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Brasília, 3 a 7 de novembro de Nº 91

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Informativo STF

Brasília, 3 a 7 de novembro de 1997 - Nº 91

Este Informativo, elaborado pela Assessoria da Presidência do STF a partir de notas tomadas nas sessões de

julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas na semana pelo Tribunal. A

fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das metas perseguidas neste trabalho,

somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

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Índice de Assuntos ADIn e Cursos Profissionais de Nível Básico

Aplicação de Lei Salarial e Coisa Julgada Cargo Público e Acumulação Remunerada Cerceamento de Defesa e Produção de Provas HC e Desaforamento

Inadmissão de RE Penal: Prazo para o Agravo Inidoneidade Moral e Financeira

Lei 9.099/95: Inaplicabilidade

Letras Financeiras do Tesouro do Estado de SC Novas Provas e Princípio do Contraditório Peculato e Auditoria Militar

Policial e Revisão de Processo Administrativo Plenário

Policial e Revisão de Processo Administrativo

Iniciado o julgamento de mandado de segurança impetrado por policial federal contra decisão denegatória de revisão ¾ proposta com base no art. 174 da Lei 8.112/90 ("O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.") ¾ do processo administrativo disciplinar que culminou com sua demissão do serviço público por ato do Presidente da República. O Min. Carlos Velloso, relator, denegou a segurança ao argumento de que a Lei 8.112/90 não revogou a Lei 4.878/65 ¾ Estatuto dos Policiais Civis da União e do Distrito Federal ¾ , que não contempla semelhante revisão, nem seu regulamento, o Decreto 59.310/66. Após, pediu vista o Min. Sepúlveda Pertence. Precedentes citados: MS 21.331-DF (RTJ 150/742) e MS21.451-PR (RTJ 153/146). MS 22.628-DF, rel. Min. Carlos Velloso, 5.11.97.

Cargo Público e Acumulação Remunerada

O Tribunal, ao argumento da ofensa ao art. 37, XVI, da CF - que veda a acumulação remunerada de cargos públicos à exceção dos que indica, quando houver compatibilidade de horários - julgou procedente ação direta proposta pelo Governador do Estado do Mato Grosso, e declarou inconstitucional o art. 145, § 7o, c , da Constituição do Estado ("§ 7o É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários: ... c) a de dois cargos privativos de profissionais de saúde."). Ponderou-se, ainda,

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que o disposto no referido artigo da CF é de observância compulsória pelo Poder Constituinte dos Estados, à vista do que diz o art. 11 do ADCT ("Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta."). ADIn 281-MT, rel. Min. Ilmar Galvão, 5.11.97.

Letras Financeiras do Tesouro do Estado de SC

Considerando, sobretudo, o conteúdo concreto dos diplomas atacados, o Tribunal não conheceu da ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Partido dos Trabalhadores - PT contra a Lei 10.168/96, do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre a criação, lançamento e colocação de Letras Financeiras do Tesouro do Estado de Santa Catarina - L.F.T.S.C., e a Resolução 76/96, do Senado Federal, que autoriza o Estado de Santa Catarina a emitir L.F.T.S.C., cujos recursos serão destinados à liquidação da sétima e oitava parcelas dos precatórios judiciais, bem como dos complementos da primeira à sexta parcelas. Alegara o Partido requerente ofensa ao art. 33 e seu parágrafo único do ADCT ("Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor dos precatórios judiciais pendentes de pagamento na data da promulgação da Constituição, incluído o remanescente de juros e correção monetária, poderá ser pago em moeda corrente, com atualização, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de oito anos, a partir de 1o de julho de 1989, por decisão editada pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da Constituição. Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do disposto neste artigo, emitir, em cada ano, no exato montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis para efeito do limite global de endividamento."). Precedentes citados: ADIn 597-RJ (DJU de 10.6.97), ADIn 794-GO (DJU de 21.5.93) e ADIn (QO) 1.286-SP (DJU de 13.12.96). ADIn 1.523-SC, rel. Min. Maurício Corrêa, 5.10.97. ADIn e Cursos Profissionais de Nível Básico

Considerando, à primeira vista, a ausência de plausibilidade jurídica na tese do autor, o Tribunal indeferiu pedido cautelar formulado em ação direta proposta pelo Partido dos Trabalhadores - PT contra o § 1o, do art. 4o, do Decreto 2.208/97 ("§ 1o - As instituições federais e as instituições públicas e privadas sem fins lucrativos, apoiadas financeiramente pelo Poder Público, que ministram educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico em sua programação, abertos a alunos das redes públicas e privadas de educação básica, assim como a trabalhadores com qualquer nível de escolaridade."), e os artigos 3o ("As instituições federais de educação tecnológica ficam autorizadas a manter ensino médio, com matrícula independente da educação profissional, oferecendo o máximo de 50% do total das vagas oferecidas para os cursos regulares de 1997, observando o disposto na Lei 9.394/96."), e 14 ("As instituições de educação tecnológica deverão adaptar seus regimentos internos, no prazo de 120 dias, ao disposto na Lei 9.394/96, no Decreto 2.208/97 e nesta Portaria."), todos da Portaria Ministerial 646/97. O requerente alega afronta aos artigos 6o, educação como direito social, 18, autonomia dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e 208, II ("O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: ... II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio."), todos da CF. ADInMC 1.670-UF, rel. Min. Octavio Gallotti, 5.11.97.

Inadmissão de RE Penal: Prazo para o Agravo

A Lei 8.950/94 ¾ que alterando dispositivos do CPC relativos a recursos, fixara o prazo do agravo de instrumento em 10 dias (CPC, art. 544) ¾ não revogou a Lei 8.038/90, que continua a regular os recursos especiais, extraordinários e agravos de instrumento, em matéria penal. Assim, o prazo para a interposição do agravo de instrumento nos feitos criminais é de 5 dias (Lei 8.038/90, art. 28). Com esse entendimento, o Tribunal não conheceu de agravo de instrumento, visto que intempestivo. O feito foi submetido ao Plenário pelo relator, Min. Sepúlveda Pertence, à vista do disposto no art. 22, parágrafo único, b, do Regimento Interno ("O relator submeterá o feito a julgamento do Plenário ... b) quando em razão da relevância da questão jurídica ou da necessidade de prevenir divergência entre as Turmas, convier pronunciamento do Plenário."). AG 197.032-RS, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 5.11.97 (v. íntegra do relatório e voto do relator na sessão Transcrições).

Primeira Turma

Inidoneidade Moral e Financeira

Considerando que o habeas corpus não serve para defesa de direito estranho à liberdade de locomoção, a Turma não conheceu do writ interposto contra acórdão do Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul que mantivera sentença que julgara procedente "ação declaratória para o fim de reconhecer a inidoneidade moral e financeira" contra o paciente, desse modo o autor da referida ação pretendia acionar, à vista do disposto no art. 39, § 3o, da Lei 5.250/67 - Lei de Imprensa ("Declarado inidôneo o primeiro responsável, pode o ofendido exercer a ação penal contra o que lhe suceder nessa responsabilidade, na ordem dos incisos anteriores, caso a respeito deste novo responsável não haja alegado ou provado falta de idoneidade."), outros responsáveis pelo crime de que se diz vítima. HC 75.624-RS, rel. Min. Sydney Sanches, 4.11.97.

HC e Desaforamento

Considerando que a alegação de que a imprensa local tem dado destaque ao crime não demonstra, por si só, eventual parcialidade dos jurados suficiente para justificar o desaforamento, e que referência à parcialidade do conselho de sentença deve ser devidamente demonstrada, a Turma indeferiu habeas corpus interposto contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. O pedido não foi conhecido na parte em que impugnou a sentença de pronúncia, já que em relação a ela não houve recurso. Precedente citado: HC 70.288-MS (DJU de 4.6.93). HC 75.919-RJ, rel. Min. Moreira Alves, 4.11.97 .

Peculato e Auditoria Militar

A Turma indeferiu pedido de habeas corpus interposto, ao argumento da falta de fundamentação da pena aplicada e da ofensa ao princípio do juiz natural, contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que mantivera sentença condenatória contra o paciente ¾ Oficial Capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro ¾ proferida pela Auditoria Militar do Estado, por infração ao art. 303 do CPM: peculato. Quanto à dosagem da pena, ponderou o Min. Ilmar Galvão, relator, que ela fora suficiente fundamentada. Sobre a eventual ofensa ao princípio do juiz natural, a Turma destacou que a existência de um órgão judicial ¾ auditoria militar ¾ sem titular provido das garantias inerentes ao cargo (p. ex. inamovibilidade), há 13 anos, é uma situação irregular ¾ que deve ser sanada o quanto

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antes mediante iniciativa legislativa ¾ , mas que não chega a anular os processos apreciados. HC 75.861-RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 4.11.97 .

Segunda Turma

Aplicação de Lei Salarial e Coisa Julgada

Concluído julgamento de recurso extraordinário em que se discute, com base no princípio que assegura o respeito à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI), sobre se as regras de correção salarial instituídas pela Medida Provisória 32/89, depois convertida na Lei 7.730/89 (URP), afastariam, ou não, cláusula de reajuste prevista em sentença normativa transitada em julgado, cujos efeitos, nesse ponto, se produziriam em data posterior ao início de vigência da mencionada lei (v. Informativo 44). O Min. Nelson Jobim, proferindo voto de desempate, acompanhou o entendimento dos Ministros Maurício Corrêa, relator, e Néri da Silveira, no sentido de que a incidência imediata da nova política salarial não ofenderia a coisa julgada. Com esse fundamento, a Turma, por maioria de votos, deu provimento ao recurso extraordinário do empregador, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Velloso, que consideravam que haveria, em tal hipótese, retroatividade. RE 202.686-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 3.11.97.

Cerceamento de Defesa e Produção de Provas

Não configura constrangimento ilegal a tomada de depoimento em juízo de advogado que acompanhou o interrogatório do réu realizado no inquérito policial, não para pronunciar-se sobre os fatos delituosos, mas, tão-só, para atestar a regularidade do ato. Por outro lado, considerando que a sentença de pronúncia decide apenas sobre a admissibilidade da acusação, a Turma entendeu não configurar cerceamento de defesa o indeferimento de diligência requerida ¾ com vistas a se ter acesso a processo disciplinar sigiloso instaurado perante a OAB contra o referido advogado que atuara como testemunha ¾ já que a parte poderá produzir outros meios de prova porquanto ainda não encerrada a fase instrutória. HC 75.342-SP, rel. Néri da Silveira, 4.11.97.

Novas Provas e Princípio do Contraditório

Apenas se admite a produção de novas provas para efeito de revisão criminal (CPP, art. 621, III) quando feitas em juízo e observado o princípio do contraditório. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que se pleiteava a validade da retratação de testemunha da acusação feita mediante correspondência enviada ao paciente. HC 75.364-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 4.11.97. Lei 9.099/95: Inaplicabilidade

Considerando que o art. 90 da Lei 9.099/95, ao determinar que "as disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada", alcança inclusive a esfera recursal, a Turma deferiu habeas corpus em favor do paciente ¾ condenado a 1 ano de prisão nos termos do art. 58 do DL 6.259/44 (jogo do bicho) em ação penal iniciada antes do advento da Lei 9.099/95 ¾ , para anular o acórdão da Turma Recursal dos Juizados Especiais Criminais do Rio Grande do Sul que confirmou a sentença condenatória do paciente, por incompetência desta, determinando a remessa dos autos da apelação ao Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul, competente para julgar o recurso. HC 76.029-RS, rel. Min. Néri da Silveira, 4.11.97.

Sessões Ordinárias ExtraordináriasJulgamentos Pleno 5.11.97 --- 48 1a. Turma 4.11.97 --- 20 2a. Turma 4.11.97 3.11.97 374 2ª Turma

C l i p p i n g d o D J

7 de novembro de 1997 ADIn N. 892

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO

E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR - DESISTÊNCIA - IMPOSSIBILIDADE - PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE - PEDIDO DE DESISTÊNCIA INDEFERIDO.

- O princípio da indisponibilidade, que rege o processo de controle normativo abstrato, impede - por razões exclusivamente fundadas no interesse público - que o autor da ação direta de inconstitucionalidade venha a desistir do pedido de medida cautelar por ele eventualmente formulado.

- AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL - PROVIMENTO DOS CARGOS DE CONSELHEIRO - NORMAS QUE RESERVARAM, À ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, O PREENCHIMENTO DE

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CINCO VAGAS E, AO GOVERNADOR DO ESTADO, APENAS DUAS VAGAS - SUSPENSÃO CAUTELAR DEFERIDA.

- Os Estados-membros estão sujeitos, na organização e composição dos seus Tribunais de Contas, a um modelo jurídico heterônomo estabelecido pela própria Carta Federal, que lhes restringe o exercício e a extensão do poder constituinte decorrente de que se acham investidos. A norma consubstanciada no art. 75 do texto constitucional torna, necessariamente, extensíveis aos

Estados-membros as regras nele fixadas.

- É indiscutível o relevo jurídico da questão suscitada, a que se associa, por igual, uma situação configuradora do periculum in mora que se expressa na conveniência de evitar que o caráter abrangente da norma impugnada venha a gerar possível conflito institucional entre os Poderes Legislativo e Executivo do Estado, com evidente repercussão sobre a ordem político-jurídica local.

A Carta Federal, ao delinear o modelo de organização do Tribunal de Contas da União, extensível, de modo cogente e imperativo, à organização e composição dos Tribunais de Contas locais, prescreve, no seu art. 73, § 2º, incisos I e II, que os componentes da Corte de Contas serão escolhidos na proporção de 1/3 pelo Chefe do Poder Executivo e de 2/3 pelo Poder Legislativo. Observando-se tal relação de proporcionalidade, os Tribunais de Contas estaduais deverão ter quatro Conselheiros eleitos pela Assembléia Legislativa e três Conselheiros nomeados pelo Chefe do Poder Executivo do Estado-membro. Dentre os três nomeados pelo Chefe do Poder Executivo estadual, apenas um será de livre nomeação do Governador do Estado. Os outros dois deverão ser nomeados pelo Chefe do Poder Executivo local, necessariamente, dentre ocupantes de cargos de Auditor do Tribunal de Contas (um) e de membro do Ministério Público junto à Corte de Contas local (um).

ADIn N. 965

RELATOR : MIN. PAULO BROSSARD

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. VENCIMENTOS DA MAGISTRATURA. Correção. Exigência de lei e limitação a ela imposta. Parágrafo único, do art. 2º, da Lei 10.917/93. LIMINAR.

PROJETO DE LEI de iniciativa do Tribunal de Justiça. EMENDA PARLAMENTAR que exige lei para a correção dos vencimentos da magistratura e que limita esta a índices não superiores aos dos servidores públicos estaduais. PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO. Observância das regras. Inexistência de inconstitucionalidade formal.

VENCIMENTOS. Reajuste decorrente de atualização monetária. Extensão aos membros da magistratura. Exigência de lei formal e limitação ao reajuste concedido aos servidores do executivo. Plausibilidade na concessão da liminar.

A exigência de lei formal, de iniciativa do Poder Judiciário, aplica-se às hipóteses de aumento real de vencimentos e não às de extensão, aos magistrados, dos reajustes gerais de vencimentos do funcionalismo estadual.

Medida liminar deferida. ADIn N. 1.682

RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI

EMENTA: - Relevância jurídica da argüição da inconstitucionalidade, perante o art. 96, II, b e d, da Carta Federal, de dispositivos de Leis Complementares Estaduais em cuja elaboração foram inseridos, por emenda parlamentar, dispositivos destituídos de pertinência temática com o projeto oriundo do Tribunal de Justiça.

* noticiado no Informativo 86 HC N. 73.711

RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES

EMENTA: "Habeas corpus".- Correto o parecer da Procuradoria-Geral da República.

- Com efeito, tendo o Ministério Público apelado para que o réu fosse condenado por infringência ao artigo 12 da Lei de Tóxicos, o acolhimento de sua pretensão levava, por via de consequência necessária, à determinação do regime inicial do cumprimento da pena imposta. E esta Primeira Turma, ao julgar o HC nº 68.360, voltou a reafirmar o entendimento pacífico desta Corte no sentido de que se impõe aos condenados por infração do art. 12 da Lei Antitóxicos o cumprimento inicial da pena em regime

fechado, por ser - como salientou o acórdão ora atacado - o fato anterior à Lei 8.072/90. "Habeas corpus" indeferido, cassando-se a liminar concedida.

* noticiado no Informativo 29 HC N. 74.757

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EMENTA: - 1. Alegações improcedentes dos impetrantes, quanto à suposta invasão da competência municipal, à tipificação e à consumação do crime e à prescrição, bem como à indivisibilidade e à conexão da ação penal, sendo, ainda, inaplicável o disposto no art. 89 da Lei nº 9.099-95, dada a anterioridade da sentença condenatória.

2. Pedido deferido, em parte, para exclusão do acréscimo de pena pela continuidade, visto constituir delito único a multiplicidade de condutas relativas ao mesmo parcelamento de solo urbano (art. 50, I, e parágrafo único da Lei nº 6.766-79).

* noticiado no Informativo 83 HC N. 74.973

RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE

EMENTA: Sentença condenatória: prazo de recurso: intimação dupla.

A intimação da sentença condenatória há de fazer-se ao defensor e pessoalmente ao réu, contando-se da última, seja ela qual for, o prazo para a apelação; é irrelevante que, intimado em primeiro lugar, o defensor renunciado ao recurso, aliás, sem poderes especiais para tanto: tempestiva a apelação interposta no prazo contado a partir da intimação do réu.

* noticiado no Informativo 84 HC N. 75.238

RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO

EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. RÉU SEMI-IMPUTÁVEL. EXAME DE SANIDADE MENTAL. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDA DE SEGURANÇA. DECISÃO ULTRA PETITA E REFORMATIO IN PEJUS: INOCORRÊNCIA. CPP, ART. 149. SÚMULA 525-STF.

I. - Se o juiz tiver dúvida razoável sobre a integridade mental do acusado, poderá, de ofício, submetê-lo a exame médico-legal. CPP, art. 149.

II. - Não constitui reformatio in pejus o fato de o juiz substituir a pena privativa de liberdade por medida de segurança, com base em laudo psiquiátrico que considerou o acusado semi-imputável. CP, art. 98.

III. - Como a lei não estabelece o momento processual para a realização do exame médico legal de que trata o art. 149 do CPP, deverá ele ser realizado com o surgimento de dúvida razoável sobre a integridade mental do acusado. Precedente do STF.

IV. - Com a reforma penal de 1984, a medida de segurança passou a ser aplicada apenas aos inimputáveis e aos semi-imputáveis (CP, arts. 97 e 98). A Súmula 525-STF, editada antes da reforma penal, subsiste apenas para vedar a reformatio in pejus no caso específico da medida de segurança. Precedente do STF.

V. - HC indeferido. HC N. 75.462

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

(...)LEGÍTIMA DEFESA - NECESSIDADE DOS MEIOS - MODERAÇÃO E EXCESSO. O fato de os jurados responderem negativamente ao quesito alusivo à necessidade dos meios não prejudica a seqüência do questionário no tocante à moderação e ao excesso. Precedentes: Recurso Extraordinário Criminal nº 105.558-8/SP, Relator Ministro Francisco Rezek, Diário da Justiça de 3 de outubro de 1986, página 18.339; Recurso Extraordinário nº 113.393-7/MG, Relator Ministro Octavio Gallotti, Diário da Justiça de 14 de agosto de 1987, à página 16.091.

* noticiado no Informativo 85 HC N. 75.671

RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI

EMENTA: - Nada tendo requerido o acusado entre a data da vigência da Lei nº 9.099-95 e a da sentença condenatória (6-6-96), e havendo dela apelado perseguindo absolvição, não há lugar, após confirmada a condenação, para invocação de ultrapassada solução de consenso, prevista no art. 89 do citado dispositivo legal (suspensão do processo).

* noticiado no Informativo 85 MS N. 22.076

RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO. PROCESSO ADMINISTRATIVO E PROCESSO PENAL. AUTONOMIA DAS INSTÂNCIAS RECONHECIDA PACIFICAMENTE POR ESTA CORTE. EXCEÇÕES. CONCLUSÃO NA INSTÂNCIA PENAL QUANTO À INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO OU

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NEGATIVA DE SUA AUTORIA, ALÉM DA FUNDAMENTAÇÃO, NA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA REFERENTE À PRÁTICA DE CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NÃO SE CONFIGURA, NO CASO PRESENTE, A COINCIDÊNCIA DAS PREMISSAS DE AMBOS OS PROCESSOS, DE MODO A CONFIGURAR A TESE DA PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO PENAL INTENTADA.

1. A autonomia das instâncias penal e administrativa é firmemente reconhecida por esta Corte, ressalvando-se as situações em que ocorre a repercussão dessa, naquela, ou seja, quando na instância penal se conclua pela inexistência material do fato ou pela negativa de sua autoria e, ainda, quando o fundamento lançado na instância administrativa refira-se à prática de crime contra a administração pública.

2. No presente caso, contudo, nenhuma das mencionadas exceções se apresenta. A Comissão Disciplinar encarregada do processo administrativo deixou de acolher a inclusão do artigo 364, inciso II do Decreto nº 59.310/66, justamente porque o indiciado não havia sido ainda julgado pelo Judiciário, por Crime Contra a Administração Pública, não se fundando a imputação, assim, em tipo penal, restando improcedente a tese desenvolvida pelo impetrante quanto à prejudicialidade da ação penal contra ele intentada.

Mandado de segurança indeferido. * noticiado no Informativo 11 MS N. 22.696

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

MANDADO DE SEGURANÇA - DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS - SUSPENSÃO DOS EFEITOS. O mandado de segurança não é meio hábil a suspender-se decisão do Tribunal de Contas da União, mesmo ante a notícia de pretender o Impetrante ajuizar a ação desconstitutiva do ato impugnado.

RECLAMAÇÃO N. 645

RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI

EMENTA: - Mesmo após a redação dada, pela Lei nº 9.132-95, ao art. 528 do Código de Processo Civil, prevalece a regra, ínsita à natureza do agravo de instrumento de despacho denegatório de recurso extraordinário, no sentido de que, mesmo reputado intempestivo aquele agravo, não pode ele deixar de ser remetido pelo Presidente do Tribunal a quo, ao conhecimento do Supremo Tribunal.

* noticiado no Informativo 85 RE (AgRg) N. 148.835

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO

E M E N T A: RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS - INTEMPESTIVIDADE - MANDATÁRIOS JUDICIAIS DIVERSOS - ART. 191 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - INAPLICABILIDADE - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL

A QUO - PROVISORIEDADE - CONTROLE DA TEMPESTIVIDADE DOS RECURSOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - PRESSUPOSTO RECURSAL DE ORDEM PÚBLICA - AGRAVO IMPROVIDO.

CONTROLE DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL

A QUO - CARÁTER PROVISÓRIO.

- O Supremo Tribunal Federal não está sujeito à interpretação das normas infraconstitucionais firmada pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, eis que assiste a esta Corte Suprema o amplo poder de definir a exegese das regras pertinentes à contagem dos prazos concernentes aos processos de sua competência, inclusive daqueles concernentes à interposição do próprio recurso extraordinário.

- O estudo da teoria geral dos recursos revela que o controle de admissibilidade das espécies recursais assiste, num primeiro momento, ao órgão competente do Tribunal a quo.

A prolação de juízo positivo de admissibilidade, pelo Tribunal a quo, não tem, ante a provisoriedade de que se reveste tal ato decisório, o condão de constranger o órgão judiciário ad quem a conhecer do recurso interposto. Isso significa que o Supremo Tribunal Federal, nos recursos de sua competência - ainda que admitidos estes pela Presidência do Tribunal inferior -, pode, sempre, recusar-lhes trânsito nesta esfera jurisdicional, se e quando ausente o requisito da tempestividade.

A TEMPESTIVIDADE CONSTITUI PRESSUPOSTO RECURSAL DE ORDEM PÚBLICA.

- O controle da tempestividade dos recursos na Suprema Corte - precisamente por constituir pressuposto recursal de ordem pública - revela-se matéria suscetível até mesmo de conhecimento

ex officio pelo Supremo Tribunal Federal, independentemente de qualquer formal provocação dos sujeitos da relação processual. LITISCONSORTES COM PROCURADORES DIVERSOS.

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A constituição de mandatário judicial diverso, por um dos litisconsortes, não basta, por si só, para legitimar a invocação da norma inscrita no art. 191 do Código de Processo Civil, que veicula o benefício excepcional da dilatação dos prazos processuais. É também necessário que o ato de constituição de novo procurador por qualquer dos litisconsortes seja comunicado ao juízo processante dentro do lapso temporal ordinário para a interposição do recurso, em ordem a impedir que a tardia notificação passe a revestir-se de inaceitável eficácia restauradora de prazos, que, por serem essencialmente de caráter preclusivo e de natureza peremptória, não podem sofrer prorrogação indevida.

* noticiado no Informativo 25 RE N. 193.456

RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. AUTO-APLICABILIDADE DO ART. 202 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. SUPERVENIÊNCIA DAS LEIS 8.212/91 E 8.213/91. INTEGRAÇÃO LEGISLATIVA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.

1 - O preceito do art. 202, "caput", da Constituição Federal não é auto-aplicável, por necessitar de integração legislativa, para complementar e conferir eficácia ao preceito.

2 - Superveniência das Leis 8.212/91 e 8.213/91, normas sem as quais a vontade da Lei Maior não se cumpria. Recurso extraordinário não conhecido.

* noticiado no Informativo 61 RE N. 197.911

RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI

EMENTA: 1 - DISSÍDIO COLETIVO. Recursos extraordinários providos, para excluir as cláusulas 2ª (piso correspondente ao salário mínimo acrescido de percentual) e 24ª (estabilidade temporária), por contrariarem, respectivamente, o inciso IV (parte final) e I do art. 7º da Constituição, este último juntamente com o art. 10 do ADCT, bem como a cláusula 29ª (aviso prévio de sessenta dias), por ser considerada invasiva da reserva legal específica, instituída no art. 7º, XXI, da Constituição.

2. Recursos igualmente providos, quanto à cláusula 14ª (antecipação, para junho, da primeira parcela do 13º salário), por exceder seu conteúdo à competência normativa da Justiça do Trabalho, cujas decisões, a despeito de configurarem fonte de direito objetivo, revestem o caráter de regras subsidiárias, somente suscetíveis de operar no vazio legislativo, e sujeitas à supremacia da lei formal (art. 114, § 2º, da Constituição).

3. Recursos de que não se conhece no concernente à cláusula 1ª (reajuste salarial), por ausência de pressupostos de admissibilidade, e, ainda, no que toca às cláusulas 52ª (multa pela falta de pagamento de dia de trabalho), 59ª (abrigos para a proteção dos trabalhadores), 61ª (fornecimento de listas de empregados), 63ª (afixação de quadro de avisos), visto não contrariarem os dispositivos constitucionais contra elas invocados, especialmente o § 2º do art. 114.

Decisão por maioria, quanto às cláusulas 29ª e 14ª, sendo, no restante unânime. * noticiado no Informativo 46

RHC N. 74.789

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

AÇÃO PENAL - CRIME MILITAR - LESÕES CORPORAIS LEVES OU CULPOSAS - REPRESENTAÇÃO - Aplica-se ao processo penal militar o disposto no artigo 88 da Lei nº 9.099/95: "Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas".

* noticiado no Informativo 75

Acórdãos publicados: 286

T r a n s c r i ç õ e s

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do Informativo STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Inadmissão de RE Penal: Prazo para o Agravo

(8)

Ministro Sepúlveda Pertence (relator)

Relatório: RE, a, fundado em violação ao princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV), contra acórdão que, reformando sentença de primeiro grau que absolvera o recorrente, condenou-o à pena de 1 ano, 5 meses e 15 dias de detenção, substituída por prestação de serviços à comunidade e multa, como incurso no artigo 121, § 3º (duas vezes), comb. com o art. 70, caput, do Código Penal.

O Ministério Público local, em sua resposta (f. 90/93), alega que o agravo é intempestivo, pois, publicada a decisão agravada em 22.4.96, em 29.4.96 expirou o prazo (5 dias) e a petição só foi protocolada em 2.5.96 (10º dia).

Argumenta que não se aplica à hipótese a L. 8.950/94, segundo a qual o prazo do agravo de instrumento é de 10 dias, uma vez que esta apenas revigorou os artigos 541 a 546 do C. Proc. Civil, dando-lhes nova redação, mas não revogou a L. 8.038/90, que assim continua a regular os recursos especiais, extraordinários e agravos de instrumento, em matéria criminal.

Nos termos do art. 22, parag. único, b, RISTF, submeto o feito ao Plenário para decidir da tempestividade do recurso. É o relatório.

Voto: A L. 8.950, de 13.12.94, alterou dispositivos do Código de Processo Civil relativos aos recursos, incluídos o recurso extraordinário e o recurso especial e o agravo contra a sua não admissão na instância a qua, que são objeto da nova redação dos arts. 541 a 545: surge daí a questão de sua incidência ou a das correspondentes disposições da L. 8.038/90 sobre os aludidos recursos, quando interpostos em processos penais.

Dois pontos, pelo menos, dão efetivo relevo prático à questão: o prazo do agravo de instrumento - de cinco dias, na L. 8.038 é de dez dias, no atual art. 544, C.Pr.Civ. - e a formação de instrumento - de que antes se incumbia a secretaria do Tribunal a quo, mediante traslado das peças obrigatórias e das indicadas pelas partes (L. 8.038, art. 28, § 1º) é hoje, com as peças já apresentadas pelas partes (C.Pr.Civ., art. 544, parag. único).

Desconheço que a matéria tenha sido enfrentada no Tribunal: minha pesquisa não encontrou marca de precedentes.

No col. Superior Tribunal de Justiça - onde o problema se põe em termos rigorosamente idênticos, a propósito do agravo da denegação do recurso especial -, logrei encontrar três decisões: a primeira - AgRAg 78.951, 5ª Turma, 13.12.95, Ministro Assis Toledo, DJ 26.2.96 - no sentido da aplicação da nova disciplina do C.Pr.Civ. também em matéria penal - e as duas outras - AgRAg 80.339, 6ª Turma, Ministro Adhemar Maciel, DJ 1º.4.96, e o AgRAg 98.148, 6ª Turma, 13.5.96, Ministro Anselmo Santiago, DJ 1º.7.96 - em sentido contrário.

O ponto nuclear da argumentação do em. Ministro Toledo pela aplicação do C.Pr.Civ. é o caráter unitário do recurso especial. E aduz:

"Em artigo intitulado "Observações sobre o recurso especial em matéria penal", tive oportunidade de manifestar entendimento nos seguintes termos: "1. A Constituição de 1988, ao instituir o recurso especial, no art. 105, III, não faz nem sugere qualquer distinção entre o recurso no processo civil e o recurso no processo penal. Compreende-se que assim seja, tendo em vista os objetivos supradisciplinares dessa impugnação excepcional. Daí o seu caráter unitário, já identificável, em certa medida, no antigo recurso extraordinário das Constituições anteriores. Essa unidade mais se acentua, contudo, presentemente, no recém-criado recurso, tendo em vista a supressão dos antigos óbices regimentais (a alçada) que, de certo modo, através de várias formas de limitação, introduziram, no sistema processual, exigências diferentes para o recurso em matéria penal das que se faziam para o seu congênere em matéria cível.

Vê-se, portanto, agora, que os pressupostos genéricos e específicos de admissibilidade do recurso especial são os mesmos na esfera cível e na criminal, não mais se permitindo limitações regimentais, não previstas pelo atual texto constitucional.

2. Por isso é que o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça não cogita de espécies de recurso especial, mas de um só tipo, estabelecendo regras rigorosamente uniformes,"...

("Recursos no Superior Tribunal de Justiça", editora SARAIVA - 1991, pág. 125).

A Lei 8.038/90, que instituiu normas para os processos perante esta Corte, não alterou essa linha de orientação. Tanto o recurso especial no processo civil quanto o recurso no processo penal foram regulados por normas uniformes, sem discriminação.

Com o advento da Lei 8.950/94, que modificou o Código de Processo Civil, a matéria relativa aos recursos especiais passou a ser regulada pela nova legislação. Não somente o recurso especial em matéria civil foi modificado, como também o recurso penal sofreu alterações, tendo em vista o caráter unitário conferido pela Constituição Federal ao recurso especial".

Não tenho dúvidas quanto ao caráter unitário do recurso especial, originário do recurso extraordinário, que unitário surgiu, desde o D. 848, de 1890 - e, superada alguma dúvida inicial, de patente improcedência, quanto ao seu cabimento em matéria criminal (Pedro Lessa, Do Poder Judiciário, 1915, p. 144; Vasco Lacerda Gama, Recurso Extraordinário, 1935, p. 465 ss - unitário continua a ser.

De ser o recurso extraordinário um só, extraiu Castro Nunes (Teoria e Prática do Poder Judiciário, 1943, p. 335), a sua "índole civil", independente de ser civil ou criminal a causa em que proferida a decisão recorrida.

Melhor dizer, no entanto, como José Afonso da Silva (Do Recurso Extraordinário, 1963, p. 40), que o RE "não é um recurso civil, nem criminal, nem trabalhista, nem eleitoral, nem fiscal, porque cabe em qualquer processo seja qual for a sua natureza. Em suma, não é recurso de nenhum ramo do Direito processual, porque é de todos".

(9)

De lege ferenda, talvez. Mas nem sempre tem sido assim. E nem há razão dogmática que o imponha: único, por sua função unitária, é o seu regime constitucional; no entanto, diferençar ou não o ordenamento legal de seus aspectos processuais e procedimentais, conforme a natureza e as peculiaridades do processo em que se manifesta, é uma opção do legislador federal.

Nascido, antes da primeira Constituição Federal, no D. 848, de 11.10.1890, de onde o avocou, ainda sem nome, a Carta Republicana de 1891, o recurso extraordinário - assim denominado, em primeiro lugar, pelo regimento pré-constitucional do STF - na Primeira República, foi tratado unitariamente pelas leis federais que dele sucessivamente cuidaram - a L. 221, de 20.11.1894, o D. 3.084, de 5.11.1898, o D. 1.939, de 28.8.1908 - assim como pelo Regimento Interno, ao qual sempre se delegou tratar do seu procedimento e julgamento na Casa (cf. JC Matos Peixoto, Recurso Extraordinário, 1935, p.112; Vasco de Lacerda Gama, ob.cit., p.515).

Igualmente unitária a disciplina que lhe deram os dois editos do Governo Provisório instalado com a Revolução de 1930 (D. 19.656, 5.2.31 e D. 20.106, 13.6.31).

Não obstante, os dois primeiros Códigos nacionais de Processo - o C.Pr.Civ., de 1939 (arts. 863/869), e o C.Pr.Pen., de 1941 (arts. 632/638), ainda sobrevivente - cuidaram paralela e diversamente do recurso extraordinário, ainda que a única diferença de relevo fosse a de subir, o RE cível, nos autos principais, e o RE criminal, em traslado.

Curiosamente, essa diferença procedimental subsistiu à L. 3.396, de 2.6.58, que reunificou, no mais, o trato do recurso extraordinário fosse cível ou criminal.

Nota-se, finalmente, que, na área das Justiças especiais, só na do Trabalho é que - no silêncio da CLT -, se aplica subsidiariamente a lei processual civil comum; na Eleitoral, ao menos com relação ao prazo, mantém-se, até hoje, a regra especial do tríduo, tanto para o RE, quanto para o agravo; e na Militar, malgrado o capítulo próprio do recurso extraordinário (CPPM, arts. 573/586) seja substancialmente idêntico às disposições da L. 3.396/58, há uma peculiaridade: o procedimento do agravo começa com o requerimento de formação do traslado, dirigido à Secretaria do STM, nas "quarenta e oito horas seguintes à decisão que denegar o recurso extraordinário" (art. 581).

A L. 8.038/90, sim, é que além de dar disciplina única ao recurso extraordinário cível ou criminal, estendeu-a, quase inteiramente, à nova figura, dele surgida por cissiparidade, o recurso especial: limitado, porém, o seu âmbito normativo aos processos originários e recursos de que cuidou, "perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal", deixou subsistirem os pontos peculiares do regramento do tema nas Justiças especiais. É de ver, assim, que - não sendo imposta pelo caráter unitário da função e dos pressupostos substanciais do recurso extraordinário - a uniformidade do seu procedimento não é sequer da tradição, no plano da legislação ordinária.

O problema se reduz a saber se a L. 8.950/94 revogou a L. 8.038/90, em tudo quanto nela dizia com os recursos extraordinário e especial e respectivos agravos de instrumento, ou se se limitou a subtrair da última a regência dos mesmos recursos, apenas na área civil, não porém, na esfera criminal. A tanto reduzida a questão, estou em que lhe deu solução inequívoca o acórdão referido do em. Ministro Adhemar Maciel - AgRAg 80.339 - verbis: "... o caso dos autos é de natureza penal, não se aplicando, por via de conseqüência, o caput do art. 544 do CPC, com a nova redação dada pela Lei n. 8.950/94, mas, sim, o caput do art. 28 da Lei n. 8.038/90, que continua sendo aplicado aos feitos criminais.

Por oportuno, transcrevo o comando da Lei n. 8.950/94, in verbis:

"Altera dispositivos do Código de Processo Civil, relativos aos recursos". (grifei). Para que não reste dúvida, copio o caput do art. 2º da Lei n. 8.950/94:

"Os arts. 541 a 546 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, revogados pela Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990, ficam revigorados com a seguinte redação:" (grifei).

Por fim, lembro que a mencionada Lei n. 5.869/73 é a que "Institui o Código de Processo Civil." Como se vê, a Lei n. 8.950/94, é direcionada tão-somente ao processo civil.

Na verdade, basta uma simples leitura nos parágrafos do art. 2º da LICC, para solucionar a questão. Dispõem os §§ do dispositivo retro:

"§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior." § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência." (grifei) .

No tocante ao processo civil, aplicam-se os §§ 1º, última parte, e 3º do art. 2º da LICC. Realmente, ao revigorar os arts. 539 a 546 do CPC, o art. 2º da Lei n. 8.950/94 afastou a incidência dos arts. 26 a 28 e 33 a 35 em matéria processual civil.

No que diz respeito aos feitos criminais, aplica-se o § 2º do art. 2º da LICC. A Lei n. 8.038/90 instituiu normas procedimentais para os processos (civil e penal) perante o STJ e o STF. Ora, a Lei n. 8.950/94 ("lei nova") estabelece disposições especiais (ou seja, dirigidas tão-somente ao processo civil) a par das já existentes na Lei n. 8.038/90, que são endereçadas ao processo civil e penal, não revoga nem modifica a Lei n.8.038/90 ("lei anterior") em relação à matéria de que não tratou (processo penal).

(10)

Por oportuno, transcrevo o pronunciamento de CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO ao examinar "o que resta da lei n. 8.038, de 28.5.90":

"A Lei dos Recursos ficou severamente esvaziada, em sua aplicação ao processo civil, quando para o Código a Lei n. 8.950, de 13 de dezembro de 1.994 transpôs os dispositivos referentes ao recurso extraordinário, ao recurso especial, ao recurso ordinário constitucional e aos embargos de divergência. Com isso, seguramente ficou afastada a incidência de seus arts. 26-29 e 33-35 em matéria processual civil. OMISSIS. Em tudo que se refere ao processo penal a lei dos Recursos permanece inalterada." (DINAMARCO, Cândido Rangel. "A reforma do Código de Processo Civil." 2ª ed., Malheiros Editores, 1995, páginas 205/206) (grifei).

Acolho o raciocínio e a conclusão do ilustre Juiz e, em conseqüência, no caso presente, não conheço do agravo de instrumento, porque extemporâneo: é o meu voto.

* acórdão ainda não publicado

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