dos anos 60, que perdurou até a revolta jovem de 68, tinha um superego   fortíssimo que atendia pelo nome de marxismo ou   fortíssimo que atendia pelo nome de marxismo ou materialismo-histórico. Resultado: duas décadas teriam ainda de passar antes que os histórico. Resultado: duas décadas teriam ainda de passar antes que os trabalhos de Durand fossem tidos como academicamente aceitáveis. trabalhos de Durand fossem tidos como academicamente aceitáveis.

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Obs. A referencia bibliográfica apresentada no artigo pode ser acessada no site Obs. A referencia bibliográfica apresentada no artigo pode ser acessada no site http://br.geocities.com/imaginarionocotidiano/

http://br.geocities.com/imaginarionocotidiano/

Artigo de Adilson Marques escrito durante seu doutoramento em Educação na Faculdade Artigo de Adilson Marques escrito durante seu doutoramento em Educação na Faculdade de Educação da USP (1999/2003).

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