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Cultivo de alface biofortificada e sua introdução na alimentação de alunos de escolas de Monte Carmelo-MG RESUMO . PALAVRAS-CHAVE:

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0231

Cultivo de alface biofortificada e sua introdução na alimentação de

alunos de escolas de Monte Carmelo-MG

Renan Zampiroli1, Ana Carolina Silva Siquieroli1, Luciano Mateus Luiz Rodrigues1, Gabriel Mascarenhas Maciel1, Edmar Isaias de Melo1, Tatiane Melo de Lima1

1 UFU – Universidade Federal de Uberlândia. Rua Goiás 2000, 38500-000, Monte Carmelo-MG.

renanzampiroli5@gmail.com; carolsiquieroli@ingeb.ufu.br; lucianorodrigues55@gmail.com; gabrielmaciel@iciag.ufu.br; emelo@iqufu.ufu.br; tatianelima@iciag.ufu.br

RESUMO

A biofortificação de alimentos aspira diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar através do aumento dos teores de micronutrientes na dieta da população mais carente. Consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas. Em 1981 foram iniciadas pesquisas para melhoramento genético de hortaliças ricas em vitamina A, obtendo, dentre outras, uma cultivar de alface denominada Uberlândia 10.000, com 10.200 unidades internacionais (UI) de vitamina A em 100 gramas de folha fresca. Este trabalho teve como objetivo o cultivo de alface biofortificada e sua introdução na alimentação de alunos de escolas municipais de Monte Carmelo-MG. O cultivo de alface biofortificada foi realizado no Setor de Olericultura e Experimentação (SOE) no município de Monte Carmelo-MG. As sementes produzidas foram então utilizadas nos trabalhos com 75 crianças de 5 anos de idade frequentadoras de escolas municipais, as quais foram assessoradas por alunos do Curso de Graduação em Agronomia, UFU – Campus de Monte Carmelo. Durante as atividades com as crianças foi observado um grande interesse em compreender como é realizado o plantio da alface. Os dados coletados por meio de questionários demonstraram resultados satisfatórios em relação ao plantio das sementes de alface distribuídas entre as crianças já que em 67,6% dos casos as mesmas foram plantadas em suas residências. Em 55,9% dos casos as mudas de alface desenvolveram sendo que destas, 52,6% das plantas foram colhidas e 47,4% das crianças consumiram esta hortaliça, alcançando o objetivo proposto neste trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa L., biofortificação, alimentação infantil. ABSTRACT

Biofortified lettuce cultivation and its introduction in the diet of students from schools in Monte Carmelo-MG

The biofortification of food aspires to reduce malnutrition and ensure greater food security through increased levels of micronutrients in the diet of the poor population. 1981 were initiated searches for breeding vegetables rich in vitamin A obtaining of

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0232 lettuce Uberlândia 10,000 with 10,200 international units (IU) of vitamin A in 100 grams of fresh leaf. This study aimed the biofortified lettuce cultivation and its introduction in the diet of students from public schools in Monte Carmelo-MG. The experiments was conducted by the Division of Vegetable Crops and Experimentation (SOE) in Monte Carmelo - MG. The seeds were then used in the work with 75 children with 5 years old attending the public schools and have been advised by students of Undergraduate Agronomy – UFU/ Monte Carmelo. During activities with children was observed a great interest in understanding how the planting of lettuce is performed. The data collected through questionnaires demonstrated satisfactory results regarding the planting of lettuce seeds distributed among children since in 67.6 % of cases they have been planted in their residences. In 55.9 % of cases the lettuce seedlings developed and of these, 52.6 % of the plants were harvested and 47.4 % of children consumed this herb, reaching the goal proposed in this work.

Keywords: Lactuca sativa L., biofortification, infant feeding

Estima-se que 2 bilhões de pessoas no mundo sofram de deficiência de micronutrientes. Estudos indicam que uma em cada três pessoas do mundo seja afetada pela deficiência de vitamina A, ferro ou iodo. Pessoas residentes em áreas de baixo nível sócio-econômico, no meio rural ou urbano, são deficientes marginais em micronutrientes, ficando impossibilitados de alcançar seu potencial de desenvolvimento físico e mental. Manifestações clínicas dessa carência incluem resposta imunológica diminuída, cegueira, retardo mental e anemia (Laurenti, 2004). Há relatos que cerca de 250.000 a 500.000 crianças são atingidas por uma das manifestações da falta de vitamina A, a xeroftalmia, e como consequência desta a cegueira irreversível (UNICEF, 1998; Souza

et al., 2007). A alimentação e nutrição são fundamentais para o desenvolvimento

humano e devem ser inseridas em um contexto de ações integradas, voltadas para a prevenção e a promoção da saúde e de modos de vida saudáveis (UNICEF, 1998). O Ministério da Saúde visa implementar políticas de correção da desnutrição na população brasileira, através de megadoses de vitamina A e suplementos de sulfato ferroso, fortificação de alimentos, adição de iodo ao sal de cozinha entre outros. No Brasil, onze unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em parceria com HarvestPlus e AgroSalud (consórcios de pesquisa que atuam na

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0233 América Latina, África e Ásia) dirigem o projeto BioFORT para a obtenção de alimentos com maior teor nutricional. O BioFORT é o projeto responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil que aspira diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar através do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente. A biofortificação consiste em um programa de melhoramento genético convencional e trabalha com alimentos básicos como arroz, feijão, milho, mandioca, feijão-caupi, batata-doce, abóbora e trigo. A estratégia atual para combater a desnutrição nos países em desenvolvimento tem como enfoque o fornecimento de suplementos vitamínicos e minerais para mulheres grávidas e crianças, além da fortificação de alimentos. A biofortificação ataca a raiz do problema da desnutrição, tem como alvo a população mais necessitada, utiliza mecanismos de distribuição já existentes, é cientificamente viável e efetiva em termos de custos, além de complementar outras intervenções em andamento para o controle da deficiência de micronutrientes. É, em suma, um primeiro passo essencial que possibilitará que famílias carentes melhorem de uma maneira sustentável, sua nutrição e saúde (Rede BioFORT, 2013).

Kerr e colaboradores, da Universidade Federal de Uberlândia, iniciaram em 1981 pesquisas focadas no melhoramento genético de hortaliças ricas em vitamina A, obtendo, dentre outras, uma cultivar de alface denominada Uberlândia 10.000, com 10.200 unidades internacionais (UI) de vitamina A em 100 gramas de folha fresca, ao passo que as demais cultivares apresentam no máximo 4.500 UI (Souza et al., 2007). Dentro deste contexto, a Universidade Federal de Uberlândia está contribuindo para a incorporação de alimentos biofortificados nas escolas e creches municipais de Monte Carmelo. Neste cenário, o presente estudo teve como objetivo a produção de alface biofortificada e sua introdução na alimentação de alunos de escolas municipais de Monte Carmelo-MG.

MATERIAL E MÉTODOS

O cultivo de alface biofortificada foi realizado sob estufa plástica com cobertura em arco e dimensões de 15 x 30 m, dispostas na direção norte-sul localizado no Setor de Olericultura e Experimentação (SOE) (altitude 873 m, 18º42’43,19”S e 47º29'55,8” W), no município de Monte Carmelo-MG.

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0234 As sementes da cultivar Uberlândia 10.000 foram cedidas pelo Prof. Warwick Estevam Kerr da Universidade Federal de Uberlândia. As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno, com 200 células, preenchidas com o substrato comercial. Decorridos 35 dias após o semeio, as mudas foram transplantadas para vasos de 5 litros contendo substrato comercial a base de fibra de coco. As irrigações foram realizadas igualmente, conforme necessidade das plantas (Figura 1).

A escola Municipal Solon Cardoso em Monte Carmelo – MG foi selecionada para a oficina de plantio da alface biofortificada. Durante a oficina as crianças foram incentivadas a plantar em copos plásticos preenchidos por substrato as sementes de alface (Uberlândia 10.000) biofortificada coletadas no Setor de Olericultura e Experimentação (SOE). Durante o plantio os alunos da Universidade Federal de Uberlândia explicaram todos os passos do processo incluindo o correto manuseio do substrato, a quantidade de sementes a ser utilizada e a correta forma de irrigação. Assim que as crianças finalizaram o plantio os alunos explicaram como as mesmas deveriam fazer o transplantio das mudas para o solo ou vasos e como é a forma correta de manuseio destas mudas. Ao término da oficina as crianças receberam sementes de alface para serem levadas para casa com o intuito de incentivarem seus familiares a cultivarem a alface biofortificada e a introdução deste cultivar, rico em vitamina A na alimentação das crianças e toda a família (Figura 2).

Quarenta dias após a oficina os alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia retornaram a escola Solon Cardoso para avaliação dos resultados. Para coleta destes dados foi utilizado um questionário o qual foi entregue aos pais dos alunos que participaram da oficina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A alface biofortificada (Uberlândia 10.000) mostrou-se ser de fácil cultivo adaptando-se muito bem às condições de temperatura e umidade do município de Monte Carmelo-MG. O tempo médio para produção de sementes foi de 150 dias, sendo possível a coleta de 469g de sementes as quais foram distribuídas entre as crianças participantes do projeto.

Durante a oficina foi observado um grande interesse das crianças em compreender como é realizado o plantio da alface. Além das crianças o corpo docente também se mostrou bastante interessado e colaborou intensivamente durante as atividades. A oficina contou

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0235 com a participação de 75 crianças de 5 anos de idade as quais foram assessoradas por 5 alunos do Curso de Graduação em Agronomia, da Universidade Federal de Uberlândia – Campus de Monte Carmelo.

A avaliação dos resultados coletados com o questionário (Tabela 1) demonstraram que em uma grande porcentagem dos casos (73,5%) as sementes plantadas durante a oficina germinaram, sendo que 50% das famílias transplantaram as mudas para vasos ou canteiros. Estes resultados demonstram que através dos conhecimentos e materiais adquiridos na oficina as crianças atuaram como multiplicadoras e disseminadoras da alface biofortificada.

Com relação às sementes de alface que foram distribuídas, também foram obtidos resultados satisfatórios. De acordo com o questionário em 67,6% dos casos as mesmas foram plantadas em suas residências. Em 55,9% dos casos as mudas de alface desenvolveram sendo que destas, 52,6% das plantas foram colhidas e 47,4% das crianças consumiram esta hortaliça, alcançando o objetivo proposto neste trabalho. Outro ponto relevante foi o envolvimento das famílias. Esse suporte foi fundamental para que o objetivo fosse alcançado, uma vez que o cultivo e produção ocorreu nas residências sob supervisão e auxílio dos familiares. Nesse sentido as crianças atuaram como multiplicadoras das informações/orientações adquiridas, disseminadoras das sementes biofortificadas e a família foi responsável por produzir e inserir a alface biofortificado em sua alimentação resgatando esta importante tradição denominada hortas domésticas.

Esses resultados indicam que esta ação incrementou alimentos de melhor qualidade nutricional na mesa de grande parte das crianças que fizeram parte da oficina. E de maneira indireta também contribuiu com a segurança alimentar de diversas famílias do município de Monte Carmelo.

Assim, pode-se concluir que a biofortificação apresenta-se como uma estratégia complementar no controle da deficiência de nutrientes importantes no desenvolvimento físico e cognitivo de crianças e adolescentes, sendo que a educação alimentar associada ao desenvolvimento de produtos nutricionalmente melhorados pode contribuir no aumento do consumo desses micronutrientes.

AGRADECIMENTOS

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0236 REFERÊNCIAS

LAURENTI R. 2004. Deficiência de vitaminas e de minerais afeta um terço da população mundial. Rev.Assoc. Med. Brás 50: 236-237.

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. UNICEF. 1998. Situação Mundial da Infância. A Nutrição em Foco. [S.I; s.n]. 131 p.

REDE BioFORT. Disponível em: < http://www.biofort.com.br>. Acessado em 05 maio de 2013.

SOUZA, C.S. BONETTI, A.M.; GOULART FILHO, L.R.; MACHADO, J.R.A.; LONDE, L.N.; BAFFI, M.A.; RAMOS, R.G.; VIEIRA, C.U.; KERR, W.E. 2007. Divergência genética entre genótipos de alface por meio de marcadores AFLP.

Bragantia 66: 11-16.

Tabela 1: Avaliação dos dados coletados por meio de questionário realizado com os pais dos alunos que participaram das atividades (Evaluation of the data collected through a questionnaire conducted with parents of students who participated in the activities). Universidade Federal de Uberlândia, Campus de Monte Carmelo-MG, 2014.

QUESTIONAMENTO SIM (%) NÃO (%) NÃO RESPONDEU

(%)

1) Seu filho(a) levou para casa um copinho descartável com substrato

e sementes de alface já plantadas? 97,1 2,9 0

2) Houve germinação das sementes plantadas no copinho descartável

com substrato? 73,5 26,5 0

3) Houve transferência da muda de alface do copinho descartável

para um canteiro ou vaso? 50,0 50,0 0

4) Seu filho(a) levou para casa um saquinho com as sementes de

alface biofortificadas, com altos teores de vitamina A? 100,0 0,0 0

5) As sementes de alface enviadas no saquinho foram plantadas? 67,6 32,4 0

6) Você vai continuar a plantar a alface biofortificada ? 79,4 14,7 5,9

7) As mudas de alface morreram? 41,2 55,9 2,9

8) Os pés de alface foram colhidos? 42,1 52,6 5,3

9) A alface biofortificada foi utilizada na alimentação de seu filho(a)? 47,4 47,4 5,3

10) A alface biofortificada foi utilizada na alimentação de sua

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Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S0237 Figura 1: Cultivo da alface biofortificada Uberlândia 10.000 no Setor de Olericultura e Experimentação (SOE) no município de Monte Carmelo-MG (Growing biofortified lettuce Uberlândia 10.000 in Sector Horticulture and Experimentation (SOE) in Monte Carmelo-MG). Universidade Federal de Uberlândia, Campus de Monte Carmelo-MG, 2014.

Figura 2: Atividades desenvolvidas com alunos da escola Municipal Solon Cardoso em Monte Carmelo-MG (Activities developed with students of municipal schools Solon Cardoso in Monte Carmelo-MG). Universidade Federal de Uberlândia, Campus de Monte Carmelo-MG, 2014.

Referências

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