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Teste de impairment: uma análise em empresas listadas na

BM&FBOVESPA

Everton Luiz Folador (Unioeste) evertonfolador@hotmail.com Ivan Rafael Defaveri (Unioeste) ivandefaveri@hotmail.com Juliano Francisco Baldissera (Unioeste) juliano.baldissera@hotmail.com

Guilherme B. Henz (Unioeste) guilhermebhenz@gmail.com

Luiz Carlos N. Bandeira (Unioeste) lcnbandeira@hotmail.com

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo referente a análise da forma em que é divulgado o impairment de três empresas listadas na CVM. Essa pesquisa tem como justificativa as inovações trazidas pelas novas normas internacionais que estão sendo aplicadas no Brasil, uma delas é a IAS 36 – Teste de Impairment, ela corresponde, de certa forma, a norma brasileira CPC 01. Como questão de pesquisa buscou-se observar como as empresas vêm divulgando, de acordo a essas normas, as perdas por impairment nos anos de 2012 a 2014 em suas notas explicativas. O teste de impairment consiste na avaliação da existência do

impairment, ou seja, da redução do valor recuperável de uma ativo em relação a seu valor

contábil. O valor recuperável é baseado no valor de uso ou valor líquido de venda. Tendo em vista que as normas de contabilidade têm como objetivo a uniformidade das informações é imprescindível que a divulgação também siga um padrão, é por isso a importância, também, da divulgação adequada dessas perdas como instrumento de informação para a tomada de decisão. Para o desenvolvimento dessa pesquisa adotou-se a pesquisa descritiva, tratando-se de uma análise documental, onde fora apresentado de forma qualitativa e quantitativa. Através da análise de dados foi possível observar ainda que as empregas divulgam as informações a respeito do impairment, mas essa divulgação não é a mais adequada, ainda existe a necessidade de fazer melhor uso dessa divulgação, sendo que há dispositivos das normas que não estão sendo atendidos.

Palavras-chave: Impairment. Contabilidade Internacional. Valor recuperável.

Área Temática: Contabilidade Internacional.

1 Introdução

Através dos demonstrativos contábeis, a contabilidade fornece uma série de informações e possibilita a compreensão destas, de modo a auxiliar os gestores na tomada de decisões.

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2 garantir a uniformidade das práticas adotadas, apresentando, desta forma, as informações constantes nas demonstrações de modo a refletir melhor a realidade.

Estes órgãos, tais como o International Acconting Standards Board (IASB) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), passaram a emitir normas trazendo conceitos e procedimentos para a execução da prática contábil.

Considerando o universo de mais de 50 normas internacionais e 47 nacionais publicadas, o presente artigo se atenta para a norma internacional International Accounting

Standards (IAS) 36, Impairment de Ativos, e sua versão nacional, o CPC 01 - Redução ao

Valor Recuperável de Ativos.

Tais normas auxiliam na evidenciação da perda por impairment, que consiste no excesso de valor contábil de um ativo, seja imobilizado ou intangível, sobre seu valor recuperável.

Visando analisar a aplicação prática destas normas, a presente pesquisa avaliou as demonstrações apresentadas por empresas listadas na base de dados da CVM, entre os anos de 2012 e 2014. A partir da análise das notas explicativas, procura-se avaliar a correta evidenciação das perdas por impairment, segundo os requisitos da norma IAS 36 e o pronunciamento CPC 1. Neste contexto, outros trabalhos apresentam pesquisas de mesmo cunho.

Silva, Marques e Santos (2009) analisaram a qualidade das informações evidenciadas sobre o impairment de ativos de longa duração de empresas petrolíferas e aderência destas frente às obrigações estabelecidas nas normas, abrangendo 13 instituições listadas no anuário

Petroleum Intelligence Weekly em 2005.

Ono, Rodrigues e Nyama (2008) analisaram as evidenciações sobre impairment nas demonstrações e notas explicativas de 132 empresas negociadas na BMF&Bovespa em 2008 segundo os requisitos apresentados no CPC 1.

Souza, Borba e Alberton (2009) avaliam a posição de auditores independentes frente a ausência parcial ou total das exigências das normas em seus pareceres sobre as demonstrações de seis empresas auditadas no ano de 2008, que apresentaram perda por impairment.

Lucena et al. (2009) verificaram empiricamente se o processo de evidenciação da perda por impairment nas notas explicativas das demonstrações de 2008 nos 12 principais bancos do Brasil seguem as práticas do pronunciamento CPC 1.

Tavares et al. (2010) evidenciaram se os setores econômicos listados na BMF&Bovespa, baseados nas 25 empresas que registraram perda por impairment em 2008,

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3 cumpriram com os requisitos preconizados pelo pronunciamento CPC 1.

Frente às premissas mencionadas, este estudo concentra-se na seguinte questão: Como

as empresas listadas na base de dados da CVM que apresentaram perda por impairment entre os anos de 2012 a 2014 estão adotando a norma internacional IAS 36 e pronunciamento CPC 1 em suas notas explicativas? Assim, se apresenta o objetivo de

analisar a conformidade das notas explicativas de empresas listadas na CVM que apresentaram perda por impairment entre 2012 a 2014 segundo os requisitos da norma internacional IAS 36 e pronunciamento CPC 1.

2 Referencial Teórico

Nessa seção, serão discutidos de acordo com a literatura, os conceitos a IAS 36 e do CPC 1, bem como conceitos relacionados a aplicação dessas duas normas.

2.1 Normas Internacionais e Nacionais

De acordo com Carvalho e Lemes (2010) a emissão de normas internacionais de contabilidade surgiu em 1970 com a denominação IAS – International Accounting Standards, a partir de 2001, essas normas passaram a denominar-se IFRS – International Financial

Reporting Standards, as Normas Internacionais de Relatórios Financeiros não abrangem

apenas questões especificas contábeis, mas todo o contexto envolvido na divulgação do desempenho de empresas por meio de balanços, demonstrações de resultados, fluxos de caixas e notas explicativas.

Carvalho e Lemes (2010) ressalta que em alguns países as normas internacionais serviram de substituição às normas contábeis nacionais e em outros a aceitação foi como complemento à normatização nacional, como o caso do Novo Mercado da BOVESPA. No Brasil em a alteração no ordenamento contábil veio com a lei 11.638 de 2007 e com o acatamento dos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis pelas autoridades reguladoras governamentais, implantando no país por força legal as normas internacionais nos balanços individuais das empresas, ao invés de apenas nos consolidados.

Muitas sociedades brasileiras estão obrigadas a adotar, por exigência de diversos órgãos reguladores contábeis desde 2010, as Normas Internacionais de Contabilidade emanadas do IASB – International Accounting Standards Board em suas demonstrações contábeis consolidadas. Como algumas dessas normas têm como consequência ajustes

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4 retrospectivos, o IASB emitiu sua IFRS 1, que tem o objetivo de regular a situação quando a entidade aplica integralmente as Normas Internacionais pela primeira vez de forma que as demonstrações consolidadas possam ser declaradas pela administração da sociedade como estando de acordo com as Normas Internacionais IFRS.

O CPC emite pronunciamento com interpretação e aplicação para empresas do Brasil, de normas emitidas pela IFRS. A IAS 36 que trata da Redução no valor Recuperável de Ativos foi emitido em janeiro de 2011 pela IFRS, com objetivo de:

“Prescrever os procedimentos que uma entidade deve aplicar para garantir que seus ativos não sejam reconhecidos acima de seus valores recuperáveis. Um ativo é reconhecido acima de seu valor recuperável se o seu valor contábil exceder o valor a ser recuperado por meio do uso ou da venda do ativo. Nesse caso, o ativo é descrito como apresentando problemas de recuperação e a Norma exige que a entidade reconheça uma perda por redução no valor recuperável. A Norma também especifica quando uma entidade deve reverter uma perda por redução no valor recuperável e prescreve divulgações”.

Para essa norma internacional o CPC emitiu a norma técnica 01 que interpreta e normatiza a aplicação da norma internacional. A norma do CPC apresenta o seguinte objetivo:

“Estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de recuperação. Um ativo está registrado contabilmente por valor que excede seu valor de recuperação se o seu valor contábil exceder o montante a ser recuperado pelo uso ou pela venda do ativo. Se esse for o caso, o ativo é caracterizado como sujeito ao reconhecimento de perdas, e o Pronunciamento Técnico requer que a entidade reconheça um ajuste para perdas por desvalorização. O Pronunciamento Técnico também especifica quando a entidade deve reverter um ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as divulgações requeridas”.

Na sequência da apresentação dos objetivos a norma traz algumas definições de termos importantes; como se dá a identificação de um ativo que pode estar desvalorizado; o procedimento de mensuração do valor recuperável; o reconhecimento e mensuração de perda por desvalorização; sobre a unidade geradora de caixa e ágio por expectativa de rentabilidade futura; o procedimento de reversão de perda por desvalorização e por fim das informações necessárias para divulgação.

2.2 Impairment

Quando da elaboração das demonstrações contábeis, uma empresa deve se atentar ao fato de que o valor de registro dos ativos não supere a sua substancia econômica, ou seja, sua capacidade de gerar benefícios econômicos à entidade.

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5 Para que se verifique a existência ou não dessa redução da capacidade de gerar benefícios, deve-se realizar o teste de impairment. Segundo Ferrarezi e Smith (2010), o

impairment é o instrumento utilizado para adequar o ativo a sua real capacidade de retorno

econômico. Ele é aplicado principalmente em ativos fixos (imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill) e ativos disponíveis para venda investimentos em operações descontinuadas.

O teste de impairment consiste na avaliação da existência do impairment, ou seja, da redução do valor recuperável de uma ativo em relação a seu valor contábil. Este teste deve ser feito periodicamente, quando da ocasião do fechamento das demonstrações contábeis, ou quando forem verificados quaisquer fatores conjunturais que indiquem a perda por

impairment.

Para que seja feito o reconhecimento do valor recuperável, tanto a IAS 36 quanto o CPC 01 indicam que devem ser considerados uma série de fatores, tanto externos quanto internos, para a determinação de tal valor.

Como fatores externos pode-se entender a significante mudança no ambiente tecnológico e mercadológico e o relevante aumento das taxas de juros, o que leva à redução no retorno sobre o investimento e, ainda, quando o valor contábil do patrimônio supera o valor de suas ações no mercado.

Fatores internos podem ser observados com a obsolescência evidente em ativos e/ou danos físicos, planejamento de descontinuação ou reestruturação de um ativo e ainda desempenho econômico de um ativo menor que a expectativa indicada em relatórios internos.

2.2.1 Mensuração do valor recuperável e da perda por desvalorização

O valor recuperável de um ativo imobilizado é definido como o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e o valor em uso desse ativo.

O valor líquido de venda é o valor a ser obtido pela venda do ativo em uma transação em condições normais, envolvendo partes conhecedoras e independentes, deduzidas as despesas necessárias para que essa venda ocorra. Já o valor em uso de um ativo imobilizado é o valor presente dos fluxos de Caixa futuros estimados (benefícios econômicos futuros esperados do ativo) decorrentes do seu emprego ou uso nas operações na entidade.

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6 Para Iudícibus et al (2010) a contabilidade tem como objetivo prover informações estruturadas no âmbito econômico, financeiro e, de produtividade social, aos usuários internos e externos. No que tange a divulgação, Hendriksen e Breda (1999, p. 512) afirmam que “divulgação simplesmente quer dizer veiculação de informação”.

Tendo em vista que as normas de contabilidade têm como objetivo a uniformidade das informações é imprescindível que a divulgação também siga um padrão. De acordo com Hendriksen e Breda (1999, p. 155) a “divulgação apropriada de informação relevante para os usuários das demonstrações deve ser adequada, justa e completa.”

Conforme Pereira (2011), quando se trata de divulgação as normas exigem a apresentação de informações adicionais nas notas explicativas. As notas explicativas são informações complementares às demonstrações contábeis.

Iudícibus (2010) relata que estas informações podem ser descritivas ou apresentada em quadros, para compreensão dos resultados e situação financeira da empresa.

Percebe-se que a divulgação está ligada diretamente com o objetivo da contabilidade, e nesse sentido, o CPC 01 e IAS 36, respectivamente nos itens 121 ao 130, tratam sobre a divulgação do impairment, a qual deverá expressar as seguintes informações:

a) valor de perdas por desvalorização os ativos e reversões no resultado ou no PL em alíneas separadas;

b) eventos e circunstancias que levaram ao reconhecimento;

c) goodwill alocado a UGC quando ocorrido e valor contábil do ativo intangível de vida indefinida;

d) valor recuperável sendo valor líquido da venda ou valor de uso, com as devidas bases e estimativas utilizadas

e) se evidencia consta na UGC ou ativou individual, com descrição da natureza, e principais ativos afetados (CPC 01/2010; IUDíCIBUS et al,2010).

Em tese, os requisitos para a evidenciação das informações relacionadas ao

impairment apresentam o mínimo que deverá conter as demonstrações contábeis das

companhias em relação a redução ao valor recuperável de ativos.

2.4 Valor recuperável

De acordo com Lemes e Carvalho (2010, p.147), uma definição sintética de valor recuperável seria, “o maior entre o valor justo menos os custos para vender e o valor em uso do ativo ou da unidade geradora de caixa”. Para Niyama et al (2010, p.71):

[...] equivale ao maior preço apurado entre o seu Valor Líquido de Venda e o seu Valor em Uso. Caso qualquer dessas importâncias seja superior ao valor

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contábil líquido do ativo, considerados os efeitos retificadores de uma amortização ou depreciação acumulada já contabilizada, não haverá desvalorização a ser reconhecida em forma de provisão.

Unidade geradora de caixa refere-se ao menor grupo identificável de ativos que gera entradas no caixa, como por exemplo, uma máquina que produz um produto X é considerada uma unidade geradora de caixa.

2.4.1 Valor justo líquido

O valor justo líquido, ou fair value, é definido por Cunha et al (2010, p.5) como, “a quantia pela qual os ativos e passivos podem ser comprados ou vendidos em uma transação atual entre partes dispostas a negociar, ou seja, exceto em uma venda forçada ou liquidação.”

Em relação à mensuração do valor justo do ativo, Marques et al (2009, p. 261) afirma que:

[...] deve ser apurada com a utilização de uma das seguintes metodologias: a do valor de mercado dos ativos e a do valor de ativos similares, ou outras técnicas de avaliação, como o fluxo de caixa futuro. A norma pondera que, caso seja utilizada a técnica do fluxo de caixa, a ação deve ser elaborada de acordo com as regras determinadas pelo Using Cash Flow Information and Present Value in Accounting Measurements (SFAC n. 7).

Sobre os aspectos a importância da mensuração pelo valor justo, Borba e Zandonai (2009, p.26) destaca que, “para mensuração de ativos tem sido cada vez mais recomendado nas práticas contábeis, recomendando-se sua adoção ao invés das mensurações com base no custo histórico.”

2.4.2 Valor em uso e estima de fluxos de caixa futuros

O valor de uso de acordo com Niyama et al (2010, p.71), “é apurado com base no fluxo futuro das entradas de recursos geradas pela sua utilização na atividade da entidade.” Para a elaboração do cálculo referente ao valor em uso, existem técnicas que de acordo com Lemes e Carvalho (2010, p.150), “a entidade deverá estimar as futuras entradas e saídas de caixa decorrentes do uso contínuo do ativo e de sua eventual venda e, em seguida, descontar aqueles fluxos de caixa (calcular o valor presente) por uma taxa apropriada.

Para a estimativa de fluxos de caixa, de acordo com Marques et al (2009, p. 261), “devem ser estimados com base no potencial de serviço que um ativo em uso possui.” Ainda

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8 de acordo com Lemes e Carvalho (2010, p.), no que se refere a estimativas de fluxo de caixa, “ devem se fundamentar na condição atual do ativo e não deve incluir as previsões de entradas e saídas de caixas provenientes de:

a) reestruturação futura com a qual a entidade ainda não esteja comprometida por não ter iniciado tal reestruturação; ou

b) melhoria ou aprimoramento do desempenho do ativo.”

3 Metodologia

A presente pesquisa caracteriza-se como pesquisa descritiva quanto ao objetivo que, para Gil (2010), busca descrever as características de um grupo ou relacionar as percepções entre populações.Trata-se de uma análise documental, quanto aos procedimentos apropriados para a pesquisa delimitada, pois estará auferindo aos documentos um novo tratamento que, para Marconi e Lakatos (1990), tem por característica limitar-se a coleta de dados restritos a documentos, sejam escritos ou não. E segundo o problema apresentado, a pesquisa se caracteriza como qualitativa e quantitativa, que para Raupp e Beuren (2008), a primeira trata-se de fornecer análitrata-ses profundas do que está trata-sendo estudado saltando características normalmente não vistas, de modo que é possível ver todo o contexto social atrelado ao fenômeno estudado, a segunda é caracterizada por utilizar um instrumental estatístico na coleta e no tratamento dos dados.

Fonte documental foi o instrumento utilizado que, para Marconi e Lakatos (1990) e Colauto e Beuren (2008) há duas modalidades de dados para a pesquisa, o documento primário e o secundário, um que não recebeu tratamento e outro é documento já trabalhado, respectivamente.

Os dados foram coletados das demonstrações financeiras padronizadas (DFP) de empresas listadas na base de dados da BM&FBOVESPA, e compreendeu DFPs entre os anos de 2012 a 2014.

O estudo foi realizado no período de setembro e outubro do ano de 2015 e, serão coletados dados das notas explicativas das DFPs de empresas que evidenciaram perda por

impairment em seus ativos.

No sítio da BM&FBOVESPA consta um total de dez setores em que as empresas são classificadas, sendo: bens industriais; construção e transporte; consumo cíclico; consumo não cíclico; financeiro e outros; materiais básicos; petróleo, gás e biocombustíveis; tecnologia da informação; telecomunicação; e utilidade pública. Primeiro foi feita a busca em todos os

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9 setores, contudo, em vista da dificuldade de identificar perda por impairmernt nos demonstrativos, a análise ficou limitada apenas a três setores, como é apresentado na sequência.

As buscas pelas DFPs das empresas foram realizadas no sítio do BM&FBOVESPA ou no das próprias empresas. As empresas escolhidas foram: Mahle Metal Leve S.A para bens industriais; Banco Bradesco S.A para financeiro e outros; e OSX Brasil S.A (2014) para petróleo, gás e biocombustíveis.

As DFPs foram analisadas conforme os requisitos apresentados no CPC 01 e IAS 36. A análise foi desenvolvida segundo a metodologia apresentada por Tavares et al. (2010):

Quadro 1 – Planilha de notas segundo quesitos das IAS 36 e CPC 01

IAS 36/ CPC 1 IAS 36/ CPC 1

Q1 Valor da perda Registrada na DRE ou no

PL Q10

Taxa de desconto utilizado para o valor em uso

Q2 Perda registrada em linha especifica no

demonstrativo Q11

Valor Recuperável da UGC baseado no Valor de venda

Q3 Perda por impairment registrada por ativos

tangíveis Q12

Valor Recuperável da UGC baseado no Valor de Uso

Q4 Circunstâncias que causam o

reconhecimento da perda Q13

Requisitos utilizados para definição do Valor de venda

Q5

Natureza dos ativos individuais afetados Q14

Perda por impairment registrada para ativos intangíveis

Q6

Descrição da UGC

Q15

Natureza dos principais ativos afetados e as circunstancias que causam esse

reconhecimento Q7 Valor recuperável baseado no Valor de

Venda Q16

Pressupostos utilizados no valor recuperável de goodwill

Q8

Valor recuperável baseado no Valor de Uso Q17

Valor reconhecido do goodwill alocado a UGC

Q9 Valor de venda baseado no mercado ativo

Q18

Valor reconhecido de ativos intangível de vida útil indefinida, exceto goodwill, alocado a UGC

Fonte: Adaptado de Tavares et al.(2010)

Os quesitos um e dois estão relacionadas, o primeiro se há evidenciação da perda no DRE ou PL, e o segundo se a perda está evidenciada em linha especifica e não em uma conta sintética de despesas. Os demais quesitos visam como estão registrados nos ativos e formas de mensuração.

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10 porcentagem de adequação com normas, desta forma as empresas podem alcançar 100% de conformidade.

4 Análise de Dados

Para a análise de dados seguiu-se o modelo proposto por Tavares et al. (2010), sendo selecionadas três empresas de ramos distintos, Bco Bradesco S.A., OSX Brasil S.A. e Mahle Metal Leves S.A. Essas três empresas apresentaram em suas demonstrações perda por

impairment.

Através da metodologia adotada, foi possível identificar o índice de evidenciação de cada empresa, conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1 – Índice de Evidenciação por empresa

Empresa Setor de Atuação Índice de Evidenciação

Bco Bradesco S.A. Financeiro e outros 53,33%

OSX Brasil S.A. Petróleo, Gás e Biocombustíveis 42,86%

Mahle Metal Leve S.A. Bens Industriais 58,82%

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se, portanto, um baixo índice de evidenciação dessas perdas por impairment, onde o maior índice foi de 58,82% e o menor de 42,86%. As empresas não estão atendendo de forma efetiva ao que está disposto nas normas IAS 36 e CPC 01, isso ficou claro quando observado os 18 quesitos.

Inicialmente, apenas o Banco Bradesco S.A. apresenta os valores das perdas registrados na sua DRE, enquanto as outras duas entidades não fazem essa referência. O Banco Bradesco evidencia esses valores em linha específica em sua demonstração.

Sabe-se que a perda por impairment pode se dar através de bens tangíveis ou intangíveis, desse modo, buscou-se observar esses ativos nas três empresas e verificar em quais dessas contas é identificado esses valores.

No Bradesco, a perda é observada tanto para as contas de bens tangíveis como intangíveis, já a OSX evidencia perdas somente para bens tangíveis, e a Mahle para os bens intangíveis. Dessa forma, as três entidades atendem ao que é disposto nas normas, fazendo a devida diferenciação.

O CPC 01 traz que é necessário a evidenciação de circunstâncias que causam o reconhecimento da perda, natureza dos ativos individuais afetados e descrição da Unidade

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11 Geradora de Caixa (UGC). Atendendo a esses três requisitos, as três entidades apresentam esses dispositivos.

Já para a definição do valor recuperável, como este é o valor de uso ou o valor líquido de vendas, dos dois o maior, é necessário que as empresas divulgassem quais eram os valores utilizados para determinar o valor recuperável. No entanto, o Banco Bradesco não fez essa divulgação, ele reconhece essa característica do valor recuperável, apresenta a perda, mas não define qual valor foi utilizado. As outras duas entidades evidenciam esse fato de forma correta, elas apresentam que o valor recuperável é baseado no valor de uso.

Outra característica importante que também deve ser evidenciada é que o valor recuperável, assim como é definido para a atividade principal, é também utilizado do mesmo mecanismo para as UGC. Deste modo, o banco Bradesco não faz essa evidenciação, enquanto que a OSX e a Mahle apresentam que se baseiam no valor de uso.

Quanto ao item que trata sobre a natureza dos principais ativos afetados e as circunstancias que causam esse reconhecimento, somente o Bco Bradesco evidencia claramente esses fatos, enquanto as outras duas entidades atendem a esse quesito de modo imparcial. Percebe-se, portanto, ainda que tenha havido a perda nos bens da empresa, não são apresentadas informações a respeito de quais bens foram afetados e que circunstâncias levaram a esse reconhecimento.

Por fim, como o CPC 01 e a IAS 36 trazem que em alguns casos há a necessidade de reconhecimento da perda por impairment em decorrência do goodwill, que é o ágio por expectativa de rentabilidade futura, esse quesito somente foi apresentado pela empresa Mahle Metal Leves S.A., enquanto as outras duas não obtiveram esse ágio.

A empresa Mahle Metal Leves S.A. apresentou devidamente o goodwill, apresentado os pressupostos utilizados no valor recuperável, valor reconhecido do goodwill alocado a UGC e o valor reconhecido de ativos intangível de vida útil indefinida, exceto goodwill, alocado a UGC.

Portanto, ainda que as empresas cumpram alguns requisitos dispostos no CPC 01 e na IAS 36, ainda há a necessidade de melhor evidenciar esses fatos.

Desse modo, faz-se necessário apresentar esses valores seja na DRE ou na conta de lucros e prejuízos acumulados conforme permitido pelo CPC 13, quando da adoção inicial da Lei nº 11.638/07. Ainda é preciso apresentar os pressupostos e os requisitos que levaram a mensuração do valor recuperável, isto é, como foi obtido o valor de uso ou o valor líquido de vendas.

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12 Por fim, somente as empresas Mahle Metal Leves S.A. e o Bco Bradesco S.A. atendem com um índice de evidenciação maior que 50%, isso justifica-se, pois, a divulgação de todas essas informações, conforme é estabelecido pelas normas legais, exige grandes esforços de trabalho para cada entidade, o que em muitos casos inviabiliza a divulgação efetivamente adequada.

5 Conclusão

Trata-se o presente estudo de uma pesquisa descritiva, uma análise documental, com abordagem quantitativa e qualitativa, que tem por objetivo analisar a conformidade das notas explicativas de entidades listadas na CVM que apresentaram perda por impairment entre os anos de 2012 e 2014, segundo os requisitos da IAS 36 e do CPC 01.

Constatou-se que o impairment é aplicado em ativos fixos (imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para venda investimentos em operações descontinuadas, e que o teste de impairment deve acontecer quando fatores conjunturais indicar a redução do valor recuperável de ativos.

Os dados foram coletados das demonstrações financeiras padronizadas (DFP) de empresas listadas na base de dados da BM&FBOVESPA, e compreendeu DFPs entre os anos de 2012 a 2014. De modo que, a escolha das empresas se deu pelo setor em que estavam classificadas, selecionando neste sentido uma empresa para cada um destes setores.

As DFPs foram analisadas conforme os requisitos apresentados nas normais nacionais e internacionais, CPC 01 e IAS 36 respectivamente, fazendo uso da metodologia apresentada por Tavares et al. (2010), adaptando-se a planilha para que se atribuísse notas segundo o atendimento de quesitos das normas selecionadas.

Nota-se, um baixo índice de evidenciação dessas perdas por impairment, onde o maior índice foi de 58,82% e o menor de 42,86%. As empresas não estão atendendo de forma efetiva ao que está disposto nas normas IAS 36 e CPC 01, isso ficou claro quando observado os 18 quesitos.

Quanto à diferenciação entre perda por impairment em bens tangíveis ou intangíveis, as empresas atenderam ao exigido nas normas. Quanto à evidenciação das circunstâncias que originaram o reconhecimento da perda, natureza dos ativos individuais afetados, descrição da Unidade Geradora de Caixa (UGC), também foram atendidas as obrigações. Já para a definição do valor recuperável, uma das três empresas objeto de análise não fez essa

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13 divulgação.

Ainda que tenha havido perda nos bens das empresas, tais bens não estão discriminados, nem as circunstâncias que resultaram em tal perda.

Portanto, ainda que as empresas cumpram alguns requisitos dispostos no CPC 01 e na IAS 36, ainda há a necessidade de melhor evidenciar esses fatos.

O índice de evidenciação maior do que 50% só foi alcançado em duas das empresas analisadas. Isto indica que as empresas não cumprem efetivamente o disposto nas normas. Tal descumprimento pode ser justificado, entre outros fatores, pelo grande esforço de trabalho exigido para se fazer a divulgação adequada, o que muitas vezes é inviável às empresas.

Novas pesquisas nessa área poderiam analisar se as principais empresas de cada segmento listado na BM&FBovespa atendem as normas da IAS 36 e CPC 01, cumprindo os requisitos apresentados, e fazendo um comparativo entre os períodos, desde a emissão do CPC 01 até o período atual, mostrando se as empresas buscaram se adequar quanto a adoção das normas ao longo do tempo.

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Referências

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