w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
de
atualizac¸ão
Para
que
a
primeira
fratura
seja
a
última
Bernardo
Stolnicki
a,∗e
Lindomar
Guimarães
Oliveira
a,baSetordeDoenc¸asOsteometabólicas,Servic¸odeOrtopedia,HospitalFederaldeIpanema,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
bDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeGoiás,Goiânia,GO,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem30demarçode2015
Aceitoem31demarçode2015
On-lineem9deoutubrode2015
Palavras-chave:
Osteoporose
Fraturasósseas
Fraturasporosteoporose
r
e
s
u
m
o
Oaumentodalongevidadefazcomqueaprogressãodonúmerodefraturassejacadavez
maisexpressiva.Aocorrênciadafraturadoquadril,pelasuaaltataxademortalidadee
morbidadeepeloaltocustodetratamento,éomaisimportantemarcadordaefetividadeno
tratamentodaosteoporose.Empaísesesistemasque,especialmentenaúltimadécada,vêm
investindonaprevenc¸ãodaosteoporoseedesuasconsequências,onúmerodefraturasdo
quadrilvemdiminuindo.Oqueelestêmemcomuméaprevenc¸ãosecundáriadefraturas,
ouseja,evitarafraturaseguinte.Vistoquemetadedospacientesquetiveramumafratura
doquadrilteveumafraturapréviaequeostratamentosdisponíveisprovaramser
extrema-menteeficientesparadiminuirfraturassubsequentes,boapartedasfraturasdequadrilé
evitável.Énessecenárioqueoortopedistadesempenhaumpapelpreponderante.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora
Ltda.Todososdireitosreservados.
For
the
first
fracture
to
be
the
last
Keywords:
Osteoporosis
Fractures,bone
Osteoporoticfractures
a
b
s
t
r
a
c
t
Increasedlongevityhasmadeprogressioninthenumberoffracturesincreasingly
signifi-cant.Becausehipfracturesgiverisetohighmorbidityandmortalityratesandhavehigh
treatmentcosts,theiroccurrenceisthemostimportantmarkerofeffectivenessinrelation
toosteoporosistreatment.Incountriesandsystemsthat,especiallyoverthelastdecade,
havebeeninvestinginpreventionofosteoporosisanditsconsequences,thenumberofhip
fractureshasbeendecreasing.Whatthesecountrieshaveincommonissecondary
pre-ventionoffractures,i.e.toavoidsubsequentfractures.Giventhathalfofthepatientswho
presenthipfractureshavehadapreviousfractureandthatthetreatmentsavailablehave
proventobeextremelyefficientfordecreasingsubsequentfractures,agoodproportionof
hipfracturesarepreventable.Itiswithinthisscenariothatorthopedistsplayaleadingrole.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora
Ltda.Allrightsreserved.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:stolnick@hotmail.com(B.Stolnicki).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.03.009
Introduc¸ão
Osteoporoseédefinidacomoumadoenc¸aósseacaracterizada
pelocomprometimentodaresistênciaósseaquepredispõea
umaumentodoriscodefratura.1,2
Afraturaporfragilidadeósseaéamaiorexpressãoclínica
dessadoenc¸a.
FraturaporfragilidadeédefinidapelaOrganizac¸ãoMundial
deSaúdecomo“umafraturacausadaporumtraumaqueseria
insuficienteparafraturarumossonormal,resultadodeuma
reduc¸ãodaresistênciacompressivaoutorsional”3
Dopontodevistaclínicopoderiaserdefinidacomouma
fraturaqueocorrecomooresultadodeumtraumamínimo,
comoumaquedadaprópriaalturaoumenorouportrauma
nãoidentificado.Asfraturasporfragilidadetípicasincluem
vértebras, fêmur proximal (quadril), rádio distal e úmero
proximal.4
Umafratura porfragilidade éoindicador maisfortede
riscodefuturafratura.Pacientesquetiveramumafraturaem
qualquersítiotêmaproximadamenteduasvezesoriscode
apresentar umafuturafratura emcomparac¸ãocom
indiví-duosquenuncativeramtallesão.Umpacientecomfratura
porbaixotraumadopunho,quadril,úmeroproximalou
tor-nozelo tem quase quatro vezes maior risco para fraturas
futuras.Pacientescomumafraturavertebralterãonovas
fra-turasvertebraisnoprazodetrêsanos,muitosjánoprimeiro
ano.5-7
Umpacientecomumafraturavertebraltemquasecinco
vezes mais risco de uma futura lesão semelhante e o
dobrodoriscoparafraturadoquadrileoutrasfraturasnão
vertebrais. Pacientes que sofreram fratura do punho têm
quaseduasvezes oriscorelativo deumafuturafratura do
quadril.5-7
Fraturassecundáriasocorremrapidamenteapósaprimeira
fratura.Oriscodefraturassubsequentesparecesermaior,logo
apósumafratura,especialmentenoprimeiroano.5-7
Pacientesquetiveramumafraturadoquadrilformamo
grupodemaiorriscoparafraturasfuturasedevemser
priori-zadosparaavaliac¸ãoeiníciodetratamentoparaevitaroutras
fraturassecundárias.8-10
Aocontrário doque sepossa imaginar,esses pacientes
podemsebeneficiarmuitodotratamento.11,12
Iniciativasparaevitarfraturassecundárias(subsequentes)
devem ser oferecidas a todo homem e mulher acima dos
50anosquetiveramfraturasporfragilidade,poisessas
fratu-raspodemprecederumafraturadoquadrilnocicloqueuma
fraturaconduzaoutra(“cascatafraturária”).13-15
Umafraturaporfragilidadeinicialéosuficientepara
reque-rerumaavaliac¸ãoqueincluimedic¸ãodadensidademineral
ósseacomavaliac¸ãodoriscodefraturaeiníciodetratamento,
senãohouveralgumacontraindicac¸ãoformal.16,17
Omaisaltoníveldeevidênciasdemonstraquea
osteopo-rosepodesertratadaedessaformadiminuiraprobabilidade
defuturasfraturas.17
Cercade50%detodososcasosdefraturadequadrilvêm
de 16%da populac¸ão feminina pós-menopausacom
histó-riadefratura.Prevenc¸ãosecundária,portanto,apresentauma
oportunidadeparainterviremcercademetadedetodosos
pacientesdefraturadequadril.18,19
O
impacto
das
fraturas
por
fragilidade
NoBrasil,o númerode pessoasquetêmadoenc¸a chegaa
10milhõeseosgastoscomotratamentoeaassistênciano
Sis-temaÚnicodeSaúde(SUS)sãoaltos.Sóem2010,oSUSgastou
aproximadamenteR$81milhõesparaaatenc¸ãoaopaciente
portadordeosteoporoseevítimadequedasefraturas.20
Asprojec¸õesestimamqueonúmerodefraturasdequadril
poranonoBrasil(em2010cercade121.700)devechegara
160milaté2050.21,22
EstudorecentedaClínicaMayodemonstrouqueentre2000
e2011houve4,9milhõesdehospitalizac¸õesporfraturas
oste-oporóticas,2,9milhõesporinfartoagudodomiocárdio(IAM),
trêsmilhõesporAVCe700milparacâncerdemama.Fraturas
osteoporóticassignificarammaisde40%dashospitalizac¸ões
nessesquatrodesfechos,assimcomootempode
permanên-ciahospitalar.Ocustohospitalarfoimaiorparaasfraturas
osteoporóticas(US$5,1bilhões),IAM(US$4,3bilhões),AVC
(US$3bilhões)ecâncerdemama(US$0,5bilhão).23
Tratamento
medicamentoso
Medicamentosparaotratamentodaosteoporosepodemser
divididosemdoisgrupos:1)Osinibidoresdareabsorc¸ãoóssea
queatuambloqueandoaac¸ãodososteoclastos.Sãoos
bisfos-fonatos,osSERMS(moduladoresdereceptoresdeestrógenos),
acalcitonina,osestrógenoseodenosumabe.2)Osativadores
daformac¸ãoósseaqueatuamcomoanabolizantes,
aumen-tamometabolismoósseo,compredomíniodeformac¸ãoóssea
porestimulac¸ãodososteoblastos.Sãoohormôniodas
para-tireoides (PTH), seu similar, a teriparatida, o hormônio do
crescimento(GH)eosmetabolitosativosdavitaminaD
(alfa-calcidolecalcitriol).
O ranelatode estrôncioapresenta duplomodode ac¸ão,
atuatantonainibic¸ãodareabsorc¸ãoquantonaestimulac¸ão
daformac¸ãoóssea.
Osbisfosfonatosreduzemasfraturasvertebraisenão
ver-tebraisde40a50%.Sãoindicadosemmulheresehomense
naosteoporosesecundáriainduzidaporcorticoides.24,25
Encontram-sedisponíveisporviaoraleinjetávelem
diver-sas posologias (uso diário, semanal, mensal, trimestral e
anual).
OraloxifenoéoSERMmaisusadoparaprevenc¸ãoe
trata-mentodaosteoporose.Emtrêsanosdeavaliac¸ãoemmulheres
comosteoporosehouveaumentodadensidademineralóssea
emcolunavertebralecolodofêmurcomreduc¸ãodoriscode
fraturavertebral.26,27
AcalcitoninaéapresentadaemspraynasalouSCparauso
diário.Demonstroureduc¸ãodefraturasvertebraisem36%dos
pacientes,semreduc¸ãodefraturasdoquadrilesem
signifi-cante alterac¸ãotantoda densidademineralósseacomodo
metabolismoósseo.28
Aterapiadereposic¸ãoestrogênicaéindicadaparao
trata-mentopreventivodaosteoporose.Éumaopc¸ãoquedeveter
seus riscosebenefíciosdiscutidosentreapacienteeoseu
ginecologista.29
Odenosumabe,umanticorpomonoclonal,reduziua
mulherespós-menopausadascomriscoelevadodefraturas.
Suaposologiacômoda(umaaplicac¸ãosubcutâneaacadaseis
meses)facilitaaadesãoaotratamento.30
OsmetabolitosativosdavitaminaD,calcitriole
alfacalci-dol,aumentamaabsorc¸ãodecálcio,podemterefeitodireto
nascélulasósseasetambémreduziraincidênciade
fratu-ras.OsderivadosativosdavitaminaDtêmsidoindicadosem
idososdebilitados,reclusos,poucoexpostosaosol,com
oste-oporosenadosede0,5mcg/dia.Osresultados emrelac¸ão à
prevenc¸ãodefraturasnãosãouniformes.Oalfacalcidolpode
diminuiramiopatiaconsequentedoenvelhecimento.31,32
A teriparatida (PTH) tem efeito anabólico, estimula a
reabsorc¸ãoeformac¸ão,atuanomecanismodeacoplamento
da remodelac¸ãoóssea, promovegrandesganhos de massa
óssea,diminuioriscodefraturasvertebraisenãovertebrais,
aumentaamassaósseaemvértebras,fêmurecorpototal.
Seuuso éseguro ebemtoleradotanto parahomenscomo
paramulheres.Indicadoemosteoporosegraveecomfraturas,
temgrandeefeitoemosteoporoseinduzidaporcorticoides,
persistemefeitosseismesesdepoisderetirada. Osestudos
atuaisconduzemparausodurantedoisanos,daíaterapiaé
continuadacombisfosfonatosoudenosumabe.33,34
O ranelato de estrôncio atuando tanto na inibic¸ão
da reabsorc¸ão quanto na estimulac¸ão da formac¸ão óssea
demonstroueficáciaparareduc¸ãodefraturasvertebrais,não
vertebraisequadril.35-37
Atividade
física,
cálcio
e
vitamina
D
O picode maturac¸ão doesqueleto acontece entre os 20 e
30anos, comnutric¸ão adequadaeatividade físicahabitual
disponívelparatodasaspessoaspodemseralcanc¸adosníveis
maisaltosdemassaóssea,queformaumbancodereservade
cálcio,cujosdepósitosserãogastosnoperíodode
envelheci-mentoeretardamouimpedemaosteoporose,principalmente
nas mulheres. O esqueleto em crescimento ganha massa
ósseapormeio dosexercíciosde impacto,naidade adulta
ajudaamanteramassaósseaadquirida,noenvelhecimento
diminuiasperdas,mantémotônusmuscularecolaborapara
diminuirasquedas.38,39
Todosospacientescomperdaóssea,ouempotencialde
riscoparaperda,devemseraconselhadosparaouso
alimen-tarde cálcioevitamina Dou suplementos. Aabsorc¸ão do
cálciodiminuicomaidade.Ocálcioingeridopelascrianc¸as
é absorvido em torno dos 75%, nos adultos de 30 a 50%.
AvitaminaDativaaabsorc¸ãodocálciointestinaleé
neces-sáriasuasuplementac¸ãoempessoasidosas,sedentáriasou
internadas.40
Lacuna
no
tratamento
Apesardaevidênciasubstancialde queumafratura prévia
resultaemaumentodoriscodefraturaposterior,menosde
30% das mulherespós-menopáusicase menosde 10% dos
homenscomfraturapréviasãotratados.41,42
Independentementedadisponibilidadedemedicamentos
quereduzemoriscoderefraturaem25a70%,amaioriados
pacientescomfraturasosteoporóticasincidentesnãoé
inves-tigadanemtratada.43,44
Apráticaatualresultaque80%dospacientescomfraturas
porfragilidadenemsãoavaliadosnemtratadospara
osteopo-roseouprevenc¸ãodequedasparareduziraincidênciafutura
defraturas.Aconsequênciadessalacunanotratamentoéo
númeroincontáveldefraturasquepoderiamserevitadas,que
afligemnossosidososecustammilhõesdedólaresnomundo
inteiro.45,46
Prevenc¸ão
secundária
Tratamentoiniciadoprecocementeapósumaprimeirafratura
podediminuirtaxasdefraturarecorrenteentre30e60%.47,48
Tratamentoantiosteoporoseapósoreparodeumafratura
dequadrilportraumamínimofoiassociadaaumareduc¸ão
nataxadenovasfraturasclínicasemenormortalidade,com
maiorsobrevivência.12,49-51
Pacientesquesofreramumafraturadoquadrilsãoogrupo
de maior risco para asfraturas subsequentes edevem ser
priorizados para início do tratamento para evitar fraturas
secundárias.Aocontráriodesuposic¸õescomuns,esses
paci-entespodemsebeneficiarmuitocomumtratamento.
Váriosestudostêmmostradoqueapersistênciae
confor-midadeparatratamentodaosteoporoseépobre,resultaem
eficáciasubótima(em condic¸õesreaisdetratamento).
Paci-entesnãoaderentestiverammaiscomorbidades,forammais
frágeisetiverammaisgastoscomsaúde.13,52-54
Emcadaambienterelatado,oFLS(FractureLiassonService
–Servic¸odeApoioaFraturas)éaferramentamaiseficaz.Um
FLSéumservic¸odedicadoatratarpacientesapósuma
fra-turaporfragilidade.Talvezoúnicoeficazparaumamudanc¸a
dopanoramavigente.Essaabordagemcriaumcontinuumde
cuidadosquepermitesuperaraslacunaseminvestigac¸ãoe
intervenc¸ãopós-fraturaeadesnecessariamentealta
incidên-ciadefraturassubsequentes.
OFLSdeGlasgowjáatendeuummilhãodepessoasdesde
aviradadoséculo.Aanálisedecusto-efetividaderevelaque
paracada10milpacientesatendidospeloFLScomparadocom
oatendimentocomumnoReinoUnido,18fraturaseram
evita-das,incluindo11dequadril,comumaeconomiaequivalente
a33.600dólares.55,56
O ProgramaHealthyBonesda seguradoraKaiser
Perma-nente é o maior programa de prevenc¸ão de fraturas por
fragilidade no mundo. Conduzido por ortopedistas, é
alta-mentefocadoemreduziraincidênciadefraturasem20%em
cincoanos.Oprogramainiciouapenascomfraturasde
qua-drileàmedidaquefoisendocomprovadaasuaefetividade,
maisrecursosforamsendoinjetadoseatualmenteatuana
prevenc¸ãosecundáriaetambémprimária.Em2009,apóssete
anosdoProgramaintegradoaos11CentrosMédicosdaKaiser
nosuldaCalifórnia,ataxadereduc¸ãodefraturasdoquadril
superou40%.57-59
Prevrefrat
–
a
experiência
brasileira
OPrevrefrat(ProgramadePrevenc¸ãoaRefraturas)éumservic¸o
Figura1–MapadeBoasPráticasdaCampanhaCapturetheFracturedaInternationalOsteoporosisFoundation. Fonte:http://www.capture-the-fracture.org/map-of-best-practice.
pequenotrauma(ex:quedadaprópriaaltura)decorrentesda
osteoporose.
Prestesacompletarquatroanosdefuncionamento,édesde
2013referênciamundialnaprevenc¸ãodenovasfraturas.
OPrevrefrat,pormeiodeseucoordenador,temdifundido
afilosofia da prevenc¸ão secundáriade fraturas eauxiliado
decisivamentenaimplantac¸ãodeoutrosservic¸osemtodoo
Brasil.
OPrevrefratéumdosFLSmaisrespeitadosdomundo,
clas-sificadocomopadrão-ouro,conformedemonstraafigura1.
Metodologia
do
Prevrefrat
Aprimeiraconsultaéumabreveentrevistaparaverificarseo
casoseencaixanoprograma.Opassoseguinteéo
cadastra-mentonoprograma,quecoletadadosreferentesaohistórico
médico,aoshábitosdevidaeàfraturaocorrida.
Após isso,sãofeitas radiografiasda fratura eda coluna
dorsalelombaremperfiledensitometriaóssea.
Sãosolicitadosexameslaboratoriais(dosagemde cálcio,
creatinina,25OHvitaminaDePTH –eventualmenteoutros
conformeanecessidade)eémarcadaumanovaconsulta(em
médiaquatrosemanasapós)paraavaliac¸ãodosexames.
Se for detectada causa secundária, o paciente é
enca-minhado a outrosespecialistas. Nocaso de osteopenia ou
osteoporose primária, se não houver contraindicac¸ão,
faz--seumainfusãovenosaanualdoácidozoledrônicoouuma
aplicac¸ãosubcutâneadedenosumabe(seoclearencede
cre-atininaformenordoque35).
Também é feita suplementac¸ão de cálcioe vitamina D,
segundo critérios estabelecidos pelos guidelines
internacio-nais.
AcritériomédicoéfornecidoumDVDcom14exercícios
paraseremfeitosemcasa.Apróximaconsultaémarcada(em
médiatrês mesesapós).Noprimeiroano,asconsultassão
trimestraisaapósissopassamasersemestrais.
Aopc¸ãodeusarmedicamentosinjetáveis(fornecidospelo
HospitalFederaldeIpanema)deusoanualousemestralno
protocoloclínicodoPrevrefratsedáemfunc¸ãodobaixíssimo
grau deadesãoàsdrogasorais(mais de70%dospacientes
nãocompletamumanodetratamento).Umamáadesãoinflui
decisivaenegativamentenodesfechodeevitarnovasfraturas.
Agravidadedoquadrodosnossospacientesnãonospermite
usardrogascomessebaixoperfildeadesão.
Trabalhos apresentados no IOFWorld Congress de 2014
demonstraram100%deadesãoempacientescomfraturade
quadrile85%nasfraturasnãoquadril.
Osresultadosaseguircomprovamqueessaopc¸ãoécorreta
eefetiva.
Resultados
do
Prevrefrat
Emtrêsanose10mesesforamacompanhados450pacientes
eocorreram12fraturas,nenhumadoquadril.Ouseja,uma
taxadereduc¸ãodemaisde97%defraturassubsequentes.
Dimensão
ética
da
prevenc¸ão
secundária
de
fraturas
O paciente mais idoso normalmente se apresenta com a
primeira fratura para umsetor de emergênciaou paraum
ortopedista,quetemahabilidadeeaexpertisedegerenciar
o quadroagudo erepararasfraturas.No entanto,háuma
dimensãoadicional:oconhecimentodequeafraturaocorreu
comotendoumriscoacrescidoparaafuturafratura.Háomais
alto nívelde evidência, a osteoporosepode sergerenciada
paradiminuiraprobabilidadedefraturasfuturas.Osdados
demonstramclaramentequeumaaltaproporc¸ãodefraturas
secundáriaspodeserevitadaporcondutasapropriadaseque
umafraturainicialporfragilidadeémotivosuficientepara
exi-girumaavaliac¸ãocompleta,incluindomedic¸ãodedensidade
mineralósseaeavaliac¸ãoderiscoeiníciodetratamento.
Poder-se-iaargumentarque,emmuitoscasos,nemo
orto-pedistanemomédicodeemergênciaseriaapessoaidealpara
darinícioatalinvestigac¸ãoetratamento,masissonãodeve
absolvê-losdaresponsabilidadedegarantirqueopacienteou
afamíliaestejaplenamenteconscientedoriscoeencaminhar
paraumaadequadaavaliac¸ãoeacompanhamento.
Asubjacentefragilidadeósseaeoriscodefraturas
aumen-tadopodemsergerenciadosposteriormenteporortopedistas,
endocrinologistas, reumatologistas, geriatras e outros
pro-fissionais de saúde, além da colaborac¸ão de profissionais
envolvidosnareabilitac¸ão.
Osdadossãosuficientementeconvincentespara
caracte-rizaroencaminhamentoapropriadocomoumaobrigac¸ãode
fazeracoisacerta,fornecerumcaminhoparaomelhor
resul-tado. Qualquer conduta diferente dessa certamente ficará
aquémdasnormaséticaseclínicasaceitáveis.60
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. Osteoporosisprevention,diagnosis,andtherapy.NIH
ConsensStatement.2000;17(1):1–45.
2. NIHConsensusDevelopmentPanelonOsteoporosis Prevention.Diagnosisandtherapy.Osteoporosisprevention, diagnosis,andtherapy.JAMA.2001;285(6):785–95.
3. Guidelinesforpreclinicalevaluationandclinicaltrialsin
osteoporosis.WorldHealthOrganizationGeneva;1998.
4. BrownJP,JosseRG.Clinicalpracticeguidelinesforthe diagnosisandmanagementofosteoporosisinCanada.CMAJ. 2002;16710Suppl:S1–34.
5. JohnellO,KanisJA,OdénA,SernboI,Redlund-JohnellI, PettersonC,etal.Fractureriskfollowinganosteoporotic fracture.OsteoporosInt.2004;15(3):175–9.
6. LauritzenJB,LundB.Riskofhipfractureafterosteoporosis fractures.451womenwithfractureoflumbarspine, olecranon,kneeorankle.ActaOrthopScand. 1993;64(3):297–300.
7. DreinhöferKE,FéronJM,HerreraA,HubeR,JohnellO,Lidgren L,etal.Orthopaedicsurgeonsandfragilityfractures.Asurvey bytheBoneandJointDecadeandtheInternational
OsteoporosisFoundation.JBoneJointSurgBr. 2004;86(7):958–61.
8. LönnroosE,KautiainenH,KarppiP,HartikainenS,KivirantaI, SulkavaR.Incidenceofsecondhipfractures.A
population-basedstudy.OsteoporosInt.2007;18(9):1279–85.
9. NymarkT,LauritsenJM,OvesenO,RöckND,JeuneB.Short time-framefromfirsttosecondhipfractureintheFunen CountyHipFractureStudy.OsteoporosInt.2006;17(9):1353–7.
10.LawrenceTM,WennR,BoultonCT,MoranCG.Age-specific incidenceoffirstandsecondfracturesofthehip.JBoneJoint SurgBr.2010;92(2):258–61.
11.BlackDM,DelmasPD,EastellR,ReidIR,BoonenS,CauleyJA, etal.,HorizonPivotalFractureTrial.Once-yearlyzoledronic acidfortreatmentofpostmenopausalosteoporosis.NEnglJ Med.2007;356(18):1809–22.
12.LylesKW,Colón-EmericCS,MagazinerJS,AdachiJD,Pieper CF,MautalenC,etal.,HORIZONRecurrentFractureTrial. Zoledronicacidandclinicalfracturesandmortalityafterhip fracture.NEnglJMed.2007;357(18):1799–809.
13.PortL,CenterJ,BriffaNK,NguyenT,CummingR,EismanJ. Osteoporoticfracture:missedopportunityforintervention. OsteoporosInt.2003;14(9):780–4.
14.EdwardsBJ,BuntaAD,SimonelliC,BolanderM,Fitzpatrick LA.Priorfracturesarecommoninpatientswithsubsequent hipfractures.ClinOrthopRelatRes.2007;461:226–30.
15.KlotzbuecherCM,RossPD,LandsmanPB,AbbottTA3rd, BergerM.Patientswithpriorfractureshaveanincreasedrisk offuturefractures:asummaryoftheliteratureandstatistical synthesis.JBoneMinerRes.2000;15(4):721–39.
16.KanisJA,JohnellO,DeLaetC,JohanssonH,OdenA,DelmasP, etal.Ameta-analysisofpreviousfractureandsubsequent fracturerisk.Bone.2004;35(2):375–82.
17.CranneyA,GuyattG,GriffithL,WellsG,TugwellP,RosenC, etal.,MethodologyGroupandTheOsteoporosisResearch AdvisoryGroup.Meta-analysesoftherapiesfor
postmenopausalosteoporosis.IX:Summaryofmeta-analyses oftherapiesforpostmenopausalosteoporosis.EndocrRev. 2002;23(4):570–8.
18.BritishOrthopaedicAssociation.Thecareofpatientswith
fragilityfracture.2007.Disponívelem:http://www.
fractures.com/pdf/BOA-BGS-Blue-Book.pdf.
19.DepartmentofHealthinEngland.PreventionPackagefor
OlderPeople.Disponívelem:http://www.dh.gov.uk/en/
Publicationsandstatistics/Publications/DH103146.
20.Prevenc¸ãoàosteoporosedevecomec¸arnainfância.
Disponível:http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/
cidadao/principal/saude-em-dia/mais-sobre-saude-em-dia. 21.PinheiroMM,ReisNetoET,MachadoFS,OmuraF,YangJH,
SzejnfeldJ,etal.Riskfactorsforosteoporoticfracturesand lowbonedensityinpreandpostmenopausalwomen.Rev SaudePublica.2010;44(3):479–85.
22.MartiniLA,MouraEC,SantosLC,MaltaDC,PinheiroMM. Prevalênciadediagnósticoautorreferidodeosteoporose, Brasil,2006.RevSaudePublica.2009;43Supl2:107–16.
23.SingerA,ExuzidesA,SpanglerL,O’MalleyC,ColbyC, JohnstonK,etal.Burdenofillnessforosteoporoticfractures comparedwithotherseriousdiseasesamong
postmenopausalwomenintheUnitedStates.MayoClinProc. 2015;90(1):53–62.
24.BlackDM,ThompsonDE,BauerDC,EnsrudK,MuslinerT, HochbergMC,etal.FractureInterventionTrial.Fracturerisk reductionwithalendronateinwomenwithosteoporosis:the FractureInterventionTrial.FITResearchGroup.JClin EndocrinolMetab.2000;85(11):4118–24.
25.HarrisST,WattsNB,GenantHK,McKeeverCD,HangartnerT, KellerM,etal.Effectsofrisedronatetreatmentonvertebral andnonvertebralfracturesinwomenwithpostmenopausal osteoporosis:arandomizedcontrolledtrial.VertebralEfficacy WithRisedronateTherapy(VERT)StudyGroup.JAMA. 1999;282(14):1344–52.
26.JohnstonCCJr,BjarnasonNH,CohenFJ,ShahA,LindsayR, MitlakBH,etal.Long-termeffectsofraloxifeneonbone mineraldensity,boneturnover,andserumlipidlevelsin earlypostmenopausalwomen:three-yeardatafrom2 double-blind,randomized,placebo-controlledtrials.Arch InternMed.2000;160(22):3444–50.
raloxifene:resultsfroma3-yearrandomizedclinicaltrial. MultipleOutcomesofRaloxifeneEvaluation(More) Investigators.JAMA.1999;282(7):637–45.
28.ChesnutCH3rd,SilvermanS,AndrianoK,GenantH,Gimona A,HarrisS,etal.Arandomizedtrialofnasalspraysalmon calcitonininpostmenopausalwomenwithestablished osteoporosis:thepreventrecurrenceofosteoporoticfractures study.ProofStudyGroup.AmJ.Med.2000;109(4):267–76.
29.TheWritingGroupforthePEPI.Effectsofhormonetherapy onbonemineraldensity:resultsfromthepostmenopausal estrogen/progestininterventions(PEPI)trial.JAMA. 1996;276(17):1389–96.
30.BoonenS,AdachiJD,ManZ,CummingsSR,LippunerK, TörringO,etal.Treatmentwithdenosumabreducesthe incidenceofnewvertebralandhipfracturesin
postmenopausalwomenathighrisk.JClinEndocrinolMetab. 2011;96(6):1727–36.
31.EastellR.Treatmentofpostmenopausalosteoporosis.NEnglJ Med.1998;338(11):736–46.
32.GuarnieroR,OliveiraLG.Osteoporose:atualizac¸ãono diagnósticoeprincípiosbásicosparaotratamento.RevBras Ortop.2004;39(9):477–85.
33.NeerRM,ArnaudCD,ZanchettaJR,PrinceR,GaichGA, ReginsterJY,etal.Effectofparathyroidhormone(1-34) onfracturesandbonemineraldensityinpostmenopausal womenwithosteoporosis.NEnglJMed.2001;344(19):1434–41.
34.LaneNE,SanchezS,ModinGW,GenantHK,PieriniE,Arnaud CD.Bonemasscontinuestoincreaseatthehipafter parathyroidhormonetreatmentisdiscontinuedin
glucocorticoid-inducedosteoporosis:resultsofarandomized controlledclinicaltrial.JBoneMinerRes.2000;15(5):944–51.
35.ReginsterJY,SpectorT,BadurskiJ.Ashort-termrun-instudy cansignificantlycontributetoincreasingthequalityof long-termosteoporosistrials.Thestrontiumranelatephase IIIprogram.OteoporosInt.2002;13Suppl1:S30.
36.MeunierPJ,RouxC,OrtolaniS.Strontiumranelatereduces thevertebralfractureriskinwomenwithpostmenopausal osteoporosis.OsteoporosInt.2002;13Suppl1:045.
37.ReginsterJY.Strontiumranelatereducestheriskofhip fractureinwomenwithpostmenopausalosteoporosis. OsteoporosInt.2002;13Suppl1:014.
38.BaileyDA,McKayHA,MirwaldRL,CrockerPR,FaulknerRA. Asix-yearlongitudinalstudyoftherelationshipofphysical activitytobonemineralaccrualingrowingchildren:the universityofSaskatchewanbonemineralaccrualstudy. JBoneMinerRes.1999;14(10):1672–9.
39.PlaplerPG,RoccoJCP.Osteoporoseeexercícios.ActaOrtop Bras.1998;6(1):49–54.
40.NationalOsteoporosisFoundation(NOF).Osteoporosis PreventionStrategies.OsteoporosisClinicalUpdates.1996.
41.Brianc¸onD,deGaudemarJB,ForestierR.Managementof osteoporosisinwomenwithperipheralosteoporoticfractures after50yearsofage:astudyofpractices.JointBoneSpine. 2004;71(2):128–30.
42.McCloskeyE,deTakatsD,OrgeeJ.Characteristicsassociated withnon-persistenceduringdailytherapy.Experiencefrom theplacebowingofacommunitybasedclinicaltrial.JBone MinerRes.2005;20Suppl1:S282.
43.KleerekoperM,GoldDT.Osteoporosispreventionand management:anevidence-basedreview.ClinObstetGynecol. 2008;51(3):556–63.
44.GiangregorioL,PapaioannouA,CranneyA,ZytarukN,Adachi JD.Fragilityfracturesandtheosteoporosiscaregap:an internationalphenomenon.SeminArthritisRheum. 2006;35(5):293–305.
45.HoovenF,GehlbachSH,PekowP,BertoneE,BenjaminE. Follow-uptreatmentforosteoporosisafterfracture. OsteoporosInt.2005;16(3):296–301.
46.PengEW,ElniketyS,HatrickNC.Preventingfragilityhip fractureinhighriskgroups:anopportunitymissed.Postgrad MedJ.2006;82(970):528–31.
47.SmithMG,DunkowP,LangDM.Treatmentofosteoporosis: missedopportunitiesinthehospitalfractureclinic.AnnR CollSurgEngl.2004;86(5):344–6.
48.VaileJ,SullivanL,BennettC,BleaselJ.FirstFractureProject: addressingtheosteoporosiscaregap.InternMedJ. 2007;37(10):717–20.
49.BollandMJ,GreyAB,GambleGD,ReidIR.Effectof
osteoporosistreatmentonmortality:ameta-analysis.JClin EndocrinolMetab.2010;95(3):1174–81.
50.BeaupreLA,MorrishDW,HanleyDA,MaksymowychWP,Bell NR,JubyAG,etal.Oralbisphosphonatesareassociatedwith reducedmortalityafterhipfracture.OsteoporosInt. 2011;22(3):983–91.
51.SambrookPN,CameronID,ChenJS,MarchLM,SimpsonJM, CummingRG,etal.Oralbisphosphonatesareassociatedwith reducedmortalityinfrailolderpeople:aprospectivefive-year study.OsteoporosInt.2011;22(9):2551–6.
52.KothawalaP,BadamgaravE,RyuS,MillerRM,HalbertRJ. Systematicreviewandmeta-analysisofreal-worldadherence todrugtherapyforosteoporosis.MayoClinProc.
2007;82(12):1493–501.
53.CramerJA,GoldDT,SilvermanSL,LewieckiEM.Asystematic reviewofpersistenceandcompliancewithbisphosphonates forosteoporosis.OsteoporosInt.2007;18(8):1023–31.
54.HopmanWM,BergerC,JosephL,TowheedT,PriorJC, AnastassiadesT,etal.Health-relatedqualityoflifein Canadianadolescentsandyoungadults:normativedata usingtheSF-36.CanJPublicHealth.2009;100(6):449–52.
55.McLellanAR,GallacherSJ,FraserM,McQuillianC.The fractureliaisonservice:successofaprogramforthe evaluationandmanagementofpatientswithosteoporotic fracture.OsteoporosInt.2003;14(12):1028–34.
56.McLellanAR,WolowaczSE,ZimovetzEA,BeardSM,LockS, McCrinkL,etal.Fractureliaisonservicesfortheevaluation andmanagementofpatientswithosteoporoticfracture: acost-effectivenessevaluationbasedondatacollected over8yearsofserviceprovision.OsteoporosInt. 2011;22(7):2083–98.
57.DellR.FracturepreventioninKaiserPermanentSouthern California.OsteoporosInt.2011;22Suppl3:457–60.
58.DellRM,GreeneD,AndersonD,WilliamsK.Osteoporosis diseasemanagement:whateveryorthopaedicsurgeon shouldknow.JBoneJointSurgAm.2009;91Suppl6:79–86.
59.DellR,GreeneD,SchelkunSR,WilliamsK.Osteoporosis diseasemanagement:theroleoftheorthopaedicsurgeon. JBoneJointSurgAm.2008;90Suppl4:188–94.