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A ANAMORFOSE COMO FORMA DE INSTIGAR UM OLHAR CURIOSO NOS ALUNOS DO 8ºANO NA AULA DE ARTE

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Academic year: 2021

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A ANAMORFOSE COMO FORMA DE INSTIGAR UM OLHAR

CURIOSO NOS ALUNOS DO 8ºANO NA AULA DE ARTE

Marco Antonio João Fernandes Junior SEE-SP

jhuninho_fernandes@hotmail.com

RESUMO

O presente relato destina-se a divulgar um trabalho realizado no segundo semestre de 2016 na aula de Arte com os alunos do 8º ano do ensino fundamental de uma escola pública do interior do Estado de São Paulo. Atendendo ao objetivo de: contribuir para a formação da percepção crítica dos alunos, em que estes fossem capazes de formular e resolver problemas utilizando o pensamento lógico, a intuição e a criatividade, o trabalho se baseou na leitura de imagens das obras “Projeto 2” de Regina Silveira e “Cloud Gate” de Anish Kapoor, como também, de exemplificações do cotidiano para demonstrar as aplicações da técnica da anamorfose. A partir da leitura das imagens e da contextualização fundamentadas em Barbosa (2008), Silva e Donhoni Neves (2016), e Atalay (2007), os alunos realizaram produções plásticas com as características da anamorfose oblíqua e cilíndrica. A participação ativa dos alunos revelou a potencialidade da disciplina Arte como área de conhecimento interdisciplinar, pois, os alunos além de exercitarem habilidades plásticas, também aprenderam mais sobre história da arte, matemática, óptica e o mais importante, suas aplicações e percepções no cotidiano.

Palavras-chave: Ensino de Arte. Anamorfose. Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

The present report is intended to disseminate a work done in the second semester of 2016 in Art class with the elementary school students of the 8th year of a public school in a small town in São Paulo State. In order to contribute to the formation of the students' critical perception, in which they were able to formulate and solve problems using logical thinking, intuition and creativity the study was based on the reading of images of the works "Project 2" By Regina Silveira and Anish Kapoor's "Cloud Gate", as well as examples of daily life to demonstrate the applications of the anamorphosis technique. From the reading of the images and contextualization based on Barbosa (2008), Silva and Donhoni Neves (2016), and Atalay (2007), the students made visual productions with the characteristics of oblique and cylindrical anamorphosis. The active participation of the students revealed the potential of the Art discipline as an interdisciplinary area of knowledge, since students, besides exercising visual arts skills, also learned more about art history, mathematics, optics and most importantly, their applications and perceptions in everyday life.

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com Arouca (2012), muitos profissionais quando elaboram um currículo para o ensino da arte enfatizam dados bibliográficos e imagens de obras consagradas, limitando o espaço para a reflexão estética, pois grande parte dos alunos não possuem acesso a determinados bens culturais cobrados pela escola.

Desta forma, observando que o objetivo das Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é formar cidadãos, reforçamos a necessidade de se estabelecer as relações entre o currículo formal e a realidade cotidiana dos alunos como tentativa de superar a dicotomia entre o que se dissemina no interior da escola e fora dela.

Atento a essas preocupações o presente relato buscou a partir de imagens fotográficas das obras “Projeto 2” (1984) da artista Regina Silveira e da obra “Cloud Gate” (2004) do artista Anish Kapoor, contidas no material de apoio do currículo do Estado de São Paulo para o 8ºano do ensino fundamental, oportunizar o conhecimento dessas imagens de forma que pudessem transcender aos limites da obra, ou seja, que os alunos pudessem ser instigados a observar características empregadas na construção das obras em seu cotidiano.

A partir das características das obras foi proposto aos alunos uma atividade com o emprego da anamorfose oblíqua e outra atividade com a anamorfose cilíndrica.

2. DESENVOLVIMENTO E DEMOSTRAÇÃO DOS RESULTADOS

O trabalho foi desenvolvido no segundo semestre de 2016 na disciplina Arte, realizada com os alunos do 8ºano do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior de São Paulo.

O referencial teórico que embasou a atividade esteve fundamentado na abordagem metodológica triangular de Barbosa (2008), que orienta o ensino de Arte a partir de três eixos: 1) A apreciação da obra de arte 2) a contextualização 3) e o fazer artístico – referência também para o currículo do Estado de São Paulo – para os conceitos anamórficos considerou-se os estudos de Silva e Donhoni Neves (2015), e Atalay (2009).

As atividades desenvolvidas tinham por objetivo contribuir para que os alunos fossem capazes de “questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação” (BRASIL, 1998, p.3).

Sendo assim, as atividades foram desenvolvidas em 2 etapas (com duração de 100 minutos cada) descritas a seguir.

2. Etapas da Atividade: o relato da experiência

2.1 Etapa 1: a p re s e n t a ç ã o d o c o n c e i to d e a n a m o r f o s e e c o n s t r u ç ã o d e u ma a n a m o r f o s e o b lí q u a .

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Preliminarmente cabe destacar que o material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo aborda os conteúdos considerando a ideia de movimento em espiral, de desenvolvimento crescente (SÃO PAULO, 2010), ou seja, para cada série/ano, os conteúdos são retomados em maior profundidade.

Desta forma, os alunos quando cursaram o 7ºano tomaram conhecimento das aplicações da perspectiva linear, necessária para se compreender e poder construir imagens com características anamórficas. Mesmo assim, foi realizada uma breve retomada de construções e representações utilizando ponto de fuga.

Posto isto, foi apresentada aos alunos a imagem da obra “Projeto 2” da artista brasileira Regina Silveira (Figura 1), seguida das seguintes indagações aos alunos: O que você está vendo na imagem? Como a imagem da escada foi pintada sobre o suporte? Por que a forma da escada aparece diferente nas três imagens?

Essas questões tinham o intuito de induzir os alunos a levantar a hipótese de que a figura da escada aparece distorcida nas duas primeiras fotografias, pois, para se ver a imagem da escada da maneira correta é preciso estar num ponto específico.

Para fortalecer o entendimento e estender a discussão para além da obra, foi apresentada a Figura 2 que trata de um exemplo cotidiano, uma pintura no asfalto sinalizando PARE.

Após apresentar as imagens iniciou-se a contextualização das mesmas, explicando que a palavra anamorfose, etimologicamente provém de Ana (de novo) e Morphe (forma) e pode ser compreendida como “uma imagem deformada que aparece de forma não convencional (distorcida)” (SILVA e DONHONI NEVES, 2012, p. 211).

Para Atalay (2007, p.173) a anamorfose “exige a participação ativa do observador, que precisa olhar ‘de novo’ e ‘de novo’”, pois, a imagem se apresenta confusa quando observada de maneira convencional, e por isso deve-se procurar o ponto de vista não convencional que permitirá visualizar a imagem da forma correta.

Figura 1 – “Projeto 2” (1984), Regina Silveira. Fonte: (SÃO PAULO, 2010, p.21)

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6 Figura 2 – Imagens anamórficas no campo de futebol.

Fonte: Gomes e Soares (2011, p.5)

Depois de explicado o conceito e um pouco da história da anamorfose que remeteu ao desenho de um bebê feito em 1485 por Leonardo da Vinci, foram apresentadas imagens de obras do artista inglês Julian Beever (1959 -) que cria desenhos anamórficos em espaços públicos utilizando giz como material.

As obras de Beever serviram como motivação para os alunos criarem suas próprias anamorfoses oblíquas, que tiveram como orientação a proposta de Silva e Donhoni Neves (2016).

Depois de criados os desenhos anamórficos orientou-se os alunos para utilizarem a câmera fotográfica do celular (por conta da visualização monocular) para ajudar a observarem os desenhos criados (Figura 3).

Figura 3 – Trabalho de aluno Fonte: Fernandes Junior (2016)

2.1.2 Etapa 2: anamorfose cilíndrica

A segunda etapa teve por objetivo apresentar aos alunos a anamorfose cilindrica. Para introduzir o assunto foi exposta a reprodução fotográfica da obra “Gloud Gate” do artista indiano-britânico Anish Kapoor (Figura 4) acompanhada dos questionamentos: Como é a obra desse artista? Como fica a imagem refletida pela superficie da obra?

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7 Figura 4 – Cloud Gate (2004), Anish Kapoor.

Fonte: São Paulo (2010, p.22)

Instigar os alunos a pensarem criticamente sobre as distorções visuais causadas pela obra de Kapoor é difícil, mas necessária, pois ela contraria o olhar acomodado. Nas palavra de Pillar (apud BARBOSA, 2007, p.74) “nossa visão não é ingênua, ela está comprometida com nosso passado, com nossas experiências, com nossa época e lugar, com nossos referenciais. Desse modo, não há o dado absoluto, a verdade, mas múltiplas formas de olhar uma mesma situação.

Para facilitar o pensamento dos alunos além da obra de Kapoor, foi exposto a imagem fotográfica da obra “Monumento Antropofágico com Oswald de Andrade” de Antonio Peticov (Figura 5), instalada na estação República do metrô de São Paulo, nela se pode perceber que a confusa imagem no teto é refletida pelo cilindro espelhado tornando a imagem nítida.

Figura 5 – Monumento Antropofágico com Oswald de Andrade, de Antonio Peticov. Fonte: Machado (2010)

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Conforme Iavorski (2014 p.25) na anamorfose cilíndrica “a imagem só pode ser vista normalmente se for utilizado um objeto para refleti-la adequadamente”.

Depois de exposto às imagens, foi solicitado para os alunos que comparassem as duas obras (Figura 4 e Figura 5), e respondessem: como deve ser a imagem para ser observada refletida por uma superfície côncava? Os alunos não tardaram para responder que o desenho deve ser distorcido, mas o problema é, como fazer?

Deste modo, as orientações de Silva e Donhoni Neves (2016) ajudaram novamente nas criações (Figura 6).

Para esse trabalho a superfície cilíndrica e espelhada foi feita encapando uma latinha de alumínio com película de insufilm.

Figura 6 – Trabalho de aluno. Fonte: Fernandes Junior (2016)

3. CONCLUSÃO

Acreditamos que o objetivo de oportunizar aos alunos a compreensão das técnicas empregadas nas produções artísticas, e sua relação com situações cotidianas foi alcançado. A observação do docente durante as etapas revelou que a contextualização com imagens anamórficas de situações do cotidiano como as sinalizações pintadas sobre o asfalto atraiu a atenção dos alunos, bem como a utilização da câmera fotográfica do celular para realizar as observações e os registros das imagens produzidas.

Desta forma, a anamorfose, se mostrou um conhecimento bastante efetivo, pois, os alunos além de exercitarem habilidades artísticas, também aprenderam um pouco mais de matemática, ao realizar construções que tinham como fundamentação a geometria e de óptica pela visualização monocular, reforçando a disciplina Arte como fonte de conhecimento e de grande potencialidade como ferramenta interdisciplinar.

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REFERÊNCIAS

ARAOUCA, Carlos Augusto Cabral. Arte na escola: como estimular um olhar curioso e investigativo nos alunos dos anos finais do ensino fundamental. São Paulo: Editora Anzol, 2012.

ATALAY, Bulent. A Matemática e a Mona Lisa: a confluência da arte com a ciência. Trad. Mário Vilela. 2.ed. São Paulo: Publicações Mercuryo Novo Tempo, 2009. BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 4ªed. São Paulo: Cortez, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: terceiro e quartos ciclos do ensino fundamental: arte. Ensino de quinta a oitava séries. Brasília, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf>.Acesso 02 ago 2017. DANHONI NEVES, M. C. ; SILVA, Josie Agatha Parrilha . Uma proposta interdisciplinar a partir da perspectiva e da anamorfose. In: MAGALHÃES JUNIOR. Carlos Alberto de Oliveira. (Org.). Formação de Professores e Ensino de Ciências (EDUEM). 1ed.Maringá: EDUEM, 2016, v. , p. 35-48.

GOMES, Priscila Marquezine; SOARES, Claudio Cesar Pinto. Anamorfoses: um resgate das técnicas da perspectiva cônica. 2011. Disponível em: <https://goo.gl/34nXst>. Acesso 02 ago 2017.

IAVORSKI, C. Anamorfose: uma arte no ensino de matemática e sua aplicação em atividades interdisciplinares. Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional. Curitiba, 2014.

MACHADO, Fábio. Imagens Mágicas: anamorfoses. 2010. Disponível em: <https://goo.gl/fpczNj>. Acesso 02 ago 2017.

PILLAR, Analice Dutra. A Educação do Olhar no ensino de Arte. In:BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 4ªed. São Paulo: Cortez, 2008.

SÃO PAULO (SEE). Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do aluno; arte, ensino fundamental – anos finais, 7ª série/8º ano. São Paulo : SE, 2010. V.1.

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caderno do aluno; arte, ensino fundamental – anos finais, 7ª série/8º ano. São Paulo : SE, 2010. V.2.

SILVA, Josie Agatha Parrilha da; NEVES, Marcos Cesar Donhoni. O Codex

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