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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER Nº

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PARECER Nº 13.429

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO. CUSTOS A CARGO DO ESTADO QUANDO HOUVER CORRELAÇÃO

ENTRE O CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO CURSO E AS

ATRIBUIÇÕES DO CARGO OU FUNÇÃO EXERCIDA. ARTIGO 34 DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE 89.

O Secretário de Estado dos Transportes encaminha à Procuradoria-Geral do Estado expediente administrativo que trata de pedido do servidor NILSON CAMARGO SERAFINI, do Quadro dos Servidores Técnico-Científicos, lotado naquela Pasta, de custeio das despesas relativas ao curso de Mestrado Profissional em Transportes a ser cursado na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No pedido inicial informou o servidor, engenheiro civil, que as aulas se desenvolveriam durante trinta finais de semana, de forma que facilmente compatíveis o curso e as atividades profissionais desenvolvidas junto ao Departamento de Planejamento da Secretaria, especificamente relativas à execução do Plano Diretor de Transportes do CODESUL e do Plano Integrado de Transportes do Rio Grande do Sul a cargo desse Departamento.

Detalhou o servidor que o curso se tratava de uma modalidade de pós-graduação definida pelo Ministério da Educação, credenciado e com qualidades reconhecidas pela CAPES, com ênfase predominantemente prática, materializada em trabalho de conclusão aplicado a problemas da instituição de origem do aluno.

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Ao pedido foi anexado fax-simile oriundo da Universidade com a informação dos valores a serem pagos (fl. 05) e os prospectos (fls. 06/08) referentes ao curso.

Por solicitação do Diretor do Departamento Administrativo, o Chefe da Divisão de Finanças informou, em 09 de janeiro de 2001, que poderia ser disponibilizado um valor de, no mínimo, R$ 500,00 mensais, da rubrica treinamento de pessoal, tão logo publicada a Lei Orçamentária e desde que disponível a cota trimestral liberada pela Secretaria da Fazenda (fl. 09).

O chefe imediato do servidor, após ter conhecimento de um pré-projeto de estudo (fl. 12 e 13), posicionou-se favorável ao pleito, desde que o curso não interferisse no andamento das atividades do Departamento e que o servidor apresentasse relatórios mensais sobre a atividade acadêmica.

Solicitando a liberação dos recursos, o Diretor Administrativo encaminhou o expediente à Divisão de Finanças, cujo chefe pediu a manifestação da Assessoria Jurídica quanto ao procedimento licitatório. Esta informou que “os cursos desta ordem, pela singularidade e complexidade que apresentam (Mestrado, Doutorado, etc.), dispensam licitação, ensejando, tão somente, o preenchimento dos requisitos estabelecidos pelo Decreto nº 37.665, de 14.08.97, que regulamenta os incisos II e III [do artigo 25] da LC nº 10.098 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado)” (sic), e recomendou celeridade para a autorização governamental em face de já ter iniciado o curso.

Conforme informa o Diretor Administrativo da Secretaria (fl. 35) foi expedida, pela CAGE, datada de 22 de fevereiro de 2001, a autorização de empenho nº 4213611 pela rubrica 31320404, que registra despesas referentes ao pagamento de curso de treinamento de pessoal (juntada à contra-capa do expediente, fls. 01 e 02).

O servidor assinou o termo de compromisso (fl. 28) referente às condições estabelecidas pelo Decreto nº 37.665, de 14 de agosto de 1997.

Em 22 de março de 2001, considerando as graves deficiências de pessoal qualificado no Departamento de Planejamento da Política de Transportes do Estado e forte no inciso V do artigo 2º do Decreto nº 37.665/97, o Secretário de Estado dos Transportes autorizou o requerente a

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freqüentar o curso de mestrado e encaminhou o expediente à Casa Civil para autorização do Governador, nos termos do parágrafo único do artigo 4º do mesmo Decreto, porque o curso teria aulas, eventualmente, às sextas-feiras à tarde.

Na Casa Civil, tanto a Subchefia Administrativa quanto a Subchefia Jurídica entenderam não haver previsão legal para o pagamento pelo Estado das despesas do curso.

Retornou o expediente ao Diretor do Departamento Administrativo da Secretaria que indeferiu o pedido e determinou a cientificação do Diretor do Departamento de Planejamento e do requerente.

Antes do servidor ser notificado e do mesmo ter interposto pedido de reconsideração, disse o Diretor de Planejamento de sua inconformidade (fl. 50 e verso):

“Deve-se salientar que sem a qualificação dos quadros permanentes impossível se faz transformar o Plano Integrado de Transportes – PIT/RS em realidade. Por outro lado é praticamente impossível se qualificar com recursos pessoais. Acredito que retomar este processo é uma alternativa técnica e politicamente correta, buscando-se, evidentemente, o necessário embasamento legal.”

Após a interposição do recurso (fls. 51/56), ao encaminhá-lo ao Diretor Administrativo, ainda presta os seguintes esclarecimentos (fl. 58):

“Tendo em vista que esta Diretoria de Planejamento tem o máximo interesse na participação do servidor no curso de Mestrado junto à UFRGS, com vistas à qualificação de seus recursos humanos, sugerimos o reexame do presente expediente quanto à viabilidade do Estado arcar com o ônus dele decorrentes.

Cumpre esclarecer que o referido servidor após ser informado por esta Diretoria de que os quadros permanentes de pessoal deste Departamento deveriam passar por uma reciclagem ou atualização em nível de aprimoramento técnico, para que haja sucesso na implementação e continuidade de importantes tarefas como o Plano Integrado de Transportes do Estado – PIT/RS, o

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mesmo deflagrou então o processo inicial de seu aprimoramento profissional através da presente solicitação do Curso de Mestrado.

Para tanto o servidor atendeu à determinação desta Diretoria na escolha do tema de seu plano de trabalho.

Assim sendo, reiteramos os argumentos anteriormente expendidos às fls. 50 e 50 vº, quanto à necessidade de qualificação de pessoal do quadro permanente, bem como solicitamos que esta Secretaria assuma o patrocínio da despesas decorrentes do aperfeiçoamento deste profissional tendo em vista o interesse e a necessidade de preparação de técnicos para tarefas específicas.”(sic)

Em face do pedido de reconsideração e da manifestação acima referida, o Titular da Secretaria encaminhou o expediente a este Órgão Consultivo.

Relatei.

Na hipótese sob estudo o servidor permaneceria exercendo as atribuições do seu cargo, afastando-se eventualmente, às sextas-feiras à tarde quando houvesse aula.

Não há qualquer dúvida quanto à possibilidade do servidor afastar-se parcialmente do serviço para realizar curso de especialização, matéria esta já examinada pelo Parecer nº 12.189 do Conselho Superior da Procuradoria-Geral do Estado, de autoria do Procurador do Estado GABRIEL PAULI FADEL. No caso, podendo mesmo haver a simples compatibilização horária, como preconiza o Parecer nº 11.055 – PGE, da lavra da Procuradora do Estado ELAINE DE ALBUQUERQUE PETRY, por se tratar de pequena incompatibilidade de horário entre o serviço e o curso.

O que foi solicitado, primordialmente, foi o pagamento do curso de mestrado.

A possibilidade do servidor ter estudo custeado pelos cofres públicos já estava prevista no anterior Estatuto do Funcionário Civil do Estado do Rio Grande do Sul – Lei nº 1751, de 22 de fevereiro de 1952 –, que previa no artigo 280, in verbis:

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“Art. 280 – O Governo instituirá bolsas de ensino para freqüência de cursos de aperfeiçoamento ou realização de estágios no DASP ou na Fundação Getúlio Vargas, a serem conferidas a funcionários que se tenham recomendado à obtenção das mesmas, por sua atuação, a qual seja objeto de exame e parecer de uma comissão especial, constituída anualmente em cada Secretaria ou Departamento, pelo respectivo titular.

Parágrafo único – O orçamento de cada Órgão Administrativo consignará dotação suficiente para, no mínimo, uma bolsa de ensino por ano.”

A Constituição Estadual de 1989 dispôs sobre o assunto de outra forma, não mais se referindo a bolsas de ensino, mas, com mais rigor, exigindo para o custeio dos cursos pelos cofres públicos a afinidade entre o conteúdo programático dos mesmos e as atribuições do cargo do servidor:

“Art. 34 – Os servidores estaduais somente serão indicados para participar em cursos de especialização ou capacitação técnica profissional no Estado, no País ou no exterior, com custos para o Poder Público, quando houver correlação entre o conteúdo programático de tais cursos e as atribuições do cargo ou funções exercidos.”

Nesta senda, a Lei Complementar nº 10.098, de 03 de fevereiro de 1994 – Estatuto e Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Sul – praticamente repetiu o preceito constitucional:

“Art. 124 – O servidor somente será indicado para participar de cursos de especialização ou capacitação técnica profissional no Estado, no País ou no exterior, com ônus para o Estado, quando houver correlação direta e imediata entre o conteúdo programático de tais cursos e as atribuições do cargo ou das funções exercidos.”

Há, pois, a previsão legal do servidor não só se afastar do exercício do cargo com a percepção de vencimentos e demais vantagens, como, também de ter sua especialização ou capacitação pagas pelos cofres

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públicos. A condição é de ser indicado quando houver correlação entre o currículo do curso e as atribuições do cargo.

Como já referido, essa possibilidade de afastamento com custeio integral para estudo não é nova para o Estado. Ao contrário, de longa data tem a Administração Pública o máximo interesse em bem treinar e preparar seus servidores, porque isto significa melhoria na realização do serviço, maior eficiência e melhor qualidade do serviço prestado, daí a existência de verba orçamentária e de rubrica específica. Se o aprimoramento da capacitação dos recursos humanos é fator de suma importância na iniciativa privada, para o Estado, que visa o interesse público, a melhor qualificação dos servidores constitui-se, cada vez mais, num dever.

No caso concreto, o óbice ao pagamento do curso estaria na circunstância de não ter o servidor sido indicado pela Administração para participar do mestrado, única hipótese em que legalmente previsto o custeio do próprio curso.

À primeira vista estaria correto o posicionamento da Casa Civil, já que o expediente administrativo foi inaugurado com pedido do servidor. No entanto, o exame minucioso do processo e, em específico, as manifestações do chefe imediato do servidor – Diretor de Planejamento –, endossadas pelo Secretário de Estado dos Transportes, demonstram, à saciedade, não só ter o servidor se interessado pelo curso por iniciativa e indicação da chefia, como se constituir sua especialização importante para a implementação e o desenvolvimento de um dos projetos mais importantes da Pasta, o PIT/RS. Com isto estaria caracterizado o pedido inicial do servidor como pedido de designação para cursar o Mestrado Profissional em Transportes, de interesse manifesto da Secretaria dos Transportes.

Assim sendo, considerando tratar-se de um caso específico em que sobejamente caracterizada, embora num segundo momento, a indicação oficial do servidor para participar do curso de mestrado – o que inclui a escolha do tema da dissertação no interesse do serviço – e, também, em face da existência de verba orçamentária para pagamento do curso, entendo que deve o Estado arcar com o custo do curso de mestrado do servidor.

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Por fim, reitero as ponderações da Procuradora do Estado ELAINE DE ALBUQUERQUE PETRY no Parecer nº 11.055/96 ao analisar o artigo 124 da Lei Complementar nº 10.098, in litteris:

Conquanto o preceito tenha as diretrizes gerais para a sua aplicação, vê-se que, no plano meramente administrativo, está a merecer complementação, sobre a qual a norma é silente.”,

para recomendar a regulamentação da matéria, visando a legalidade e a isonomia, mediante decreto, que deverá resguardar as competências de cada órgão da administração direta ou indireta para dispor sobre o tema atento a suas peculiaridades.

É o meu parecer.

Porto Alegre, 28 de agosto de 2002.

ELIANA SOLEDADE GRAEFF MARTINS, PROCURADORA DO ESTADO.

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Processo nº 000013-18.00/01.9

Acolho as conclusões do PARECER nº13.429 , da Procuradoria de Pessoal, de autoria da Procuradora do Estado Doutora ELIANA SOLEDADE GRAEFF MARTINS.

Restitua-se ao excelentíssimo Senhor Secretário de Estado dos Transportes.

Em 08 de novembro de 2002.

Paulo Peretti Torelly,

Procurador-Geral do Estado.

Referências

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