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Primeiro relatório de acompanhamento das 5 Metas do movimento Todos Pela Educação

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O Todos Pela Educação tem como missão trabalhar para que todas as crianças e jovens brasilei-ros tenham uma Educação de qualidade. Para isso, estabeleceu 5 Metas que devem ser alcança-das até 2022, e que traduzem uma Educação de qualidade: toalcança-das as crianças e jovens na escola, sendo alfabetizadas na idade correta, aprendendo o que é adequado a cada série e concluindo o Ensino Médio até os 19 anos, sendo necessário, para isso, que o investimento em Educação seja ampliado e bem gerido.

As 5 Metas serão acompanhadas periodicamente e os primeiros resultados desse acompanha-mento estão expressos nas páginas deste relatório – De Olho nas Metas – mostrando os avanços alcançados pelo País, por suas regiões e estados, e os esforços necessários para garantir uma Educação de qualidade para todos.

Este relatório pode servir como base para o desenvolvimento de ações concretas voltadas para a melhoria da Educação, sendo uma referência para todos os que acreditam e lutam por um Brasil mais forte e socialmente justo. Vencer o desafio educacional brasileiro passa pelo compromisso e pela ação de todos e de cada um.

As 5 Metas do movimento Todos Pela Educação:

1) Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola

2) Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos

3) Todo aluno com aprendizado adequado à sua série

4) Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos

5) Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Primeiro relatório de acompanhamento das

5 Metas do movimento Todos Pela Educação

DE OLHO NAS METAS

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De Olho nas Metas

Primeiro relatório de acompanhamento das 5 Metas

do movimento Todos Pela Educação

As 5 Metas:

1) Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola

2) Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos

3) Todo aluno com aprendizado adequado à sua série

4) Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos

5) Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Dezembro de 2008

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CONSELHO DE GOVERNANÇA

Jorge Gerdau Johannpeter – Presidente

Ana Maria dos Santos Diniz Antônio Jacinto Matias Beatriz Bier Johannpeter Daniel Feffer

Danilo Santos de Miranda Denise Aguiar Valente Fábio Colletti Barbosa Gustavo Ioschpe

José Paulo Soares Martins José Roberto Marinho Luís Norberto Pascoal Milú Egydio Villela Maria Lucia Meirelles Reis Ricardo Young

Viviane Senna

EQUIPE EXECUTIVA

Mozart Neves Ramos – Presidente

Priscila Fonseca da Cruz – Diretora

EQUIPE

Alice Andrés Ribeiro Andréa Martini Pineda Carolina Carvalho Fernandes Diana Santana Gomes Ferreira Elisa Meirelles Reis

Elisângela Fernandes da Silva Mariana Silveira de Almeida

COMISSÃO TÉCNICA

Viviane Senna – Coordenadora

Célio da Cunha

Claudio de Moura Castro Claudia Costin

Creso Franco Gustavo Ioschpe José Francisco Soares Marcelo Neri

Maria Helena Guimarães de Castro Mariza Abreu

Nilma Fontanive Raquel Teixeira Reynaldo Fernandes Ricardo Chaves Martins Ricardo Paes de Barros Ruben Klein

Movimento Todos Pela Educação

De Olho nas Metas

Primeiro relatório de acompanhamento das 5 Metas do movimento Todos Pela Educação

COORDENAÇÃO GERAL

Mozart Neves Ramos Viviane Senna

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Alice Andrés Ribeiro Tatiana Filgueiras

COORDENAÇÃO TÉCNICA

Fabiana de Felício

COLABORADORES

Carlos Eduardo Moreno Sampaio José Francisco Soares

Marcelo Neri Reynaldo Fernandes Ricardo Paes de Barros Ruben Klein

EQUIPE TÉCNICA

Ana Carolina Pereira Zoghbi Maúna Soares de Baldini Rafael Terra de Menezes

EDIÇÃO DE TEXTO

Elaina Daher

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Fernando Melo Todos Pela Educação

Av. Paulista, 1.294 - 19º andar 01310-915

São Paulo/SP Tel.: (11) 3266-5477

www.todospelaeducacao.org.br

O movimento Todos Pela Educação agradece às pessoas e instituições que, com seu apoio e trabalho, ajudaram a construir este primeiro relatório de acompanhamento das 5 Metas.

Agradecemos às parcerias de valor inestimável construídas com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais ‘Anísio Teixeira’ (Inep). A qualidade desse relatório também não seria a mesma sem o acompanhamento e as contribuições de José Francisco Soares, Marcelo Neri, Reynaldo Fernandes, Ricardo Paes de Barros e Ruben Klein.

Finalmente, agradecemos à Fundação Educar-DPaschoal, que patrocinou a impressão desse relatório.

Agradecimentos

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Índice

Apresentação –

Jorge Gerdau Johannpeter

7

PREFÁCIO:

O estabelecimento e o acompanhamento das 5 Metas –

Viviane Senna

8

INTRODUÇÃO AO RELATÓRIO

9

META 1:

Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola

11

O primeiro passo 11 Onde queremos chegar? 11 Já melhoramos? A evolução dos indicadores e o cumprimento das metas 13 Quem teve mais dificuldade em melhorar? 15 E agora? 17

[ARTIGO]

Sem escola, nem avaliação –

Marcelo Neri

18

META 2:

Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos

21

Onde queremos chegar? 21 Como está a alfabetização no Brasil? 21 O que há de novo? 24 E agora? 24

[ARTIGO]

Alfabetização

Ruben Klein

25

META 3:

Todo aluno com aprendizado adequado à sua série

29

Estudando e aprendendo 29 Onde queremos chegar? 30 As projeções das metas 31 Já melhoramos? Evolução dos indicadores e cumprimento das metas 33 4ª série do Ensino Fundamental 35 8ª série do Ensino Fundamental 37 3ª série do Ensino Médio 39 Quem teve mais dificuldade em melhorar? 40 E agora? 43

[ARTIGO]

Direito ao aprendizado –

José Francisco Soares

45

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(6)

META 4:

Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos

47

Onde queremos chegar?

47

As projeções das metas

47

Já melhoramos? Evolução dos indicadores e cumprimento das metas

49

Quem teve mais dificuldade em melhorar?

52

E agora?

55

[ARTIGO]

Análise da Meta 4 do movimento Todos Pela Educação

Carlos Eduardo Moreno Sampaio e Reynaldo Fernandes

56

META 5:

Investimento em Educação ampliado e bem gerido

59

Onde queremos chegar?

59

Como e quanto estamos gastando na Educação brasileira?

Dados nacionais e comparações internacionais

59

Como funciona o financiamento público da Educação Básica — entendendo o Fundeb

63

O Fundef e as mudanças no sistema de financiamento da Educação

63

Financiamento da Educação desde 2007 - Fundeb

64

E agora?

65

[ARTIGO]

Ampliando o investimento em Educação –

Ricardo Paes de Barros

66

A Meta para o Ideb — A Educação no Brasil deverá atingir o padrão de qualidade

dos países desenvolvidos

69

Quais são as metas assumidas pelos governos federal, estaduais e municipais?

69

Entendendo o Ideb

70

Por que usar um índice?

70

Por que a meta é atingir o Ideb 6?

71

Como está a evolução do Ideb?

71

E agora?

72

Considerações finais

75

Boletins

80

Apêndice metodológico

115

Glossário

128

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(7)

Apresentação

O Todos Pela Educação é uma aliança da sociedade civil, da iniciativa privada, de organizações sociais, de educadores e de gestores públicos da Educação. É uma união de esforços, em que cada cidadão ou institui-ção é co-responsável e se mobiliza, em sua área de atuainstitui-ção, para que as crianças e jovens tenham acesso a uma Educação Básica de qualidade. Essa ação, prevista para acontecer até 2022, é suprapartidária, atra-vessa mandatos e une gerações.

O Todos Pela Educação trabalha para que sejam garantidas as condições de acesso, alfabetização, sucesso e conclusão escolar, além de lutar por uma ampliação e boa gestão do investimento em Educação. Esses grandes objetivos foram traduzidos em 5 Metas claras, compreensíveis, realizáveis mas desafiadoras, medidas e monitoradas a partir da coleta sistemática de dados e da análise de séries históricas. Constante-mente comunicadas, as Metas servem como referência e incentivo para que os brasileiros acompanhem e cobrem a oferta de Educação de qualidade para todos. São elas:

Meta 1: Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos

Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado à sua série

Meta 4: Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos

Meta 5: Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Tendo por ponto de partida uma visão crítica da presente situação da qualidade do aprendizado em nosso País, o Todos Pela Educação atua de maneira construtiva, solidária e criativa, na ampliação e qualifi-cação da demanda por boa Eduqualifi-cação e na melhoria da oferta educacional, buscando instalar permanente-mente essa causa na consciência social. Possui como estratégias de ação o monitoramento e análise dos indicadores educacionais, a maior e melhor inserção do tema na mídia, o fomento ao debate e à mobilização, o estímulo à formação de agendas municipais e estaduais de acompanhamento, cobrança e apoio. A força do movimento reside na articulação dos esforços da sociedade civil, da iniciativa privada e de governos para criar a sinergia necessária à superação do quadro atual da Educação no Brasil, tendo em vista o cumprimento das 5 Metas até 2022.

Para isso, o Todos Pela Educação conta com o apoio de suas Comissões Técnica, de Articulação, de Comunicação e de Relações Institucionais, além de dispor de uma rede de parceiros de valor inestimável. Esses parceiros não só se destacam em suas áreas de atuação, como também contribuem ativamente no âmbito do movimento, compartilhando a crença de que a Educação é o caminho para a construção de um Brasil mais igualitário, justo e desenvolvido.

Neste primeiro relatório, o Todos Pela Educação divulga a trajetória e o resultado do cumprimento de suas metas intermediárias no período 2005-2007. A despeito do curto tempo, já foram observados alguns avanços. Entretanto, a estrada que leva a uma Educação de qualidade é longa, e ainda há muito que fazer para que tenhamos a Educação necessária para o País que queremos. Por isso, reforçamos o convite para que todos se unam pela garantia do direito de cada criança e jovem a uma Educação Básica de qualidade. Afinal, para vencer o desafio educacional brasileiro, é preciso o compromisso e a ação de todos e de cada um.

JORGE GERDAU JOHANNPETER | Presidente do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação

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O estabelecimento e o acompanhamento das 5 Metas

A atuação da Comissão Técnica do Todos Pela Educação tem como um dos principais diferenciais a expres-são clara e objetiva daquilo que se pretende alcançar, na Educação brasileira, dentro de um prazo pré-esta-belecido. Essa é uma atuação diferenciada, uma vez que planos e documentos de intenção se multiplicam na história da Educação brasileira, mas não há como afirmar se obtiveram sucesso ou em que parte fracassaram, porque não definem metas possíveis de serem monitoradas.

Para dar à Educação significado e qualidade, era urgente elaborar um conjunto de metas realistas e desafiadoras a serem cumpridas num tempo factível. Por isso, a Comissão Técnica do Todos Pela Educa-ção reuniu reconhecidos especialistas em EducaEduca-ção e em áreas relacionadas constituindo, assim, o grupo que assumiu a importante tarefa de definir indicadores e metas para a Educação brasileira. Metas que não refletissem apenas processos ou “atividades-meio”, mas fossem a expressão de resultados finais efetivos e transformadores, mensurados por indicadores correlacionados à qualidade da Educação.

Esse trabalho, realizado com base em dados históricos, produziu 5 Metas para 2022 que, se cumpridas, elevarão a qualidade da Educação brasileira ao nível que os países desenvolvidos têm hoje. Esse conjunto de metas contempla tanto os aspectos quantitativos, de fluxo e acesso escolar, como os aspectos que dizem respeito à qualidade da Educação e ao aprendizado dos alunos. Inclui, também, o financiamento e a eficiên-cia no uso dos recursos para que as metas possam ser alcançadas.

É importante destacar o papel dessa Comissão que, com base em critérios técnicos, enfrentou os se-guintes desafios na definição das metas: estruturá-las de forma que fossem mensuráveis e que pudessem ser monitoradas; defini-las de modo simples, mas não simplista; focá-las no resultado e não no processo de melhoria da qualidade da Educação. Na seleção dos indicadores de acompanhamento, a Comissão adotou os seguintes critérios: que fossem nacionais; sistematicamente coletados e divulgados; que tivessem séries históricas, permitindo comparações; e que fossem oriundos de instituições com credibilidade.

Com base nas metas e indicadores definidos, a Comissão Técnica estabeleceu também as metas in-termediárias, ou metas de acompanhamento anuais e bienais, para monitorar a evolução de cada indicador, dando parâmetros concretos aos gestores das redes e aos profissionais da Educação. Definiu, ainda, um período de convergência para a redução das desigualdades entre os estados.

Vencidos os desafios iniciais, a Comissão permanece atenta ao acompanhamento e ao aperfeiçoamen-to dessas definições no decorrer do tempo. Essa publicação, que conta com artigos escriaperfeiçoamen-tos por José Fran-cisco Soares, Marcelo Neri, Reynaldo Fernandes/Carlos Eduardo Moreno Sampaio, Ricardo Paes de Barros e Ruben Klein , é uma expressão desse esforço de acompanhamento, sem o qual não chegaremos ao cenário desejado em 2022.

Sabemos que, mais do que servir de referência aos gestores públicos, a divulgação e o acompanha-mento das 5 Metas permitirá que a sociedade, como um todo, monitore a evolução dos indicadores educacio-nais, cobrando de si mesma e dos governos, a melhoria da Educação. Essa é a estratégia capaz de diminuir os índices de desigualdade e de gerar uma sociedade mais digna e mais justa.

VIVIANE SENNA | Coordenadora da Comissão Técnica do movimento Todos Pela Educação

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9

Introdução ao relatório

Este relatório tem por objetivo apresentar a evolução das 5 Metas do movimento Todos Pela Educação. Consis-te no primeiro de uma série de relatórios de acompanhamento que o movimento produzirá para conhecimento público. Seus seis capítulos se completam por três anexos contendo boletins com os principais dados da Educação brasileira, além de um apêndice metodológico e um glossário de termos relacionados à Educação. O primeiro capítulo descreve a evolução do atendimento escolar no Brasil, regiões e estados, para a faixa etária de 4 a 17 anos, calculada a partir das Pnads. Esta é a primeira Meta do movimento, e traz consigo o desafio da universalização do acesso escolar para todas as crianças e jovens, de 4 a 17 anos, até 2022. Uma análise histórica, de 1995 a 2007, é realizada para o Brasil, regiões e estados, incluindo, naturalmente, os respectivos dados de cumprimento dessa Meta para 2007. O capítulo é concluído com o artigo “Sem escola, nem avaliação”, do Ph.D em Economia e chefe do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, que retrata a importância desta Meta para um ensino de qualidade para todos os brasileiros.

O segundo capítulo é dedicado à Meta 2, segundo a qual até 2010, 80% ou mais, e até 2022, 100% das crianças deverão apresentar as habilidades básicas de leitura e escrita até o final da 2ª série (ou 3º ano) do Ensino Fundamental. É importante, aqui, ressaltar que a idade correta para a 2ª série/3º ano do Ensino Fundamental é 8 anos e, ao final dessa série/ano a criança já deveria estar plenamente alfabetizada, em um sistema de ensino de qualidade.

Ainda não existe uma avaliação nacional, sistematicamente direcionada a coletar dados e acompanhar o processo de alfabetização de crianças de 8 anos. Para proporcionar à sociedade brasileira um parâmetro sobre a alfabetização nessa idade-foco, a Comissão Técnica do movimento decidiu adotar, nesse relatório, o acompanhamento da taxa de alfabetização das crianças de oito anos fornecida pelas Pnads, ainda que esse indicador não seja o ideal por ser obtido por meio de uma declaração e não por testes padronizados da alfa-betização do aluno, tornando superestimados tais percentuais. Esta informação da Pnad é, então, usada para aferir, no período de 1995 a 2007, o processo evolutivo de alfabetização no Brasil e regiões para crianças de 8 anos. O capítulo é finalizado com o artigo “Alfabetização” de Ruben Klein, Doutor em Matemática e consultor da Fundação Cesgranrio.

O terceiro capítulo versa sobre a Meta 3, que estabelece que todo aluno deve adquirir o aprendizado adequado à sua série. Nesse capítulo é apresentada a evolução do percentual de alunos da 4ª e da 8ª sé-ries do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio que tiveram desempenho, no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) ou na Prova Brasil, superior àquele que o Todos Pela Educação considera adequado. Explicitam-se também aqui o patamar que se pretende atingir em 2022, e o acompanhamento do cumprimento da Meta em 2007, relativo ao Brasil, às regiões e aos estados. O capítulo se conclui com o artigo “Direito ao aprendizado”, de autoria do Doutor em Estatística e professor titular do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, José Francisco Soares.

O quarto capítulo deste relatório trata das taxas de conclusão do Ensino Fundamental para jovens com até 16 anos e do Ensino Médio para jovens com até 19 anos, calculadas a partir das Pnads. Ele mostra a evo-lução histórica, de 1995 a 2007, deste indicador, assim como o nível de cumprimento desta Meta para o Brasil, regiões e estados. O capítulo é concluído com o artigo “Análise da Meta 4 do movimento Todos Pela Educa-ção” de autoria do Doutor em Economia Reynaldo Fernandes e do Mestre em Estatística, Carlos Eduardo Mo-reno Sampaio, respectivamente Presidente e Coordenador-Geral de Informações e Indicadores Educacionais do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” (Inep), do Ministério da Educação.

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Vale também ressaltar que, no corpo destes primeiros quatro capítulos, uma análise histórica, de 1995 a 2007, para cada um dos indicadores (atendimento, alfabetização, aprendizagem e conclusão escolar), é também realizada em termos das características de gênero, raça, situação do domicílio (com exceção da Meta de aprendizagem) e por faixa de escolaridade da mãe.

O quinto capítulo refere-se à Meta 5 do movimento, que trata do investimento ampliado e bem gerido para a Educação Básica. Essa Meta preconiza que o investimento em Educação Básica deve alcançar pelo menos 5% do PIB até 2010 - patamar que deve ser pelo menos mantido até 2022. O monitoramento desta Meta se fez mediante um indicador nacional – o Investimento Público Direto em Educação Básica, calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais ‘Anísio Teixeira’ (Inep/MEC). Além disso, uma análise é também apresentada levando-se em consideração os percentuais investidos na Educação Infantil, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, que compõem todas as etapas da Edu-cação Básica. Para proporcionar ao leitor um panorama ainda mais amplo sobre o investimento em EduEdu-cação no Brasil, é também apresentada a variação do investimento nacional ao longo do tempo, incluindo compa-rações com os gastos em Educação praticados por outros países. Este capítulo é finalizado com o artigo “Ampliado o investimento em Educação” do Doutor em Economia e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ricardo Paes de Barros.

O sexto e último capítulo desse relatório é dedicado ao Ideb – o Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica –, criado pelo Ministério da EducaEduca-ção em 2007. Por oportuno, dada a sua grande capilaridade, visto que permite monitorar, em um único indicador, o fluxo e o desempenho educacional no Brasil, regiões, estados, municípios e escolas, a Comissão Técnica do Todos Pela Educação decidiu também incluir neste trabalho o monitoramento de seus resultados.

Por fim, como disse Viviane Senna no Prefácio: “mais do que servir de referência aos gestores

públi-cos, a divulgação e o acompanhamento das 5 Metas permitirá que a sociedade, como um todo, monitore a evolução dos indicadores educacionais, cobrando de si mesma e dos governos, a melhoria da Educação. Essa é a estratégia capaz de diminuir os índices de desigualdade e de gerar uma sociedade mais digna e mais justa”.

Boa leitura!

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11

O primeiro passo

As 5 Metas definidas pelo movimento Todos Pela Educação são extremamente importantes para a melhoria da Educação no Brasil. De fato, existe uma lógica por trás do conjunto de metas. Separadamen-te, são muito importantes, mas só são eficazes para atingir o objetivo de desenvolvimento educacional se consideradas conjuntamente, pois há uma forte complementaridade entre elas.

A primeira meta é também o primeiro passo da caminhada que deverá nos levar ao sistema edu-cacional que queremos: toda criança e jovem de 4 a 17 anos freqüentando a escola. Complementarmen-te ao ambienComplementarmen-te familiar, uma boa escola é respon-sável por formar cidadãos pois, além do conteúdo formal que nela deve ser adquirido, estimula-se ali o convívio social, a criatividade e o senso crítico, entre outras habilidades.

Sabe-se que mais Educação tem efeitos positi-vos para os indivíduos que a adquirem e para a socie-dade em que convivem. Uma sociesocie-dade com maior escolaridade média está associada a saúde melhor, menores índices de violência, melhor renda média e maiores taxas de crescimento econômico. No entan-to, o atendimento escolar ainda traz desafios.

Apesar dos avanços recentes que levaram à forte expansão do atendimento, especialmente en-tre 7 e 14 anos, ainda há muito o que melhorar. Des-tacamos o baixo atendimento de crianças entre 4 e 6 anos e de jovens de 15 a 17 anos. Isso implica ampliar a oferta de Educação Infantil e promover o Ensino Médio, sem esquecer, é claro, da busca pela melhora do fluxo e da qualidade, pois o abandono escolar está fortemente relacionado à repetência e à baixa atratividade da escola por falta de qualidade.

A meta de universalização da Educação pro-posta pelo Todos Pela Educação estabelece que, no ano em que festejaremos o bicentenário da Inde-pendência brasileira, em 2022, comemoremos tam-bém o índice de 98% dos alunos entre 4 e 17 anos

freqüentando a escola em todo o País e em cada uma das vinte e sete Unidades da Federação. Para isso, o ano escolhido como referência para o cum-primento desta e das demais metas foi o de 2021, cujas estatísticas serão disponibilizadas em 2022.

Onde queremos chegar?

O objetivo da Meta 1 é garantir 98% de atendimento para as crianças e os jovens de 4 a 17 anos até 2021. Consideramos esse percentual como universaliza-ção, pois sempre haverá uma mínima parcela dos jovens que se encontrará fora do sistema escolar por motivos fora do alcance das políticas públicas.

Além disso, é essencial que haja metas inter-mediárias para auxiliar governos sub-nacionais e sociedade a reconhecer se o caminho percorrido é o adequado, e que, aliadas a um monitoramento constante, conduzam ao objetivo final. Por tratar-se de uma condição fundamental para alcançar o su-cesso educacional do País, não existe, neste caso, distinção entre a meta nacional e as regionais, ou seja, todas as Unidades da Federação devem uni-versalizar o atendimento de 4 a 17 anos, conforme apresentado no gráfico 1.1.

Uma sociedade com maior escolaridade

média está associada a saúde melhor,

menores índices de violência, melhor renda

média e maiores taxas de crescimento

econômico. No entanto,

o atendimento escolar

ainda traz desafios.

Meta 1:

Toda criança e jovem de 4 a 17

anos na escola

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12 | M E T A 1 : T O D A C R I A N Ç A E J O V E M D E 4 A 1 7 A N O S N A E S C O L A

Para melhor entender a trajetória das metas de atendimento definida pelo Todos Pela Educa-ção, deve-se reconhecer que é esperado que o crescimento na taxa de atendimento dos estados ocorra mais rapidamente no início da trajetória e mais lentamente quanto mais próximo da meta de 98%. À medida que o atendimento se apro-ximar da universalização, ficará mais difícil atrair as crianças ainda fora do sistema de ensino para

que freqüentem a escola. Inicialmente, políticas públicas têm mais efeito positivo sobre as taxas de atendimento. Entretanto, conforme aumentam essas taxas, os motivos pelos quais as crianças continuam fora das escolas ficam cada vez mais difíceis de serem contornados.

Como podemos observar no gráfico 1.1, os estados da região Norte deverão percorrer um ca-minho maior que os demais para poderem univer-salizar o atendimento até 2021, já que apresentaram os piores indicadores de atendimento nos últimos anos, ficando mais distantes da meta.

Na região Sudeste, por outro lado, é menor o caminho que falta ser percorrido. De fato, uma com-paração entre as trajetórias das duas regiões pode levar à conclusão de que a diferença não é muito expressiva. Contudo, se considerarmos que o aten-dimento entre 7 e 14 anos já está praticamente uni-versalizado, e que o problema se verifica principal-mente nas faixas etárias de 4 a 6 anos e de 15 a 17 anos, essa diferença pode ser bastante expressiva, como será observado na seção seguinte.

É importante destacar que o atendimento ini-cial utilizado para o cálculo das metas intermediá-rias foi a média de três anos do indicador observado na Pnad-IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada pelo Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística) dos anos 2004, 2005 e 2006

(conforme apresentado no Apêndice Metodológico). A medida foi tomada porque, em algumas Unidades da Federação, observaram-se erros amostrais que poderiam tornar injustas as trajetórias estimadas, sendo mais fracas ou mais fortes devido a variações observadas nos dados de um ano específico.

GRÁFICO 1.1 – Projeções das metas de atendimento para crianças e jovens entre 4 e 17 anos por região

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

99 97 95 93 91 89 87 85 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 % de alunos atendidos

Fonte: Elaboração Própria

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13

Já melhoramos?

A evolução dos indicadores

e o cumprimento das Metas

Nesta seção descrevemos o comportamento

dos indicadores de atendimento do Brasil e das regiões

ao longo dos últimos doze anos

Na tabela 1.1 observamos as taxas de atendimento entre indivíduos na idade escolar (adotada aqui como o grupo entre 4 e 17 anos) também apresentadas para faixas de idade intermediárias nas tabelas 1.2 a 1.4.

A proporção de pessoas em idade escolar que freqüentam a escola em todo o País aumentou significativamente: de 78,6%, em 1995, chegou a 90,6%1 em 2007. Ao observar a freqüência escolar

calculada por faixas intermediárias de idade, nota-se que os piores índices ocorrem entre os anos ini-ciais e finais da idade escolar. Em 1995, 59,0% das

crianças entre 4 e 6 anos e 64,4% dos jovens de 15 a 17 anos freqüentavam a escola, enquanto essa proporção era de 92,6% entre crianças e adoles-centes de 7 a 14 anos de idade.

O atendimento teve maior evolução entre as crianças de 4 a 6 anos, cuja taxa de atendimento es-colar aumentou de modo praticamente uniforme ao longo dos anos, passando de 59,0% para 81,7%2. Um

dos fatores decisivos para essa forte elevação foi o au-mento de um ano de escolaridade no Ensino Funda-mental, no qual as crianças ingressam aos 6 anos. No entanto, existe uma fase de transição, válida até 2010, para que as redes passem do Ensino Fundamental de oito para o de nove anos. Assim, uma parcela expres-siva das crianças ainda ingressa aos 7 anos.

Entre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de atendimento avançou apenas ao longo da primei-ra metade do período (1995-2001), permanecendo praticamente estável no decorrer dos anos restan-tes. A evolução foi bem menos expressiva nesse caso, se considerarmos que a taxa de atendimento passou de 64,4% em 1995, para 79,3%3 em 2007.

1 Essa taxa desconsidera alunos da zona rural da região Norte a fim de obter uma comparabilidade adequada da série histórica, já que estes só foram considerados na amostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios a partir de 2004. Assim, nas tabelas 1.1 a 1.4, as taxas de atendimento do Brasil e da região Norte não consideram alunos da zona rural desta região. As taxas que consideram todos os alunos (inclusive os da zona rural da região Norte) para os anos de 2004, 2005, 2006 e 2007, para o Brasil, foram iguais a 88,4%, 88,8%, 89,9% e 90,4%, respectivamente.

2 Também neste caso, estamos considerando a taxa de atendimento exceto a zona rural da região Norte. Os valores das taxas considerando todos os alunos (disponível a partir de 2004) para os anos de 2004, 2005, 2006 e 2007, foram iguais a 75,0%, 75,9%, 79,9% e 81,5%, respectivamente.

3 Os valores das taxas de atendimento de jovens entre 15 e 17 anos, para o Brasil, considerando os alunos da zona rural, da região Norte para os anos de 2004, 2005, 2006 e 2007 foram iguais a, nessa mesma ordem, 79,2%, 79,0%, 79,0% e 79,1%.

TABELA 1.1. Taxa de Atendimento de 4 a 17 anos, segundo região (1995-2007)

Região/Brasil Taxas de Atendimento (%)

1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Brasil 78,6 79,7 81,9 83,6 85,0 86,9 87,5 88,1 88,5 88,9 90,1 90,6 Norte 81,3 81,5 82,0 83,6 85,1 84,8 85,8 86,0 84,4 85,3 86,8 88,0 Nordeste 75,6 76,6 80,3 82,3 85,1 86,8 87,4 87,8 88,1 88,7 89,9 90,8 Sudeste 81,7 82,4 84,2 85,6 86,2 88,5 88,9 89,7 90,6 90,6 91,8 92,0 Sul 76,2 78,5 80,2 81,8 82,2 84,6 85,6 86,8 87,0 86,9 88,0 88,4 Centro-Oeste 77,8 79,3 79,9 82,2 83,5 85,2 85,4 86,2 86,4 87,5 88,8 88,4

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria. *Para manter a comparabilidade entre os anos, foi excluída a zona rural da Região Norte das estatísticas da própria e do Brasil, entre 2004 e 2007.

TABELA 1.2. Taxa de Atendimento de 4 a 6 anos, segundo região (1995-2007)

Região/Brasil 1995 1996 1997 1998 1999Taxas de Atendimento 2001 2002 (%)2003 2004 2005 2006 2007

Brasil 59,0 59,0 61,3 63,0 64,9 70,4 71,3 73,0 75,3 76,1 80,1 81,7 Norte 60,9 58,5 62,6 60,3 65,3 65,1 66,9 67,6 68,4 71,2 74,6 74,6 Nordeste 60,8 60,4 65,5 67,8 71,2 74,5 75,4 76,3 79,3 80,7 83,8 86,0 Sudeste 60,8 61,8 61,6 63,6 64,6 73,1 73,8 76,1 79,3 79,6 84,3 85,2 Sul 52,1 52,3 54,6 54,8 55,6 61,2 62,0 64,6 65,6 66,6 71,1 72,6 Centro-Oeste 53,7 52,0 53,2 55,6 59,0 61,1 62,7 63,6 66,7 68,3 72,1 71,6

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria *Para manter a comparabilidade entre os anos, foi excluída a zona rural da Região Norte das estatísticas da própria e do Brasil, entre 2004 e 2007.

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TABELA 1.3. Taxa de Atendimento de 7 a 14 anos, segundo região (1995-2007)

Região/Brasil 1995 1996 1997 1998 1999Taxas de Atendimento 2001 2002 (%)2003 2004 2005 2006 2007

Brasil 92,6 89,5 91,9 94,5 95,6 96,3 96,9 97,0 98,0 98,1 98,5 97,5 Norte 91,6 91,8 92,2 94,2 95,4 95,2 95,2 95,7 96,5 97,1 97,3 97,3 Nordeste 85,4 86,7 89,9 92,1 94,1 95,1 95,7 95,8 95,9 96,3 96,7 97,0 Sudeste 93,6 94,0 95,6 96,1 96,6 97,3 97,7 97,9 97,9 98,1 98,2 98,0 Sul 91,2 93,3 94,7 95,6 96,4 96,9 97,8 98,0 97,7 97,8 98,2 97,7 Centro-Oeste 94,0 94,6 95,0 95,4 95,9 96,9 97,0 97,0 97,1 97,5 98,0 97,6

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria *Para manter a comparabilidade entre os anos, foi excluída a zona rural da Região Norte das estatísticas da própria e do Brasil, entre 2004 e 2007.

TABELA 1.4. Taxa de Atendimento de 15 a 17 anos, segundo região (1995-2007)

Região/Brasil 1995 1996 1997 1998 1999Taxas de Atendimento 2001 2002 (%)2003 2004 2005 2006 2007

Brasil 64,4 66,9 71,0 73,9 76,1 78,4 78,8 79,7 79,3 79,1 79,2 79,3 Norte 72,0 74,5 72,9 76,9 77,7 77,7 79,5 78,8 79,6 78,4 80,1 80,1 Nordeste 61,4 63,3 68,0 70,2 74,3 77,0 77,9 78,2 76,5 77,0 77,0 78,0 Sudeste 68,2 69,8 74,8 77,6 78,9 80,9 80,8 81,9 82,8 82,0 81,8 81,3 Sul 57,1 63,2 66,8 71,0 72,0 75,2 75,2 77,5 77,7 77,3 76,7 76,7 Centro-Oeste 63,9 67,8 69,0 72,1 75,6 77,9 77,7 80,0 77,4 78,7 79,8 78,4

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria *Para manter a comparabilidade entre os anos, foi excluída a zona rural da Região Norte das estatísticas da própria e do Brasil, entre 2004 e 2007.

Ao analisarmos o atendimento de 4 a 17 anos por região, observamos que todas apresentaram uma evolução positiva nos últimos doze anos. O mesmo se verifica para a faixa etária de 4 a 6 anos. No caso dos alunos entre 7 e 14 anos4, a evolução

pode parecer pouco expressiva, mas isso se deve ao fato já mencionado de que quanto mais próxi-mo da universalização mais difícil fica aumentar o atendimento. Finalmente, na faixa etária de 15 a 17 anos, observamos o mesmo padrão verificado para o País na maioria das regiões: uma evolução tímida durante o período.

É necessário considerar esses dados com cautela. As taxas de atendimento apresentaram uma tendência de convergência entre regiões nos últimos anos, e isso deve ser comemorado – pois significa uma redução das desigualdades regio-nais. Contudo, regiões mais carentes como Norte e Nordeste têm ainda um grande problema de de-fasagem escolar. Somente com essas taxas não é possível observar o fenômeno. Tendo isso em men-te, o Todos Pela Educação estabeleceu também as metas de conclusão do Ensino Fundamental e Mé-dio em idades adequadas, que são extremamente importantes. Com isso, buscamos corrigir o fluxo

escolar, de modo a diminuir o atraso e garantir que as taxas de atendimento observadas no futuro indi-quem que, além de freqüentarem a escola, as crian-ças e jovens estejam também concluindo os ciclos de ensino nas idades corretas.

A tabela 1.5. exibe as taxas de atendimen-to observadas em cada estado, região e Brasil em 2007 e as respectivas metas que deveriam ser atin-gidas para esse mesmo ano. Em vermelho foram destacados aqueles que não atingiram suas metas em 2007 e em amarelo aqueles cujas metas estão dentro do intervalo de confiança do indicador. Ne-nhuma Unidade da Federação ultrapassou a meta. Ficaram abaixo da meta nove estados. Sobre os demais pouco podemos afirmar, pois obtiveram re-sultado muito próximos às metas ou intervalos de confiança e, portanto, não existe diferença estatis-ticamente significativa entre a meta e o indicador de 2007.

Vale lembrar que não atingir a meta inter-mediária proposta pelo Todos Pela Educação não significa necessariamente estagnação ou piora do indicador. É comum observar casos em que os indi-cadores apresentaram avanço, sem que a evolução tenha sido suficiente para cumprir a meta.

4 No caso dos alunos entre 7 e 14 anos, os valores das taxas de atendimento considerando a zona rural da Região Norte para os anos 2004, 2005, 2006 e 2007 foram de 96,9%, 97,2%, 97,5% e 97,4%, respectivamente.

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TABELA 1.5. Comparação entre a taxa de atendimento de 4 a 17 anos e a meta do Todos pela Educação para 2007, segundo região e UF

Brasil/Região/UF

Taxas de Atendimento (% indivíduos em idade escolar que frequentam a escola) Observado 2007 Intervalo de Confiança Metas

2007 2008 2021 Brasil 90,4 90,1 - 90,6 91,0 91,9 98 Norte 87,6 86,7 - 88,4 88,1 89,5 98 Rondônia 82,6 80,1 – 85,0 85,6 87,3 98 Acre 82,3 80,6 – 84,0 86,1 87,7 98 Amazonas 89,6 87,9 - 91,2 88,6 89,9 98 Roraima 93,2 89,5 - 96,7 91,2 92,1 98 Pará 87,7 86,2 - 89,1 88,1 89,4 98 Amapá 86,2 84,1 - 88,2 89,6 90,7 98 Tocantins 89,0 87,8 - 90,2 89,5 90,6 98 Nordeste 90,8 90,2 - 91,2 90,9 91,8 98 Maranhão 90,5 88,2 - 92,6 90,5 91,4 98 Piauí 91,0 87,4 - 94,4 91,9 92,6 98 Ceará 92,1 91,2 - 92,8 92,5 93,1 98

Rio Grande do Norte 92,1 90,7 - 93,3 91,8 92,6 98 Paraíba 90,1 88,1 - 92,1 91,3 92,1 98 Pernambuco 89,8 88,9 - 90,7 90,0 91,0 98 Alagoas 89,0 86,7 - 91,2 89,0 90,2 98 Sergipe 91,6 89,6 - 93,5 91,4 92,2 98 Bahia 90,9 90,1 - 91,5 90,8 91,7 98 Sudeste 92,0 91,5 - 92,3 92,5 93,2 98 Minas Gerais 90,7 89,8 - 91,4 90,9 91,8 98 Espírito Santo 89,0 86,6 - 91,3 90,3 91,3 98 Rio de Janeiro 92,1 91,3 - 92,9 93,8 94,2 98 São Paulo 92,9 92,2 - 93,4 93,1 93,7 98 Sul 88,4 87,5 - 89,1 89,8 90,9 98 Paraná 89,3 88,0 - 90,6 89,6 90,7 98 Santa Catarina 90,2 88,8 - 91,5 92,5 93,1 98 Rio Grande do Sul 86,3 85,0 - 87,6 88,5 89,8 98 Centro-Oeste 88,4 87,7 – 89,0 90,0 91,0 98 Mato Grosso do Sul 87,2 85,8 - 88,4 89,3 90,5 98 Mato Grosso 86,6 85,0 - 88,1 89,1 90,3 98

Goiás 88,5 87,5 - 89,5 89,7 90,8 98

Distrito Federal 91,7 90,6 - 92,8 92,6 93,2 98

„

„ Unidades da Federação e regiões que atingiram as metas propostas pelo Todos Pela Educação para 2007. „

„ Unidades da Federação e regiões que não atingiram as metas propostas pelo Todos Pela Educação para 2007. „

„ Unidades da Federação e regiões cujas metas estão dentro do intervalo de confiança do indicador.

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria

Observação: para conhecer os indicadores e as metas, consulte os boletins que estão no final deste relatório ou o site www.todospelaeducacao.org.br

Quem teve mais

dificuldade em melhorar?

As taxas de atendimento podem ser calculadas separadamente para diferentes grupos da socie-dade, a fim de obter um “mapeamento” de onde foi encontrada maior ou menor dificuldade de avan-ço na proporção da freqüência escolar. Os grupos são classificados por sexo, cor, situação do setor do domicílio (área urbana/rural) e por faixa de es-colaridade da mãe5. De modo geral, considerando

o atendimento ao longo de toda a idade escolar (4

a 17 anos), os grupos nos quais foram observadas maiores evoluções no período foram aqueles que partiram de uma situação pior em relação às suas contrapartes em 1995.

A taxa de freqüência escolar entre os ho-mens teve aumento de 77% para 90%, enquanto entre as mulheres a proporção partiu de 80% para 91%. No que se refere à cor, os não-brancos (pre-tos/pardos/indígenas) avançaram de 75% para 90% de freqüência escolar, contra uma evolução de quase dez pontos percentuais entre os bran-cos (branbran-cos e amarelos6) que partiram de uma

taxa de 82%.

5 Os grupos de escolaridade da mãe são sem instrução ou até a 4ª série incompleta, 4ª série do Ensino Fundamental completa, 8ª série do Ensino Fundamental completa, Ensi-no Médio completo e EnsiEnsi-no Superior completo.

6 Consideramos brancos e amarelos em uma mesma categoria, pois as características referentes à educação nestes dois grupos são bastante parecidas. No outro grupo, de pretos, pardos e indígenas, também observamos características mais homogêneas.

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GRÁFICO 1. 2 –Evolução da Taxa de Atendimento de 4 a 17 anos por sexo (%) GRÁFICO 1. 3 –Evolução da Taxa de Atendimento de 4 a 17 anos por cor (%)

95 90 85 80 75 70 95 90 85 80 75 70 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

Homens Mulheres Brancos Não-brancos

77 82 81 85 85 87 87 89 88 90 89 90 90 92 80 75 83 79 85 87 84 85 89 89 91 87 88 90

Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria

GRÁFICO 1. 4 –Evolução da Taxa de Atendimento de 4 a 17 anos para zonas GRÁFICO 1. 5 –Evolução da Taxa de Atendimento de 4 a 17 anos rural e urbana por faixa de escolaridade da mãe (%)

95 90 85 80 75 70 65 60 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 Urbana Rural sem N Sem instrução 4ª série (EF) completa 8ª série (EF) completa

Ensino Médio completo Ensino Superior completo

82 64 71 79 81 83 84 86 88 89 91 91 92 92 94 82 83 85 87 88 89 91 93 94 94 95 95 95 95 97 98 98 97 98 97 98 85 87 88 89 90 91 67 73 79 81 83 83 87 100 95 90 85 80 75 70 65 60

Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria Avançaram proporcionalmente mais as taxas

de atendimento entre os indivíduos cujas mães não tinham instrução (ou não tinham completado a 4ª série), passando de 64% em 1995 para 86% em 2007. Também apresentou uma forte melhora no atendimento o grupo de alunos entre 4 e 17 anos cujas mães tinham a 4ª série completa, pas-sando de 82% em 1995 para 91% em 2007. Nos demais grupos de acordo com a escolaridade da

mãe, o atendimento já era alto em 1995 e, como nesse caso é mais difícil aumentar o atendimen-to pelas razões já mencionadas anteriormente, o aumento do atendimento não foi tão expressivo. O mesmo ocorreu entre os moradores das zonas rural e urbana, isto é, entre aqueles que viviam em áreas rurais, o atendimento passou de 67% para 87% e, entre os que viviam na zona urbana, foi de 82% para 91%.

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E agora?

Nesta seção, apresentamos a Meta 1 e como o atendimento

escolar tem evoluído ao longo dos últimos anos. Quando

avaliamos os dados agregados do Brasil, atingir o

atendimento de 98%, até 2021, entre as crianças e jovens

de 4 a 17 anos, como estabelece a meta, não parece

muito desafiador. Entretanto, o desafio cresce quando

decompomos esse dado.

As maiores dificuldades estão no atendimento de 4 a 6 anos e de 15 a 17, e atenção especial deve ser dada à zona rural e às crianças e jovens que estão em famílias cujos pais ou responsáveis têm escolaridade mais baixa. Entre eles, estamos lon-ge, algumas vezes muito lonlon-ge, de atingir apenas 90%. As regiões Norte, Sul e Centro-Oeste também

merecem atenção especial já que até 2007 também não haviam conseguido atingir 90% no atendimen-to escolar dos 4 aos 17 anos.

Para fazermos uma avaliação de como estão evoluindo as regiões nesse indicador, realizamos o exercício apresentado a seguir. Na tabela 1.6, apre-sentamos as taxas de crescimento observadas no Brasil e regiões entre 2002 e 2007. Se forem man-tidas essas taxas de crescimento nos próximos cinco anos, em 2012 nenhuma região atingirá sua meta. Considerando que a margem de erro para o atendimento de 4 a 17 anos costuma ser pequena, somente as regiões Sudeste e Nordeste chegariam próximo da meta. As demais ficariam certamente abaixo. Isso reforça a necessidade de que todos os estados se empenhem mais em aumentar o atendi-mento de crianças e jovens.

TABELA 1.6 – Indicadores de atendimento entre 4 e 17 anos esperados para 2012 se mantidas as taxas de crescimento observadas entre 2002 e 2007

UF/Região/Brasil Taxa de crescimento (2002-2007) Indicador esperado em 2012 Meta 2012

Brasil 3,3 93,6 94,7 Norte 2,5 90,2 93,6 Nordeste 3,6 94,2 94,6 Sudeste 3,4 95,2 95,3 Sul 3,2 91,2 94,2 Centro-Oeste 3,5 91,6 94,3

Fonte: Pnad – IBGE / Tabulação própria

Universalizar o acesso à Educação

Básica é o primeiro passo para

construir um sistema educacional de

qualidade para todos.

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A

s Metas do movimento Todos Pela Educação, representam um caso exemplar de resposta brasileira à iniciativa “Education for All” (Educação para Todos) proposta em 2000 pela ONU, em Dakar. O fato de o Governo Federal ter lançado iniciativa quase-homônima – a saber, o Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação - no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação, reflete sinergia especial entre esferas internacionais e nacionais, e dentro destas entre esferas públicas e da sociedade civil. Temos hoje um movimento permeando diferentes nações, mas que é especialmente denso no caso brasileiro por apontar metas e datas comuns de resultados educacionais por parte do Estado e da sociedade, culminando na véspera do aniversário da independência do Brasil, em 2021.

As Metas Educacionais fixadas em 2000, monitoradas desde então pela Unesco, são como qualquer conjunto de indicadores acompanhados em escala mundial, relativamente vagos a fim de acomodar especificidades de países em estágios de desenvolvimento educacional bem distintos. O grupo técni-co do Todos Pela Educação técni-conseguiu dar uma resposta brasileira à altura dos desafios educacionais mundiais e nacionais, tirando partido da riqueza de informações, de conhecimentos e de lideranças locais. O caso brasileiro é exemplar. O Global Monitoring Report da Unesco avaliou mais de 40 ex-periências mundiais e o caso do Brasil foi um dos quatro selecionados para publicação em revista especializada. Isto reflete, ao meu ver, este interessante alinhamento de ações externas e internas em curso, bem representado pelos adventos das metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e das 5 Metas do Todos Pela Educação. Agora como as duas pernas nacionais do tripé de metas educacionais, ou seja, o Ideb e as 5 Metas, se integram?

O meu trabalho aqui é falar da Meta 1 do Todos Pela Educação, referente à quase-universalização da freqüência ao ensino básico. Segundo a Meta 1, 98% dos alunos de 4 a 17 anos deverão estar na escola em 2021, mas seguindo trajetória consistente com este indicador desde agora. Os es-tudos de desenho de mecanismo para orientar a gestão de políticas públicas tendem a privilegiar metas-fim em detrimento das chamadas metas-meio. Lembro-me em 1992 do meu professor de macroeconomia no doutorado à época, Ben Bernanke, falando de sua posição no debate em curso. Em sua opinião, o Banco Central não deveria traçar metas de juros, a variável-meio, mas sim metas de inflação, a variável-fim. Neste sentido, não seriam as metas de proficiência escolar aquelas que, ao fim e ao cabo, deveriam ser monitoradas? Por que monitorar variáveis-meio como freqüência e fluxo escolares? Esta é a pergunta central a ser respondida aqui. A Meta 1 é uma espécie de elo perdido entre a avaliação e os sem escola, fornecendo à sociedade insumos fundamentais para medir os resultados efetivamente alcançados a partir de medições de proficiência escolar. A Meta 1 é de fundamental importância instrumental, não apenas no processo educacional, mas para se avaliar o significado das variáveis-fim obtidas.

Sem escola, nem avaliação

Marcelo Neri

[ARTIGO]

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A Meta 1 talvez seja, no conjunto de compromissos do Todos pela Educação, a que mais complemente o Ideb, o produto mais nobre do Plano de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação. O Ideb procura, através da tensão embutida no produto de indicadores de fluxo e de performance, sintetizar em um único número os desafios educacionais locais e nacionais. Isto é, se os gestores edu-cacionais optarem por facilitar a aprovação dos alunos que estão na escola, cresce o indicador de fluxo, mas cai o de aprendizado. E vice-versa, ou seja, se o critério de aprovação for mais restritivo, perde-se no fluxo mas ganha-se na nota média de proficiência auferida. O objetivo é não permitir aos gesto-res atalhos que apenas maquiem a performance educacional efetiva dos alunos. Neste caso, o uso da variável-meio, o fluxo, torna mais consistente a medição da variável-fim, o aprendizado.

Similarmente, se o objetivo é maximizar o Ideb, os gestores podem optar por manter fora do sistema de ensino um grupo de alunos, de forma a ocultar tanto o fluxo com a proficiência dos alunos mais pobres, que naturalmente apresentam piores fluxos e proficiências prospectivas esperadas. Neste sentido, a Meta 1 adiciona importante pressão ao Ideb, de forma a impedir atitudes oportunistas da pior espécie pelos gestores: manter os alunos mais pobres fora da escola, a fim de não contaminar os progressos medidos em indicadores de proficiência. A sociedade poderá acompanhar, por meio das metas de universalização do Todos Pela Educação, quem de fato está sendo avaliado.

Num mundo ideal, o aprendizado das crianças, adolescentes e jovens seria, ao fim e ao cabo, o que deveria ser monitorado. Entretanto, como as provas avaliam não o volume de conhecimento obtido em idades específicas, mas alunos freqüentando séries específicas, o Ideb transforma a variável fluxo em uma variável-fim em si mesma. Isto é, ela procura corrigir a nota de aprendizado pelo fluxo de repetência. A limitação do Ideb é a de avaliar apenas os alunos que estão na escola, não conseguindo por construção captar os que estão fora da escola. Uma possível justificativa para esta limitação é que o Ideb pode, dessa forma, ser calculado em nível de cada escola e das redes de ensino, responsa-bilizando gestores públicos e privados. No fundo, podemos encarar a Meta 1 de acesso do Todos Pela Educação como aquela que trata de uma terceira perna da rede educacional: os que estão fora da escola. Nesta perspectiva, o objetivo final da Meta 1 seria incorporar ao quadro de acompanhamento da sociedade aqueles sem escola, nem avaliação.

MARCELO CÔRTES NERIé chefe do Centro de Políticas Sociais (CPS), vinculado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. Ministra aulas na graduação e mestrado da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas, o único com grau máximo de avaliação, segundo a Capes. É Ph.D em Economia pela Universidade de Princeton, mestre e bacharel em Economia pela PUC-Rio. Atuou como pesquisador da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA. As suas principais áreas de trabalho são bem-estar social, trabalho e microeconometria. E-mail: mcneri@fgv.br)

Este artigo reflete a opinião do autor, e não necessariamente a do Todos Pela Educação.

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Onde queremos chegar?

É consenso que lugar de criança é na escola. Fre-qüentar a escola é importante para a socialização dos indivíduos, entretanto não é suficiente para o bom desenvolvimento das competências cogniti-vas necessárias a uma boa formação intelectual. É preciso aprender na escola o conteúdo adequado a cada série escolar para obter melhor qualificação e, assim, formar jovens que possam exercer sua cida-dania, melhorar futuramente suas chances no mer-cado de trabalho e sua qualidade de vida.

Para aprender os conteúdos apropriados a cada série é essencial que a criança seja alfabetizada na idade correta. Sem ler e escrever ao final da 2ª série (ou 3º ano) do Ensino Fundamental (sendo que a ida-de aida-dequada para essa série é ida-de 8 anos), fica difícil a assimilação do conteúdo exigido

da criança posteriormente. Ainda que aprenda a parte do conteúdo apresentada oralmente, é quase impossível se assimilar de fato o que aprendeu. Além disso, a con-vivência entre crianças que chegam aos oito anos sem estarem alfabeti-zadas e outras que já lêem e escre-vem tende a elevar essa desigualdade,

que se torna cada vez mais difícil de ser compensada em um sistema de ensino regular.

Assim, para que estejam aptas ao bom desen-volvimento futuro, a segunda meta definida pelo mo-vimento Todos Pela Educação propõe que “até 2010, 80% ou mais, e até 2022, 100% das crianças apresen-tem as habilidades básicas de leitura e escrita até o final da 2ª série (ou 3º ano) do Ensino Fundamental”, sendo que a idade adequada para essa série é de 8 anos.

Para acompanhar como tem evoluído essa questão no Brasil, ainda não existe um indicador adequado. Algumas iniciativas estão em

desenvol-vimento e, enquanto não trouxerem informações su-ficientes, analisaremos o que existe em termos de indicadores de alfabetização que possam nos forne-cer alguma orientação sobre o tema.

Como está a

alfabetização no Brasil?

Existem, no Brasil, importantes informações rela-tivas à evolução da alfabetização. Entretanto, elas não são ideais para o adequado acompanhamento da Meta 2, pois não avaliam, por meio de testes na-cionais, padronizados, sistematicamente coletados e divulgados, que permitam comparações e sejam oriundos de instituições com

credi-bilidade, como está a alfabetização das crianças.

No caso do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) do Ins-tituto Paulo Montenegro, testes práticos são aplicados para aferir a capacidade de leitura e escrita1

de amostras representativas da popu-lação brasileira de 15 anos ou mais, po-rém não é possível identificar a idade em que se deu o processo de alfabetização, ou seja, não se sabe o percentual de brasileiros que já estava alfa-betizado ao completar 8 anos.

No caso dos dados coletados pela Pnad (Pes-quisa Nacional por Amostra de Domicílios), a informa-ção referente à capacidade de ler e escrever de cada pessoa é declarada e não testada, ou seja, quem res-ponde à entrevista julga e informa se os residentes do domicílio sabem ler e escrever. A partir dos dados da Pnad, entretanto, pode-se fazer uma análise da evo-lução da alfabetização ao longo dos anos, em torno da idade-foco da Meta 2, ou seja, 8 anos.

Meta 2:

Toda criança plenamente

alfabetizada até os 8 anos

1 O Inaf contempla, ainda, uma avaliação de capacidade de realizar cálculos matemáticos.

Para aprender os conteúdos

apropriados a cada série

é essencial que a criança

seja alfabetizada na

idade correta

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22 | M E T A 2 : T O D A C R I A N Ç A P L E N A M E N T E A L F A B E T I Z A D A A T É O S 8 A N O S

GRÁFICO 2.1. Evolução da Taxa de Alfabetização aos 8 anos por Região e Brasil

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

Brasil Norte urbano Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

94 81 91 48 69 75 95 86 92 52 70 78 95 91 94 64 76 83 96 92 95 68 82 85 96 93 94 70 84 86 96 93 95 71 84 86 95 94 95 76 85 88

(*) Nos dados para o Brasil e para a Região Norte foi desconsiderada a zona rural da Região Norte.

Fonte: Fonte: Pnad-IBGE/Elaboração própria

Entre as crianças de 8 anos de idade, a taxa de alfabetização vem crescendo ao longo das últi-mas décadas. No Brasil, há 25 anos, eram 57% de-clarados alfabetizados nessa idade, em 1995, 75%. Em 2007, atingiu-se 88%. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, a taxa chegou a cerca de 95%, en-quanto nas regiões Norte e Nordeste apresentam, respectivamente, 85% e 76% de alfabetizados aos 8 anos2. A diferença demonstra grande disparidade

de oportunidades entre as regiões brasileiras.

GRÁFICO 2.2. Evolução da Taxa de Alfabetização aos 8 anos para zonas urbana e rural (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 Rural sem N Urbana

83 85 89 89 90 90 90 49 66 69 55 67 69 76

(*) Foi desconsiderada a zona rural da Região Norte.

Fonte: Pnad-IBGE/Elaboração própria.

2 A taxa de alfabetização aos 8 anos na Região Norte do Brasil, em 2007, incluindo a zona rural, é de 84,64%, segundo dados da Pnad-IBGE. No caso do Brasil, a taxa de alfabe-tização é 90,36% e, sem a zona rural da região Norte, tem-se 90,73%, em 2007.

3 A taxa de alfabetização aos 8 anos na zona rural do Brasil, em 2007, incluindo a Região Norte, é de 80,09%, segundo dados da Pnad-IBGE 4 Entre 15 e 60 anos a taxa de alfabetização é de 92.08% entre os homens e de 93,63% entre as mulheres, conforme a Pnad 2007.

Observamos, no gráfico 2.2, a evolução das taxas de alfabetização aos 8 anos, nos últimos 12 anos, para as zonas urbana e rural. Na zona ur-bana, já atingimos uma taxa de 93% de crianças declaradas alfabetizadas aos 8 anos. Na zona rural, porém, encontramos uma grande dificuldade a ser enfrentada, já que quase um quarto das crianças nessa idade não sabe ler e escrever, apesar do grande avanço3 observado entre 1995 e 2007.

Outra análise importante a ser feita refere-se à diferença persistente entre a taxa de alfabetização de meninos e meninas. Conforme observamos no gráfico 2.3, aos 8 anos já se observa uma diferença na taxa de alfabetização favorável às meninas, que se mantém por todas as faixas etárias4. Isso indica

que a perda que se dá nessa idade dificilmente será recuperada. No gráfico, observa-se, ainda, que a di-ferença pode ser observada ao longo da série histó-rica, ou seja, nesse período não é possível dizer que medidas especiais, preocupadas com essa desigual-dade, tenham sido tomadas em favor dos meninos, de forma a conhecer as causas dessa diferença e a combatê-las ou compensá-las.

Apresentamos, então, nos gráficos abaixo, uma série histórica da taxa de alfabetização para o período

entre 1995 e 2007, calculada com base na informa-ção declarada a respeito das crianças de 8 anos.

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23

GRÁFICO 2.3. Evolução da Taxa de Alfabetização aos 8 anos por Sexo (%)

100 80 60 40 20 0 1995 1999 2003 2007 Homens Mulheres 72 82 84 86 77 85 88 90

Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria.

Outros agrupamentos que merecem atenção especial referem-se às diferenças de cor e de gru-po de escolaridade da mãe. Analisando o gráfico 2.4, vemos que, desde 1995, a proporção de alfa-betizados é sempre maior entre o grupo de brancos (brancos e amarelos) do que no grupo de não-bran-cos (pretos, pardos e indígenas). No entanto, vale destacar que a taxa de crescimento da proporção de alfabetizados é bem mais alta no último grupo que no primeiro, fazendo com que a diferença ve-nha se reduzindo nas últimas décadas.

GRÁFICO 2.4. Evolução da Taxa de Alfabetização aos 8 anos por Cor (%)

100 80 60 40 20 0 1995 1999 2003 2007 Brancos Não-brancos 88 92 92 93 61 75 80 84

Fonte: Pnad-IBGE/Tabulação própria.

O mesmo ocorre quando analisamos a dife-rença das taxas de alfabetização entre os grupos de escolaridade da mãe. Para essa análise, dividimos as crianças de 8 anos em cinco grupos de escola-ridade da mãe: sem instrução; 4ª série completa; 8ª série completa, Ensino Médio completo e Ensino Superior completo, conforme apresentado no grá-fico 2.5.

GRÁFICO 2.5. Evolução da Taxa de Alfabetização aos 8 anos por faixa de escolaridade da mãe (%)

120 100 80 60 40 20 0 1995 1999 2003 2007

Sem Instrução 4ª Série 8ª Série E. Médio E. Superior

97 100 96 100 96 99 97 99

90 97 94 93

84 89 89 89

42

58 61 60

Como nos demais casos, o aumento da taxa de alfabetização ocorreu em todos os grupos, po-rém, foi bastante acentuado nos grupos que apre-sentavam, no início do período, as menores taxas. Como exemplo, notamos que, em 1995, a taxa de alfabetização entre os filhos de mães sem instru-ção correspondia à metade da taxa daqueles cujas mães tinham quatro anos de escolaridade, e 66% dessa taxa em 2007.

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24 | M E T A 2 : T O D A C R I A N Ç A P L E N A M E N T E A L F A B E T I Z A D A A T É O S 8 A N O S

O que há de novo?

Como foi dito anteriormente, ainda não temos

um indicador adequado para o acompanhamento nacional,

regional, estadual e municipal da Meta 2.

Os dados utilizados na seção anterior são resul-tantes da declaração dada pelos entrevistados na Pnad, pesquisa domiciliar anual do IBGE, em uma questão sobre a capacidade de leitura e escrita dos moradores do domicílio visitado.

Diferentemente desse indicador, sujeito a cri-térios subjetivos de julgamento, o ideal seria avaliar o estágio do processo de alfabetização em que se encontram as crianças aos oito anos, por meio de instrumento apropriado de avaliação da alfabetiza-ção. Idealmente, esse indicador nacional deve ser simples sem ser simplista, ser sistematicamente coletado e divulgado, ser comparável e oriundo de instituições com credibilidade.

Instrumentos de verificação da alfabetização na idade/série correta – nacionais, estaduais, muni-cipais – podem se mostrar extremamente relevan-tes para que cada dirigente comprometido com a melhoria da qualidade da Educação em sua rede de ensino conheça as possíveis falhas na qualidade da alfabetização e tenha tempo de agir para reverter as condições, no caso de verificação de desempe-nho aquém do desejável.

É preciso que gestores educacionais estejam atentos às ferramentas disponíveis para fazerem o acompanhamento da alfabetização das crianças. Além das iniciativas regionais, no início de 2008, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais ‘Anísio Teixeira’ – Ministério da Educação (Inep/MEC), disponibilizou às secretarias munici-pais e estaduais de Educação a Provinha Brasil, um instrumento de avaliação da alfabetização para que cada rede pudesse aplicá-lo e analisar seus pró-prios resultados com base nas orientações e parâ-metros sugeridos.

Esse instrumento tem como principal finalida-de trazer informações para professores, escolas e dirigentes, apontando as falhas e os sucessos no processo de alfabetização. Talvez por isso, ainda

não tenha se mostrado útil para o acompanhamen-to da Meta 2, já que não foi divulgado, até este mo-mento, um resultado médio nacional, regional e es-tadual que seja comparável ao longo do tempo.

E agora?

Nesta segunda parte do acompanhamento das Metas

do Todos Pela Educação, buscamos esclarecer a importância

da Meta 2, apresentar as informações que temos disponíveis

para analisar a evolução da alfabetização aos 8 anos e em que

grupos podem estar os maiores avanços e os piores gargalos.

Primeiramente, devemos destacar a necessidade de se ter indicadores que mostrem como está a al-fabetização no País, nas regiões, estados e muni-cípios, comparáveis entre si e ao longo do tempo. Isso possibilitaria o acompanhamento dessa fase fundamental da aprendizagem, apontando o que deve ser corrigido nas etapas que a antecedem e o que será preciso fazer nos anos seguintes para superar as dificuldades apresentadas sem com-prometer o aprendizado contínuo no restante da vida escolar.

Utilizando-nos das informações existentes até o momento, observamos que alguns grupos de crianças de determinadas características podem ser destacados como focos de atenção especial para buscar melhorias na alfabetização. Esses gru-pos coincidem com aqueles já reconhecidamente menos favorecidos da sociedade brasileira, como as crianças residentes na zona rural do país; nas re-giões Norte e Nordeste; as indígenas ou de cor pre-ta e parda; e aquelas que estão em famílias cujas mães não tiveram escolaridade.

É necessário que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até os 8 anos de idade para que, dessa forma, estejam aptas a evoluir nas etapas seguintes de aprendizagem.

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A

Meta 2 do movimento Todos Pela Educação diz respeito à alfabetização e define que “até 2010, 80% ou mais, e até 2022, 100% das crianças deverão apresentar as habilidades básicas de leitura e escrita até o final da 2a série (ou 3o ano) do Ensino Fundamental”. Ou seja, que até 2022 todas as crianças brasileiras estejam plenamente alfabetizadas, saibam ler, escrever e entender textos simples. Isso é muito mais que simplesmente saber escrever e ler o próprio nome.

Para analisar como está a alfabetização das crianças brasileiras, vale primeiramente entender as mudanças pelas quais a Educação Básica passa atualmente. Nos últimos anos, o sistema educacio-nal brasileiro vem ampliando o Ensino Fundamental (EF) de 8 para 9 anos, incorporando uma série inicial a esse nível de ensino. A mudança resultou em uma nomenclatura de difícil compreensão, ao chamar essa série inicial de 1º ano e fazendo a seguinte correspondência com o EF de 8 anos: 1ª série/2º ano, 2ª série/3º ano até 8ª série/9º ano. Essa confusão de série/ano só deve desaparecer a partir de 2010 quando, por lei, todas as escolas já deverão ter adotado o EF de 9 anos.

A idade escolar correta para a 2ª série/3º ano do EF é de 8 anos e, em um sistema de ensino de qualidade, a criança deveria estar plenamente alfabetizada ao final desta série/ano. A idade escolar é definida pela Comissão Técnica do Todos Pela Educação como anos completos em 30 de junho. Para acompanhar essa meta é necessária a criação de um mecanismo de avaliação nacional, ainda não disponível, que consiga mensurar como está a alfabetização das crianças ao final da 2a série/3o ano. No momento, na ausência de um indicador adequado, esse autor opta por considerar duas medidas. A primeira é o percentual de crianças de 8 anos declaradas alfabetizadas, pelos informantes aos questionários das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) e dos Censos Demo-gráficos, ao responderem a pergunta “Sabe ler e escrever?” para cada membro de seus domicílios. A Pnad é realizada em setembro e a resposta do informante refere-se àquele mês. Logo, está se cap-tando a percepção do informante sobre a alfabetização das crianças de 8 anos a cerca de 2 meses do final do ano letivo. No final da 2ª série/3º ano, isso não é problema, mas talvez o fosse se a série/ ano considerada fosse a anterior - ou seja, ao final da 1ª série/2º ano.

A segunda medida é o percentual de crianças de 9 anos (sem atraso escolar) que já concluíram a 2ª série/3º ano do EF, indicador obtido também a partir das Pnads. Essa é uma medida natural, pois, em um sistema de ensino de qualidade, a conclusão da 2ª série/3º ano do EF deveria ser garantia de plena alfabetização.

O cumprimento da Meta 2 implica que os percentuais dessas duas medidas têm que chegar a pelo menos 80% em 2010 e 100% em 2022.

Alfabetização

Ruben Klein

[ARTIGO]

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