Henrique Gustavo Guimaraes Jose Isaias Fonseca Rafael Moreira Campos Gomes
Ronaldo José Santana
ANÁLISE CASO PRÁTICO (Decisão Judicial)
Henrique Gustavo Guimaraes Jose Isaias Fonseca Rafael Moreira Campos Gomes
Ronaldo José Santana
ANÁLISE CASO PRÁTICO (Decisão Judicial)
Trabalho apresentado à disciplina Estatuto da OAB, do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Professor: Alex Dylan Freitas Silva
Belo Horizonte 2014
CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
RJ - Rio de Janeiro
TRT1 - Tribunal Regional do Trabalho 1° Região CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 4 2 DESENVOLVIMENTO ... 5 3 CONCLUSÃO ... 7 REFERÊNCIAS ... 8 ANEXO A - PROCESSO 0000476-89.2011.5.01.0037 ... 9
1 INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho tem o objetivo de demonstrar que usualmente é comum encontrar profissional da área do direito trabalhando sem a devida anotação da CTPS, aliás, esta infelizmente é uma realidade corriqueira em nosso país, principalmente pela alta carga tributária incidente na contratação de pessoal. É fácil encontrar também na efetiva realidade de trabalho de muitos advogados submetidos a jornada excessiva em afronta ao artigo 20 do Estatuto da Advocacia e da OAB:
“Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento.”
Onde podemos observar que determina que a jornada de trabalho do advogado, com exceção de acordo ou convenção coletiva ou ainda em caso de dedicação exclusiva deverá ser de quatro horas contínuas e de vinte horas semanais.
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2 DESENVOLVIMENTO
Trata-se de um caso prático sobre pedido de reconhecimento de vínculo empregatício de advogado empregado do qual teve o pedido negado em primeira instancia e em interposição de recurso ordinário foi reconhecido a relação empregatícia, conforme se segue;
“VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ADVOGADO. O trabalho desenvolvido pelo advogado, em sua forma empregatícia, encontra-se regulado pela Lei nº 8.906/94, em seus artigos 18 a 21. A caracterização de vínculo empregatício do advogado imprescinde dos requisitos previstos no art. 3º da CLT, além de possuir o empregado a qualidade específica de advogado regularmente habilitado para o exercício da profissão.” (TRT-1 - RO: 4768920115010037 RJ, 2013)
É sabido que para configuração da relação de emprego faz-se necessário o preenchimento dos elementos caracterizadores da relação empregatícia quais sejam; pessoalidade, pessoa física, onerosidade e subordinação.
Quanto à pessoa física ficou demonstrado no caso concreto da situação examinada, que o serviço prestado pelo advogado diz respeito apenas e tão somente a uma pessoa física surge então o primeiro elemento fático-jurídico da relação empregatícia.
No que tange a pessoalidade é essencial á configuração da relação de emprego que a prestação do trabalho, pela pessoa natural tenha efetivo caráter de infungibilidade no que tange ao trabalhador o que também no caso apresentado foi constatado.
Em que pese a não-eventualidade, a ideia de permanência atua no direito do trabalho no sentido de que a duração do contrato de trabalho tende a ser por prazo indeterminado criando uma ideia de perenidade, vale destacar que a noção de permanência é relevante á formação sociojurídica da relação de trabalho.
A onerosidade parte da ideia de contraprestação ao serviço prestado pelo trabalhador afinal não é comum às pessoas trabalharem sem que haja remuneração. Assim a relação empregatícia é uma relação de essencial fundo econômico. Como ensina Delgado (2008) o contrato de trabalho é desse modo um contrato bilateral, sinalagmático e oneroso por envolver um conjunto diferenciado de prestações e contraprestações recíprocas entre as partes economicamente mensuráveis.
Por fim e com maior atenção devido a grandiosa importância do elemento no caso concreto, a subordinação, esta guarda amparo legal diferenciando a subordinação concernente ao advogado empregado dos demais, pós a relação de emprego envolvendo o advogado não retira dele a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes a advocacia, de modo que o advogado empregado não esta obrigado a se sujeitar a orientações como por exemplo o que colocar em uma petição de forma jurídica, esta previsão esta contida no artigo 18 da lei 8.906/94. Por todo o acima exposto, no caso em analise foram preenchidos todos os elementos fáticos jurídicos não cabendo outra decisão, senão a que reconhece o vínculo do advogado empregado com o contratante.
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3 CONCLUSÃO
Ante ao caso analisado conclui-se que, embora presente todos os requisitos para configuração da relação empregatícia o juiz a qual negou provimento ao pedido formulado na inicial, contudo pelas vias recursais foram garantidos todos os direitos empregatícios do advogado empregado incluindo assim todas as verbas trabalhistas inerentes.
Ocorre que devido a situação de necessidade decorrente do emprego que afinal é o primado da sociedade, muitos advogados empregados não pleiteiam seus direitos judicialmente embora conhecê-los, desencadeando em flagrante afronta ao Estatuto, que cada vez mais vai deixando de refletir sua realidade normativa na efetiva realidade dos profissionais.
REFERÊNCIAS
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 3ª. ed. São Paulo: LTR, 2004.
Lei 8.906/94. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do
Brasil, VADE MECUM, Editora Saraiva, 16ª edição, 2013.
SITE JusBrasil. PROCESSO nº RO 4768920115010037 RJ. Disponível em:
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