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Vida de Fotógrafo. Sebastian Rojas. 46 Fotografe Melhor n o 169

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Vida de Fotógrafo

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esde garoto, Sebastian Rojas já se ligava aos assuntos do mar. Adorava “pegar jacaré” e brincar com “planonda” (aquelas pran-chinhas de isopor) nas ondas de Santos, litoral de São Paulo. Aos 16 anos, comprou uma prancha de surfe para, então, dedicar-se de vez ao esporte radical essen-cialmente litorâneo. O impulso para a profissão veio quando, movido por seu gosto pelas ar-tes, participou de alguns cursos

de fotografia e começou a regis-trar amigos surfistas. Com uma Nikonos III à mão (antigo mo-delo da Nikon para fotos aquá-ticas), ele uniu duas paixões: a fotografia e o surfe. “No início, foi difícil deixar de surfar para fotografar. Mas acabei desen-volvendo uma satisfação enorme em interagir com os surfistas e fazer imagens que me inspira-vam a seguir ainda adiante”, conta Sebastian.

Há 25 anos na área, Sebá,

como é conhecido entre os bro

-thers, é um dos fotógrafos de

surfe mais renomados do Brasil. Tem parceria com a revista Fluir, na qual fez mais de 100 capas, e colabora com várias outras pu-blicações internacionais espe-cializadas no esporte. Por muitos anos manteve uma loja de foto-grafia no Guarujá (SP), onde mora e tem família, amigos, clientes e muitos admiradores. Assim como surfistas em busca das ondas perfeitas, o fotógrafo POR DIEGO MENEGHETTI

Aprecie o trabalho de Sebastian Rojas, um dos maiores

entre os grandes fotógrafos especializados neste esporte

imagens

de surfe

Uma carreira dedicada às

Especialista em imagens feitas de dentro da água, Sebastian Rojas consegue fotos com ângulos arrojados

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tem a possibilidade de viajar para os principais locais de surfe do mundo, os chamados surf spots. Anualmente, Sebá passa tempo-radas trabalhando no Havaí (ain-da considerado o templo maior na área) e na Indonésia. O pas-saporte dele ainda registra diver-sas viagens para Austrália, Peru, Chile, México, Estados Unidos e países da África e também da Europa. A entrevista para a

Fo-tografe, inclusive, foi dada logo

após sua chegada da última estada em Java, um dos principais des-tinos turísticos dentre as mais de 17 mil ilhas da Indonésia.

“O estilo de vida do fotógrafo de surfe é muito variado e os pro-fissionais que fazem as duas mo-dalidades de fotos – dentro e fora da água – precisam estar sempre antenados com as condições da natureza. Procuro locais em que eu possa produzir bem nos dois tipos de imagens, o que demanda maior empenho do fotógrafo. Hoje em dia, a Indonésia tem sido um terreno bem fértil nesse as-pecto”, comenta.

Para Sebá, a profissão pode ser considerada um esporte ra-dical que envolve técnica foto-gráfica apurada e altos riscos, dependendo do lugar de onde se fotografa. Ele explica que existem, basicamente, dois tipos de fotos: aquelas feitas com o fotógrafo dentro do mar, junto aos surfistas, ou as registradas a partir da praia, com o uso de teleobjetivas e tripé.

As cenas fotografadas de dentro da água exigem um maior preparo físico e o fotó-grafo precisa saber nadar muito bem. Sebá conta que o equipa-mento mínimo para esta moda-lidade é uma caixa-estanque com comandos precisos e uma câmera que faça pelo menos oi-to fooi-tos por segundo. Ele expli-Além de domínio da

câmera, o fotógrafo de surfe precisa ter preparo físico e saber nadar muito bem

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Vida de Fotógrafo

ca que, na água, as maiores di-ficuldades são superar as cor-rentezas e a arrebentação, e con-seguir se manter ágil para chegar rapidamente aos lugares onde os surfistas fazem as manobras mais radicais. “Dentro da água, as dificuldades são bem maiores. Mas os ângulos fotografados trazem maior impacto visual”, diz ele. Para Sebá, a caixa-estanque (que, com a câ-mera, pesa cerca de 5 kg) não chega a ser um problema, pois ela bóia. A maior preocupação é o trabalho das pernas e dos pés, com nadadeiras, que pre-cisam sempre estar em

movi-mento para manter o corpo na superfície da água: na hora da foto, os braços não podem ba-lançar e o fotógrafo precisa estar o mais alto possível em relação ao nível do mar, para que a ma-rola não fique à sua frente.

Ele usa atualmente uma Ca-non EOS 1D Mark III e uma EOS 7D, com uma lente olho de peixe 10-17 mm para ondas tubulares e uma meia tele 70-200 mm para fotografar as ondas mais cheias e as manobras à meia distância. To-das as lentes com o autofoco ati-vado, um recurso que, segundo ele, ajuda muito.

Já as imagens feitas da areia precisam de teleobjetivas poten-tes. No conjunto de lentes de Sebá figura a poderosa 600 mm f/4, que pesa quase dez quilos e custa

por volta de US$ 10 mil. “O in-vestimento é maior se o fotógrafo quiser ter o melhor que existe em tecnologia. Em contrapartida, da areia o profissional fica mais apto a capturar quase tudo que acon-tece no mar. O volume de fotos é bem maior e perde-se pouco do que o surfista faz”, afirma.

No conjunto de lentes, Sebá tem à disposição ainda uma 50 mm, uma zoom 17-40 mm e uma intermediária 24-105 mm. “Acredito que é o suficiente para fazer boas imagens em qualquer condição”, diz.

Aloha, novatos

A fotografia de surfe, assim como a própria prática do es-porte, depende muito das con-dições climáticas do momento.

Investir em bons

equipamentos é um

dos requisitos para

ter sucesso nesta

área da fotografia

Crianças da Ilha de Bali, na Indonésia, região que reúne vários locais com ondas perfeitas para a prática do surfe, como a Praia de Uluwatu

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Dentro ou fora da água, seja em mares ou em rios, Sebastian Rojas registra a vida dos esportistas em busca das melhores ondas, como o surfista Guga Arruda (acima) pegando onda na pororoca; abaixo, uma das fotos feitas com teleobjetiva a partir da areia da praia

Fo to s: S eb as tia n R oj as

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Vida de Fotógrafo

É preciso ter paciência para es-perar que os ventos formem on-das boas e ainda que haja sol su-ficiente para iluminar a cena. “Esta é a parte mais estressante do processo. Somos pescadores de imagens e nem sempre o mar está para peixe”, brinca Sebá.

Para o fotógrafo, há locais mais propícios para a foto de surfe, mas existem ondas per-feitas no mundo todo, seja no Havaí ou mesmo no Guarujá. Com a técnica na ponta dos de-dos, conseguir uma boa foto, portanto, chega a ser uma ques-tão de sorte de estar no lugar certo e na hora certa.

“A fotografia de surfe sofreu um pouco de desgaste quando o digital entrou. De repente, muitas pessoas se achavam capazes de sair por aí fotografando surfe, mas não tinham experiência e não sabiam lidar com o mercado editorial ou publicitário. Troca-vam fotos por equipamentos,

vendiam imagens por baixos va-lores, cediam-nas em troca de crédito... Isso mexeu um pouco com todo o meio. Mas vejo que muitos ficaram para trás e hoje existem pessoas talentosas se des-tacando em revistas especializa-das”, analisa.

Dentre tantos aspectos con-vidativos, como viagens inter-nacionais, praias, gente bonita e muito contato com a natureza, uma questão se apresenta: dá para viver da foto de surfe? “Is-so depende de cada um, da ha-bilidade ou da necessidade de consumo de cada pessoa. Digo que não dá para viver da foto-grafia de surfe se você tem uma família, filhos para sustentar, a menos que tenha uma atividade paralela que componha a renda. O mercado publicitário não va-loriza muito o fotógrafo e é pre-ciso ser talentoso também para negociar bem os trabalhos”, avalia Sebá.

Além de um esporte, o surfe é visto como um estilo de vida, tanto para os surfistas quanto para os profissionais da área, como Sebá (abaixo)

Pa ul o B ar et ta

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Da areia, Sebá registra o surfe praticado na Praia de Bingin, em Bali, na Indonésia Fo to s: S eb as tia n R oj as

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Vida de Fotógrafo

Boas ondas

Fotografar de dentro da água e conseguir boas imagens envolve algumas técnicas que precisam ser dominadas, porque além de ajustar e disparar a câmera, o fo-tógrafo precisa manter-se no mar, em meio às ondas e aos surfistas. Sebá explica que, de forma geral, a técnica fotográfica envolve ajus-tes manuais de velocidade e aber-tura por meio de comandos ex-ternos da caixa-estanque, de acor-do com a luz acor-do momento. “Para congelar o assunto devidamente, procuro usar velocidades de ob-turador que variam entre 1/800s e 1/2000s, com aberturas entre f/4 e f/8, dependendo da sensibi-lidade ISO que esteja usando. O que constantemente procuro ex-plorar são os ângulos: tento

trans-mitir a visão que o surfista tem de dentro para fora do tubo”, diz.

Para conseguir isso, o fotó-grafo precisa ter uma percepção apurada do movimento e da ve-locidade com que a onda se apro-xima e arremessa a crista em sua direção. “Tento ficar dentro da onda, ao mesmo tempo em que tenho que estar concentrado na trajetória que o surfista faz. Tudo isso acontece em alta velocidade e ainda tenho que ficar fora da rota de colisão com ambos e apto a fazer a foto sem esquecer que o menor movimento do punho pode gerar uma imagem total-mente inusitada, ou arruiná-la. Além disso, é importante fazer a foto de preferência sem nenhu-ma gota de água na frente da len-te”, ensina Sebá.

Como as fotos de dentro da água necessitam de objetivas olho de peixe, as distâncias entre fotógrafo, surfista e o local onde a onda quebra chegam a ser mui-to próximas. Sebá trabalha em um raio de ação de até dois me-tros e meio. Há ocasiões em que ele se posiciona a centímetros do surfista. “A busca dos profis-sionais por ângulos cada vez mais inusitados aumentou ver-tiginosamente nos últimos qua-tro anos. O posicionamento se tornou crítico e mais perigoso, pois as melhores ondas e mais tubulares quase sempre que-bram em bancadas rasas de co-rais e um erro pode acabar em tragédia”, diz.

Ele mesmo passou por maus bocados, como certa vez em Além de formar

ondas ideais para o surfe, devido às bancadas de corais, o Havaí já rendeu à Sebastian Rojas belas fotos subaquáticas... Fo to s: S eb as tia n R oj as

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North Shore (região do Havaí em que se formam as maiores e mais perigosas ondas) em que, após fotografar por algumas ho-ras dentro do mar, uma série de ondas o jogou contra um recife de corais. Sebá bateu a cabeça e ficou desacordado por alguns segundos, debaixo da água.

“Para ser um bom fotógrafo aquático é preciso ser um bom e persistente leitor de ondas e, para isso, é preciso tempo e ex-periência. Quem é perseverante sempre pescará o seu momento. Há dias que a gente pesca o pei-xe grande e vira capa”, aponta.

Aprender a nadar

A experiência de Sebastian Rojas com fotografia de surfe pro-porcionou a ele a chance de

de-senvolver workshops temáticos, nos quais ensina como trabalhar a captura de imagens aquáticas e terrestres. Há cerca de três anos, o fotógrafo intercala as viagens internacionais com os cursos, que ocorrem geralmente nas praias do Rio de Janeiro. Durante três dias de aulas teóricas e práticas, os alunos levam equipamentos próprios (fotográfico e aquático, como nadadeiras e roupa de lycra ou neoprene), mas há possibili-dade de usar máquinas e objetivas fornecidas pelo fotógrafo.

“Passo experiências muito reais e técnicas avançadas para os alunos conseguirem resultados rápidos e precisos. No primeiro dia do curso, há uma aula teórica de fotografia. Ensino como ler a luz corretamente e como fazer a

exposição fotográfica. Dou dicas importantes e mostro as técnicas que desenvolvi em todos esses anos”, comenta.

Para Sebá, o fotógrafo que puder comprar equipamentos de ponta e viajar para os lugares onde os melhores surfistas se en-contram consegue abocanhar uma fatia maior do mercado.

“Os novos profissionais pre-cisam ser sempre criativos e bus-car incessantemente novos ân-gulos, se manter atualizados no trabalho de outros fotógrafos nacionais e internacionais, além de terem em mente que o inves-timento em equipamento nunca tem fim, assim como a necessi-dade de viagens aos destinos mais importantes do nosso meio”, finaliza.

... nas quais, além de técnica e agilidade com a caixa-estanque, o fotógrafo precisa ter preparo físico para registrar cenas inusitadas

Referências

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