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ESTRUTURAS PSÍQUICAS

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Academic year: 2021

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(3)

3 aula 1

 Uma teoria da personalidade envolve:  Os determinantes da personalidade

 Os motivos que levam as pessoas a se

comportarem de uma certa maneira  O funcionamento psicológico

(4)

Na linguagem usual, estrutura é uma noção que implica uma disposição complexa,

estável e precisa das partes que a compõem um todo.

É o modo pelo qual um todo é composto e as

partes deste todo são arranjadas entre si.

A "constituição" e a "estrutura" da

personalidade representam:

o modo de organização permanente do indivíduo.

(5)

ESTRUTURA DA PERSONALIDADE

A estruturar da personalidade corresponde a um estado psíquico constituído pelos

elementos psíquicos fundamentais da personalidade, fixados em um conjunto estável e definitivo.

(6)

A estrutura da personalidade implica em uma

organizada de modo estável e definitivo: 1. de mecanismos de defesa,

2. de um modo seletivo de relação de

objeto,

3. de um certo grau de evolução libidinal 4. de pontos de Fixação da Libido

5. de um certo grau de evolução do ego, 6. de uma atitude frente a realidade,

7. de um uso bastante invariado dos

processos primário e secundário..

E L E M E N T O S P S I Q U I C O S F U N D A M E N T A I S

(7)

7 aula 1

Grau de evolução libidinal

Pontos de Fixação da Libido

Grau de evolução do ego,

mecanismos de defesa,

modo seletivo de relação de objeto, atitude frente a realidade,

uso bastante invariado dos processos primário e secundário.. Personalidade= Uma organização (disposição) Estável Habitual duradoura dos aspectos:

Cognitivos – pensar, perceber Afetivos – sentir Volitivos – querer Comportamentais – agir D E S E N V O L V I M E N T O P S I C O S S E X U A L

(8)

A estrutura da personalidade representa as bases constantes (elementos psíquicos fundamentais)

sobre as quais se estabelece o funcionamento psíquico de um sujeito.

Para Freud, no desenvolvimento psicossexual, quando o funcionamento psíquico de um indivíduo houvesse estabelecido um grau de organização

equivalente a um arranjo dos mecanismos psíquicos fundamentais não haveria mais variação possível.

Em suas Novas Conferências de 1933, Freud nos diz que, se deixarmos cair no chão um cristal (bloco mineral) ele se quebra, mas não de um modo qualquer.

(9)

Se atiramos ao chão um cristal, ele se parte, mas não em pedaços ao acaso. Ele se desfaz, segundo linhas de clivagem, em fragmentos cujos limites, embora fossem invisíveis, estavam predeterminados pela estrutura do cristal. Os doentes mentais são estruturas divididas e partidas do mesmo tipo ...Eles, esses pacientes, afastaram-se da realidade externa, mas por essa mesma razão conhecem mais da realidade interna, psíquica, e podem revelar-nos muitas

coisas que de outro modo nos seriam

(10)

Todo corpo cristalizado é constituido por linhas de estruturação invisíveis reunidas entre si para formar o corpo total segundo limites, direções e angulações pré-estabelecidas de forma precisa, fixa e constante

para cada corpo em particular.

Tais linhas de clivagem originais e imutáveis definem a estrutura do cristal mineral.

Assim, ao quebrar-se, seguirá essas mesmas linhas de clivagem pre-estabelecidas indica seus limites, suas direções e angulações até então invisíveis.

Freud pensa que o mesmo aconteceria com a estrutura psíquica, que em situação normal a organização de um indivíduo se acharia constituída de forma estável, específica e invisível.

(11)

A Série Complementare

Freud estabelece três séries complementares como

fatores coadjuvantes na etiologia do adoecimento psíquico:

a disposição constitucional;

as experiências dos primeiros cinco anos de vida;

as circunstâncias de vida do sujeito na sua vida adulta.

As duas primeiras séries compõem a disposição da cada ser humano, sua estruturação neurótica ou psicótica, mas não são determinantes a priori de qualquer distúrbio que a pessoa possa vir a ter.

(12)

a terceira série complementar está relacionada com os acidentes e acontecimentos que a vida oferece, e

é fundamental na formação dos sintomas, na sua

relação dialética com a disposição. FATORS COSTITUCIONAS HISTÓRIA DESENVOLVIMENTO INFANTIL DISPOSIÇÃO Estrutura Neurótica Estrutura Psicótica ACONTECIMENTOS DA VIDA ADULTA NEUROSE PSICOSE

(13)

Para que surja um sintoma, tem que ocorre uma privação libidinal na atualidade da vida do indivíduo

que coloque em movimento uma regressão a

organizações da libido a que se haviam renunciado na infância.

A insatisfação libidinal (frustração) para produzir efeitos patogênicos deve recair sobre a forma de satisfação que é central na vida da pessoa, a forma de satisfação que ela quer com exclusividade.

(14)

O NORMAL

Em comparação ao “cristal”, o normal seria sobretudo um sujeito que traz consigo a quantidade suficiente de fixações conflitivas

(linhas de clivagem exteriormente invisíveis) para ser tão “doente” quanto muitas pessoas, mais que não teria encontrado, em seu caminho:

dificuldades internas e externas

superiores a seu equipamento afetivo hereditário e adquirido,

(15)

 E as suas faculdades defensivas e

adaptativas permitiriam um arranjo flexível :

 de suas necessidades pulsionais, e

 de seus processos primário e secundário

 tanto em um plano pessoal como em um plano social e

 levando satisfatoriamente em conta a realidade.

(16)

Quando um sujeito (independente da estrutura: neurótica ou psicótica) não está submetido a provas interiores ou exteriores demasiado fortes, a traumas afetivos, a frustrações ou a conflitos demasiado intensos, ele se mantém estável, organizado e não adoece.

Mas se o sujeito vier a se descompensar (o "cristal" vier a se romper), isso só poderá ocorrer de acordo com as linhas de ruptura preestabelecidas na idade precoce.

(17)

O sujeito de estrutura neurótica não poderá desenvolver senão uma neurose, e o sujeito de estrutura psicótica senão uma psicose.

Da mesma maneira, tomados em tratamento a tempo e corretamente cuidados, o primeiro sujeito não poderá se encontrar novamente em boa saúde a não ser como estrutura neurótica de novo bem compensada, e o segundo apenas como estrutura psicótica novamente compensada.

(18)

Gênese da estrutura da Personalidade

De uma forma geral, a evolução psíquica do sujeito em direção a uma estrutura de personalidade estável processa-se da seguinte forma:

Em uma primeira etapa:

o estado inicial da criança é de

indiferenciação psicossomática, sem estrutura.

Pouco a pouco, o Eu começa a se distingue

(19)

Em uma segunda etapa, começam a se orientar para a constituição de uma pré-organização:

as linhas de força determinadas pelo(a)s:

frustrações,

efeitos das pulsões e da realidade,

conflitos

defesas do ego e suas reações aos impulsos internos e aos estímulos externos

(20)

As relações com os pais e também as relações com todos os membros do contexto social e educativo são

fundamentais.

 As defesas começam a organizar-se de forma cada vez mais estável.

 O Eu vai tentando controlar as dificuldades criadas

tanto pela realidade como pelas pulsões.

 Progressivamente o psiquismo organiza-se (“cristalizase”), estabelecendo, a partir do modo de ligação dos seus elementos psíquicos. uma

organização interna que já não poderá variar posteriormente.

Em um terceiro momento, chega-se a uma verdadeira estrutura da personalidade que já não se poderá modificar, nem mudar de linha fundamental.

(21)
(22)

Evolução genética e o desenvolvimento da psíquico normal

 No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade fusional, em que não existe ainda separação entre o sujeito e seu meio externo.

 As trocas não são percebidas como uma aquisição (do registro do ter) mas como uma simples expansão de seu ser.

(23)

A predominância, nessa momento, dos mecanismos de absorção e de difusão, próprios a esse período, levaram a defini-lo como pertencente a uma fase oral do desenvolvimento.

Os modos de funcionamento desse

sistema, aparecendo como

essencialmente ligados à entrada ou à saída, serão presididos pelo fenômeno de dupla polaridade da introjeção (pôr para dentro) ou de projeção (pôr para fora),

(24)

Dentro dessa fase fusional por excelência, é

impossível a constituição de um

distanciamento objetal e uma

diferenciação entre a realidade interior e a

realidade exterior.

A repetição sucessiva dos períodos de

ausência e depois de retorno da “mãe” acarretará a introdução sucessiva de

períodos alucinatórios de desejos (com a

insuficiência das satisfações que isso traz consigo) e sua diferenciação da satisfação verdadeira, pela presença real do objeto

(25)

A repetição da presença e da ausência, em conjunto com a satisfação e a falta, permitirá, pouco a pouco, isolar o sujeito experimentante de seu polo exterior.

 E, por essas experiências, não tardará a se encontrar dissociado, de acordo com uma linha de demarcação definida pela ausência possível e a falta (própria aos elementos exteriores) e a permanência do experimentado e a imediatez da percepção (delimitando o setor próprio do sujeito e de seu meio interior).

(26)

 No sujeito normal, a passagem dessa situação fusional e narcisista unipolar ao reconhecimento progressivo de um distanciamento bipolar sujeito-objeto inaugura as primeiras manifestações de autonomização do Ego, separado pouco a pouco do meio exterior.

 A existência "de um Ego separado do objeto que o funda" (Lebovici, 1956) assinala a passagem de um modo de existência unipolar à bipolaridade objetal,

(27)

 Essa passagem separa o que os analistas chamam de situação pré-objetal, caracterizando o modo de relação de objeto de mesmo nome, diferenciada da relação objetal, caracterizada pela separação entre o sujeito e o objeto.

No plano do funcionamento mental, a organização de um Ego separado do não-Ego vai permitir a diferenciação entre a realidade exterior e a realidade interior (ou fantasmática).

(28)

 E, por outro lado, essa separação é contemporânea da maneira de ser expressa em conteúdos psíquicos, pelas representações (distinguidas das percepções do real exterior) transmissíveis verbalmente.

 O resultado feliz desse processo maturativo, dito de personação (autonomização do Ego) (Racamier, 1963) delimita igualmente a ultrapassagem da zona de funcionamento psicótico e a entrada na problemática neurótica ou normal.

(29)

 É precisamente a aquisição dessa existência separada, desse Ego-pessoa, que se mostra falha no paciente psicótico.

(30)

Indiferenciação psicossomática Presença ausência da “mãe”

Diferenciação Eu-Não eu (Objetos)

Demarcação realidade interior (representação psíquica) X

realidade exteriror (percepção do objeto real)

Princípio de Prazer (processo prim;arui) X

Pincípio de Realidade (processo secundário)

P r o c e s s o D e s e n v o l v i m e n t o Narcisismo Primário

(31)
(32)

A estrutura psicótica corresponde a uma falência da organização narcísica primária dos primeiros instantes da vida.

A psicose é essencialmente caracterizada por

uma fixação e uma não-ultrapassagem do registro pré-objetal (Freud, 1905 e 1917; Abraham, 1949; Federn, 1953; Ferenczi, 1955; Spitz,1954, Fromm e Reichmann, 1947, e mais tarde Bouvet, Nacht 1958 e Racammier,1958.)

O indivíduo sofre sérias fixações, estas

fixações ocorrem durante a fase oral ou, no mais tardar, durante a primeira parte da fase anal (expulsiva).

(33)

 É uma impossibilidade, para a criança, de constitui-se como objeto distinto da "mãe", ela mesma, incompleta, não podendo conceber separar-se desta parte indispensável ao seu próprio ego.

 Esta relação mais ou menos fusionai com a mãe, segundo as variedades de psicose, encontrar-se-á incessantemente repetida no plano interpessoal.

(34)

... a mãe do psicótico não soube deixar se instalar o esboço de uma relação personada, levada, como se viu, essencialmente por sua própria necessidade patológica de exclusividade. Essa disposição de espírito tenderá igualmente a afastar a criança de toda saída para o exterior e muito especialmente para esse outro representado habitualmente pelo pai do psicótico.

(35)

... Não somente a onipresença materna tornará impossível a instauração da relação entre a criança e seu pai, mas, além disso, no plano

imaginário (no plano da relação existente entre

o imaginário da mãe e o nascente da criança), ela eliminará fundamentalmente de seus próprios conteúdos tudo aquilo que pode lembrar e evocar o lugar do terceiro personagem, do Outro, do pai, tudo o que

poderia, nesse nível, introduzir a criança em uma dimensão triangular, pela presença reconhecida de um terceiro no imaginário da mãe e em seu discurso.

(36)

,,, o pai do psicótico se mostra, por seu turno, falho, ele não consegue ajudar, por sua própria intervenção, a criança em sua separação da mãe, assim, esta criança se encontrará irremediavelmente confinada (é isso que a patologia nos mostra) no registro Unipolar e fusional impróprio para uma implantação objetal satisfatória, impróprio igualmente para um bom funcionamento mental.

Esse fenômeno, foi introduzido na teoria psicanalítica por Lacan, sob o nome de forclusão,

e se reveste de uma importância decisiva na

(37)

 A atitude simbiótica da mãe e a necessidade de total dependência do filho em relação a ela, impede a constituição de uma diferenciação em relação à:

• 1- realidade psíquica/realidade material e • 2- ego/não-ego, sueito/objeto.

(38)

 Por esse motivo, o psicótico não tem a possibilidade de separar claramente a percepção real do mundo exterior do que seria o resultado de uma atividade de mentalização figurando um desejo como atividade mental de origem interna.

 Assim, facilmente ele se torna a sede da confusão alucinatória ou delirante, que apenas exprime essa inaptidão em separar o real do fantasmático.

(39)

Ele projetará, isto é, ele constituirá, sob a forma perceptiva de uma pseudo-realidade externa, os elementos figurativos de seus movimentos pulsionais (internos) sem sentir, como é o caso, normalmente, toda a subjetividade que caracteriza, no sujeito normal, a experiência habitual do desejo, em sua elaboração fantasmática e representativa, enquanto imagem mental diferenciada da percepção.

(40)

O ego jamais está completo; encontra-se de saída fragmentado.

A angústia está centrada na fragmentação, na

destruição, na morte por estilhaçamento.

 A atividade sintética do ego encontra-se abolida

nos casos extremos, ou então enfraquecida.

O superego não atinge o papel organizador ou

conflitual de base.

 O conflito subjacente não é causado pelo superego, nem pelo ideal de ego, mas pelas necessidades pulsionais em face à realidade, o que leva a uma recusa de todas as partes desta realidade que tenham-se tornado demasiado

(41)

O delírio, com a recusa da realidade, tornar-se

indispensável para a manutenção da vida por meio da reconstrução de uma nova realidade.

 Quanto mais o sujeito de estrutura psicótica se encontrar ameaçada, mais prevalecerá nele o

processo primário, em detrimento do funcionamento sob o processo secundário.

 O processo primário leva o funcionamento mental a sair do controle da realidade para tender à

(42)

Os principais mecanismos de defesa psicóticos são:

Recusa (realidade) – Termo usado por

Freud num sentido específico: modo de

defesa que consiste numa recusa por parte

do sujeito em reconhecer a realidade de uma percepção traumatizante. Este mecanismo é evocado por Freud em particular para explicar o fetichismo

(recusa em perceber a ausência de pênis na mulher) e nas psicoses.

(43)

Projeção (Projektion) – Termo utilizado por

Sigmund Freud a partir de1895 para designar um modo de defesa primário pelo qual o sujeito projeta num outro sujeito ou num objeto desejos que provêm dele.

Clivagem do eu (Ichspaltung) – Termo

introduzido por Sigmund Freud em 1927 para designar um fenômeno que se traduz pela coexistência, no cerne do eu, de duas atitudes contraditórias, uma que consiste em recusar a realidade, outra, em aceitá-la. (passam a existir dois mundos diferentes no sujeito: o real e o delirante).

(44)
(45)

Em 1884, Daniel Paul Schreber, jurista renomado e presidente da corte de apelação da Saxônia, deu sinais de distúrbios mentais, depois de ser derrotado na eleição em que se apresentara como candidato do partido conservador. Foi então tratado pelo neurologista Paul Flechsig (1847-1929), que em duas ocasiões mandou interná-lo. Promovido a presidente do tribunal de apelação de Dresden em 1893, Schreber foi interditado sete anos depois, sendo seus bens colocados sob tutela. Redigiu então suas Memórias de um doente dos nervos,

(46)

Relato de Schereber

’Duas vezes sofri de distúrbios nervosos e ambas resultaram de excessiva tensão mental. Isso se deveu, na primeira

ocasião, à minha apresentação como candidato à eleição para o Reichstag e, na segunda, ao fardo muito pesado de trabalho que me caiu sobre os ombros quando assumi meus novos deveres como Senatspräsident em Dresden.’

(47)

Relato de Schereber

’Duas vezes sofri de distúrbios nervosos e ambas resultaram de excessiva tensão mental. Isso se deveu, na primeira

ocasião, à minha apresentação como candidato à eleição para o Reichstag e, na segunda, ao fardo muito pesado de trabalho que me caiu sobre os ombros quando assumi meus novos deveres como Senatspräsident em Dresden.’

(48)

A primeira doença do Dr. Schreber

começou no outono de 1884; em fins

de 1885 achava-se completamente

restabelecido.

Durante este período, passou seis

meses na clínica de Flechsig, que,

em

relatório

formal

redigido

posteriormente,

descreveu

o

distúrbio como sendo uma crise de

grave hipocondria.

(49)

O Dr. Schreber já estava casado

há muito tempo, antes da época

de sua ‘hipocondria’. ‘A gratidão

de minha esposa’, escreve ele,

‘foi talvez ainda mais sincera,

pois reverenciava o Professor

Flechsig como o homem que lhe

havia restituído o marido; daí ter

ela, durante anos, mantido o

retrato

dele

sobre

a

escrivaninha.’

(50)

‘Após

me

restabelecer

da

primeira

doença,

passei

oito

anos com minha esposa — anos,

em geral, de grande felicidade,

ricos de honrarias exteriores e

nublados apenas, de vez em

quando,

pela

contínua

frustração

da

esperança

de

sermos abençoados com filhos.’

(ferida narcísica)

(51)

Além

disso,

certa

vez,

nas

primeiras horas da manhã, enquanto

se achava entre o sono e a vigília,

ocorreu-lhe a idéia de que, ‘afinal de

contas, deve ser realmente muito

bom ser mulher e submeter-se ao

ato da cópula’. Tratava-se de idéia

que teria rejeitado com a maior

indignação, se estivesse plenamente

consciente. (ferida narcísica)

(52)

O

ponto

culminante

do

sistema delirante do paciente

é a sua crença de ter a

missão de redimir o mundo e

restituir

à

humanidade

o

estado perdido de beatitude.

(53)

Foi convocado a essa tarefa por inspiração direta de Deus, da mesma forma que os Profetas; pois os nervos, em condições de grande excitação, assim como os seus estiveram por longo tempo, têm exatamente a propriedade de exercer atração sobre Deus — embora isso signifique tocar em assuntos que a fala humana mal é capaz de expressar, se é que o pode, visto jazerem inteiramente fora do raio de ação da experiência humana e, na verdade, terem sido revelados somente a ele. (restabelecimento narcísico)

(54)

A parte mais essencial de sua missão redentora é ela ter de ser procedida por sua

transformação em mulher. Não se deve

supor que ele deseje ser transformado em mulher; trata-se antes de um ‘dever’ baseado na Ordem das Coisas, ao qual não há possibilidade de fugir, por mais que, pessoalmente, preferisse permanecer em sua própria honorável e masculina posição na vida. Mas nem ele nem o resto da humanidade podem reconquistar a vida do além, a não ser mediante a transformação em mulher (solução compromisso).

(55)

a transformação em mulher (processo que pode ocupar muitos anos ou mesmo décadas), por meio de milagres divinos. Ele próprio, está convencido, é o único objeto sobre o qual milagres divinos se realizam, sendo assim o ser humano mais notável que até hoje viveu sobre a Terra. A toda hora e a todo minuto, durante anos, experimentou estes milagres em seu corpo e teve-os confirmados pelas vozes que com ele conversaram (restabelecimento

(56)

A sua “feminilidade” tornou-se proeminente. Trata-se de um processo de desenvolvimento que provavelmente exigirá décadas, senão séculos, para sua conclusão, sendo improvável que alguém hoje vivo sobreviva para ver seu final. Ele tem a sensação de que um número enorme de “nervos femininos” já passou para o seu corpo e, a partir deles, uma

nova raça de homens originar-se-á,

através de um processo de

(57)

O relatório médico presume que

a

força

motivadora

desse

complexo delirante foi a ambição

do paciente em desempenhar o

papel de Redentor e que sua

emasculação

merece

ser

encarada apenas como um meio

de alcançar esse fim.

(58)

O delírio de Redentor constitui fantasia

que nos é familiar, pela freqüência com

que

forma

o

núcleo

da

paranóia

religiosa. Contudo, o fator adicional,

que faz a redenção depender de o

homem transformar-se previamente em

mulher, é fora do comum e em si

próprio

desconcertante,

visto

apresentar divergência muito ampla do

mito histórico (Jesus) que a fantasia do

paciente se propõe reproduzir.

(59)

Freud aborda o assunto com a

suspeita de que mesmo estruturas

de pensamento tão extraordinárias

como estas, e tão afastadas de

nossas

modalidades

comuns

de

pensar, derivam, todavia, dos mais

gerais e compreensíveis impulsos

da mente humana; e gostaria de

descobrir

os

motivos

de

tal

transformação,

bem

como

a

(60)

a partir do delírio em sua forma final,

um

estudo

das

Denkwürdigkeiten

(Memórias) compele-nos a assumir

ponto de vista muito diferente sobre o

assunto. Sabemos que a idéia de se

transformar em mulher (isto é, de ser

emasculado)

constituiu

o

delírio

primário, que ele no início encarava

esse

ato

como

grave

injúria

e

perseguição, e que o mesmo só se

relacionou com o papel de Redentor de

maneira secundária.

(61)

Não pode haver dúvida, além disso, de que ele originalmente acreditava que a transformação deveria ser efetuada com a finalidade de abusos sexuais e não para servir a altos desígnios. Pode-se formular a situação, dizendo-se que um delírio sexual de perseguição foi posteriormente transformado, na mente do paciente, em delírio religioso de grandeza. O papel de perseguidor foi primeiramente atribuído ao Professor Flechsig, médico sob cujos cuidados estava; mais tarde, o lugar foi assumido pelo Próprio Deus.

(62)

Para Freud, o caráter distintivo da paranóia deve ser procurado na forma específica assumida pelos sintomas, e esta é determinada, não pela natureza dos próprios complexos, mas pelo mecanismo mediante o qual os sintomas

são formados ou a repressão é

ocasionada. Tenderíamos a dizer que caracteristicamente paranóico na doença foi o fato de o paciente, para repelir uma fantasia de desejo homossexual, ter reagido precisamente com delírios de perseguição desta espécie.

(63)

Vejamos, segundo Freud,

o

papel desempenhado por um

desejo

homossexual

no

(64)

Gramática

do

Delírio

de

perseguição

Eu (um homem) 0 amo (ele, um

homem)

=> o Caráter homossexual deste

amor

o

torna

intolerável

à

consciência. O sentimento de amor é

transformado em seu contrário:

(65)

Eu não o amo, eu o odeio

(Mudança

no

predicado,

oposição

amar-odiar).

=> A consciência do sujeito não

suporta

experimentar

um

sentimento

hostil

e

ocorre

o

mecanismo da projeção.

(66)

“Eu o odeio” torna-se Ele me

odeia

(ou

me

persegue)

(Mudança no sujeito, Eu-Ele, o

que justifica o ódio que sinto por

ele).

Assim um sentimento de origem interna passa a ser vivido pelo sujeito como se fosse a consciência de uma percepção externa.

(67)

Eu não o amo – eu o odeio – porque ele mexpersegue

A projeção é nesse caso, a expulsão de um desejo intolerável e sua rejeição para fora da pessoa. Há projeção daquilo que não se quer

ser.

Desta forma, segundo Freud, o paranóico reconstrói um novo mundo de maneira a poder viver nele mais uma vez. Constrói-o com o trabalho de seus delírios. A formação delirante,

que presumimos ser o produto patológico, é, na realidade, uma tentativa de restabelecimento, um processo de reconstrução.

(68)

A

projeção

é

descrita

na

formação

do

sintoma.

Num

primeiro momento, o sentimento

insuportável (amor homossexual)

é recalcado no inconsciente e

transformado no seu contrário.

Num

segundo

momento,

o

sentimento

transformado

é

projetado no mundo exterior.

(69)

ESTRUTURA NEURÓTICA

o indivíduo pré-organizado de forma neurótica tem

acesso à triangulação genital.

sem frustrações precoces demasiado

pesadas,

sem fixações pré-genitais anteriores

demasiadamente severas.

O segundo subestágio anal (retentivo) e estágio fálico são superados sem grandes dificuldades.

o Édipo começa a pré-organizar a futura

(70)

Da mesma forma que na linhagem psicótica, o período de latência operará, aqui, uma parada momentânea da evolução estrutural. A adolescência desencadeará as tempestades afetivas.

Na grande maioria dos casos e em contextos normalmente socializados, o ego neuroticamente pré-organizado permanece na linha de estruturação neurótica de forma definitiva.

(71)

Esta organização estrutural não mais poderá variar a seguir e, se um sujeito desta linhagem adoecer, não poderá fazê-lo senão conforme um dos modos neuróticos autênticos: neurose obsessiva e histeria (de angústia ou de conversão)

A linhagem estrutural neurótica é, acima de tudo, caracterizada pela organização da personalidade sob o primado do genital.

(72)

O superego apenas entra em jogo de forma efetiva depois do Édipo.

Não se pode falar de superego propriamente dito, senão nas estruturas neuróticas.

O conflito neurótico situa-se entre o superego e as pulsões e desenrola-se no interior do ego.

O ego está completo na estrutura neurótica.

Assim, a angústia específica das organizações neuróticas não se aproxima, absolutamente, do perigo de fragmentação.

(73)

A regresso neurótica, em caso de acidente mórbido, diz antes respeito à libido que ao ego, sem jamais atingir o nível das regressões pré-genitais massivas das estruturas psicóticas.

A relação de objeto neurótica realiza-se segundo um modo plenamente genital e

objetal.

A

defesa neurótica

característica foi

longamente descrita por Freud sob o

vocábulo

Verdrãngung

, traduzido por

recalcamento.

(74)

Outros mecanismos podem vir em auxílio deste recalcamento conforme as variedades neuróticas, Contudo, jamais ocorre a recusa da realidade.

As exigências do princípio do prazer

sempre ficam mais ou menos submetidas

(75)

A fantasmatização e os sonhos neuróticos

correspondem às satisfações pulsionais alucinatórias proibidas pelo superego e portam traços do conflito e das defesas. são compromissos funcionais, assim como o sintoma constitui um compromisso patológico.

(76)
(77)

■ As observações clínicas levam a crer que o sujeito de estrutura obsessiva teria mantido com os pais uma relação bastante particular,

incidindo, da parte de ambos os pais:

■ uma valorização dos controles e das inibições,

uma interdição das duas pulsões, agressiva (ódio ao pai do mesmo sexo) e sexual (amor pelo pai do sexo oposto).

■ De outra parte, a mãe muito cedo,

■ superinveste os cuidados corporais, intestinais e anais aplicados à criança.

(78)

■ A criança toma um impulso no sentido de

satisfazer a mãe, mas o pai intervém, está lá tanto para “ameaçar” o filho quanto para “satisfazer” a mãe.

■ Diante desta angústia e decepção simultâneas, a criança desenvolve fixações anais.

■ Assim, a estrutura obsessiva apresenta-se como

a mais regressiva da estruturação neurótica no plano libidinal.

(79)

O mecanismo de defesa da estrutura obsessiva é o recalcamento atua sobre as

representações pulsionais intoleráveis, principalmente as que têm a ver com desejos ou dificuldades sexuais da infância.

O recalcamento é auxiliado, em sua ação repressiva, pelo isolamento(1) e pelo

deslocamento(2).

1. Consiste em isolar um pensamento ou comportamento, de modo a cortar as suas ligações com outros pensamentos. incluir pausas durante o pensamento, fórmulas, rituais, e em geral todas as medidas para estabelecer um hiato temporário na sucessão de pensamentos ou atos.

2. pelo deslocamento, o sujeito transfere pulsões e emoções do seu objecto natural, mas "perigoso", para um objecto substituto, mudando assim o objecto que satisfaz a pulsão. Exemplos: o funcionário que sofre de conflitos no emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca

(80)

Assim, na estruturação de modo obsessivo, a

representação pulsional intolerável:

apresenta uma tendência a destacar-se de seu afeto correspondente,

o afeto irá ligar-se a outras representações

menos conflituais,

não mais se poderá reconhecer a pulsão original.

(81)

Se os elementos recalcados atravessam o recalque e as racionalização(1) ou a anulação(2) não mais conseguirem conservar o sujeito no limite da adaptação; chega-se a uma

descompensação da estrutura obsessiva, isto é, à "neurose obsessiva", com suas dúvidas e

angústias, suas lutas entre constrangimentos e

repetições, suas vergonhas e seus rituais.

1. processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para

pensamentos e ações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, ideia ou sentimento que causa angústia.

2. Desfazer ou cancelar simbolicamente uma experiência que se considera

(82)

■ A regressão se apresenta a partir das tendências sexuais e afetuosas, em direção a pulsões agressivas e sádico-anais.

■ Origina-se o contra-investimento que colocará a energia a serviço de formações reativas

■ necessárias à manutenção de uma adaptação exitosa (asseio, ordem, economia, etc.), ou então

■ de esforços menos felizes para limitar a angústia (sintomas: rituais, atividades compulsivas, etc.),

(83)

A ESTRUTURA HISTÉRICA

■ A estrutura histérica, constitui a estrutura

mais elaborado em direção à maturidade.

■ Do ponto de vista tópico, a estrutura histérica

não comporta regressão do ego, mas uma simples regressão da libido.

■ A estruturação histérica apresenta importantes fixações ao estágio fálico

(84)

■ A principal característica do modo de estruturação histérica é a força do componente erótico, do qual todos os aspectos dominam a vida do histérico e as experiências relacionais diversas.

■ Os investimentos objetais mostram-se facilmente móveis, variados e múltiplos, embora não permaneçam forçosamente em um plano puramente superficial.

■ Outra característica da estrutura histérica refere-se às defesas, ou seja, no caso, a prevalência dos mecanismos de recalcamento sobre os demais procedimentos.

(85)

A estrutura histérica de angústia

■ A relação inicial do histerofóbico com seus pólos parentais tem em conta a ambivalência das identificações:

■ os pais, ao mesmo tempo, operam sobre a criança uma excitação e uma interdição sexual.

■ Muito solicitada no plano erótico, a criança não

sabe bem como conciliar provocações e

interditos.

■ As identificações com ambos os pais revelam-se, ao mesmo tempo, difíceis e ambíguas.

(86)

■ A estrutura histerofóbica constitui a mais regressiva

dos dois modos de estruturação histérica.

■ Na histerofobia a libido permanece essencialmente genital e o mecanismo principal continua sendo o

recalcamento;

■ os movimentos pulsionais ambivalentes

(agressividade em relação a objetos de amor e afeição pelos objetos agredidos) conservam uma atitude geral incoerente.

(87)

■ A estrutura histerofóbica de base distingue-se por outras características específicas:

■ O recalcamento, apesar de sua importância, não é completamente exitoso:

■ existe um certo grau de fracasso desse mecanismo, devendo-se apelar para mecanismos acessórios.

■ a pulsão intolerável que reaparece é de início deslocada sobre um objeto menos evidente; depois junta-se a este deslocamento de um

objeto interno para um objeto externo uma

(88)

■ A regressão libidinal corresponde, na estrutura histerofóbica, a um simples retorno de apenas parte da libido sobre fixações orais e anais precoces.

■ A relação de objeto continua sendo proximal, contudo uma tela é colocada entre o sujeito e o objeto, sob a forma de evitação fóbica, comumente bastante sutil quando não se trata de um sintoma mórbido perfeitamente evidente; esta tela permite ao mesmo tempo conservar e evitar o contato com o objeto representativo.

(89)

■ A angústia diz respeito, certamente, à

castração; no mecanismo específico da histerofobia, trata-se de uma angústia de ver

(90)

A estrutura histérica de conversão

■ A relação inicial com os pais está marcada por uma separação já mais nítida de papéis: a excitação emana mais do pai de sexo oposto e a interdição mais classicamente do pai do mesmo sexo.

■ A parada eventual do desenvolvimento libiriinal, tão próximo da maturidade afetiva, pode ser compreendida pelo fato de a criança não haver ainda conseguido a resolução do Édipo estabecendo uma fixação.

■ o medo da castração pelo pai de mesmo sexo leva o ego a uma convicção da ameaça, enquanto a satisfação pelo outro sexo permanece do domínio da provocação, sem qualquer certeza de que a realização seja realmente aceita.

(91)

■ A conversão de natureza histérica é caracterizada pela somatização, simbolizada a este nível, de um investimento libidinal retirado das representações amorosas concernentes à imagem do pai de sexo oposto, logo mais angustiantes porque mais interditas e culpáveis, podendo acarretar a castração punitiva da parte do pai de mesmo sexo.

(92)

■ Esta somatização corresponde, pois, a um

deslocamento sobre uma parte do corpo não escolhida ao acaso, mas designada, ao mesmo tempo, por seu valor simbólico e por seu investimento erógeno, por ocasião da

evolução da sexualidade infantil, intervindo também a importância revestida por esta

região corporal enquanto investimento narcisista, por ocasião da constituição do esquema corporal do indivíduo.

■ A conversão, nos seus múltiplos planos e sentidos, corresponde tanto ao medo da castração quanto ao modo para evitá-la.

(93)

■ Na estrutura histérica de conversão a angústia

permanece ligada a um temor de ver realizar-se

uma atuação interditada, muiito mais do que a um temor do pensamento, como na estrutura histerofóbica.

(94)

]

(95)
(96)

ESTRUTURA DA PERSONALIDADE

A estruturar da personalidade corresponde a um estado psíquico constituído pelos elementos fundamentais da personalidade, fixados em um conjunto estável e definitivo.

(97)

Uma estrutura da personalidade implica em

uma organizada de modo estável e definitivo dos seguintes elementos:

1. mecanismos de defesa,

2. modo seletivo de relação de objeto, 3. grau de evolução libidinal

4. pontos de Fixação da Libido

5. grau de evolução do ego,

6. atitude frente a realidade,

7. uso bastante invariado dos processos

(98)

98 aula 1

Grau de evolução libidinal

Pontos de Fixação da Libido

Grau de evolução do ego,

mecanismos de defesa,

modo seletivo de relação de objeto, atitude frente a realidade,

uso bastante invariado dos processos primário e secundário.. Uma organização (disposição) Estável Habitual duradoura dos aspectos:

Cognitivos – pensar, perceber Afetivos – sentir Volitivos – querer Comportamentais – agir D E S E N V O L V I M E N T O P S I C O S S E X U A L

(99)

A estrutura da personalidade representa as

bases constantes (elementos psíquicos

fundamentais) sobre as quais se estabelece o funcionamento psíquico de um sujeito.

Para Freud, no desenvolvimento psicossexual, quando o funcionamento psíquico de um indivíduo houvesse estabelecido um grau de

organização equivalente a um arranjo dos

mecanismos psíquicos fundamentais não

(100)

Freud estabelece a personalidade como resultante da complementariedade entre os aspectos constitucionais e os aspectos históricos/relacionais:

FATORS COSTITUCIONAS HISTÓRIA DESENVOLVIMENTO INFANTIL DISPOSIÇÃO Estrutura Psicótica Estrutura Neurótica Estrutura Perversa Pontos de Fixação da Libido Grau de Evoluçã o do Ego

(101)

AS ESTRUTURAS DE PERSONALIDADE

A tentativa de classificação psicanalítica das

estruturas mentais está centrada em quatro fatores:  natureza da angústia latente;

 principais mecanismos de defesa;

 O grau de evolução Ego

 modo de relação de objeto;

 atitude frente a realidade,

 uso dos processos primário ou secundário.

 grau de evolução da libido,

(102)
(103)

A estrutura psicótica corresponde a uma falência da

organização narcísica primária dos primeiros

instantes da vida.

A mãe do psicótico pode, por suas atitudes profundas, manter o filho, e mais tarde o paciente, em uma situação imprópria para facilitar a eclosão das manifestações personantes.

Mãe hiperprotetora, não permitindo à criança alcançar o registro do desejo. Está sempre presente (prevenindo seus menores desejos, que ela torna assim inexistentes).

(104)

Mãe ausente (mais raramente) – a função

materna não cumprirá seu papel - tão importante - de ligação da moção pulsional em curso de emergência com seu objeto significante.

Mãe que não entende a demanda do filho –

constituem uma das mais sólidas raízes da

inaptidão a mentalizar (Deleuze, 1969; Freud,

1953) as pulsões, a representá-las, e a

dizê-las. A função do desejo, perturbada,

mostra-se incapaz de significar realmente o movimento pulsional (uma incapacidade de representação da pulsão)

(105)

...a mãe do psicótico não soube deixar se instalar o esboço de uma relação personada, levada, como se viu, essencialmente por sua própria

necessidade patológica de exclusividade. Essa disposição de espírito tenderá igualmente a afastar a criança de toda saída para o exterior e muito especialmente

para esse outro representado

(106)

...ela [a mãe do psicótico] eliminará fundamentalmente de seus próprios conteúdos tudo aquilo que pode lembrar e evocar o lugar do terceiro personagem, do

Outro, do pai, tudo o que poderia, nesse

nível, introduzir a criança em uma dimensão

triangular, pela presença reconhecida de um terceiro no imaginário da mãe e em seu discurso... Esse fenômeno foi introduzido na problemática analítica por Lacan, sob o nome de forclusão, se reveste de uma importância decisiva na edificação egóica insuficiente do psicótico.

(107)

 Por sua vez, o pai do psicótico se mostra, falho em sua função, ele não consegue ajudar, com sua intervenção, a criança em sua separação da mãe, assim, esta criança se encontrará irremediavelmente confinada no registro unipolar e fusional impróprio para uma implantação objetal satisfatória e impróprio, igualmente, para um bom funcionamento mental.

(108)

Assim, facilmente ele se torna a sede da

confusão alucinatória ou delirante, que apenas exprime essa inaptidão em separar

o real do fantasmático.

Constituirá, sob a forma perceptiva de uma

pseudo-realidade externa, os elementos figurativos de seus movimentos pulsionais (internos) sem sentir, como é o caso, normalmente, toda a subjetividade que caracteriza, no sujeito normal, a experiência habitual do desejo, em sua elaboração fantasmática e representativa, enquanto imagem mental diferenciada da percepção.

(109)

Em geral, a linhagem estrutural psicótica tem no início frustrações muito precoces, originando-se essencialmente do pólo materno.

 A atitude simbiótica, necessidade de total dependência do filho em relação à mãe, torna impossivel para a criança constitui-se como objeto distinto da "mãe", ela mesma, incompleta, não podendo conceber separar-se desta parte indispensável ao seu próprio ego.

(110)

 Esta relação mais ou menos fusionai com a mãe, segundo as variedades de psicose, constitui-se como fator Impediditvo para a constituição de uma diferenciação entre:

1- realidade psíquica/realidade material e

(111)

O indivíduo sofre sérias fixações, estas fixações ocorrem durante a fase oral ou, no mais tardar, durante a primeira parte da fase anal (expulsiva).

O ego se pré-organiza nesta primeira etapa segundo a linhagem estrutual psicótica.

 A "pré-organização" sofre uma parada evolutivo

durante o período de latência.

Por ocasião da adolescência, na imensa maioria

dos casos, um ego pré-organizado de forma psicótica simplesmente prosseguirá sua evolução

no seio da linhagem psicótica e se organizará de forma definitiva, sob a forma de estrutura psicótica

(112)

O ego jamais está completo; encontra-se de saída fragmentado.

 Por esse motivo a angústia está centrada na

fragmentação, na destruição, na morte por

despedaçamento.

 A atividade sintética do ego encontra-se abolida

nos casos extremos, ou então enfraquecida.

O superego não atinge o papel organizador ou

conflitual de base.

 O conflito subjacente não é causado pelo superego, nem pelo ideal de ego, mas pelas necessidades pulsionais em face à realidade, o que leva a uma recusa de todas as partes desta realidade que tenham-se tornado demasiado

(113)

 Quanto mais o sujeito de estrutura psicótica se encontrar ameaçada, mais prevalecerá nele o

processo primário, em detrimento do funcionamento sob o processo secundário.

 O processo primário leva o funcionamento mental a sair do controle da realidade para tender à

alucinação dos desejos.

 O delírio, com a recusa da realidade, tornar-se

indispensável para a manutenção da vida por meio da reconstrução de uma nova realidade.

(114)

Os principais mecanismos de defesa psicóticos são:  Recusa da realidade.

Projeção (Projektion) – Termo utilizado por Sigmund Freud a partir de1895 para designar um modo de defesa primário pelo qual o sujeito projeta num outro sujeito ou num objeto desejos que provêm dele.

Clivagem do eu (Ichspaltung) – Termo introduzido

por Sigmund Freud em 1927 para designar um fenômeno que se traduz pela coexistência, no

cerne do eu, de duas atitudes contraditórias, uma

que consiste em recusar a realidade, outra, em aceitá-la. (passam a existir dois mundos diferentes no sujeito: o real e o delirante).

(115)
(116)

Em 1884, Daniel Paul Schreber, jurista renomado e presidente da corte de apelação da Saxônia, deu sinais de distúrbios mentais, depois de ser derrotado na eleição em que se apresentara como candidato do partido conservador. Foi então tratado pelo neurologista Paul Flechsig (1847-1929), que em duas ocasiões Schreber, Daniel Paul 691 mandou interná-lo. Promovido a presidente do tribunal de apelação de Dresden em 1893, Schreber foi interditado sete anos depois, sendo seus bens colocados sob tutela.

(117)

RelatoXdeXSchereber

’Duas vezes sofri de distúrbios nervosos e ambas resultaram de excessiva tensão mental. Isso se deveu, na primeira ocasião, à minha apresentação como candidato à eleição para o Reichstag e, na segunda, ao fardo muito pesado de trabalho que me caiu sobre os ombros quando assumi meus novos deveres como Senatspräsident em Dresden.’

(118)

A primeira doença do Dr. Schreber

começou no outono de 1884; em fins de

1885

achava-se

restabelecido.

Durante

este

período,

passou

seis

meses na clínica de Flechsig, que, em

relatório formal redigido posteriormente,

descreveu o distúrbio como sendo uma

crise de grave hipocondria.

(119)

O Dr. Schreber já estava casado

há muito tempo, antes da época de

sua ‘hipocondria’. ‘A gratidão de

minha esposa’, escreve ele, ‘foi

talvez ainda mais sincera, pois

reverenciava o Professor Flechsig

como o homem que lhe havia

restituído o marido; daí ter ela,

durante anos, mantido o retrato

dele sobre a escrivaninha.’

(120)

‘Após

me

restabelecer

da

primeira

doença,

passei

oito

anos com minha esposa — anos,

em geral, de grande felicidade,

ricos de honrarias exteriores e

nublados apenas, de vez em

quando,

pela

contínua

frustração

da

esperança

de

sermos abençoados com filhos.’

(ferida narcísica)

(121)

Além

disso,

certa

vez,

nas

primeiras horas da manhã, enquanto

se achava entre o sono e a vigília,

ocorreu-lhe a idéia de que, ‘afinal de

contas, deve ser realmente muito

bom ser mulher e submeter-se ao

ato da cópula’. Tratava-se de idéia

que teria rejeitado com a maior

indignação, se estivesse plenamente

consciente. (ferida narcísica)

(122)

O

ponto

culminante

do

sistema delirante do paciente

é a sua crença de ter a

missão de redimir o mundo e

restituir

à

humanidade

o

estado perdido de beatitude.

(123)

Foi convocado a essa tarefa por inspiração direta de Deus, da mesma forma que os Profetas; pois os nervos, em condições de grande excitação, assim como os seus estiveram por longo tempo, têm exatamente a propriedade de exercer atração sobre Deus — embora isso signifique tocar em assuntos que a fala humana mal é capaz de expressar, se é que o pode, visto jazerem inteiramente fora do raio de ação da experiência humana e, na verdade, terem sido revelados somente a ele. (restabelecimento narcísico)

(124)

A parte mais essencial de sua missão redentora é ela ter de ser procedida por sua

transformação em mulher. Não se deve

supor que ele deseje ser transformado em mulher; trata-se antes de um ‘dever’ baseado na Ordem das Coisas, ao qual não há possibilidade de fugir, por mais que, pessoalmente, preferisse permanecer em sua própria honorável e masculina posição na vida. Mas nem ele nem o resto da humanidade podem reconquistar a vida do além, a não ser mediante a transformação em mulher (solução compromisso).

(125)

a transformação em mulher (processo que pode ocupar muitos anos ou mesmo décadas), por meio de milagres divinos. Ele próprio, está convencido, é o único objeto sobre o qual milagres divinos se realizam, sendo assim o ser humano mais notável que até hoje viveu sobre a Terra. A toda hora e a todo minuto, durante anos, experimentou estes milagres em seu corpo e teve-os confirmados pelas vozes que com ele conversaram (restabelecimento

(126)

A sua “feminilidade” tornou-se proeminente. Trata-se de um processo de desenvolvimento que provavelmente exigirá décadas, senão séculos, para sua conclusão, sendo improvável que alguém hoje vivo sobreviva para ver seu final. Ele tem a sensação de que um número enorme de “nervos femininos” já passou para o seu corpo e, a partir deles, uma

nova raça de homens originar-se-á,

através de um processo de

(127)

O relatório médico presume que

a

força

motivadora

desse

complexo delirante foi a ambição

do paciente em desempenhar o

papel de Redentor e que sua

emasculação

merece

ser

encarada apenas como um meio

de alcançar esse fim.

(128)

O delírio de Redentor constitui fantasia

que nos é familiar, pela freqüência com

que

forma

o

núcleo

da

paranóia

religiosa. Contudo, o fator adicional,

que faz a redenção depender de o

homem transformar-se previamente em

mulher, é fora do comum e em si

próprio

desconcertante,

visto

apresentar divergência muito ampla do

mito histórico (Jesus) que a fantasia do

paciente se propõe reproduzir.

(129)

Freud aborda o assunto com a

suspeita de que mesmo estruturas

de pensamento tão extraordinárias

como estas, e tão afastadas de

nossas

modalidades

comuns

de

pensar, derivam, todavia, dos mais

gerais e compreensíveis impulsos

da mente humana; e gostaria de

descobrir

os

motivos

de

tal

transformação,

bem

como

a

(130)

a partir do delírio em sua forma final,

um

estudo

das

Denkwürdigkeiten

(Memórias) compele-nos a assumir

ponto de vista muito diferente sobre o

assunto. Sabemos que a idéia de se

transformar em mulher (isto é, de ser

emasculado)

constituiu

o

delírio

primário, que ele no início encarava

esse

ato

como

grave

injúria

e

perseguição, e que o mesmo só se

relacionou com o papel de Redentor de

maneira secundária.

(131)

Não pode haver dúvida, além disso, de que ele originalmente acreditava que a transformação deveria ser efetuada com a finalidade de abusos sexuais e não para servir a altos desígnios. Pode-se formular a situação, dizendo-se que um delírio sexual de perseguição foi posteriormente transformado, na mente do paciente, em delírio religioso de grandeza. O papel de perseguidor foi primeiramente atribuído ao Professor Flechsig, médico sob cujos cuidados estava; mais tarde, o lugar foi assumido pelo Próprio Deus.

(132)

Para Freud, o caráter distintivo da paranóia deve ser procurado na forma específica assumida pelos sintomas, e esta é determinada, não pela natureza dos próprios complexos, mas pelo mecanismo mediante o qual os sintomas

são formados ou a repressão é

ocasionada. Tenderíamos a dizer que caracteristicamente paranóico na doença foi o fato de o paciente, para repelir uma fantasia de desejo homossexual, ter reagido precisamente com delírios de perseguição desta espécie.

(133)

Vejamos, segundo Freud,

o

papel desempenhado por um

desejo

homossexual

no

(134)

Gramática

do

Delírio

de

perseguição

Eu (um homem) 0 amo (ele, um

homem)

=> o Caráter homossexual deste

amor

o

torna

intolerável

à

consciência. O sentimento de amor é

transformado em seu contrário:

(135)

Eu não o amo, eu o odeio

(Mudança

no

predicado,

oposição

amar-odiar).

=> A consciência do sujeito não

suporta

experimentar

um

sentimento

hostil

e

ocorre

o

mecanismo da projeção.

(136)

“Eu o odeio” torna-se Ele me

odeia

(ou

me

persegue)

(Mudança no sujeito, Eu-Ele, o

que justifica o ódio que sinto por

ele).

Assim um sentimento de origem interna passa a ser vivido pelo sujeito como se fosse a consciência de uma percepção externa.

(137)

Eu não o amo – eu o odeio – porque ele mexpersegue

A projeção é nesse caso, a expulsão de um desejo intolerável e sua rejeição para fora da pessoa. Há projeção daquilo que não se quer

ser.

Desta forma, segundo Freud, o paranóico reconstrói um novo mundo de maneira a poder viver nele mais uma vez. Constrói-o com o trabalho de seus delírios. A formação delirante,

que presumimos ser o produto patológico, é, na realidade, uma tentativa de restabelecimento, um processo de reconstrução.

(138)

A

projeção

é

descrita

na

formação

do

sintoma.

Num

primeiro momento, o sentimento

insuportável (amor homossexual)

é recalcado no inconsciente e

transformado no seu contrário.

Num

segundo

momento,

o

sentimento

transformado

é

projetado no mundo exterior.

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