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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2012.0000011063 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0403882-56.2010.8.26.0000, da Comarca de São José dos Campos, em que é apelante COLÉGIO TÉCNICO ROSA MARIYN S/S LTDA sendo apelado SILVIO APARECIDO COSTA SANTOS DE OLIVEIRA (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA).

ACORDAM, em 14ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso, com observação, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MELO COLOMBI (Presidente sem voto), CARDOSO NETO E PEDRO ABLAS.

São Paulo, 18 de janeiro de 2012. Ligia Araújo Bisogni

RELATOR Assinatura Eletrônica

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VOTO Nº: 11901

APEL.Nº: 0403882-56.2010.8.26.0000 COMARCA: SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

APTE. : COLÉGIO TÉCNICO ROSA MARIYN S/S LTDA.

APDO. : SILVIO APARECIDO COSTA SANTOS DE OLIVEIRA (JUST GRAT)

PRESCRIÇÃO Autor que teve ciência do não

reconhecimento do diploma concedido pelo réu junto ao Conselho Estadual de Educação de São Paulo em maio de 2007 Ação proposta em 23/09/2009 Prescrição inocorrente Preliminar rejeitada.

INDENIZAÇÃO Ato Ilícito Oferecimento de curso de ensino médio não reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo Escola que veiculou propaganda enganosa e ofendeu o princípio da boa-fé objetiva Pratica ilegal da instituição de ensino Dever de indenizar os prejuízos morais e materiais sofridos Recurso improvido, com observação.

Trata-se de ação de indenização por inadimplemento contratual ajuizada por Silvio Aparecido Costa Santos de Oliveira em desfavor de Colégio Técnico Rosa Mariyn S/S Ltda., por meio da qual o autor pretende se ver ressarcido dos prejuízos materiais e morais experimentados com a alegada enganosa propaganda de curso oferecido pelo réu, que não estaria credenciado no Conselho Estadual de Educação de São Paulo, embora fosse oferecido a conclusão do ensino médio.

A r. sentença de primeiro grau de fls. 98/103 julgou procedente a ação, carreando ao vencido o pagamento da importância de R$ 250,00, atualizada a partir do desembolso, mais juros de mora a partir da citação, bem como ao ressarcimento do valor de R$ 10.000,00 a título de danos morais e, ainda, a arcar com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação.

Irresignado, apelou o vencido buscando reforma, sustentando, preliminarmente, prescrição do direito de ação e, no mérito, argumenta que, diferentemente do fundamento contido na decisão “a quo”, impugnou, de forma específica, todos os fatos mencionados no pedido

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inicial, restando demonstrado que apenas foi contratado para ministrar o curso preparatório, sendo que, para a realização do exame com a finalidade de recebimento do certificado de conclusão, o apelante se matriculou no Instituto Educacional e Empresarial XV de Novembro.

Recurso bem processado (fls. 108/113), acusando resposta (fls. 118/122), subiram os autos.

É o relatório.

De início, não há que se falar em prescrição, pois embora o autor tenha recebido o diploma de conclusão do ensino médio em 07/02/2002, somente teve conhecimento da invalidade do certificado junto ao Conselho Estadual de Educação de São Paulo em maio de 2007 quando pleiteava uma vaga para trabalhar como empregado da empresa “Embraer” (fls. 18), surgindo, a partir desta data, a pretensão à compensação indenizatória.

Assim, tendo a presente demanda sido ajuizada em 23/04/2009 (fls. 02), o direito de ação não está prescrito mesmo se considerando a prescrição estabelecida pelo art. 206, § 3º, inc. V, do CC, que estabelece o lapso prescricional de três anos.

Quanto ao mérito, a r. sentença de primeiro grau, proferida pelo d. Magistrado LUÍS MAURICIO SODRÉ DE OLIVEIRA, merece preservação, por seus jurídicos fundamentos.

Narra o autor que, após cursar regularmente o ensino a distância, e ser aprovado em todas as disciplinas, foi-lhe outorgado pelo réu o diploma de conclusão do ensino médio (fls. 17). Mas, apesar de seu esforço nos estudos, não conseguiu ser admitido como empregado da empresa “Embraer” (fls. 18), em razão do curso oferecido não ser reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo.

Assim, diante da lamentável constatação, atribuiu ao réu o não cumprimento integral do contrato firmado entre as partes, derivado de sua culpa contratual e enganosa publicidade, porque ofereceu curso não credenciado no órgão competente.

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Estando a relação mantida pelas partes sujeita aos ditames do Código de Defesa do Consumidor, à evidência que a questão posta em juízo deve ser resolvida sob o ângulo da má prestação de serviço pelo contratado, inclusive porque, diante do conjunto probatório produzido, não se desincumbiu de informar efetivamente o autor, quando da contratação, de que o curso a ser freqüentado não era reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo e que poderia não satisfazer os objetivos do aluno. Ganhou, portanto, contornos de propaganda enganosa, cuja prática merece ser repelida, eis que vedada pela Lei nº 8.078/90, e os prejuízos causados indenizados.

Cumpre esclarecer que o réu sequer trouxe aos autos o contrato firmado entre as partes para demonstrar quais os serviços que efetivamente foram contratados a fim de comprovar que sua responsabilidade se limitava a ministrar o curso preparatório conforme alegado.

Dessa forma, não há como se afastar a responsabilidade da instituição de ensino, que veiculou propaganda enganosa e ofendeu o princípio da boa-fé objetiva, já que tinha obrigação legal de informar, minuciosamente, a respeito dos serviços que prestava, ou seja, deveria expor claramente qual o alcance dos cursos que oferecia, deixando claro aos alunos que não eram respaldados pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Logo, evidente que houve despropositada oferta pública de serviço que não atendia às expectativas do aluno.

Portanto, há de se reparar os danos morais sofridos pelo autor, seja porque mas que evidente a dor experimentada em matricular-se e realizar curso não reconhecido, seja porque a conduta omissão da instituição de ensino se traduz em sentimento de reprovação, ou até mesmo pela perda de uma oportunidade profissional, cuja lesão a outro só pode ser remediada mediante justa compensação financeira, ou seja, para que ao lesado "consista em mera compensação, uma satisfação, um consolo para amenizar o pesar íntimo que o machuca e amainar a dor que

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o maltrata" (cf. RT 746/183-187).

Da mesma forma, deverá manter-se inalterada a condenação do réu ao ressarcimento pelos danos materiais sofridos em razão de que, pelo inadimplemento contratual, o autor teve que arcar novamente com o valor para realizar novos exames e adquirir certificado que fosse reconhecido pelo órgão competente (fls. 20).

Pelo exposto, nego provimento ao recurso, devendo ser observado que sobre o valor arbitrado a título de danos morais deverá incidir correção monetária desde a data da sentença (Súmula 362, STJ) e juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, por se tratar de responsabilidade contratual (CC, arts. 405 e 406).

LÍGIA ARAÚJO BISOGNI Relatora

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