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Cultura livre no Ambiente da Rede: a Mídia Escrita e os Direitos Autorais

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Academic year: 2021

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Cultura livre no Ambiente da Rede: a Mídia Escrita e os

Direitos Autorais

Amanda Victor de Araujo

Graduanda – Pedagogia - UFMG Hector Lucas Silva Graduando – Eng Mecânica - UFMG Janaína Pereira da silva Graduanda – Pedagogia - UFMG Kênia da Silva Pimentel Graduanda – Pedagogia - UFMG Lídia Flávia de Souza Graduanda – Pedagogia - UFMG

RESUMO: A Produção Intelectual e Direito Autoral é tema de debate internacional.

Trata-se basicamente de discutir questões econômicas, sociais e culturais da propriedade dessa produção que é compartilhada e que circula em massa na rede. Contudo esse artigo faz uma breve reflexão sobre a liberdade de acesso, reprodução e compartilhamento de conteúdos em mídia escrita na web. A quem caberá de fato o domínio e propriedade?

PALAVRAS-CHAVE: Propriedade, Mídia Escrita, Compartilhamento e Soberania.

Introdução

O surgimento das novas tecnologias na sociedade líquida traz consigo características muito particulares como a imprevisibilidade, o desengajamento, o desapego e a liberdade. “A “modernidade líquida” de Bauman é aquela em que as lealdades a crenças e grupos de pertença esfumam-se no contexto das transformações socioculturais e dos novos dilemas da globalização. ”(GADEA, 2007) Em acelerada evolução a sociedade tecno-científico-informacional (SANTOS), se revela em um novo modelo de capitalismo, onde a velocidade e a informação são moedas de troca entre as partes.

Nesse novo mundo, a revolução tecnológica está ligada diretamente à informática; e a internet é o principal meio de transporte de mercadorias, sobretudo as informações, através do que chamamos Mídia Escrita.

Porém, tratar a informação como mercadoria impõe alguns conflitos com a lógica capitalista, pois a informação em ambiente virtual é abundante e seu uso não acarreta diminuição de estoques e sim potencializa sua disseminação. Como monetarizar a produção intelectual no ambiente de rede se em vez de linhas de montagem, estoques e produtos sempre acabados, temos um processo de produção

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que permite que todos participem e colaborem e que tudo que se faz nunca está acabado? Nesse contexto surgem os commons que são produtos de propriedade considerados bens comuns, ou seja, livres de restrições de acesso, reprodução e compartilhamento.

A Mídia Escrita e os Direitos Autorais

Para impedir o movimento da cultura livre o capital desenvolve artifícios de repressão. Os principais são os copyrights – as patentes. Quando não enquadradas nesses dispositivos as práticas de livre acesso e compartilhamento de produtos informacionais são julgadas na ilegalidade, como pirataria. Assim a propriedade intelectual aparece como dispositivo para gerar valor monetário gerando uma escassez artificial desses produtos, mantendo o monopólio e garantindo os lucros de poucos.

No ambiente virtual um dos grandes focos hoje é a facilidade que essas tecnologias passam a oferecer aos cidadãos, uma vez que conversar com uma pessoa que está a milhares de quilômetros de distância deixa de se tornar empecilho, onde a rapidez e agilidade se tornam características essenciais, e os

corpos se tornam ciborgues e tudo passa a ser disponível e compartilhado na rede. Diante dessa contextualização nos propomos refletir a respeito das

questões envolvidas no compartilhamento da produção escrita, estabelecendo um diálogo entre o direito autoral e a cultura livre.

A cultura livre é um conceito nascido com a era digital, que considera que todo conhecimento deve ser livre, possibilitando seu compartilhamento, distribuição, cópia e uso, preservando as autorias em licenças livres os commons. (LAWRENCE, 2004).

O problema dos direitos autorais transcende ao advento da internet. De acordo com Martins (1998) o problema surge com o aparecimento dos tipos móveis, atribuídos a Guttemberg pelos idos do século XV que industrializa e populariza a forma escrita. Já em 1662 temos notícias de lei que regulamenta a cópia de livros (Licensing Act) e em 1790 Copyright Act, ambos na Inglaterra.

Alguns países já dispõem de instrumentos de combate à cultura livre. Sobretudo destacam-se os norte-americanos SOPA e PIPA. O objetivo de tais leis é

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Em conjunto essas leis podem irromper em situações inusitadas e ameaçadoras. Isso porque em teoria, é aceitável combater a pirataria porém, o alcance das leis vai muito além disso. Afetarão não somente os sites norte-americanos, como também todos os sites hospedados em servidores situados no território americano.

É indiscutível a soberania de um país, no entanto a internet acontece muito além de suas fronteiras e essas leis pretendem o mesmo. Segundo Demi Getschko, do CGI, comitê gestor de internet, no Brasil, “essa legislação afeta a rede de uma forma inadequada, porque primeiro tira o site do ar para depois julgar se ele cometeu algum crime”.

O grande temor dos internautas é que as leis americanas sirvam de precedentes para decisões similares em outros países. “Se as pessoas não derem atenção ao problema, ele gera uma cadeia de outras ações com a mesma intenção em outros países do mundo”, diz Getschko. Como resultado, governos de outros países poderiam criar uma legislação semelhante e restringir ainda mais a livre circulação da informação na internet.

Segundo especialistas, o risco de uma lei como SOPA e PIPA surgir para regular a pirataria online no Brasil é mínimo. O governo inclusive discute a aprovação de um projeto de lei que garanta a neutralidade da rede e outros direitos dos brasileiros ao usar a internet no País – o Marco Civil da Internet – legislação que prevê a garantia da liberdade de expressão por meio da web, proteção aos dados pessoais e à privacidade dos internautas. Sendo aprovado, o Marco Civil preveniria o Brasil contra novas legislações que possam ferir seus princípios.

Considerações Finais

Muitos são os rumores de que com o advento das novas tecnologias on-line, o livro impresso perderia seu espaço, e não demoraria a acabar. A internet chega com seus e-books e outras facilidades de leitura como um furacão: já é possível acessar, on-line, clássicos da literatura de qualquer parte do planeta. Umberto Eco, escritor e semiólogo italiano e principal defensor do livro escrito nos

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Ao ser interrogado sobre sua resistência ao uso da internet para leitura de livros, o escritor nos diz:

Sou colecionador de livros. (...) O livro ainda é o meio ideal para aprender. Não precisa de eletricidade, e você pode riscar à vontade. Mesmo assim, acho que os tablets e e-books servem como auxiliares de leitura. São mais para entretenimento que para estudo. Gosto de riscar, anotar e interferir nas páginas de um livro. Isso ainda não é possível fazer num tablet.

O principal defensor do livro impresso se rendeu a nova tecnologia, apesar de não a aprovar incondicionalmente. De forma dual, o autor nos diz de seu encantamento e resistência ao novo meio, mostrando sua paixão pelo livro impresso, mas defendendo a praticidade do armazenamento digital.

O que dizer então dos mais pessimistas que garantem que a escola irá acabar em detrimento da nova tecnologia? O prof. Rodiney Marcelo defende que esta relação “deve ser explorado como ferramenta de interlocução entre professor e aluno no processo que deveria ter um formato somativo a prática docente, no que se refere a metodologia, objetivos e conteúdos.”(MARCELO, 2013)

E o que inferem estas disposições, em nossa proposta de trabalho? Ao que aferimos, a maior parte dos trabalhos acadêmicos atuais seja de qual modalidade for é pesquisado pela internet, pela mídia virtual, mesmo que seja para indicar a mídia escrita, o livro – isso quando não o encontramos on-line ou para baixar. E como ficaria citações e trechos para pesquisa, ou até mesmo a obra completa, para acesso virtual se aprovado as leis de regulação dos meios virtuais?

Contudo,se adaptar aos novos consumidores é o grande desafio das empresas do mercado editorial. O surgimento dos computadores e impressoras pessoais mudou a relação dos usuários em relação aos livros. Os novos dispositivos de interação entre editoras e consumidores também entram nessa conta, como os livros eletrônicos. Portanto uma legislação que acompanhe essas mudanças é importante. Mas seria importante também uma mudança das editoras/autores em relação aos consumidores.

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Referências Bibliográficas

ANTOUN Henrique – ‘A internet tem que ser mantida como um lugar comum,

um lugar de produção e distribuição do comum’. Entrevista concedida a Patricia

Fachin site Adital

http://www.adital.com.br/site/noticia_imp.asp?lang=PT&img=S&cod=64226 acessado em 19/05/13

BAUMAN, Zygmunt. Tempo/Espaço. In: BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 107-149.

ECO Umberto, Umberto Eco: "O excesso de informação provoca amnésia" entrevista concedida a Luís Antônio Giron publicada na Revista Época - acesso http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2011/12/umberto-eco-o-excesso-de-informacao-provoca-amnesia.html - acessado em 19/05/13

GETSCHKO Demi. Entrevista “O presente e o futuro da Internet”. Publicado por Vladimir Pezzole em 14 de março de 2013. Disponível em:

http://vladimirhipermidia.wordpress.com/2013/03/14/entrevista-com-demi-getschko/ acesso em 17/05/13

GETSCHKO, Demi. E fez-se a rede. Disponível em:

http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/8-15.pdf. acesso em 16/05/13

GOMES Marco - Controle da mídia, MegaUpload, SOPA, PIPA, Anonymous… e

você com isso? -

http://marcogomes.com/blog/2012/controle-da-midia-megaupload-sopa-pipa-anonymous-e-voce-com-isso/ - acessado em 18/05/13

HARVEY, David. Modernidade e modernismo; Pós-modernismo. In: HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 18. Ed. São Paulo: Loyola, 2009. P. 21-67.

LAWRENCE, L. Cultura Livre. 2004. Disponível em:

http://softwarelivre.org/samadeu/lawrence-lessig-cultura-livre.pdf.

LEMOS, André. Cibercultura. Alguns Pontos para compreender a nossa época. In: LEMOS, A.; CUNHA, P. (Orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003. pp. 11-23.

MARCELO Rodiney in Mídia Impressa, Mídia Sonora e Mídia Audio-Visual: Reconstruindo Nossa Prática Pedagógica, disponível em Portal Brasil Escola http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/midia-impressa-midia-sonora-midia-audiovisual-reconstruindo-.htm, acesso em 19/05/13

MARTINS FILHO, Plínio. Direitos autorais na Internet. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, p. 183-188, 1998. – disponível em http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n2/martins.pdf, acesso 19/05/13

Referências

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