CONSELHOS DE DIREITOS E CONSELHOS
GESTORES DE POLÍTICAS SOCIAIS
Miracema, 26 de janeiro de 2019. Rosane Bernardete Brochier Kist
I Origem dos conselhos
II Conselhos de Direitos e Conselhos
Gestores de Políticas Sociais
III Atribuições dos conselheiros
IV Possibilidades e limites
CONSELHOS DE DIREITOS E CONSELHOS
GESTORES DE POLÍTICAS SOCIAIS
Rosane Bernardete Brochier Kist
I. Origem dos conselhos
Identifica-se pelo menos três tipos de conselhos criados no século XX no Brasil:
Conselhos comunitários (1960-1980): criados pelo poder executivo para mediar as relações com os movimentos e as
organizações populares;
Conselhos Populares (1970-1980): constituídos pelos
movimentos da sociedade civil nas relações de negociações com o poder público.
Conselho dos Representantes (1989-2000): criados em São Paulo,
o âmbito das subprefeituras.
Rosane Bernardete Brochier Kist
II. Conselhos de Direitos e
Conselhos Gestores de Políticas
Sociais
Intensifica-se o debate sobre as politicas públicas (corte social): padrão histórico de definição das politicas (seletivo, fragmentado, excludente, setorizado) x necessidade da democratização dos processos decisórios (definição de prioridades/modo de gestão)
Redefinição relações: democratização x representação de interesses populares nas decisões politicas
Constituição Federal de 1988
-Constituição Federal/1988: busca de novos espaços de
participação da sociedade civil e a definição de instrumentos ativadores da publicização das politicas sociais.
- Estratégia privilegiada
que possibilita a transferência de parcelas do poder do Estado para a sociedade civil organizada.
- Uma das principais inovações democráticas.
- Constructo institucional que se opõe à tendência clientelista, patrimonialista e autoritária do Estado brasileiro.
* Composição paritária (sociedade civil e governo)
* Natureza deliberativa (com exceção de alguns)
* Mecanismo de controle social sobre ação estatal
Conselhos de Direitos e Conselhos
Gestores de Políticas Sociais
São canais importantes de participação coletiva e de criação de novas relações políticas entre governos e cidadãos:
- Criação de espaços de debate
- Proposição de alternativas de políticas públicas - Estabelecimento de mecanismos de negociação e pactuação
- Inserção na lógica burocrática estatal para transformá-la - Controle socializado das ações e deliberações
governamentais
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Conselhos de Direitos e Conselhos
Gestores de Políticas Sociais
A paridade e a representatividade
- Inexistência de critérios que garantam uma efetiva igualdade de condições entre os participantes
- Indicação para que o mandato dos conselheiros não coincida com o mandato dos dirigentes e prefeitos (períodos eleitorais distintos)
- A paridade não é apenas uma questão numérica, mas consiste na garantia de condições efetivas e igualdade no acesso e compreensão das informações:
a) Os membros do governo trabalham nas atividades do conselho durante o período remunerado do horário de trabalho
b) Possuem acesso aos dados e informações e infraestrutura de suporte administrativo
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A paridade e a representatividade
c) Estão habituados com a linguagem tecnocrática
d) Inexistência de cursos de capacitação para todos conselheiros (visão geral da politica e da administração)
e) Falta de parâmetros que fortaleçam a interlocução entre os representantes da sociedade civil e os representantes do governo
f) Necessidade de compreender o espaço da politica para poder fiscalizar e propor politica
g) Atuação e articulação com outras áreas ou Conselhos da Administração Pública
* Assistência Social;
* Direitos da criança e do adolescente; * Saúde.
Todos têm a atribuição de formular ou de propor políticas públicas, supervisionar e avaliar políticas, fiscalizá-las,
enfim, controlá-las no seu âmbito temático.
Conselhos de constituição obrigatória
para repasses de verbas federais
Conselhos Gestores de Políticas
“Têm por objetivo gerenciar um equipamento, uma área da
administração pública, como são os conselhos da assistência social ou os conselhos de saúde” (DEBERT; OLIVEIRA, 2013, p. 132).
Conselhos de Direitos
“Espaço criado para a articulação da representatividade da sociedade em sua diversidade, de autonomia para deliberar e definir diretrizes de políticas sociais, fiscalizar serviços e
atendimentos de entidades públicas e privadas” (DEBERT; OLIVEIRA, 2013, p. 132).
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Os Conselhos de Direitos e os Conselhos
Gestores de Políticas Sociais
-Acesso da sociedade civil aos processos que
informam as decisões da sociedade política.
-Possibilidade de participação da sociedade civil
organizada na formulação e revisão de regras
(sociedade política) e a fiscalização das decisões
através de regras pactuadas.
A participação é um exercício de aprendizagem
constante e que supõe a criação ou fortalecimento de
relações democráticas de reconhecimento da cidadania
do outro como cidadão, em todos os níveis.
Supõe, sem dúvida, a eliminação da subalternidade de
muitos e do mando arbitrário de poucos através de
um processo de de participação popular.
Rosane Bernardete Brochier Kist
Estas atribuições devem ser seguidas tendo-se em
vista a concretização dos princípios e dispositivos
definidos na Constituição Federal:
- deliberar políticas,
- controlar as ações,
- influir no orçamento,
além do seu papel intrínseco de promoção e defesa
dos direitos.
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Atribuições prioritárias dos conselhos de direitos e de gestores de políticas sociais
- Deliberar sobre formulação de estratégia e controle da execução da política nacional.
- Acompanhar a execução do plano nacional.
- Estabelecer diretrizes para o funcionamento da política pública e manifestar-se a respeito.
- Propor a convocação e organizar conferências nacionais,
ordinariamente, e, extraordinariamente, quando o conselho assim deliberar.
- Assessorar o órgão legislativo no diagnóstico dos problemas, opinar e acompanhar a elaboração de leis federais, estaduais e municipais.
- Analisar e emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da legislação correspondente.
- Zelar pela efetiva implantação, implementação, defesa e promoção dos direitos da pessoa.
Exemplos de atribuições conferidas aos
conselhos nacionais, estaduais e municipais
- Receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições, denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, quando ocorrer ameaça ou violação de direitos,
assegurados nas leis e na Constituição Federal, exigindo a adoção de medidas efetivas de proteção e reparação.
- Criar comissões técnicas para discussão de temas específicos e apresentação de sugestões destinadas a subsidiar decisões das respectivas áreas.
- Convocar e organizar as Conferências.
- Propor políticas públicas, campanhas de sensibilização e de conscientização e/ou programas educativos, a serem
desenvolvidos por órgãos estaduais e/ou em parceria com entidades da sociedade civil.
- Articular-se com o outros Conselhos e órgãos colegiados afins. - Participar ativamente da elaboração da Lei Orçamentária do município;
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Exemplos de atribuições conferidas aos
conselhos nacionais, estaduais e municipais
- Zelar para que o percentual de dotação orçamentária destinado à construção de uma Política seja compatível com as reais
necessidades de atendimento.
- Controlar a execução das políticas, tomando providências
administrativas quando o Município ou o Estado não oferecerem os programas de atendimento necessários, acionando o Ministério
Público caso as providências administrativas não funcionem.
- Estabelecer normas, orientar e proceder ao registro das entidades governamentais e não-governamentais de atendimento em suas áreas de atuação.
- Divulgar os direitos e os mecanismos de sua exigibilidade.
- Fiscalizar os programas desenvolvidos com os recursos do Fundo.
Exemplos de atribuições conferidas aos
As funções dos(as) conselheiros(as) estão definidas em
leis, resoluções, que legislam a respeito dos conselhos
de direitos em suas várias áreas de atuação.
Destacam-se a seguir algumas das principais funções
dos conselheiros e das conselheiras especificadas em
legislação específica.
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- Representar e defender os direitos individuais e coletivos da população usuária das políticas
nacionais/estaduais/municipais e do controle social. - Dialogar permanentemente com os representados, estabelecendo canais de comunicação e deliberação. - Representar o conselho em situações previstas na sua legislação, contribuir com a promoção, a defesa dos
direitos humanos e direitos de cidadania, participar da agenda sobre a Política Nacional, Estadual e Municipal.
Participar das atividades do Conselho, reuniões plenárias,
grupos de trabalho e comissões, desenvolvendo, com
responsabilidade e presteza, todos as atribuições que lhes forem designadas.
Debater e votar a matéria em discussão e contribuir para a
manutenção do espaço do Conselho como esfera de debate e diálogo, etapa imprescindível para uma deliberação
consciente.
Proferir declarações de voto e mencioná-las em ata,
declarando suas posições contrárias por escrito.
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Apreciar as atas das reuniões.
Solicitar informações, providências e esclarecimentos ao relator, às comissões permanentes e temáticas, à mesa e ao órgão encarregado dos serviços de secretaria executiva.
Apresentar relatórios e pareceres dentro dos prazos fixados.
Participar de comissões permanentes e temáticas com direito a voto. Propor a criação e dissolução de comissões temáticas.
Executar atividades que lhes forem atribuídas pelo plenário.
Agir com respeito e dignidade, observadas as normas de conduta social e da Administração Pública.
Zelar pelo patrimônio do Conselho. Rosane Bernardete Brochier Kist
Zelar pela autonomia dos conselhos, não
permitindo subalternidade de suas deliberações
à gestão de governos, de entidades ou de
corporações em particular.
Eleger os membros que compõem a presidência
(presidente/a, secretários/as, coordenadores/as
de comissões) entre seus pares.
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Manter diálogo com outros conselhos de gestão de
políticas públicas.
Propor políticas articuladas e ações integradas
com os demais conselhos.
Conhecer os programas e serviços existentes
visando a integração do atendimento.
Articulação das políticas e integração das ações
com outros conselhos
Zelar para o aprofundamento do sistema
descentralizado e participativo da política
dos conselhos de direitos.
Exercer o controle social sobre a Política
Nacional, Estadual e Municipal de sua
área e sobre suas ações.
Rosane Bernardete Brochier Kist
Influir na Política para garantia dos direitos, em todos os níveis
Zelar pela ética, transparência e honestidade, atuando
sempre em defesa do coletivo e jamais em favorecimento próprio.
Defender o caráter público da política de sua área,
entendida como proteção social a ser prestada por
órgãos governamentais e por entidades de assistência social a todos que dela necessitarem.
Manter vigilância para que o Conselho cuide da
aplicação dos direitos, direcionando a discussão para o cumprimento da proteção social para as diversas esferas dos poderes públicos e entidades de defesa de direitos.
Ter postura Ética e de Defesa dos interesses
Garantir a informação e a
divulgação das discussões do
conselho e de suas deliberações.
Rosane Bernardete Brochier Kist
Estudar e conhecer a realidade dos representados.
Estabelecer diálogo permanente com a sociedade
civil organizada e com os fóruns de representação
política.
Contribuir para a efetiva participação da
população usuária nas decisões do conselho,
buscando metodologia, forma e linguagem
adequada.
Garantir a informação e a divulgação
ampla dos benefícios, serviços,
programas e projetos da política de
sua área, bem como dos recursos
oferecidos pelo Poder Público e dos
critérios para sua concessão.
Rosane Bernardete Brochier Kist
Manter relação com os Fóruns da
Sociedade Civil e instituições públicas
no âmbito das esferas administrativas.
Fortalecer os espaços de articulação da
sociedade civil
Rosane Bernardete Brochier Kist
- A centralização do poder nas mãos do executivo: fragilização da autonomia dos Conselhos diante das condições que os governos reúnem para interferir, neutralizar ou mesmo minar suas ações e decisões
Exemplos: sonegação de informações (orçamento e decisões governamentais), nomeação dos representantes da
sociedade civil sem a mediação de processo eleitoral democrático, mudanças unilaterais e manipulação nas
regras da eleição, cooptação de conselheiros, imposição da presidência... ….)
- Repensar a própria dinâmica da participação e da representação nos conselhos;
- A heterogeneidade dos atores e das concepções ídeo-políticas;
- Fragmentação de interesses e demandas;
- Deslocamento do debate substantivo da política social para a luta por interesses corporativistas: dificulta a
construção de alianças estratégicas e processos de pactuação em torno de pautas coletivas.
Rosane Bernardete Brochier Kist
- Qualificação dos conselheiros para incorporar novas competências políticas, éticas e técnicas: desempenho do papel de representação política no espaço público;
- Repensar a representação dos usuários e investir nas articulações com os movimentos e associações populares (auto-organização e auto-representação);
- Evitar o vazio de representação própria dos usuários, das suas associações e formas autônomas de organização: todos falam em nome dos usuários, mas eles comparecem no
espaço público através da carência e de uma espécie de
substituísmo por entidades e organizações que lhe roubam a
fala e a presença autônoma.
- Da democracia e do Estado Democrático de Direito.
- Da cidadania, enquanto garantia de direitos civis, políticos e sociais a toda a população brasileira, bem como de acesso
universal a serviços públicos, de direito à organização autônoma e de “direito a ter direito”.
- Da justiça, equidade e liberdade, dos direitos humanos e da autonomia de todos os indivíduos.
- Da distribuição de renda e da universalidade de acesso às políticas sociais.
- Da diversidade social, de raça / etnia, de gênero e,
consequentemente, do combate a toda forma de preconceito. - Da gestão democrática e do controle social das políticas
sociais.
Rosane Bernardete Brochier Kist
Para cumprir seu papel e atingir seus objetivos os conselheiros e as conselheiras devem, em sua prática, afirmar a defesa
- Segurança e maturidade em suas decisões.
- Conhecimento da legislação e do seu papel, o que
possibilita maior segurança para lidar com situações
adversas.
A promoção e a garantia dos direitos humanos nas
comunidades depende do grau de comprometimento
dos conselheiros associado ao conhecimento de suas
atribuições como membro do conselho.
Rosane Bernardete Brochier Kist
https://www.youtube.com/watch?v=twg9SCt76UE Juntos fazemos mais e
Algumas questões
1. Qual a relação entre os conselhos e o
processo de implementação e execução das
políticas públicas?
2. Que estratégias nós, como Igreja, podemos
adotar a partir da comunidade para que haja
a efetivação das políticas públicas e a
garantia dos direitos da população?
Rosane Bernardete Brochier Kist
DEBERT, Guita Grin; OLIVEIRA, Glaucia da Silva Destro. Os Conselhos e as Narrativas sobre a Velhice. In: BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Dez anos do Conselho Nacional dos Direitos do
Idoso: repertórios e implicações de um processo democrático. Brasília: Secretaria
de Direitos Humanos, 2013, p. 117-144.
GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Participação Sociopolítica. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e gestão pública. São Leopoldo: Ciências Sociais Unisinos, 2006. Disponível em:
<http://redalyc.uaemex.mx/pdf/938/93842101.pdf>. Acesso em: ago. 2012.
RAICHELIS, Raquel. Democratizar a gestão das Políticas Sociais: Um desafio a ser enfrentado pela Sociedade Civil. Disponível em:
<http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto1-4.pdf>. Acesso em: ago. 2012.
SIMIONATTO, Ivete. Reforma do Estado e Políticas Públicas: Implicações para a Sociedade Civil e para a profissão. Disponível em:
<http://www.portalsocial.ufsc.br/crise_estado.pdf>. Acesso em: ago. 2012.
TATAGIBA, Luciana. Os Conselhos Gestores e a Democratização das Políticas Públicas no Brasil. In: DAGNINO, Evelina (Org). Sociedade Civil e Espaços
Públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 47-103.
Referências
MUITO OBRIGADA!!
Rosane Bernardete Brochier Kist Fone: (51) 99872-5124
E-mail: rosanekist2009@hotmail.com